Globos de Ouro 2023 | O impacto na corrida ao Óscar
Numa noite crivada por controvérsia, os Globos de Ouro 2023 arrancaram como a primeira grande premiação na corrida ao Óscar. A cerimónia destacou pela diversidade e pecou pela carência de surpresas habituais.
A 80ª gala dos Globos de Ouro apresentada pelo comediante Jerrod Carmichael segue um ano de controvérsia e mudança para a Hollywood Foreign Press Association (HFPA). Polémicas em torno de racismo, subornos e elitismo infestaram e inviabilizaram a cerimónia o ano passado. Entre as celebridades que se pronunciaram, Tom Cruise quebrou laços com a associação devolvendo os seus três Globos e Brendan Fraser recusou-se a estar presente na cerimónia deste ano.
No entanto, a cerimónia lá se ergueu este ano com um corpo organizativo mais diverso e reconstruído. Então, quem ganhou? Quem apareceu? E, acima de tudo, no que se traduz esta premiação na restante temporada?
AS CERTEZAS
Três palavras: Ke Huy Quan. O ator secundário de “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” emociona dentro e fora do ecrã. Quan não falhou nenhum percursor e é o mais galardoado ator da temporada com vitórias nos Gotham, LAFCA, NYFCC e NSFC. Duvidar da sua vitória nos Óscares seria, no mínimo, imprudente.
“Pinóquio de Guillermo del Toro” coloca-se como o provável vencedor do Óscar de Melhor Animação. A falta de competição por parte dos grandes estúdios, o peso do nome de Guillermo del Toro como um dos membros dos “3 Amigos” e a possibilidade de um segundo filme em stop-motion animation a ganhar o prémio desde 2005 empurram del Toro a discursar novamente no palco do Dolby Theatre.
As vitórias de “RRR” e “Babylon” não foram totalmente surpreendentes nas categoria de Melhor Canção e Banda Sonora, respetivamente. Isto são boas notícias para o candidato estrangeiro, pois nos 10 últimos anos todos os vencedores nesta categoria traduziram a sua vitória numa nomeação aos Óscares.
AS INCERTEZAS
As corridas aos prémios de atuação principal mantêm-se altamente disputáveis. Michelle Yeoh (vencedora na categoria de Comédia) contra Cate Blanchett (vencedora na categoria de Drama), e Colin Farell (vencedor na categoria de Comédia) contra Austin Butler (vencedor na categoria de Drama)
Yeoh, aparentemente a liderar sobre a competição, com o seu discurso emotivo e sua narrativa pode muito bem proporcionar a primeira vitória de uma atriz asiática ao Óscar de Melhor Atriz Principal. Cate Blanchett, que se tornou numa das mais premiadas atrizes do Globos, ausentou-se da premiação e, por isso, não teve oportunidade de discursar. Sendo ela uma dupla vencedora do Óscar, Blanchett dá a sensação que já foi suficientemente premiada pela Academia.
Há quem acredite que o desprezo de Brendan Fraser (“The Whale”) para com os Globos possa ter influenciado a vitória de Butler (“Elvis”). Contudo, onde é que já vimos uma jovem promessa a vencer o Globo por um biopic sobre uma estrela musical também manchado pela crítica? Resposta: Rami Malek por “Bohemian Rapsody”! E todos sabemos como Malek acabou por vencer o Óscar meses mais tarde. Farrell (“The Banshees of Inisherin”), apesar da sua força nas premiações regionais e do sucesso da sua longa metragem, cada vez se destaca menos como uma ameaça ao The King.
AS MONOTONIAS
As escolhas pouco inspiradas de Spielberg e “Os Fabelmans” retirou qualquer excitação da segunda metade da cerimónia. Estas vitórias possibilitaram que os épicos “Avatar: O Caminho da Água” e “Top Gun: Maverick” saíssem de mão vazias no fim da noite.
Estas também terão poucas implicações na corrida, visto que são poucos os que apostam na repetição destes prémios nos Óscares em benesse de títulos como “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” ou “The Banshees of Inisherin.”
AS SURPRESAS
“There is a new world power at play” assim o disse a rainha Ramonda em “Black Panther” e assim o fez Angela Bassett com a corrida a Melhor Atriz Secundária. A sua vitória na categoria mais competitiva do ano, tornou a situação ainda mais imprevisível. Muitos apostaram em Jamie Lee Curtis vista a sua popularidade e apoio da HFPA no último ano e outros em Kerry Condon por ser a atriz mais premiada no circuito. No final do dia (ou melhor dito, início da noite) quem levou o segundo Globo em quase 30 anos foi a elegante atriz da Marvel.
Após a sua (menos inusitada) vitória no Mundial de Futebol, Argentina vence o Globo de Ouro com “Argentina 1985”. Considerado por muitos o candidato menos provável à vitória, foi o resultado mais chocante da noite. O favorito do público “RRR”, a aposta técnica da Netflix e líder das longlists “All Quiet on the Western Front”, o vencedor de Cannes “Close” e o aplaudido esforço sul coreano “Decision to Leave” perderam para o candidato latino.
TRAILER | O MAIS PREMIADO FILME NOS GLOBOS DE OURO 2023
Que vencedores achas que se vão repetir nos Óscares?
