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Game of Thrones e as reveries de um Djawadi apurado

Conhecido maioritariamente por Game of Thrones, Ramin Djawadi apresenta-se como um dos mais interessantes compositores dos últimos anos.

Ramin Djawadi foi dado a conhecer ao mundo, pelas mãos de Hans Zimmer, que viu, no então jovem músico, a potencialidade para algo mais. Djawadi começou a sua carreira a trabalhar com Zimmer em algumas das suas bandas sonoras mais icónicas, foi o caso de “Piratas das Caraíbas: A Maldição do Pérola Negra”, “Batman: O Iníco” e “A Ilha”. Em 2004, o compositor colabora com RZA, na banda sonora de “Blade III: Trinity” e 4 anos depois, já a solo, compõe a música de “Homem de Ferro”, com algum auxilio de Hans Zimmer e Tom Morello, conhecido guitarrista dos Rage Against the Machine, com este último a colaborar novamente com Djawadi em 2013, na banda sonora de “Batalha do Pacífico”. Em 2010 Ramin compôs a banda sonora de “Confronto de Titãs” e um ano depois, começou o projecto que viria a marcar a sua carreira.

Se há algo a dizer das bandas sonoras de Djawadi em início de carreira, é que as mesmas, seja por falta de audácia, ou por interferências externas, nos apresentam música, que apesar de apropriada ao género de filme que habita, não tenta fazer muito mais que isso, mostrando, no entanto, um certo potencial, que nunca chega a ser explorado. Isto é, até à primeira temporada de “Game of Thrones”. A evolução de Ramin como compositor, nota-se de forma clara ao longo das 8 temporadas que perfazem a série, notando-se também o aparecimento, aos poucos, da tal audácia que não estava presente nas suas composições iniciais. A cada temporada a música torna-se cada vez mais distante dos standards da fantasia medieval, sem nunca os eliminar completamente, criando assim um contraste, que nos deu alguns dos melhores temas já ouvidos em televisão.

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Tomemos como exemplo a faixa, “Light of the Seven”, um tema de 10 minutos, onde o olhar lateral e o contraste de géneros já mencionados, se apresentam claros. O início da composição, marcado por um piano, apresenta-nos uma melodia que soa moderna, à qual se juntam de seguida, instrumentos de corda, que vêm trazer o lado mais “clássico” da coisa ao de cima. Esta mistura, mantém-se ao longo da faixa, progredindo com melodias e coros dramáticos, que correm para um clímax frenético, onde todos estes elementos têm a sua vez de brilhar, criando um momento único, que nos transmite uma sensação de perigo iminente. A tudo isto, junta-se ainda um órgão, que no seu esplendor, toca resquícios do genérico da série, que nos incutem uma familiaridade, que acrescenta toda uma nova dimensão ao tema. A construção de “Light of the Seven” e a maneira como a mesma reflecte na perfeição a cena que habita, foram responsáveis por um dos momentos mais icónicos da história da televisão, que ficará decerto na memória de todos o que o presenciaram e que não seria de todo o mesmo, sem a música de Djawadi.

Game of thrones
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E se foi com “Game of Thrones” que Ramin Djawadi ganhou mais prémios, é importante que os mesmos não ofusquem a maravilha que podemos encontrar na banda sonora de “Westworld”, série que o compositor compôs em 2016. Num universo que mistura o futuro com o passado, a música apresenta-nos, mais uma vez, um contraste entre o moderno e o clássico, desta vez, não só através das melodias, mas também dos meios. De maneira a reflectir a estética da série, Ramin mistura, aqui e ali, melodias electrónicas, com instrumentos de orquestra, indo ainda, de vez em quando, buscar um piano de saloon, que dá ao espaço do velho oeste, a verdade que ele precisa e que toca, de quando em vez, covers de temas icónicos, deixe-se aqui uma menção honrosa à faixa “A Forest”, cover do tema homónimo dos The Cure.

Futuramente, Ramin Djawadi irá voltar ao universo da Marvel, compondo a banda sonora de “The Eternals”, restando-nos apenas esperar, que o compositor consiga e possa manter a audácia que deu, a “Game of Thrones” a iconicidade a que as 8 bandas sonoras da série nos habituaram.

OUVE AQUI A BANDA SONORA DA SEXTA TEMPORADA DE “GAME OF THRONES”

Qual a melhor banda sonora de “Game of Thrones”?

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