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Este filme português candidato ao Oscar vai chegar ao streaming em dezembro

O mês de dezembro começa com grandes novidades no cinema em casa. Assim, já vais conseguir ver no streaming o filme português candidato aos Oscars de 2026 na categoria de melhor filme internacional: “Banzo” (2024, Margarida Cardoso).

“Banzo” é um drama de época passado no início do século XX e que retrata uma doença de nostalgia ligada aos escravos.

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Qual a narrativa de Banzo?

Carloto Cotta é Afonso, em banzo
Carloto Cotta é Afonso, um jovem médico que chega a São Tomé e Príncipe. © Uma Pedra no Sapato

A ação de “Banzo” decorre em 1907 e tem como personagem principal Afonso, um jovem médico português que chega a uma ilha tropical africana colonizada pelos portugueses.

A missão de Afonso é curar um grupo de escravos que sofrem de “banzo”, uma doença ligada à nostalgia. Esta doença leva-os a deixarem de reagir ao quer que seja. Muitos acabam por morrer pela sua inação mas também suicidando-se.

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Como forma de tentar evitar o contágio, estas pessoas são, pois, enviadas para um morro. É ali, junto a uma plantação de cacau, que Afonso tentará curar os convalescidos. No entanto, com uma doença tão emocional e sem justificações claras, Afonso vai ter uma missão complicada…

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Onde podes ver o filme?

“Banzo” vai chegar aos subscritores da plataforma de streaming FilmIn já no próximo dia 4 de dezembro.

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Sabias que a plataforma está, neste momento, com uma campanha de Black Friday ativa até ao próximo dia 9 de dezembro? Assim, podes aproveitar para subscrever a assinatura anual do streamer com um desconto de 39% e ver o candidato português aos Oscars do próximo ano! Avalia por ti mesmo se a submissão oficial do nosso país merece ser a primeira obra nacional selecionada para a categoria de melhor filme internacional. Desde 1981 que Portugal submete um filme aos Oscars. Infelizmente, nunca conseguimos ter um filme nomeado nesta categoria. Será desta?

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Qual o elenco de Banzo?

Banzo IndieLisboa
©Uma Pedra no Sapato

Filmado em São Tomé e Príncipe, “Banzo” tem no seu elenco vários atores portugueses de relevo, bem como alguns atores internacionais, já que se trata de uma coprodução entre Portugal, Países Baixos e França.

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Assim, fazem parte do elenco de “Banzo” nomes como Carloto Cotta (como Afonso), Hoji Fortuna (Alphonse), Rúben Simões (Ismael), Gonçalo Waddington (Raimundo), Sara Carinhas (Luísa), João Pedro Bénard (Dr. Figueira), Maria do Céu Ribeiro (Adélia), Matamba Joaquim (Maianço), Romeu Runa (Augusto), Cirila Bossuet (Guilhermina), Beatriz Batarda (Alice), Albano Jerónimo (Harris), Jó do Mocho (Elias), Adriano Luz (Curador), entre outros.

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O que é dito sobre Banzo?

Banzo IndieLisboa
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No IndieLisboa

“Banzo” teve estreia mundial no IndieLisboa de 2024 onde venceu os Prémios Árvore da Vida e Universidades para Melhor Longa-Metragem Portuguesa. Assim, nesse âmbito, o júri Árvore da Vida destacou “Banzo” como “(…) uma ficção com densidade romanesca que, ao jeito de Joseph Conrad, mostra as colónias africanas como um inóspito teatro de espectros e zombies, entre nostalgias fatais e um mal-estar civilizacional sem retorno.” Por seu lado, o júri Universidades referiu: “Amordaçados pelo medo, as personagens dão corpo à urgência do desenvolvimento de um olhar opositor e instigante, diante de um regime monopolizado pelo silêncio. O espectador, observando o passado retratado no filme, é munido com as ferramentas necessárias para a construção coletiva de um futuro primoroso e transgressor.”

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Mais tarde, o filme passou ainda pelos festivais de cinema (República Checa) e

Nas palavras da realizadora

Numa entrevista à MHD, a realizadora Margarida Cardoso falou um pouco sobre a origem de “Banzo” que remonta a um dos seus filmes anteriores, “Understory” (2019): “É uma história que começou a nascer na minha cabeça, que não é baseada em nenhum romance, mas sobre várias histórias que ouvi, quando preparava o “Understory”. Passei muito tempo nos arquivos de São Tomé e Príncipe (…) Eram relatórios da Curadoria dos Serviçais, que era um sítio onde as pessoas podiam apresentar as suas queixas. Oficialmente eram contratadas assinavam com o dedo, mas no fundo, como está no filme, eram tratados como escravos. Li muitos desses relatórios e fui entrando nesse mundo que me pareceu, de uma grande ambiguidade. Havia também relatórios que são também pequenos bilhetes que os homens do mato transmitiam, entre si de um sítio para outro.”

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A realizadora referiu-se igualmente à doença retratada: “O hospital era o sítio onde se recebia, onde se tratavam os trabalhadores. (…) Foi nessa altura que, quando estava a explorar sobre os hospitais, encontrei também relatórios médicos, e em muitos, havia pessoas que faleceram, e a causa da morte era a nostalgia (ou melancolia).” Podes ler mais sobre o filme na entrevista de José Vieira Mendes com a realizadora onde também é abordada a rodagem, os atores, a fotografia ou as personagens.

A crítica

Infelizmente, não há críticas suficientes a nível internacional que permitam dar qualquer taxa de aprovação no Rotten Tomatoes. Ainda assim, o filme tem uma classificação de 6.8 em 10 no IMDb e tem ainda uma crítica de classificação máxima aqui mesmo na Magazine.HD por João Garção Borges.

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A saber, João Garção Borges, a propósito da estreia do filme no IndieLisboa, considerou “Banzo” como “(…) seguramente um dos grandes momentos da sua programação”. Além disso, refletiu sobre o papel do espectador neste filme: “Cabe assim ao espectador conjecturar e depurar na sua memória o que subjectivamente vai observando, saboreando e sistematizando aquilo que existe ou não de substantivo na observação do dia-a-dia de uma colónia africana e das rotinas levadas a cabo pelas personagens que, com a expressão das suas atitudes e pontos de vista, dão por fim consistência ao processo narrativo.”


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