Cinemateca Portuguesa

Filmes a não perder na Cinemateca Portuguesa em abril

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Eis a nossa recomendação, dos grandes filmes que serão exibidos na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, no quarto mês de 2019. 

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Durante todo o mês de abril, a Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema dedica um especial à retrospetiva de Nanni Moretti, no âmbito da Festa do Cinema Italiano. São vários os filmes do realizador italiano que marcou uma geração, e que continuamente apresenta um retrato político, e ao mesmo tempo um retrato pessoal do seu país.

A Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema considera-o mesmo como um dos nomes fortes do cinema de autor, não só da arte cinematográfica italiana, mas do mundo. Segundo a Cinemateca Portuguesa,

Moretti surge em praticamente todos os seus filmes, concentrando, em si, as dúvidas e neuroses sobre a nossa relação com tudo aquilo que é vivo (e a desadequação, talvez, entre as nossas crenças e aquilo que a realidade nos oferece), mas nunca deixa de falar, por outro lado, sobre todos nós, seja no prazer em estar vivo (como no esplêndido CARO DIARIO e o seu olhar sobre Roma) como na militância e teimosia em acreditarmos num mundo melhor, contra todas as evidências.

Alguns dos filmes de Nanni Moretti são importantes de destacar nesta rubrica, no entanto se queres conhecer a programação completa da retrospetiva a Nanni Moretti vale a pena segue para aqui! Apesar de estar presente em várias cidades portuguesas, esta retrospetiva à carreira de Moretti é única e passa apenas na Cinemateca.

Além disso, não só de Festa do Cinema Italiano que é feita a programação da Cinemateca Portuguesa do mês de abril. A programação do instituto público é dedicada também à rubrica “Povos em Movimento – Migração, Exílio, Diáspora”, que segue assim na sua segunda parte e que se estenderá igualmente ao mês de maio.

Cinemateca Portuguesa
Billy Woodberry

A Cinemateca Portuguesa promove ainda os Encontros Cinematográficos, que desta vez traz a Portugal o cineasta americano Billy Woodberry. O cineasta vem a Lisboa apresentar em exclusivo quatro das suas obras, que são todas elas grandes destaques na programação deste mês. São eles “Bless Their Little Hearts” (1984), “The Pocketbook” (1980), “And When I Die I Won’t Stay Dead” (2015), “Marseille Après La Guerre” (2015). Todos os filmes de Billy Woodberry exibidos são pela primeira vez exibidos na Cinemateca Portuguesa.

Os filmes escolhidos para os ciclos da Cinemateca do mês de abril refletem uma programação bastante interessante e diversa! Conhece tudo a seguir! 




“Malina”, L.P 11-04-18h30

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Malina

MALINA adapta um livro de Ingeborg Bachman, escritora e poetisa austríaca, comentadora e leitora de Wittgenstein e de Heidegger, que é uma obra sobre os limites da linguagem. Atravessado por uma interpretação extraordinária de Isabelle Huppert, o filme de Schroeter, no mesmo sentido, é um filme sobre os limites do cinema: o indizível e o invisível. “MALINA é um filme sobre os limites do cinema. Não nos limites do cinema. Mas sobre os limites do cinema, ou seja no que se sabe ilimitável” (João Bénard da Costa)




“Manhattan” e “She Gotta Have It”, F.R. 13-4-15h30

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Manhattan

Dois retratos marcantes da cidade mais cinematográfica do mundo e que muito contribuíram para esse estatuto. De um lado, MANHATTAN, obra-prima de Woody Allen e exemplo máximo das relações sentimentais da metrópole nova-iorquina, assim como um retrato cru e realista, envolto da extraordinária e romântica fotografia de Gordon Willis (e da música de George Gershwin), das manipulações que nós fazemos uns aos outros dentro delas. SHE’S GOTTA HAVE IT, primeira longa-metragem de Spike Lee (e lançada poucos anos depois de MANHATTAN), é um brilhante olhar sobre a Nova Iorque do outro lado do rio Hudson (a “república de Brooklyn”), onde, através de um humor mordaz, se retratam as três relações amorosas simultâneas de uma jovem mulher independente que se recusa a comprometer com qualquer uma delas.




“Uomini, Anni, Vita”, L.P. 15-4-18h30

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Uomini, Anni, Vita

Iniciando-se no cinema nos anos setenta e plenamente reconhecidos (a Cinemateca dedicou-lhes uma retrospetiva no longínquo ano de 2001), Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi (1942-2018) especializaram-se em filmes de montagem, nos quais abordam com frequência a questão da memória, num eco ao trabalho de Jonas Mekas, a quem o par de realizadores diz estar “muito ligado”. Em UOMINI, ANNI, VITA, Gianikian e Ricci Lucchi usam material de arquivo para organizar um diário que aborda muito especificamente a Arménia, terra de origem de Gianikian, com imagens sobre “o primeiro genocídio do século XX” e outras relativas à identidade deste povo antiquíssimo, algumas das quais se centram no êxodo de 1918.




“So Leben Wir – Botschaften an die Familie”, L.P. 16-4-18h30

Cinemateca Portuguesa
So Leben Wir (…)

O austríaco Gustav Deutsch é um dos mais conhecidos cineastas a trabalhar com material de arquivo (inclusive da Cinemateca Portuguesa), seja este identificado ou não. Em SO LEBEN WIR – BOTSCHAFTEN AN DIE FAMILIE, “o meta-filme absoluto sobre a migração”, nas palavras de Olaf Möller, Deutsch trabalha a partir de filmes domésticos (em Super-8, vídeo ou digital) de pessoas que emigraram e para quem este material, que aqui é trabalhado e recontextualizado, tinha uma função epistolar. Nas mãos de Gustav Deutsch diversas memórias pessoais transformam-se numa memória coletiva.




“Viagem a Portugal”, F.R. 17-4-19h

Cinemateca Portuguesa
Maria de Medeiros e Isabel Ruth

Sérgio Tréfaut apresentou VIAGEM A PORTUGAL como “um filme político sobre os procedimentos de controle de estrangeiros nos aeroportos europeus e sobre o tratamento desumano, que é aceite como prática comum nos dias de hoje.” A preto e branco, concentrado nas suas personagens durante o tempo que passam nos corredores e gabinetes do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras no aeroporto de Faro, a partir de uma história verídica que teve lugar em 1998 em Portugal, VIAGEM A PORTUGAL é a primeira longa-metragem de ficção do realizador.




“The Last Tycoon”, F.R. 17-4-21h30

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The Last Tycoon

O último filme de Kazan é um reencontro com o melhor do seu cinema do passado. É também um filme sobre Hollywood e, neste campo, um dos retratos evocativos mais pungentes, na medida em que constata o caráter irreversível do fim de um sistema. Um elenco que é também uma homenagem ao cinema do passado e do presente, numa adaptação do clássico de F. Scott Fitzgerald, inspirado na figura do “wonder boy” de Hollywood: Irving Thalberg. Há muito tempo que não é visto na Cinemateca.




 “La Blessure”, F.R. 18-4-21h30

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La Blessure

Nesta ficção, acompanhamos uma africana que chega a Paris para reunir-se com o marido, que lá vive, mas é retida no aeroporto durante algum tempo. Consegue finalmente ser posta em liberdade e o casal vai viver em condições muito precárias, com outros africanos que já perderam as ilusões. O próprio ator do filme foi detido e ameaçado de expulsão. “LA BLESSURE não é um filme de conversas e diálogos, mas um filme onde as pessoas depõem”, diz o realizador. Primeira exibição na Cinemateca.




“Evaporing Borders”, F.R. 22-4-21h30

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Evaporating Borders

Nascida em 1980 em Belgrado, Iva Radivojevic é uma cineasta bósnia que conheceu o exílio, antes de se fixar em Nova Iorque. Realizou mais de quinze filmes, em que predomina o tema das atuais migrações. EVAPORATING BORDERS aborda especificamente a questão da presença dos refugiados de diversas origens em Chipre (a própria ilha está dividida em duas partes desde 1974), que Radivojevic conheceu pessoalmente. Embora contenha entrevistas, EVAPORATING BORDERS é antes de tudo um ensaio visual, cuja tese é de que, com a situação atual, a própria noção de fronteira perdeu parte do seu sentido. O filme teve grande impacto no circuito de festivais e é apresentado pela primeira vez na Cinemateca.




“El Norte”, L.P. 23-4-18h30

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El Norte

Segundo filme de Gregory Nava, EL NORTE aborda a emigração de um casal de camponeses guatemaltecos, que depois de um massacre perpetrado pelo exército do seu país emigra no meio de grandes dificuldades para Los Angeles, onde tenta refazer a vida. “A partir de uma estrutura clássica, Nava compõe um filme muito pessoal. Do ponto de vista formal e narrativo, o filme assemelha-se a ALAMBRISTA e há inclusive a presença do ator principal do filme de Robert Young. A variedade de tom faz com que este seja um filme muito acessível”, notou o crítico da revista Jeune Cinéma. Primeira exibição na Cinemateca.




“Mia Madre”, F.R. 24-4-15h30

Festa do Cinema Italiano
Nanni Moretti e Margherita Buy em “Mia Madre”

Filme de ficção, na carreira do realizador, com a estreia comercial mais recente, Moretti lida com a morte da sua mãe através de um outro alter ego — desta vez, não Michele mas uma realizadora em plena rodagem (Margherita Buy) que lida, simultaneamente, com as dificuldades em dirigir o seu filme e, também, os episódios incontroláveis da sua vida pessoal, assim como o luto iminente pela sua mãe. Uma obra tocante, não apenas sobre o nosso amor por aqueles que nos deixam, como pela morte de alguns gestos anteriormente intrínsecos ao cinema (como na fabulosa cena “sonhada” em que Moretti e Buy percorrem uma enorme lista de espectadores, na rua, à espera de entrarem numa sala de cinema, ao som de Famous Blue Raincoat, de Leonard Cohen). Primeira exibição na Cinemateca.




“Que Farei Eu Com Esta Espada?”, L.P. 24-4-18h30

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Que Farei Com Esta Espada

Manifestações operárias contra a presença de Portugal na NATO junto às águas do Tejo cruzam-se com cenas de NOSFERATU, o vampiro de Murnau, que desembarca ameaçadoramente. A realidade política portuguesa é ainda confrontada com uma marginalidade que desafia a moral conservadora. Com a forte marca de autor que ao quarto filme já se lhe reconhecia, QUE FAREI EU COM ESTA ESPADA? alimentou discussões e polémicas na altura da sua estreia, nomeadamente através de um aceso debate televisivo cujas querelas se prolongariam nas páginas dos jornais.




“Fuocoammare”, L.P. 26-4-18h30

Cinemateca Portuguesa
Fuocoammare

Sétimo filme de Gianfranco Rosi, FUOCOAMMARE obteve o grande prémio do Urso de Ouro no Festival de Berlim. Toda a ação está concentrada na ilha de Lampedusa, no sul de Itália, com seis mil habitantes e à qual chegam semanalmente centenas de refugiados vindos de África e do Oriente Próximo. O filme alterna o ponto de vista de Samuele, um rapaz de doze anos, natural de Lampedusa, e o trabalho dos que se dedicam a salvar os náufragos (o título do filme faz alusão a uma canção sobre um naufrágio). “O filme expõe uma cartografia renovada e pensada, que integra os habitantes da ilha à sua legenda”, observou Gaspard Nectoux nos Cahiers du Cinéma. Primeira exibição na Cinemateca.




“Brief Encounter” + “In The Mood for Love”, F.R. 27-4-15h30

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In the Mood for Love

Premiado em Veneza e nomeado para três Óscares, BRIEF ENCOUNTER, filmado a partir de uma história de Noël Coward, é o mais sugestivo exemplo do cinema “realista” britânico dos anos quarenta, assim como um dos seus filmes mais românticos e inesquecíveis. David Lean, longe ainda dos seus épicos históricos, conta, nas ruas de uma Londres acossada pela guerra, a história de um homem e de uma mulher casada que se conhecem numa estação de comboios e veem o seu amor crescer em segredo. A fotografia de Robert Krasker, explorando o preto e branco, as sombras e os vapores das locomotivas, é, também, um dos grandes trunfos do filme. IN THE MOOD FOR LOVE, por sua vez, é um dos mais brilhantes e românticos filmes a sair do cinema de Hong Kong e, em termos gerais, dos últimos vinte anos. A extraordinária fotografia de Christopher Doyle, assim como a banda-sonora e a criação de ambientes no filme, viriam a criar, com a realização de Wong Kar-wai, uma marca ainda hoje insuperável, em elegância e estilização, na carreira do realizador e na relação entre duas personagens cujas carências se encontram, simplesmente, nos seus olhares e silêncios.




“The Pocketbook” + “Bless Their Little Hearts”, F.R. 29-4-19h

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The Pocketbook

Com argumento e fotografia de Charles Burnett, a primeira longa-metragem de Billy Woodberry é um título fundamental do cinema independente americano. E uma obra indissociável da “L.A. Rebellion”, termo que consagrou o trabalho do grupo de cineastas afro-americanos saídos da UCLA entre as décadas de sessenta e oitenta. BLESS THEIR LITTLE HEARTS foi realizado no contexto da UCLA (depois estreado em 1984) e protagonizado por Kaycee Moore, atriz de KILLER OF SHEEP (Burnett, 1978): um retrato da vida de uma família do bairro de Watts, no sul de Los Angeles, afetada pelas consequências devastadoras das suas duras condições, que são temperadas pelo sentido de humor. Num luminoso preto e branco, é um filme de rara intensidade. “A sua poesia reside na exaltação dos pormenores do quotidiano” (Jim Ridley, The Village Voice). THE POCKETBOOK é o primeiro filme em 16 mm concluído por Billy Woodberry, a partir da adaptação do conto Thank You, M’am, de Langston Hughes e com música de Leadbelly, Thelonious Monk e Miles Davis: depois de uma tentativa frustrada de roubar uma mala de senhora, um rapazinho questiona o caminho da sua vida. A apresentar em cópias digitais.




“Marseille Après la Guerre” + “And When I Die I Won’t Stay Dead”, F.R. 30-04-19h

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And When I Die I Won’t Stay Dead

Realizado três décadas depois de BLESS THEIR LITTLE HEARTS e correspondendo a uma inflexão para o registo documental no cinema de Billy Woodberry, AND WHEN I DIE I WON’T STAY DEAD (prémio de melhor documentário de investigação no Doclisboa 2015) retrata a vida e a obra do poeta e ativista norte-americano Bob Kaufman (1925-1986), “uma das vozes esquecidas da beat generation” (MoMA), também conhecido como “o Rimbaud americano”. Perseguido por questões raciais e políticas ligadas à sua origem negra e judaica e ao seu empenhamento político (na juventude foi marinheiro e sindicalista, liderando o Sindicato Nacional dos Trabalhadores Marítimos dos Estados Unidos), Kaufman foi alvo de uma série de prisões injustificadas e internado num sanatório onde foi submetido a tratamentos de choque e fez um voto de silêncio que durou mais de uma década. O filme evoca a singularidade do seu percurso e da sua poesia recorrendo a material de arquivo, em que se incluem leituras de poemas gravados na época, fotografias e registos de polícia, e a uma série de depoimentos que contribuem para resgatar a sua poderosa história. MARSEILLE APRÈS LA GUERRE é exclusivamente composto por fotografias tiradas entre as décadas de quarenta e cinquenta nas docas de Marselha, encontradas por Billy Woodberry nos arquivos do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Marítimos dos Estados Unidos. O material fotográfico leva Woodberry a uma evocação do escritor e cineasta senegalês Ousmane Sembène (1923-2007), cujos trabalho como estivador e metalúrgico e participação nos movimentos sindicalistas em França inspiraram o seu primeiro romance, Le docker noir (1956), em que se retrata o preconceito racial vivido por trabalhadores africanos em França.

Mais informações sobre a programação podem ser consultadas aqui. Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira da Cinemateca Portuguesa ou em bol

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