© 2019 Metro-Goldwyn-Mayer Pictures

A Família Addams | Do cartoon ao grande ecrã

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Pela primeira vez, vamos ver os Addams numa longa-metragem, em versão animada! A família mais macabra e divertida chega esta semana ao grande ecrã.

Misteriosa, peculiar e macabra, eis que a Família Addams está de regresso, após 26 anos longe do pequeno e grande ecrã, e com uma estreia! Esta será a primeira vez que a criação de Charles Addams salta para o grande ecrã em formato animado.

Ao longo das suas várias aparições, podemos dizer que os Addams alcançaram um mausoléu na história da cultura do terror “pop,” o que só por si é algo estranho. Ao contrário de Drácula, Frankenstein, Lobisomem ou até mesmo dos assassinos em série, esta família tem sido difícil de esquecer e igualmente difícil de ressuscitar. Como é que eles entraram nesta estranha bolha? Apanha a boleia do nosso Packard V-12 e vamos até 0001 Cemetery Lane…

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O PAI ADDAMS

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Charles Addams | © Flickr

Seria fácil assumirmos que Charles Addams provavelmente não terá tido a mais exemplar das famílias. No entanto, tal presunção não poderia estar mais longe da verdade. Addams, nascido em 1912 em Westfield, Nova Jersey, cresceu num ambiente com muito amor e carinho, proveniente dos seus dedicados pais. A título de curiosidade, o seu pai vendia pianos, objeto muito presente na sua criação.

Talvez fosse mais interessante se tivesse tido uma má infância – acorrentado a uma cama de ferro e alimentado a sopa enlatada todos os dias. Mas sou uma daquelas pessoas estranhas que realmente tiveram uma infância feliz.” – Addams em Charles Addams: A Cartoonist’s Life, de Linda H. Davis

Contudo, nem tudo tem de ser explicado por um episódio de “The Mindhunter” ou “Criminal Minds.” Ainda que tenha tido um crescimento perfeitamente normal, o cartonista sempre teve uma queda para o macabro: explorar cemitérios, entrar em casas abandonadas ou desenhar vários cenários de morte do último Kaiser alemão, Wilhelm II, de uma forma muito gráfica…

A sua paixão pelo desenho consolidou-se no liceu, sendo um dos poucos artistas que viveu apenas deste ‘sustento.’ O The New Yorker foi sempre a sua primeira casa, especialmente depois da publicação do seu clássico de 1940, “The Downhill Skier.” Foi nesta revista que Charles apresentou ao mundo os lunáticos que partilham o seu apelido, ainda que nesta altura “A Família Addams” representasse uma pequena parte do seu trabalho.

Na realidade, dos 1300 cartoons que Charles Addams desenhou para o The New Yorker, apenas 58 eram da peculiar e ainda sem nome família. Só a partir dos anos 40/50 é que os Addams saíram do anonimato, com a estreia da sua primeira adaptação televisiva.




OS MEMBROS DA FAMÍLIA & O ICÓNICO ESTALAR DE DEDOS

A popular coleção lançada por Addams em 1959, intitulada “Dear Dead Days: A Family Album,” apresentava os seis principais membros da família. No entanto, o nome do patriarca – Gomez – apenas foi adotado quando o ator John Astin o interpretou, para grande desgosto do cartonista, que preferia Repelli, um trocadilho com repelente. Pugsley também não foi a primeira opção de Charles, mas a produção considerou Pubert muito arriscado…

Capa original de “Dear Dead Days” (1959) | © By Source, Fair use

Já os elementos femininos, Moriticia (que curiosamente era muito parecida com as três mulheres que Addams teve) e Wednesday, tiveram origem numa coleção de bonecas lançada em 62. Contudo, a Família Addams como hoje a conhecemos, não ganhou totalmente vida até à estreia da série televisiva lançada pela ABC, a 18 de setembro de 1964, em horário prime time.

Juntando todos os ingredientes, esta peculiar família tinha: um casamento apaixonado; duas crianças obedientes cujo brinquedo de eleição eram objetos de tortura medieval; um tio desvairado com uma paixão por explosivos; um gigante; um mordomo monossílabo; e as criaturas mais estranhas enquanto familiares.

Para além de todas as personagens, a “Família Addams” também perdurou nas memórias de gerações pelo icónico estar de dedos que caracteriza o seu tema de abertura. O mesmo foi criado pelo popular compositor de cinema e televisão dos anos 50 e 60, Vic Mizzy, igualmente responsável por êxitos de rádio nas duas décadas anteriores. Um dos seus trabalhos mais conhecidos é o sucesso “My Dreams Are Getting Better All The Time,” de Les Brown & Doris Day, sendo também o compositor por detrás dos temas de abertura dos programas de Shirley Temple.




A FAMÍLIA ADDAMS AO LONGO DO TEMPO

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A versão de 2019 | © MGM

No entanto, nem todos estes ingredientes foram suficientes para evitar a guilhotina e a série foi cancelada após dois anos. Com um total de 64 episódios emitidos, e apesar dos resultados de audiência, tendo conquistado o 23º lugar no ranking da Nielsen. Ainda assim, nenhum destes elementos foi suficiente para dar estabilidade ao programa. Aliás, nunca foi dada qualquer explicação oficial para o cancelamento repentino de “The Addams Family,” a não ser o facto de 1965 ter sido o ano em que a NBC lançou todos os seus conteúdos, à excepção de dois, a cores, iniciando o final da era do preto e branco.

Após o cancelamento, os Addams ainda perduraram durante décadas em alguns países (cerca de 30 até 1991), devido a questões de direitos. Ou seja, o seu desaparecimento não impediu o crescimento de um culto que levou a insistentes tentativas de ressuscitação, incluindo uma participação convidada no “The New Scooby-Doo Movies,” várias séries de animação, uma tentativa falhada de filme-especial-Halloween em 77, e um morto à nascença musical televisivo – sim, não passou do piloto.




Entramos no ano de 1991 e eis que o então estreante Barry Sonnenfeld (trilogia “Homens de Negro“; “A Series of Unfortunate Events”) decide aventurar-se por caminhos mórbidos e dar vida à Família. Raul Julia e Anjelica Houston formavam o fogoso casal Gomez e Morticia, tendo Christina Ricci e Jimmy Workman como as suas diabólicas crias: Wednesday e Pugsley. As críticas foram tépidas, mas os fãs estavam sedentos por voltar a estalar os dedos, fazendo de “A Família Addams” o sétimo filme mais visto dos E.U.A nesse ano, com uma receita de 114 milhões de dólares.

A Família Addams na versão de 1991 | © Paramount Pictures

Ironicamente, a crítica ficou muito mais encantada com a sequela de 1993, “A Família Addams 2,” também da autoria de Sonnenfeld, a qual apenas alcançou uns míseros 49 milhões de dólares. Após o segundo filme, os Addams voltaram para a gaveta, apesar de Tim Burton ainda os ter tentado ressuscitar para uma animação, que acabou por nunca ver a luz do dia.

Paralelamente aos filmes, a ABC voltou a investir nos personagens para aquela que seria a sua segunda série televisiva, desta vez em formato animado. Falamos dos desenhos animados, que por cá eram transmitidos pelo Cartoon Network, e provavelmente a versão dos Addams com a qual muitos de nós estamos mais familiarizados. A série (infelizmente) só teve direito a duas temporadas, tendo sido emitida entre 1992 e 1993 – coincidindo com o final da versão carne e osso no grande ecrã.




2019 OU 26 ANOS DENTRO DO CAIXÃO…

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© 2019 Metro-Goldwyn-Mayer Pictures

Com 60 anos, os Addams chegam pela primeira vez ao grande ecrã numa animação com um estilo algo ‘Tim Burtiano.’ Esta versão está também tão longe dos originais de Charles Addams, como o Cousin Itt do barbeiro. O cartoonista, que morreu em setembro de 1988 vítima de um ataque cardíaco, teria ficado um bocado chocado por ver que as suas criações inspiraram os mais estranhos dos pequenos-almoços, mas teria ficado orgulho por Greg Tiernan e Conrad Vernon (“Sausage Party”) terem ido diretamente à fonte, com o nariz de porco e tudo.

Neste regresso, a macabra família da mansão em ruínas no topo da colina tem um novo vizinho, o fenómeno da TV Margaux Needler, que está a construir uma comunidade pré-fabricada, repleta de pop tecnicolor e perfeccionismo. Quando o nevoeiro levanta, Margaux fica desconcertada ao ver que a mansão da Família Addams é a única coisa que a separa do seu sonho de vender todas as casas do bairro e ser adorada como uma personalidade de TV para sempre.

Enquanto isso, Pugsley está a atravessar um ritual de passagem para provar que está pronto para se tornar um homem Addams. Por sua vez, Wednesday faz amizade com a filha de Margaux, Parker, dando início a atividades ‘normais’, como frequentar a escola pública, pertencer à claque ou usar fitas cor de-rosa.

Produzido pela MGM – Metro Goldwyn Mayer Pictures, a “Família Addams” está de mais uma vez pronta para voltar a testar os nossos parâmetros de ‘normalidade’ – se é que isso ainda existe.

CLIP | A EVOLUÇÃO DOS ADDAMS

A partir de amanhã, os icónicos personagens estarão prontos para animar o Halloween, numa sala de cinema perto de ti.

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