Fernanda Torres jurada da Competição de Veneza 2025 © A.M.P.A.S.

Festival de Veneza 2025 | Júris de luxo, clássicos restaurados e um tributo à rainha Jane Campion

O 82.º Festival de Veneza 2025 chega com um cardápio de luxo: júris internacionais de peso, clássicos restaurados que vão do Kubrick ao Manoel de Oliveira, e uma homenagem de gala a Jane Campion — que traz para o Lido a nova geração de cineastas da sua escola A Wave in the Ocean.

Se Cannes é a passadeira vermelha da primavera, o Festival de Veneza 2025  será a rentrée de luxo do cinema mundial. O Lido prepara-se para receber a 82.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza (27 de agosto a 6 de setembro de 2025) com uma programação que cheira a História, novos talentos e um certo ar de culto cinéfilo.

Este ano, o festival promete brilhar em três frentes: jurados de peso, a secção Venice Classics que é um presente para os nostálgicos, e uma homenagem a Jane Campion, a cineasta que nos deu “O Piano” e que agora se dedica a ensinar os novos rebeldes da sétima arte.

Veneza 2025
Alexander Payne — que este ano preside ao júri — está a preparar um novo filme. ©Biennale Cinema/Divulgação

Jurados com selo de prestígio

Alexander Payne, o realizador norte-americano que nos fez rir e chorar com “Sideways” e “The Descendants”, vai liderar o júri da competição principal do Festival de Veneza 2025 . Ao lado dele, um painel que parece ter saído de um dream team de cinéfilos: Stéphane Brizé, o francês que entende como ninguém o drama social (“A Lei do Mercado”), Maura Delpero, a italiana que conquistou Veneza com “Vermiglio”, Cristian Mungiu, o mestre romeno do realismo cru, Mohammad Rasoulof, cineasta iraniano que desafia regimes, e duas estrelas que trazem glamour e talento: a brasileira Fernanda Torres (sim, a Fernanda de “Os Normais”, mas também uma atriz premiada em Cannes, por “Ainda Estou Aqui”) e Zhao Tao, musa de Jia Zhang-Ke e rosto do cinema chinês contemporâneo.

Na secção Orizzonti, dedicada a novas linguagens, quem comanda é Julia Ducournau, a cineasta francesa que meteu um carro e um corpo humano a fazerem amor em “Titane”, lembram-se? Com ela, vêm o italiano Yuri Ancarani, o argentino Fernando Enrique Juan Lima, a australiana Shannon Murphy (“Babyteeth”) e RaMell Ross, o documentarista nomeado ao Óscar.

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Para os estreantes, o Prémio “Luigi De Laurentiis” fica nas mãos de Charlotte Wells, a mente brilhante por trás do delicado “Aftersun”, acompanhada por Erige Sehiri e e o veterano e consagrado actor italiano Silvio Soldini. Em resumo: o Lido está pronto para debates acesos e escolhas que prometem dar que falar.

Venice Classics: uma carta de amor ao cinema

Se há secção que faz os cinéfilos suspirarem, também neste Festival de Veneza 2025 é a Venice Classics. Este ano, o programa traz 18 restaurações de obras-primas que vão do glamour europeu ao western norte-americano, passando pelo génio português de Manoel de Oliveira com “Aniki-Bóbó”. Pedro Almodóvar regressa com o provocador “Matador”, Stanley Kubrick marca presença com a eternamente polémica “Lolita” e Jerry Lewis explode no hilariante “O Delinquente Delicado”.

Os italianos também têm um lugar especial: “Roma Ore 11”, de Giuseppe De Santis, e a comédia de costumes com Monica Vitti, “Ti Ho Sposato per Allegria”, brilham ao lado de clássicos menos conhecidos como “Lo Spettro”, de Riccardo Freda, resgatados da sombra pela Cinecittà.

Do lado asiático, há pérolas como “Kwaidan”, de Masaki Kobayashi, exibido pela primeira vez na sua versão sem cortes, e o icónico “Vive L’Amour”, de Tsai Ming-liang, que volta a Veneza trinta anos depois de levar o Leão de Ouro. O júri dos Venice Classics, liderado pelo realizador Tommaso Santambrogio, terá a difícil tarefa de escolher o melhor entre tantos gigantes restaurados.

Jane Campion
A cineasta Jane Campion vá ser homenageada. Crédito editorial: Featureflash Photo Agency / Shutterstock.com (ID: 733356934)

Jane Campion e uma “Onda no Oceano”

E depois há Jane Campion no Festival de Veneza 2025. A cineasta neozelandesa, duas vezes vencedora do Óscar, será homenageada com pompa e circunstância. Mas não é apenas a sua carreira que vai estar em foco: é também a escola de cinema que fundou, A Wave in the Ocean, em Wellington.

Sete curtas-metragens dos seus alunos vão passar no Lido, cada uma delas criada com a mentoria direta de Campion e Philippa Campbell  e financiadas pela Netflix, claro, porque até os sonhos agora têm selo de streaming.

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Além disso, “Lion Rock”, de Nick Mayow e Prisca Bouchet, estará em competição na secção Orizzonti Shorts do Festival de Veneza 2025. No dia seguinte às exibições, Campion vai dar uma masterclass que promete ser o momento obrigatório para quem sonha com câmaras, guião e um toque de irreverência.

Festival de Veneza 2025
O sempre disputado Leão de Ouro. ©Biennale Cinema /Divulgação

Veneza: tradição e futuro lado a lado

O Festival de Veneza 2025 promete aquele equilíbrio raro entre a reverência pelo cinema clássico e a ousadia de apostar nos novos nomes e linguagens. Com Alexander Payne e o seus parceiros a escolherem quem leva o Leão de Ouro, Julia Ducournau a procurar o cinema mais “mutante” em Orizzonti, e Jane Campion a plantar sementes de futuro com a sua escola, o Lido vai ser, uma vez mais, o epicentro onde passado e futuro do cinema se encontram e brindam com um spritz ao pôr do sol.

JVM



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