© 2025 MARVEL. (Editado por Vitor Carvalho, © MHD)

Thunderbolts, a Crítica | Chamem os suplentes, os Vingadores foram de férias

“Thunderbolts” chegou, viu o estado do MCU e decidiu que ainda há esperança, mesmo que pouca, para não desligarmos o cérebro no cinema.

Depois de quase seis anos a engolir projetos tão memoráveis como “Eternals” (aquele do qual já ninguém se lembra) ou “Quantumania” (aquele que todos tentamos esquecer), eis que a Marvel nos apresenta uma proposta interessante em “Thunderbolts”: e se juntássemos um grupo de anti-heróis disfuncionais, colocássemos à mistura um supervilão que precisa de um abraço, e tentássemos fazer algo que não seja apenas um teaser para o próximo filme? Revolucionário, eu sei.

Lê Também:
Realizador revela o segredo por trás do asterisco de Thunderbolts da Marvel

Os Vingadores foram de férias, chamem os Thunderbolts

Thunderbolts
© 2025 MARVEL.

A premissa de “Thunderbolts” é surpreendentemente refrescante pela sua simplicidade: Yelena Belova (Florence Pugh) está cansada de limpar os problemas sujos de Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus). Inspirada pelo pai, Alexei Shostakov/Red Guardian (David Harbour), ela ambiciona por um papel mais público. Porém, Valentina tem outros planos e decide eliminar todos os seus operativos, colocando-os uns contra os outros. John Walker (Wyatt Russell), o ex-Capitão América caído em desgraça, Ghost (Hannah John-Kamen), uma assassina que pode atravessar paredes e Taskmaster (Olga Kurylenko), uma mercenária capaz de copiar os movimentos dos seus oponentes.

O resultado? Os nossos anti-heróis unem-se para derrubar a sua antiga chefe, acidentalmente libertando Bob (Lewis Pullman), um homem misterioso com poderes impressionantes que se torna o coração emocional do filme. É como se a Marvel tivesse finalmente entendido que, antes de explodir metade do universo, talvez seja interessante fazer-nos importar com as personagens.

Thunderbolts é um passo na direção certa

Thunderbolts
© 2025 MARVEL.

Vamos ser honestos: desde “Avengers: Endgame“, a Marvel tem estado a dar tiros no escuro. Para cada “Spider-Man: No Way Home” ou “Guardians of the Galaxy Vol. 3“, tivemos dezenas de projetos que pareciam ter sido aprovados numa reunião às 17h de sexta-feira. “Eternals”? Esquecível. “Quantumania”? Quantu-o-quê? “The Marvels“? Não me façam começar.

Mas “Thunderbolts” consegue algo que muitos dos projetos recentes da Marvel não conseguiram: faz-nos querer passar tempo com estas personagens. O humor não parece forçado, as interações têm autenticidade, e há momentos de verdadeira emoção que não são imediatamente destruídos por uma piada mal colocada.

Assim, a química entre Florence Pugh, David Harbour, Wyatt Russell e Lewis Pullman é genuinamente excelente. Harbour continua a ser o alívio cómico como Red Guardian, Pugh traz profundidade a Yelena, e Sebastian Stan finalmente tem uma sequência de ação que nos lembra porque é que o Soldado do Inverno era tão temido.

Personagens com carne, osso e problemas psicológicos

Thunderbolts
© 2025 MARVEL.

O maior trunfo de “Thunderbolts” reside nas suas personagens. Onde filmes como “Quantumania” e séries como “She-Hulk” falharam redondamente, este filme acerta: personagens tridimensionais com motivações coerentes e arcos narrativos satisfatórios (bem, para alguns deles, pelo menos).

Yelena Belova

Florence Pugh finalmente recebe o tratamento que merece. Depois de uma caracterização inconsistente em “Black Widow” e “Hawkeye“, vemos aqui uma Yelena com profundidade, dilemas internos, sentimentos de depressão e um sentido de humor mordaz que realmente funciona. Pugh está no seu melhor, equilibrando perfeitamente a vulnerabilidade com uma dureza que só quem cresceu na Red Room podia ter. O seu relacionamento com Alexei Shostakov, o Red Guardian, ganha novas camadas de complexidade, à medida que ambos confrontam o seu passado sombrio.

Red Guardian

David Harbour é muito mais do que o alívio cómico que vimos em “Black Widow”. Harbour consegue transformar o que podia ser apenas uma caricatura soviética num homem à procura de redenção, que esconde a sua dor por trás de piadas. A cena em que ele partilha as memórias que tem de Helena quando era jovem é surpreendentemente comovente.

John Walker

Wyatt Russell e o seu U.S. Agent, provavelmente a personagem mais interessante de “Falcon and the Winter Soldier“, apesar da série estar determinada a convencer-nos do contrário – recebe aqui um tratamento mais nuançado. Embora o filme perca algumas oportunidades de desenvolver completamente o seu arco, Walker deixa de ser o vilão unidimensional que a Marvel tentou forçar-nos a detestar. Ele é um homem quebrado pelo seu próprio sentido de dever, a tentar encontrar um equilíbrio entre o que os outros esperam dele e o que ele realmente é.

Bob

Lewis Pullman é sem dúvida o coração emocional do filme. A forma como a sua fragilidade psicológica é retratada, manifestando-se em poderes quase divinos, é inegavelmente uma das ideias mais interessantes que o MCU produziu nos últimos anos.

Assim, a ideia de que até super-pessoas carregam bagagem emocional é lindamente explorada. “Iron Man 3” tentou explorar temas semelhantes, mas “Thunderbolts” fá-lo com muito mais sucesso. A realização é sólida, usando locais reais e acrobacias físicas sempre que possível. Só há uma cena onde os efeitos visuais são obviamente fracos, mas o resto é visualmente impressionante. Os atores elevam o material, fazendo-nos acreditar nestas personagens, mesmo quando o guião ocasionalmente tropeça.

Lê Também:
Este é o melhor filme da Marvel nos últimos anos

Onde Thunderbolts falha

Thunderbolts*
© 2025 MARVEL.

Naturalmente, nem tudo é perfeito. O terceiro ato de “Thunderbolts”, como é tradição nos filmes Marvel, é apressado. A transformação de Sentry em Void é um confronto com potencial épico que acaba por ser resolvido demasiado rapidamente. Dada a fascinante história destas personalidades duais, muito mais podia ter sido feito com a personagem Sentry/Void.

John Walker tem o seu arco narrativo insinuado, mas nunca realmente concretizado. Ghost mal existe no filme, sendo reduzida a pouco mais do que uma presença espectral (pun intended). Taskmaster? Nem vale a pena comentar a sua participação. E Bucky? Bem, ele é um senador agora, mas o filme parece esquecer-se disso a meio caminho. Transformaram o Soldado do Inverno num político, ele não faz absolutamente nada com este cargo, e no final está pronto para ser um Vingador novamente.

E precisamos de falar sobre aquela cena onde três super-soldados têm uma grande dificuldade em levantar um pedaço de parede. TRÊS SUPER-SOLDADOS. Mas pronto, é um pormenor cómico. O final com Bob também parece… não merecido? Em vez de Bob abraçar a sua escuridão interior, aceitando-a como parte de si mesmo, temos um abraço em grupo que parece estranho. É doce, mas ninguém para além de Yelena realmente criou laços com este rapaz.

Um bálsamo para o fã da Marvel desiludido

Florance Pugh em Thunderbolts*
© 2025 MARVEL.

“Thunderbolts” tem falhas narrativas, personagens subdesenvolvidas e um terceiro ato apressado. Mas representa um passo na direção certa para o MCU. Finalmente, um filme que se lembra que personagens são mais importantes que piadas.

E graças a Deus, não estamos a lidar com o multiverso outra vez! Apenas “Spider-Man: No Way Home” conseguiu gerir bem esse conceito (bem, e os filmes “Spider-Verse“, mas esses não fazem parte do MCU). O multiverso tornou-se uma muleta criativa, uma forma de a Marvel trazer personagens populares de volta sem realmente pensar se isso faz sentido narrativamente.

Assim, como alguém que cresceu com estes filmes, que se apaixonou pela visão original do MCU, “Thunderbolts” dá-me esperança. Não é “Capitão América: Civil War” (o melhor filme do MCU, podem discordar o quanto quiserem), mas é um filme que finalmente parece entender o que tornou a Marvel especial: personagens pelos quais nos importamos, a passar por desafios que nos fazem sentir algo.

Nota Final : 7/10 sessões de terapia para super soldados

No panorama atual de filmes da Marvel, onde cada lançamento parece ser mais dececionante que o anterior, “Thunderbolts” destaca-se como um filme que inegavelmente vale o preço do bilhete. É o lufada de ar fresco que o MCU precisa desesperadamente neste momento.

E tu, o que achaste de Thunderbolts? Deixa a tua opinião nos comentários.

Thunderbolts, a Crítica
Thunderbolts Poster

Movie title: Thunderbolts

Movie description: Em Thunderbolts a Marvel Studios reúne uma equipa irreverente de anti-heróis - Yelena Belova, Bucky Barnes, Red Guardian, Ghost, Taskmaster e John Walker. Depois de se verem enredados numa armadilha mortal montada por Valentina Allegra de Fontaine, estes desiludidos desistentes têm de embarcar numa perigosa missão que os obrigará a confrontar os cantos mais negros dos seus passados. Será que este grupo de anti-heróis se vai destruir ou encontrar a redenção e unir-se como algo mais antes que seja demasiado tarde?

Date published: 1 de May de 2025

Country: EUA

Duration: 118'

Director(s): Jake Schreier

Actor(s): Florence Pugh, Sebastian Stan, David Harbour

Genre: Ação, Drama, Aventura, Sci-fi

[ More ]

Conclusão

  • Num universo cinematográfico que parece ter esquecido o que o tornou bem sucedido, Thunderbolts lembra-nos que, no final do dia, são as personagens que nos fazem regressar. Não as explosões CGI, não os cameos surpresa, não os tentáculos infinitos do multiverso. Apenas pessoas (ou super-pessoas) a lutar com os seus demónios, a crescer e a formar laços genuínos uns com os outros.
  • Se isto representa um novo rumo para a Marvel, talvez haja esperança para o futuro deste universo cinematográfico. Enquanto isso, vou continuar a rever Guerra Civil e a sonhar com os dias em que a Marvel produzia consistentemente filmes como este. Nota Final : 7/10 sessões de terapia para super soldados
Overall
7/10
7/10
Sending
User Review
0 (0 votes)

Pros

  • Yelena, Red Guardian, John Walker e Bob têm arcos internos bem trabalhados, com destaque para a vulnerabilidade e crescimento pessoal.

  • Florence Pugh, David Harbour, Wyatt Russell e Lewis Pullman elevam o material com atuações consistentes e interações naturais.

  • Ao contrário de muitos filmes recentes do MCU, este não é apenas um teaser para o próximo capítulo — há um início, meio e fim claros.

  • As piadas surgem de forma orgânica e não sabotam momentos emocionais ou dramáticos.

  • O antagonismo entre os próprios Thunderbolts e Valentina adiciona camadas de tensão pessoal e política.

  • A representação de poderes ligados à saúde mental de Bob é sensível e original, algo raro no MCU.

  • John Walker e Red Guardian ganham novas dimensões e propósito.

  • A realização aposta mais em acrobacias físicas e menos em CGI, o que confere realismo visual.

  • Um filme que não depende da confusão de realidades paralelas — foco nas personagens e não em truques de guião.

Cons

  • A resolução do confronto com Sentry/Void é rápida e anti climática, desperdiçando potencial narrativo.

  • John Walker tem desenvolvimento prometido mas inconclusivo; Ghost é quase invisível, e Taskmaster nem devia ser mencionada.

  • O Soldado de Inverno (Bucky) vira senador… e nada é feito com esta ideia. Um papel quase decorativo.

  • O desfecho com Bob parece fofo, mas não totalmente merecido; falta ligação emocional com o grupo.

  • Apesar das melhorias, o filme ainda tropeça em alguns vícios da fórmula Marvel, como o excesso de personagens mal aproveitados.

  • Uma cena com efeitos especiais notoriamente inferiores destoa da qualidade geral do filme.


Loading poll ...
Em breve
A Tua Opinião Conta: Qual é a melhor?

Também do teu Interesse:



About The Author


Leave a Reply