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Festival da Canção 2023 | Entrevista aos últimos finalistas

A Magazine.HD esteve à conversa com os seis finalistas do Festival da Canção que se juntaram à lista de possíveis representantes de Portugal na Eurovisão.

O Festival Eurovisão da Canção é uma das mais importantes competições internacionais da indústria da música. Em causa não está apenas a difusão da canção de determinado país, mas sim a possibilidade de representar toda uma nação através da música, uma linguagem universal capaz de conectar comunidades. Mas antes de chegar ao grande desafio internacional, é preciso superar a prova nacional, que reúne vários cantores do mesmo país que competem entre si até ser definida a canção vencedora que irá representar a nação. Em quase seis décadas de participação de Portugal na Eurovisão, nomes como Simone de Oliveira, Carlos do Carmo e José Cid constam na lista de representantes do nosso país nesta competição. Apesar da oscilação de resultados, apenas Salvador Sobral conseguiu trazer o primeiro lugar para casa, em 2017.

Em 2023, a 57ª edição do Festival da Canção procura selecionar a nova canção que vai representar Portugal em Liverpool e, neste momento, já encontrou os treze finalistas que irão disputar um lugar na competição internacional. A Magazine.HD esteve à conversa com os seis concorrentes que se juntaram à lista de finalistas na segunda e última semifinal da competição.

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BÁRBARA TINOCO

Bárbara Tinoco
© Pedro Pina – RTP

Que sentimentos estás a ter após esta vitória que te dá acesso à final?

Bárbara Tinoco: Olha, estou muito feliz e estou muito nervosa agora para a final. Foi logo um misto de emoções, do género ‘oh não! Para a semana há mais tareia com este nível de intensidade’ [risos]. Mas estou muito contente, claro! Sinto-me mesmo muito agradecida por fazer parte disto e por ter passado, claro.

Tens alguma mudança planeada para a final?

Bárbara Tinoco: É assim, passado uma hora da minha atuação, sinto que ainda não tive tempo para pensar sobre isso [risos]. O Ricardo já disse que quer mudar o livro para a semana [risos].

E agora, Liverpool está mais perto…!

Bárbara Tinoco: É assim, foi só um centimetrozinho para o lado, não andou muito [risos].

Estavas à espera de passar à final?

Bárbara Tinoco: Não sei, eu acho que estava com medo de não passar, como se tem sempre, mas estava desejosa de passar, como se deseja sempre, quando se participa num concurso.

E o que é que te veio à cabeça assim que soubeste que te tinhas qualificado?

Bárbara Tinoco: Não sei, senti-me muito agradecida. Eu sei que isto é uma resposta clichê, mas é a sério. Eu tenho mesmo sorte em ter esta profissão e em poder pensar em atuações, em interpretar e em escrever canções. Quem é que pode dizer isso – ‘olha eu hoje acordei, fiz uma canção e isso foi o meu trabalho’? Esse é o meu trabalho, portanto eu sinto-me agradecida.

O teu staging foi um dos mais complexos. Podes-nos explicar melhor o seu conceito?

Bárbara Tinoco: Olha, o conceito era ser uma fotografia. Ou seja, eu queria criar uma memória em palco, porque a minha canção é uma memória e é muito nostálgica. Eu quis trazer isso para palco. Então, decidi que gostava que a atuação fosse uma fotografia e pronto. Chamei todos os meus amigos e as pessoas que fizeram parte da canção para entrar dentro da fotografia e criar essa memória comigo.


VOODOO MARMALADE

Voodoo Marmalade
© Pedro Pina – RTP

O que é que estão a sentir agora que sabem que estão na final do Festival da Canção?

Voodoo MarmaladeEu acho que se me fizesse essa pergunta amanhã, era mais fácil responder [risos]. Eu neste momento, não sei, estou assoberbado. Acho que estamos todos assim, falo por todos quando digo isso. Mas estamos cheios de adrenalina! Ainda estamos a absorver e não tivemos tempo para falarmos uns com os outros. Estamos incrédulos, mas muito felizes.

Esperam fazer alguma mudança para atuação da final? Já tinham falado disso durante estes dias?

Voodoo Marmalade: Estávamos a falar sobre isso! Como é pouco tempo, ainda temos de pensar no que vamos fazer e quais as mudanças. Eu acho que isso está sempre em aberto à mudança, mas o core da atuação, que é a nossa energia, está sempre lá! A postura vai ser a mesma, que é aquela que nós fizemos aqui no palco e é a que nos temos sempre. É a nossa natureza. 

O que é que vos veio logo à cabeça assim que perceberam que a vossa canção estava qualificada para a final?

Voodoo Marmalade: Eu não acreditei! Ficámos mesmo incrédulos [risos]. Eu acho que eu a minha cara deve ter transmitido isso mesmo. O meu queixo caiu ao chão, quase literalmente [risos]. O Tiago Maria chorou três ou quatro vezes [risos]. Também somos uma banda, não é? Cada um sente à sua maneira. Às tantas, quando disseram o nosso nome e as câmaras apontaram para nós, as caras devem ter sido mesmo diferentes. Nós não fizemos propriamente um briefing sobre que reação teríamos se ganhássemos ou se não passássemos. Portanto, foi tudo muito espontâneo [risos].


IVANDRO

Ivandro
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Como é que te sentes depois de saberes que estás na final? 

Ivandro: Ai, aliviado! Estivemos a trabalhar imenso e este era o objetivo, conseguir ir final, e não só… conseguir ganhar! Esse é mesmo o objetivo.  

Contas fazer alguma alteração para atuação da final?

Ivandro: Só a roupa [risos]. Esta roupa que eu trouxe tem mesmo a data de hoje. Vou guardá-la para me lembrar deste dia e, para a próxima semana, trago outra. 

O que é que te veio à cabeça assim que percebeste que te tinhas qualificado? 

Ivandro: Não me veio assim um pensamento geral. Foi mesmo a gratificação! Estivemos a trabalhar imenso. Senti alegria. Senti um peso a sair, porque não sabemos se nos conseguimos conectar com as pessoas e acho que isto mostra que sim. Até me levantei do banco [risos].

Tu há pouco falavas que vais fazer um museu, já tens uma peça aí [a roupa]. Depois deste ano alucinante, independentemente do resultado da próxima semana, esta já é uma medalha que vai para o museu?

Ivandro: Claramente, sem dúvida! Por isso é que está marcada com o dia, que é mesmo para lembrar. Sendo uma vitória ou uma derrota, vou sempre aprender alguma coisa e acho que consigo sempre voltar melhor. As pessoas não sabem, mas eu já faço música há dez anos. Já estou a tentar há dez anos e, os últimos três anos têm sido um crescimento incrível, principalmente o ano passado. Foi o meu melhor ano, sem dúvida. E, por isso, já aprendi muitas vezes a cair e a levantar-me outra vez e a voltar ainda com mais força até dar certo. Estamos aqui hoje e isso é que importa!

Tu tinhas vários blocos brancos em palco e eu gostaria de saber o que é que queres passar com isso.

Ivandro: Digamos que eu queria representar um bairro. Eu queria ser a voz de muita gente, que foi o mesmo que eu tentei fazer com a música O Povo. Acho que conto ali uma história que não é só minh. E os blocos grandes e brancos representam os prédios. Eu sempre morei em prédios e muita gente também cá em Portugal, não é? E eu queria ser a voz desses jovens que sonham e querem voar e chegar longe e um dia conseguir comprar uma casa e construir mesmo um lar para uma vida. 


INÊS APENAS

Inês Apenas
© Pedro Pina – RTP

Qual é que é a sensação de saber que estás na final?

Inês Apenas: Olha, é uma honra enorme. Estou muito feliz com esta canção. Acreditei muito nesta canção quando a fiz. E estou muito feliz por tudo, por estar na final, pelo dia de hoje, em que tive emoções muito fortes. Eu própria estou-me a engasgar agora toda, mas estou muito feliz com a minha equipa também. Ainda estou a processar um bocadinho!

Contas fazer alguma alteração para a final? 

Inês Apenas: Estava a pensar nisso! Já estava tipo ‘eu acho que vou mudar ali coisas’ [risos]. Certamente algumas coisinhas, se calhar, vão ser mais acertadas. Lá está, acho que é uma coisa que pode ser ponderada, vamos pensar. 

O que é que te veio à cabeça assim que soubeste que te qualificaste para a final?

Inês Apenas: Eu pensei em tanta coisa ao mesmo tempo [risos]. Eu acho que se eu tivesse que demonstrar, era assim uma palavra um bocadinho feia, é melhor não dizer [risos]. Mas, fiquei muito orgulhosa porque trabalhámos muito para isto. E lá está, sou uma artista independente e vir aqui  e estar na final é um marco muito grande para mim e para a minha carreira. 


EDMUNDO INÁCIO

Edmundo Inácio
© Pedro Pina – RTP

Como é que te sentes agora que já tens um pezinho na final?

Edmundo Inácio: Estou muito feliz, muito mais tranquilo, apesar de não estar muito tenso na realidade. Mas estou feliz, dei tudo de mim. Fui verdadeiro e trouxe uma mensagem que acho que é importante trazer para as pessoas e fazer com que as pessoas pensem um pouco sobre ela. E agora é preparar-me para a próxima semana e dar tudo de mim outra vez.

Contas fazer alguma alteração para a atuação da final?

Edmundo Inácio: Neste momento, não, nada em específico. Talvez pequenas coisas, e melhorar o que já foi feito. Mas eu acho que, normalmente, eu quando subo a palco, nunca sou 100% igual ao que fiz anteriormente. Eu invento sempre um bocadinho, mesmo vocalmente ou fisicamente. Acredito que não vai ser exatamente igual, porque eu não consigo um bocadinho controlar-me às vezes e vivo a canção [risos]. É o que eu disse, sou verdadeiro e apenas me tento divertir e aproveitar o momento.

O que é que te veio à cabeça assim que soubeste que te qualificaste?

Edmundo Inácio: Fiquei feliz, especialmente por ter vindo pela livre submissão. Ainda há um ano, um ano e pouco, estava no “The Voice” como intérprete, a era um dos favoritos do público. O Público gostava muito de mim e desejava ver-me num aspeto de compositor, trazer o meu próprio produto, sem ser as interpretações. E aqui estou eu! E foi isso tudo que me passou na cabeça, todo este percurso, o facto de entrar no “The Voice” pensando que já teria que abdicar da música e focar-me apenas no cinema que eu tinha estudado. E agora, passado um ano, estou aqui, em algo que é completamente diferente daquilo que imaginei. Mas estou feliz porque, na realidade, este é meu primeiro amor, a música. E sinto-me feliz a fazer a minha arte, e sinto-me feliz a trazer mensagens com as quais as pessoas tenham uma ligação.

Há um ano estavas no “The Voice”, agora vais estar na final do Festival da Canção. Como é que estás a viver este crescimento explosivo da tua carreira?

Edmundo Inácio: Sempre com os pés no chão! Acho que é importante sabermos de onde vimos, eu tenho noção que sou de Portimão. Venho uma família que batalhou muito para chegar onde chegou, sempre uma família humilde. Eu acho que o principal objetivo é ter os pés no chão. Eu cheguei à final do ano passado no “The Voice”, e fiquei em quarto lugar, apesar de ser um dos favoritos dos media e este ano sou um dos favoritos dos media e sei que tudo pode acontecer. Eu acho que é só fazer o nosso trabalho e tudo pode acontecer.

Se me permites, na tua prova cega, o Diogo [Piçarra] disse que tinhas alguma coisa na tua mente que não sabia bem o que era e que tinha que ser explorada. Já descobriste o que é que tens aí dentro?

Edmundo Inácio: Eu vou descobrindo, vou explorando. Eu acho que isso é o importante. Especialmente como artista, eu acho que é muito olhar primeiro para o que vivemos, que não é muito com a minha idade [risos], mas tentar perceber realmente o que é que vivemos, o que é que sentimos. A Festa representa isso, e outras canções também. Vou falar abertamente sobre uma que se chama A Besta. Não está 100% finalizada e trabalhei em conjunto com o com o Edgar dos Bandua. E a besta praticamente fala sobre a depressão, que é um tema muito difícil hoje em dia as pessoas abordarem, têm medo de abordar. E eu acho que para ser artista, na realidade, é ser humano e ser verdadeiro e trabalhar em torno disso.


DAPUNKSPORTIF

Dapunksportif
© Pedro Pina – RTP

Queremos saber como é que se sentem depois de saberem que já estão na final!

Dapunksportif: Sentimo-nos muito bem e acho que entusiasmados e prontos para encarar a final como uma equipa de futebol [risos]. 

Contam fazer alguma alteração para atuação da final? 

Dapunksportif: Neste momento, vamos pensar nisso. Não gostamos muito de começar a projetar as coisas mesmo para a frente. Aliás, com as pandemias e com tudo o que aconteceu, acho que temos que viver o dia a dia, aproveitar bastante bem o presente e, às vezes, as expectativas atraiçoam e depois deixam marcas. E nós já temos alguma tarimba e temos que gerir bem as expectativas e foi o que fizemos. Portanto, daqui para frente vamos ver o que é que vai acontecer. 

O que é que vocês sentiram assim que souberem que se qualificaram para a final? 

Dapunksportif: Surpresa! Ainda por cima, sendo o voto do público, foi muito bom. É assim, foi muito mais estressante, porque se tivéssemos passado logo em primeiros finalistas, era mais tranquilo. Mas agora, sendo o voto do povo, até inclusive acho que sentimos mais o peso da responsabilidade, porque parece que, realmente, quem estava a ver em casa gostou bastante da nossa atuação. Agora, primeiro vamos digerir esta adrenalina toda que estamos a sentir porque, realmente, ser repescado dá aqui um boost de energia [risos]. E vamos ver o que é que vamos mudar ou então continuar com a nossa essência, que também foi o que fizemos na nossa atuação. Mostrar o que realmente fazemos e sermos nós próprios. Nós estamos habituados ao público, não estamos habituados ao júri [risos]. 

E há uma responsabilidade maior quando se é professor e sabe que tem os alunos colados à televisão, atentos ao que estamos a fazer?

Dapunksportif: É assim, tendo em conta como foi a votação, até foi bom para eles aprenderem a saber gerir as emoções e, como o Paulo estava a dizer, as expectativas. Porque hoje em dia também vivemos numa época em que parece que tudo é dado e adquirido, não é? Não é assim! Tens que saber gerir as tuas expectativas e as prioridades. Puxando já para aquele lado educativo ou pedagógico, acho que deve ser super porreiro para os alunos agora verem que nós passámos à final. Na próxima semana, quando formos dar aulas, deve ser engraçado [risos]. Vou ter uma semana tranquila, ninguém me vai chatear a cabeça. É bom para subir os níveis de assiduidade nas aulas [risos]. Mas, assim um pouco à parte, eu acho que é sempre importante, porque nós professores somos modelos, quer queiramos quer não. E eu sinto-me muito honrado em ser eu próprio e conseguir passar a mensagem sem ser o Paulo da banda ou o Paulo Professor. Eu sou o mesmo gajo que é professor e que é músico. E isso é o mais importante. Eu acho que é essa a mensagem que eu passo aos meus alunos. Eu trabalho com miúdos, com homens e mulheres que já têm dezoito ou dezanove anos e, muitas vezes, vejo pouca ambição. Ou, por outro lado, vejo uma ambição muito grande. Ou seja, é oito ou oitenta, como se costuma dizer, mas no meio é que está a virtude, não é? E ser professor é também ensinar essa forma de gerir tudo. E, esta atuação, esta energia, o facto de os miúdos nos verem a tocar e nas redes sociais… Isso tudo é mais uma coisa para lhes dar esperança. E eu costumo dizer que isto custa. Isto não é carregar num botão e lá está um gajo com sorriso na cara a tocar. As coisas custam, mas é isso que dá piada à vida. 

O que é que significa para vós poderem vir ao Festival da Canção representarem o vosso estilo musical, que é o rock?

Dapunksportif: Para nós é super bom. Quer dizer, o rock hoje em dia não está muito mediatizado, o seu apogeu já passou, não é? Agora, se fossemos ver isto num gráfico, uma parábola, o rock já vem um bocadinho a descer, a nível do que o rock pode oferecer e a nível de dinheiro, porque isto é um negócio. Há estilos musicais que agora estão em voga e vão esmifrar até ao limite esses estilos musicais, até que vai chegar uma altura em que vão passar para outro estilo musical. E é porque é assim que é a indústria. Isto é uma indústria, não é? E, portanto nós tocamos rock e vamos continuar a fazê-lo, mesmo com outras influências, e sempre com os pés assentes na terra, neste belo país que é Portugal e sempre com olhos para o mundo! 

VÍDEO | BÁRBARA TINOCO É UMA DAS FINALISTAS DO FESTIVAL DA CANÇÃO

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