Sarah Jessica Parker, Cynthia Nixon e Kristin Davis em "And Just Like That..." (2021) ©HBO Portugal

And Just Like That…, primeiras impressões

“And Just Like That…” como um bom vinho necessita de ser aberto, deixar respirar e depois saborear lentamente. O revival ainda está a encontrar as suas bases, assim como as atrizes e mesmo o público, tentamos todos encaixar esta nova realidade mais madura e com problemáticas diferentes. Parte da essência de “Sex and the City” é capturada, quanto à outra parte só o resto da temporada dirá de sua justiça.

E assim, estreou a 6 de Junho de 1998 na HBO, “Sex and the City”, uma das séries mais revolucionárias a nível da abertura para falar de sexo e do empoderamento feminino, tudo isto nos anos 90. 6 temporadas depois e com a produção de duas longa-metragens, Carrie, Miranda, Charlotte e Samantha são provavelmente o grupo de amigas mais conhecido no mundo.

Em Dezembro de 2016 surgiram notícias de uma eventual produção de um terceiro filme para dar seguimento à história. No entanto, um ano depois começaram a aparecer problemas e não só foi confirmado que o filme não iria para a frente, como Kim Cattrall declarou que não queria retornar como Samantha Jones. Cattrall revelou discordar de alguns pontos do argumento planeado e mais tarde confessou ter “passado do fim da linha” no retrato da personagem de Samantha o que influenciou a sua decisão de não aparecer no terceiro filme. Seria possível um “O Sexo e a Cidade” sem Samantha?

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Ressurgiram novidades no final de 2020, com declarações da HBO Max de que o argumento do filme não produzido teria sido redesenhado para a produção de um revival da icónica série original. E foi assim, que em Janeiro deste ano de 2021 surgiu a confirmação de que iria mesmo estrear uma nova série passada onze anos após os eventos de “Sex and the City 2”.

And Just Like That …” foi o título revelado para o revival, que consistiria numa série de 10 episódios. Criada por Darren Star com base no “Sex and the City” de Candace Bushnell, a nova série foi desenvolvida por Michael Patrick King. Samantha Irby, Rachna Fruchbom, Keli Goff, Julie Rottenberg e Elisa Zuritsky juntaram-se à série como parte da equipe de escritores. Rotternberg e Zuritsky também servirão como produtores executivos. Também foi confirmado que Patricia Field, a designer de vestuário e colaboradora da série de longa data, não regressaria. No entanto, esta seria substituída Molly Rogers, colega e recomendada por Field.

A produção começou em Junho de 2021 na cidade de Nova York e a série estreou na semana passada, a 9 de Dezembro de 2021. Os dois primeiros episódios ficaram imediatamente disponíveis na HBO Max e o restante estreará semanalmente.

Sara Ramirez
Sara Ramirez em “And Just Like That…” (2021) ©HBO Portugal

E quem faz parte deste novo capítulo? Após o anúncio do pedido da série, Sarah Jessica Parker, Cynthia Nixon e Kristin Davis rapidamente confirmaram que voltariam a encarnar nos seus papéis. Chris Noth marca também o regresso como Mr. Big/John James Preston. Mario Cantone, Willie Garson, David Eigenberg e Evan Handler juntaram-se ao elenco de volta aos seus respetivos papéis. Nas novas caras contamos com Sara Ramirez (“Grey’s Anatomy”) que foi adicionada como regular da série, no papel de Che Diaz. Para além das adições de Sarita Choudhury, Nicole Ari Parker, Karen Pittman Chris Jackson, LeRoy McClain, Ivan Hernandez, Brenda Vaccaro e Isaac Cole Powell como personagens recorrentes.

Irreverência, abertura, polémica, comédia e drama de tocar nos corações são alguns dos aspetos que sempre caracterizaram “Sex and the City”. Se a série é consensualmente considerada um marco na televisão, as opiniões começam a dividir-se e a estilhaçar-se quando chegamos aos filmes. O filme de 2008 foi considerado aceitável, apesar de “perder bastante impacto na transição para o grande ecrã, ainda conseguindo emocionar os fãs da série original”. Já a sequela de 2010 conseguiu muito menos elogios, sendo criticada por ideias retrogradas, uma narrativa longa e vazia e é mesmo considerada por muitos como uma mancha na saga.

Será que o retorno de “Sex and the City” agradou igualmente, mais ou menos que a reunião de outra celebra série que vimos também acontecer este ano? Falamos claro de “Friends: The Reunion”, cujo especial há muito era aguardado pelos fãs.

And Just Like That
Kristin Davis, Evan Handler e Alexa Swinton em “And Just Like That…” (2021) ©HBO Portugal

And Just Like That …” tal como a sua série original iria desde sempre e à partida dividir opiniões, pois também isso caracterizou “O Sexo e a Cidade” desde o inicio. Nos minutos iniciais somos imediatamente atingidos pelo aroma da nostalgia e retornamos ao glamour de Nova Iorque e às aventuras e comédias do grupo de Carrie na sua época dos 30s. Porém, ao evoluir do episódio e como afirmado por Carrie mais que uma vez as coisas já não são as mesmas. Os 50s trazem novas dinâmicas e o mundo avançou.

A idade desenvolveu certas subtilezas nas personagens que irão agora ser destapadas e exploradas, o sucesso dependerá da abordagem. Muitos criticam o revival pelos comentários políticos e sociais, mas “Sex and the City” sempre agiu com uma atitude progressista e de remexer em temas menos confortáveis. Se deixa algumas pessoas com “comichão” é porque continua a ser eficiente.

“And Just Like That …” conta com pontos positivos como o fato da história se passar pós-pandemia! É um destino que todos ansiamos e ficamos com alguma inveja de não estar já naquele futuro mais caloroso e despreocupado. A introdução de novas personagens como Che Diaz (Ramirez), Lisa Todd Wexley (Ari Parker) e Nya Wallace (Pittman) prometem desenvolvimentos interessantes e são adições refrescantes.

And Just Like That
Cynthia Nixon e Karen Pittman em “And Just Like That…” (2021) ©HBO Portugal

Em relação à grande decisão narrativa (da qual não vou entrar em spoilers), só posso dizer que, tenha-se gostado ou não, esta foi muito eficaz em ser marcante. Como li numa qualquer caixa de comentários: “No final do primeiro episódio dei com a minha esposa a gritar e ela estava a chorar. De repente começou a sair sangue do seu nariz, espirrando no sofá, na TV e na mesa de centro. Ela correu a soluçar da sala, deixando um rastro de sangue no chão. Passou o resto da noite basicamente inconsolável” Bem, pode-se confirmar que pelo menos a nova série já conseguiu reações fortes.

Em contrapartida, o choque de alguns eventos deixam-nos com uma disposição tão depressiva que ameaça marcar toda a temporada. O equilíbrio entre drama e comédia parece ter sido momentaneamente quebrado e não parece haver razões para sorrir mais. Tanto as atrizes principais como o próprio argumento parece estar em partes um pouco enferrujado, apesar de acreditar que isso melhore com o progredir da temporada. O sonho de que Cattrall não faria falta, não passou disso mesmo, de um sonho, e realmente existem muitos momentos em que é palpável a falta da personalidade de Samantha. “And Just Like That …” parece um pouco como Carrie no seu primeiro episódio de podcast, tímido e embaraçado.

And Just Like That
Sarah Jessica Parker e Chris Noth em “And Just Like That…” (2021) ©HBO Portugal

And Just Like That …” traz-nos um misto de emoções com as suas primeiras impressões. Nostalgia, risos e choque, mas também uma sensação de estranheza e um ambiente demasiado melancólico. Se vale a pena este revival? Provavelmente quem viu os primeiros episódios não só para poder criticar, irá acompanhar o resto da temporada. Neste momento a balança pode pender tanto para a desilusão, como para mais uma lembrança feliz.

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