Game of Thrones Jaime Lannister

Game of Thrones | A evolução estilística de Jaime Lannister

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Jaime Lannister, interpretado por Nikolaj Coster-Waldau, é uma das personagens mais complicadas do universo “Game of Thrones” e seus figurinos refletem essa mesma qualidade.

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O primeiro episódio da última temporada de “Game of Thrones” foi uma hora marcada por encontros e reencontros de personagens adoradas. Vimos, Jon reencontrar Samwell numa cena estrondosa, testemunhamos a instantânea animosidade entre o pragmatismo de Sansa e a imperiosa autoridade de Daenerys e até engolimos algumas risadas quando Arya e Sandor Clegane voltaram a cruzar caminhos. Mesmo assim, as reuniões que mais impactaram o coração dos fiéis fãs desta saga foram aquelas que, de alguma forma, refletiram momentos vistos no início da primeira temporada.

O mais comovente destes instantes foi, obviamente, o abraço afetuoso entre Jon e Arya que já não se viam desde o segundo episódio de toda a série. Contudo, foi nos últimos segundos do novo episódio que o público pode deliciar-se com o primeiro grande choque da temporada. Num gesto que referencia claramente o modo como o episódio piloto de “Game of Thrones” terminou, Bran Stark volta a confrontar-se com o homem que, em tempos, o atirou de uma torre para esconder um segredo escandaloso, Jaime Lannister.

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Jaime vê Bran Stark, pela primeira vez, desde a primeira temporada.

Enquanto esperamos para saber o fado deste guerreiro da casa do Leão agora que está de regresso a Winterfell, decidimos investigar a evolução da sua personagem. Como muitos sabem, Jaime é uma das figuras que mais evoluiu desde a sua primeira aparição em cena. De um vilão asqueroso, o cavaleiro Lannister veio afirmar-se como uma pessoa mais complicada, com rasgos de heroísmo e honra por entre os seus atos mais moralmente indefensíveis. Hoje em dia, ele é o anti-herói supremo deste universo narrativo e não somente o gémeo e amante da mulher mais odiada de Westeros.

Ao invés de explorarmos o seu arco evolutivo através da história ou do trabalho de ator, propomo-nos aqui a examinar a personagem de Jaime Lannister através do seu vestuário. A figurinista de “Game of Thrones”, Michele Clapton, é uma das grandes mestras da sua arte no panorama da televisão atual e seus desenhos têm sido um elemento inestimável da magia desta série. As roupas dão uma pátina de verismo à ação, mas também tecem precisas caracterizações individuais, como é o caso de Jaime. Pode não parecer, mas podemos dizer muito sobre uma personagem pelo modo como ela se apresenta em termos de indumentária.

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Basta seguires as setas para explorares a evolução estilística de Jaime Lannister desde o primeiro episódio da série até aos dias de hoje. Segue as setas para folheares o artigo. Avisamos já que, se não queres spoilers para as primeiras sete temporadas da série, é melhor parares de ler imediatamente.




TEMPORADA 1

ARMADURA DA GUARDA REAL

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Michele Clapton não seguiu as discrições dos livros à letra.

Jaime Lannister passa grande parte da primeira temporada de “Game of Thrones” vestido com a armadura da Guarda Real. Considerando a sua fama como um regicida que traiu os mais sacrossantos votos de fealdade para com o rei, Aerys Targaryen, há ironia no modo como Jaime é uma figura inicialmente definida por este uniforme de dever e honra. Armado com este equipamento em tons de ouro, prata e esmalte branco, ele parece o arquétipo de um príncipe encantado de um conto-de-fadas, mas suas ações marcam-no como um pérfido vilão.

Nos livros, os Guardas Reais vestem branco, mas Clapton decidiu que seguir essa descrição resultaria numa armadura meio absurda e ridícula. A figurinista reduziu o branco a alguns detalhes nas ombreiras e couraça que destacam os desenhos em baixo relevo que decoram o metal. O manto também é branco, refletindo novamente aquela ideia do herói romântico medieval, assim subvertida. Convém dizer, contudo, que o design geral continua a ser bem espampanante.

A Guarda Real é uma elite exclusiva e seu equipamento é um símbolo de estatuto tanto quanto é um símbolo de dever e honra. Com suas proteções em escamas de metal, capa drapeada, decoração ostentosa e capacete pouco prático, os guerreiros que usam estas vestes são como pavões a passear-se armados pelas ruas de Porto Real. Para um Lannister, cujo estilo familial é todo baseado em projetar uma ideia de riqueza ilimitada e poder absoluto, este figurino elitista é perfeito.




TEMPORADA 1

CASACO DE CABEDAL

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O estilo arrogante de um homem protegido pelo privilégio absoluto.

Apesar da reputação associada ao nome da sua família, Jaime Lannister não é uma personagem para a qual a noção de honra é totalmente incompreensível ou desprezível. De facto, talvez mais ainda que Tyrion, Jaime parece ser o único Lannister cuja bússola moral é guiada pelo valor da honra segundo sua conceção medieval. Talvez por isso, quando o vemos cometer alguns dos seus maiores crimes na primeira temporada, ele fá-lo sem a armadura honrosa da Guarda Real.

Quando tenta matar Bran e quando ataca Ned Stark nas ruas da capital de Westeros, Jaime aparece sem a proteção ostentosa da sua armadura ou a imagem respeitável que esta trespassa. Aliás, quando fere o Lord Stark, Jaime, quase num gesto de arrogância teatral, está vestido com o casaco de cabedal que ele tem sempre por debaixo da armadura da Guarda Real. Ele não digna o seu adversário com a armadura, pois está tão seguro do sucesso.

Esse casaco forrado a vermelho é a peça no guarda-roupa de Jaime que melhor exemplifica sua herança Lannister. Tal como todas as roupas que Michele Clapton concebeu para vestir o clã do Rochedo Casterly, este casaco mostra a fusão entre uma estética de fantasia medieval e referências nipónicas. Essas referências notam-se principalmente no modo assimétrico como a peça fecha e nos acrescentos laterais que simulam as saias acolchoadas de muitas armaduras orientais. Trata-se de um visual luxuoso e elegante, um sinal de ouro e de violência, com o forro vermelho escuro quase a sugerir a cor de sangue seco. Jaime continuaria a vestir este casaco noutras temporadas, sendo que a sua presença quase sempre assinala sua máxima lealdade aos valores dos Lannister e a Cersei.




TEMPORADA 2

COMO OS GRANDES CAEM…

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O herói Lannister na lama.

Depois do fausto e arrogância da primeira temporada, Jaime Lannister sofreu uma odisseia de humilhações e abusos ao longo dos anos que se seguiram. Sob a custódia de Renly Baratheon, ele é um prisioneiro de guerra desprezado por todos os que o rodeiam. Deixado na lama, como um porco atado para não fugir, o príncipe doirado do clã Lannister já não parece um leão orgulhoso, mas sim uma besta ferida e suja.

Seu figurino reflete esta condição degradante de um guerreiro derrotado. Trata-se de uma combinação de calças e casaco de cabedal, uma simples túnica e botas de cano alto. O corte do casaco, seu material luxuoso e cor de sangue seco sugerem o esplendor dos Lannister, agora coberto de lama e desprovido da glória da batalha.

O valor simbólico deste figurino é inestimável e abre as portas para a evolução pessoal que Jaime é forçado a sofrer na segunda e terceiras temporadas. A escolha de mostrar o ator vestido com o tipo de indumentária que se usa em batalha, mas sem partes metálicas da armadura, reflete a ideia de um guerreiro glorioso a ser gradualmente despido dos elementos da sua identidade bélica. Como sabemos, este processo não se fica por aqui, sendo que o espadachim mais prodigioso de “Game of Thrones” vai mesmo perder a parte do corpo que mais precisa para manusear as armas que lhe dão poder, segurança e propósito.




TEMPORADA 3

OS ANDRAJOS DE UM PRISIONEIRO

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Um prisioneiro de guerra não tem direito a vestir-se com o fausto dos Lannister.

Ao longo da terceira temporada de “Game of Thrones”, Jaime Lannister foi sendo progressivamente abusado e humilhado. Tudo começou com sua viagem em direção à capital sob a supervisão de Brienne de Tarth e acabou com o reencontro com Cersei, mas, pelo caminho, o espadachim mais admirado de Westeros sofreu muito. A sua maior perda foi, como todos sabemos, a mão direita que lhe foi decepada sem piedade, roubando-lhe a habilidade de segurar na espada com a mesma destreza de outrora.

O modo como Jaime perdeu, por completo, a imagem do guerreiro honroso refletiu-se nos seus figurinos. Não contando com os mais recentes episódios, a terceira temporada é a única em que Jaime jamais enverga as cores da sigila dos Lannister. O oiro do leão e o escarlate sanguíneo que o emoldura nunca marcam presença nos andrajos que o filho pródigo de Tywin é forçado a envergar enquanto prisioneiro de guerra. Pelo contrário, sua paleta passa a ser uma de castanhos lamacentos e cinzentos indefinidos, sendo que até o seu cabelo perde o lustre e a aparência de oiro fiado.

Não é coincidência que esta fase atribulada da sua vida correspondeu também à altura em que Jaime mais ganhou a afeição dos fãs. Quando a pátina da arrogância Lannister lhe é retirada, este guerreiro é alguém com valores honrosos e inegável carisma. Infelizmente, a influência da irmã e do pai é como um veneno que revela sempre o pior deste homem que, não nos esqueçamos, tentou matar uma criança inocente logo no primeiro episódio.




TEMPORADA 4

NOVA GUARDA REAL

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Com cada novo monarca, a armadura da Guarda Real é mudada.

Depois de regressar a Porto Real no último episódio da terceira temporada, Jaime Lannister voltou a desfrutar abertamente dos privilégios inerentes ao seu apelido. O coto resultante da amputação forçada da mão foi diligentemente escondido por uma elaborada mão de ouro que Cersei encomendou para o irmão. Tal como o próprio diálogo da série comenta, um gancho seria mais útil, mas, para os Lannister, a projeção de poder e riqueza é mais importante do que pragmatismo.

A mão falsa condiz com a nova armadura que Jaime enverga enquanto membro da Guarda Real para o rei Joffrey e, mais tarde, Tommen. Como tem feito ao longo das temporadas, Michele Clapton alterou um pouco o design das armaduras da Guarda Real para refletir o monarca que ocupa o Trono de Ferro. Com os filhos de Cersei no poder, o trono pertence efetivamente à casa Lannister, mesmo que a sigila oficial continue a ser o veado dos Baratheon. Assim sendo, longe da brancura honrosa de outros tempos, o fato é completamente feito por várias tonalidades de doirado.

Esta imagem áurea volta a simbolizar a união e proximidade de Jaime à sua família e aos valores por ela defendidos. Em cenas mais causais, ele também veste novamente a casaca assimétrica de cabedal, essa marca da amoralidade que Jaime herda da ambição do seu pai e a falta de escrúpulos da irmã.




TEMPORADA 5

UM HERÓI DE VERMELHO

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Nikolaj Coster-Waldau nunca esteve tão elegante como na quinta temporada.

A quinta temporada de “Game of Thrones” é, de longe, a que teve piores críticas desde a estreia da série em 2011. Grande parte do problema devém de um subenredo que leva Jaime e Bronn até Dorne, em nome da salvação de Myrcella, filha dos gémeos Lannister e noiva prometida do futuro Príncipe Trystane Martell. Más cenas de ação, desenvolvimentos narrativos apressados, decisões estúpidas por parte de personagens supostamente inteligentes, graçolas sem piada e erotismo inusitado foram algumas das razões para o fracasso desta particular história. Apesar disso, os figurinos de algumas das personagens envolvidas nesta trama são um dos pontos altos da série.

Não nos referimos às polémicas roupas das Serpentes de Areia, mas a peças como a indumentária que Jaime vestiu na sua viagem para Dorne e no seu regresso a Porto Real. Trata-se de um elegante figurino de cabedal tingido de vermelho escuro, cheio de detalhes preciosos como mangas removíveis e filas de costuras ao longo do peito que fazem com que a vestimenta realce toda a formusura masculina de Nikolaj Coster-Waldau. Talvez pela primeira vez, Jaime parece um herói valeroso e não só um pavão em armadura dourada.

Com seu design pseudo Renascentista, materiais luxuosos e paleta cromática dominada pelo escarlate, este figurino liga Jaime ao nome e legado dos Lannister. Contudo, fá-lo sem nenhuma da ostentação do costume, sendo que ele até cobre a sua espampanante prótese com as luvas. Este é um meio termo entre a humildade do Jaime que atravessou Westeros com Brienne e o herdeiro doirado do Rochedo Casterly. Fora do contexto corruptivo da capital e longe da influência de Cersei, Jaime parece, pela primeira vez, afirmar-se como um indivíduo e não somente uma extensão das ambições da sua família. Infelizmente, como sabemos, este seu laivo de heroísmo não acaba de forma particularmente feliz.




TEMPORADA 5

AS MODAS DE DORNE

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O subenredo passado em Dorne foi terrível, mas os figurinos foram excecionais.

Antes do advento de uma das tragédias mais cruéis na vida de Jaime Lannister, o leão da Casa Lannister é forçado, pelas circunstâncias a vestir-se consoante as modas locais de Dorne. Tal como acontece como no Vale e Campina, esta região de Westeros é bastante isolada e autossuficiente, sendo que os seus estilos e cultura se desenvolveram sem grande influência dos outros Sete Reinos. Para refletir isso mesmo, a figurinista Michele Clapton optou por rejeitar a iconografia da Europa Medieval em prol de referências orientais, especialmente da Índia.

O primeiro fato ao estilo de Dorne que Jaime enverga é uma armadura regional, feita de placas de cabedal ensanduichado entre camadas de veludo e reforçadas com rebites ornamentados. Este é um estilo luxuriante e exótico, vagamente baseado em peças indianas e italianas que Clapton estudou em museus. A cor remete para a sigila da casa Martell e a construção requintada reflete a riqueza da região. Tecnicamente, estes figurinos foram um pesadelo, tanto pelo seu fabrico complicado como pelo desconforto sentido pelos atores. Pelo menos, são visualmente espetaculares quando vistos em cena.

O outro figurino ao estilo de Dorne que Jaime usa parece quase ser uma cópia dos trajes de Oberyn Martell. Tal como os fatos da Víbora Vermelha de Dorne, o figurino de Jaime é inspirado por um estilo de casaco indiano do século XVI chamado Choga. Considerando o estatuto de Jaime como “tio” do rei, faz sentido que, quando está de visita a uma corte regional, ele fosse vestido com todo o esplendor da realeza. A semelhança com Oberyn, essa figura trágica atormentada pela morte de uma irmã inocente, é meio irónica e um tanto ou quanto cruel, considerando que, no fim desta aventura, Jaime acaba com o cadáver da filha nos braços.




TEMPORADAS 6 & 7

O LÍDER DOS LEÕES

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A armadura dos Lannister é tão ostentosa como é pouco funcional.

Depois da sua aventura em Dorne, Jaime regressa a Porto Real com o corpo de Myrcella e mais uma razão para se deixar sucumbir ao luto paterno. Apesar disso, ele não tem muito tempo para se deixar consumir pela perda, pois tem deveres a cumprir para com a Coroa e para com a sua família. Apesar disso, é na sexta temporada que vislumbramos, pela última vez, Nikolaj Coster-Waldau no uniforme de Guarda Real. Isto ocorre, pois Jamie abandona o conforto relativo da capital e vai para o campo de batalha, liderando o exército Lannister ao longo da sua investida nas Terras Fluviais e em Campina.

Não é a primeira vez que vemos Jaime envergar a armadura tradicional da sua Casa, mas é nestas duas temporadas que o figurino se torna quase sinónimo da personagem. Trata-se de uma redenção completa ao seu dever familiar, um gesto particularmente trágico quando consideramos a crescente independência que Jaime começava a demarcar. Vestido a rigor e coberto com decorações leoninas, o filho de Tywin Lannister parece uma cópia rejuvenescida do pai.

No que diz respeito à armadura em si, é curioso considerar como o figurino exemplifica tão bem o estilo da Casa Lannister. Como sempre, temos aqui uma mistura de História da Moda Europeia com influências japonesas, um esquema cromático que privilegia o doirado e um gosto por ostentação. De facto, muitos já foram os peritos em armaduras que se mostraram descontentes com este design, pois é pouco prático e está cheio de graves buracos por entre as peças de metal. A decoração excessiva, cheia de cabeças de leão só exacerba esta dinâmica perigosa, onde o glamour se eleva acima da necessidade de proteção.




TEMPORADAS 6 & 7

LUTO

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Dois gémeos de luto.

Tantas perdas Jaime sofreu e nunca mostrou sinais de luto no seu vestuário. Assim foi até à sexta temporada quando Nikolaj Coster-Waldau trocou os cabedais tingidos de rubro, creme e oiro por uma fatiota em pele preta. Trata-se do casaco protetor e calças resistentes que Jaime enverga por baixo da armadura Lannister, mas só conseguimos ver bem as peças quando ele despe a couraça. O desenho é simples e, finalmente, voltamos a ver Jaime completamente despido das cores da sua sigila familiar.

O corte é semelhante ao do seu figurino vermelho da aventura em Dorne, mas há uma série de mudanças subtis que transmitem uma imagem muito menos heroica. Para começar, as costuras elaboradas que faziam o cabedal ajustar-se como uma luva ao torso do ator desapareceram, deixando ficar uma silhueta mais larga e indefinida. Até as fivelas de metal que permitem fechar o casaco são chocantemente simples. Apesar da qualidade da roupa se manter alta, toda a pompa e circunstância dos Lannister parecem ter desaparecido.

Repare-se então no cuidado que Clapton tem em revelar este Jaime enegrecido pela perda e pela dúvida. Na maior parte da sexta temporada, a figurinista fez questão de quase nunca apresentar Jaime sem a armadura, deixando que o figurino preto só se destaque no fim, quando começamos a ver o guerreiro a questionar as ações psicopatas e impiedosas da irmã.




TEMPORADAS 7 & 8

O FILHO PRÓDIGO REJEITA SEU LEGADO

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Onde está a ostentação áurea dos Lannister?

Na sétima temporada, em muitas das cenas que partilha com Cersei, Jaime enverga sua vestimenta preta desprovida de marcas Lannister. Com cabelos curtos, roupas em cabedal preto e linhas simples, os gémeos nunca foram mais parecidos. Aliás, nunca os gémeos se pareceram tanto com o seu irmão anão. Contudo, esta união visual é quase uma piada cruel, pois, chegado o fim da temporada, é difícil imaginar uma altura em que os três filhos de Tywin Lannister estiveram mais separados e em conflito uns com os outros.

O que os une, além das roupas, é uma gradual rejeição da herança sanguínea. Há aqui ironia estilística também, pois Tywin passou quase todo o seu tempo em “Game of Thrones” vestido em cabedal preto. Para Jaime, essa rejeição representa o abandono da ambição por poder em prol de um dever maior para com a Humanidade. Para Tyrion, esta rebeldia vem sob a forma da traição máxima de apoiar uma pretendente ao trono sem sangue Lannister nas veias. No caso de Cersei, a desconexão para com o legado da família vem da montanha de morte e perda que se abateu sobre ela e deixou ficar somente um desejo por sobrevivência e vingança acima de qualquer busca por efetivo poder estável ou hegemonia económica.

Sem abandonar as cores escuras, Jaime acaba a sétima temporada e chega à oitava, com um figurino que representa o corte final entre a personagem e os valores da Casa Lannister. As cores da sigila desaparecem quase por completo, os materiais também não são tão vistosos. O que fica é a indumentária de um viajante que muito se assemelha aos andrajos que Jaime vestiu na terceira temporada. Só que, nesses dias enquanto prisioneiro de guerra, ele era forçado a vestir tais roupas pelas circunstâncias e seus captores. Agora, Jaime abandona a imagem de um herói doirado da Casa do Leão por vontade própria. O que antes foi um fado imposto, tornou-se numa escolha deliberada. O problema é que tal independência traz consigo a responsabilização por todos os crimes que Jaime Lannister cometeu. Será que ele vai sair impune?

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Fica atento aos figurinos dos próximos episódios. Repara, por exemplo, como é que Jaime vai ser visto no seu julgamento em Winterfell. Será que ele vai aparecer como o Lannister traiçoeiro que todos os seus acusadores veem, ou como o guerreiro a lutar pela Humanidade contra o horror da noite.

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