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11ª Festa do Cinema Italiano | Vencedores e balanço final

Terminou mais uma edição da Festa do Cinema Italiano em Lisboa e resta agora ponderar os grandes vencedores do festival e refletir sobre as glórias fílmicas de Itália.

Decorreu ontem, dia 12 de abril, a cerimónia de encerramento da 11ª edição da Festa do Cinema Italiano. Durante as festividades, foram entregues os prémios do festival, tanto o galardão votado pelo júri como aquele decidido pela opinião do público. O júri formado por Francisco Valente, Paula Brito Medori e Pedro Cabeleira premiou “Happy Winter” de Giovanni Totaro, o único documentário incluído na secção competitiva.

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“Happy Winter” foi o vencedor do Prémio do Júri

Como justificação da sua escolha unânime, os jurados divulgaram as seguintes palavras: “pela originalidade da sua proposta e pela liberdade do seu gesto, este filme constrói, a partir de um mosaico de vidas verdadeiras, um retrato lúdico, social e político complexo no qual reconhecemos não apenas um país mas, também, um microcosmo da realidade em que vivemos, tanto o seu lado eufórico como incerto”.

O documentário siciliano foi, sem dúvida, o filme mais original da coleção de filmes competitivos, observando a vida de uma praia durante os meses de Estio para conceber um retrato tragicómico da folia e alegria efémera do verão. O público, pelo contrário, decidiu premiar uma obra menos formal e estruturalmente desafiante, acabando por dar o prémio Canais TVCine & Séries a “Cuori Puri”, a história de um romance proibido entre uma jovem rapariga de uma comunidade religiosa e um segurança de um parque de estacionamento.

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“Cuori Puri” foi a escolha do público

Verdade seja dita, estas escolhas não são particularmente surpreendentes, representando, no caso da escolha do júri, o filme mais concetualmente vistoso e complexo do grupo de cinco filmes, assim como, no caso do voto do público, a obra mais acessível e emocionalmente cativante. Poder-se-ia mesmo dizer que, considerando os outros títulos a competição, talvez só mesmo “Easy” de Andrea Magnani se pudesse ter afirmado como uma alternativa legítima. No final, esta não foi das seleções competitivas mais gloriosas na história desta festa.

Muito mais interessantes foram as outras secções da Festa do Cinema Italiano, nomeadamente a Altre Visioni e Amarcord. A secção Panorama, mais especializada em divulgar algumas das obras mais mainstream e de prestígio do mercado cinematográfico italiano também teve os seus destaques, incluindo “Amor e Malavita” que havia sido premiado na Bienal de Veneza, mas foram as seleções mias alternativas que realmente avivaram o festival. Na secção Altre Visoni, para sermos mais específicos, a assombração melancólica de Charlotte Rampling em “Hannah” merece particular destaque.

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No entanto, foi a secção Amarcord e outras sessões especiais focadas no cinema italiano de outros tempos que efetivamente tornaram esta edição da Festa do Cinema Italiano num evento memorável e imprescindível para qualquer cinéfilo. A pequena retrospetiva sobre alguns dos melhores filmes de Marco Ferreri, por exemplo, foi uma belíssima celebração de um autor muitas vezes ignorado na história do cinema italiano em prol de nomes mais sonantes como Fellini, Antonioni, Visconti e Pasolini, entre outros.

Merecedores de destaque, estão também três dos filmes mais célebres a virem de Itália nas últimas décadas. Eles são “Cinema Paraíso” de Giuseppe Tornatore, “O Carteiro de Pablo Neruda” de Massimo Troisi e Michael Radford, assim como o épico político “A Melhor Juventude” de Marco Tullio Giordana. A presença do filme de Troisi e Radford é particularmente notável, pelo facto de os seus visionamentos terem sido incluídos num Cine-Jantar especial e pela presença de desenhos de cenografia e figurinos do filme em exposição nos espaços do festival.

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“O Carteiro de Pablo Neruda” foi um dos grandes destaques da secção Amarcord

No final, esta foi a edição da Festa do Cinema Italiano com mais espectadores de sempre. O festival, como já tem sido tradição, ocorreu em várias cidades em simultâneo, Lisboa, Porto, Almada, Cascais e Setúbal, sendo que 10 sessões da capital acabaram mesmo por esgotar. Em termos numéricos, quase 12 000 espectadores foram aos cinemas lisboetas ver sessões da festa, cerca de 1700 participaram em atividades paralelas e, se contabilizarmos os números das outras quatro cidades, esta edição teve cerca de 15 000 espectadores. Oxalá, para o ano, este festival obtenha triunfos ainda maiores que os de 2018.

 


Lista de artigos publicados no âmbito da cobertura da 11ª Edição da Festa do Cinema Italiano:


Atenta ao facto que a Festa do Cinema Italiano ainda não terminou. Até ao final de maio, a festa chega a mais cidades do país e depois partirá para o estrangeiro, chegando ao Brasil, Angola e Moçambique. Para mais informações visita o site oficial da Festa do Cinema Italiano.

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