A Ovelha Choné: A Quinta Contra-Ataca, em análise
“A Ovelha Choné: A Quinta Contra-Ataca” é uma das grandes estreias da estação, no que a animação diz respeito. O filme realizado por Will Becher e Richard Phelan promete conquistar toda a família, apresentando uma narrativa extremamente visual e com referências incontornáveis à cultura da Ficção Científica. Encontra-se já em exibição nos cinemas.
A nova aventura da “Ovelha Choné” estabelece um esforço consciente no sentido de homenagear e fazer uso das referências do género da ficção científica, que aqui são o delicioso elemento base para uma comédia praticamente muda, e que encontra formas inteligentes de dispensar, de forma quase total, o uso da palavra.
Nos dias de hoje, muita animação é produzida em massa. Filmes de animação são estreados todas as semanas, e num mundo dominado por histórias que são contadas uma e outra vez, é sempre refrescante receber uma comédia como “A Ovelha Choné: A Quinta Contra-Ataca”, uma obra que faz uso de referências, que indica, aponta e recorda mas que apresenta a sua própria identidade. Sim, é uma sequela, num mundo repleto de conteúdos reciclados, mas como os realizadores avançaram à Magazine HD, “A Quinta Contra-Ataca” procura levar mais longe um universo pré-existente. Como cereja no topo do bolo, fá-lo de forma bem divertida!
Luzes estranhas sobre a calma vila britânica de Mossingham anunciam a chegada de uma visitante misteriosa, vinda de longe na Galáxia… mas na quinta Mossy Bottom, já ali ao lado, A Ovelha Choné tem outras coisas em mente, pois os seus planos endiabrados são continuamente impedidos pelos exasperado Bitzer, o cão pastor da quinta onde se situa a acção.
Quando uma impetuosa e adorável extraterrestre, que responde pelo nome de Lu-la, e que tem poderes espantosos, literalmente “de outro mundo”, cai por acidente perto da quinta Mossy Bottom, Choné percebe rapidamente que é uma oportunidade para diversão e aventura com, e embarca numa missão para acompanhar a visitante intergaláctica de volta a casa, antes que uma organização sinistra a capture…
Será que Choné e o rebanho conseguem impedir um Farmageddon na quinta Mossy Bottom, antes que seja tarde demais? Assim começa uma jornada entusiasmante, com Choné a ter que salvar Lu-la, e pelo caminho a sua própria quinta. Uma aventura onde a avareza humana é o principal obstáculo, um ponto de contacto comum com grande parte das narrativas protagonizadas por animais.
Lu-la é espectacular. É divertida, astuta, carinhosa, curiosa e desprovida de um sentido de sobrevivência que seja aplicável ao Planeta Terra. Esta aventura apresenta uma história simples, mas que vai acima de tudo distinguir-se pelas robustas personagens que povoam o seu universo. E, claro, sendo Lu-la a nova adição ao elenco de “Choné”, ela é sem dúvida a estrela.
Ela é uma clara homenagem à figura do Extra-Terrestre de Spielberg, apresentando o mesmo tipo de abertura e generosidade de espírito, e a mesma tendência inata para o disparate. “A Ovelha Choné: A Quinta Contra-Ataca” tem intenções claras, e sabe levá-las avante. Pegando numa narrativa que já muito viveu na televisão, e que já viu em 2015 o grande ecrã, ao introduzir na história um sem fim de referências à cultura do entretenimento e da ficção científica, há na obra uma nova vida e uma nova energia contagiante.
A nova “Ovelha Choné” é uma sentida homenagem, mas é suficientemente perspicaz para saber que o melhor é não se levar demasiado a sério. E é precisamente isso que cumpre. Desde “Tubarão”, “Encontros Imediatos do Terceiro Grau”, “Star Trek”, a “E.T”, passando por “Sinais”, “Guerra do Mundo”, “Ficheiros Secretos” e tantas outras referências, é quase certo que uma visualização é muito pouco para dar conta do rico mundo de referências que compõe esta nova aventura de Shaun, no original.
Nesta estação natalícia, se pretendem fugir aos clichés da época, nada melhor do que entrar no mundo colorido da nova aventura dos Aardman. A animação em stop-motion é criada com um detalhe impressionante, e existe uma inegável arte na capacidade de combinar as figuras criadas em plasticina com uma arte de fundos que vai aliar às maquetes feitas à mão algum trabalho de CGI. A fusão entre as técnicas de animação empregues é mais orgânica do que se poderia esperar, e a imagem é para lá de bela. Acima de tudo, num mundo no qual as técnicas de animação parecem cada vez menos variadas, é diferente e o esforço empregue na criação deste universo é evidente, e louvável.
“A Ovelha Choné: A Quinta Contra-Ataca” encontra-se em exibição nos cinemas nacionais, e apresenta uma narrativa universal, que dispensa palavras e sabe dar uso a todas as potencialidades da imagem filmada. Uma aventura com uma história muito simples, mas ainda assim munida de diversas camadas adicionais de significação, na forma das referências sem fim.
Se são fãs de animação, animação em stop-motion e particularmente dos brilhantes Estúdios Aardman, não podem perder este novo brilhante capítulo na filmografia da grande casa!
A Ovelha Choné: A Quinta Contra-Ataca
Movie title: A Ovelha Choné: A Quinta Contra-Ataca
Date published: 14 de December de 2019
Director(s): Will Becher , Richard Phelan
Actor(s): Justin Fletcher, Kate Harbour, John Sparkes, David Holt, Kate Harbour, Chris Morrell
Genre: Animação, Aventura , Comédia
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Maggie Silva - 85
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Cláudio Alves - 80
CONCLUSÃO
“A Ovelha Choné: A Quinta Contra-Ataca” é uma aventura ambiciosa, que consegue prender-nos do início ao fim sem recorrer a truques fáceis ou sequer aos diálogos, um traço característico das animações em stop-motion do Estúdio de Animação Aardman, mas ainda assim um feito louvável. Esta segunda longa-metragem dedicada à famosa ovelha consegue de facto levá-la até novos voos, escolhendo uma abordagem misteriosa que lhe assenta que nem uma luva.
O MELHOR: A homenagem inteligente a diversos géneros cinematográficos, e especialmente à ficção científica. Um triunfo que é tão astuto quanto divertido, e que nos capta desde o primeiro instante.
O PIOR: Nada de especial a apontar, é um filme que cumpre nitidamente os seus propósitos. Poderia ter uma banda-sonora um pouco mais forte, e talvez pudesse ter um enredo um pouco mais detalhado. Contudo, é de facto uma obra pensava para os mais novos, e por isso resulta na sua simplicidade elaborada.