Gran Turismo, a Crítica

A PlayStation Productions retorna ao grande ecrã com Gran Turismo, ao lado da Sony Pictures Entertainment, para contar a história da Gran Turismo Academy e Jann Mardenborough.

Quando anunciado que um filme de ‘’Gran Turismo’’ estava em desenvolvimento, só se pensava ‘’Qual vai ser a história do filme?’’ Afinal, o jogo não possui uma história concreta. O jogo de corridas que está presente na marca PlayStation desde 1997 simula a verdadeira sensação de pilotar um carro e adapta fielmente as pistas de corrida ao redor do mundo. 

Apesar de não ser uma adaptação direta ao videojogo, o filme de Neill Blomkamp segue a história real do jogador Jann Mardenborough (no filme, interpretado por Archie Madekwe), um jovem britânico de 19 anos que dedica seu tempo às corridas no simulador e que teve sua vida mudada após entrar para a Gran Turismo Academy. Mesmo sendo baseado em fatos reais, certas personagens foram criadas e acontecimentos alterados para propósitos dramáticos.

BASEADO NUMA HISTÓRIA REAL

Personagens como Danny Moore (Orlando Bloom) e Jack Salter (David Harbour), que são essenciais na criação da GT Academy e para o desenvolvimento pessoal e profissional de Jann, são criados para o filme. Ou pelo menos tiveram os seus nomes alterados. 

O filme não tarda na introdução das personagens e rapidamente já vemos Danny e Jack atrás dos futuros participantes da GT Academy. Jann, sendo um dos melhores jogadores do simulador, não passa despercebido. Uma mensagem na sua PlayStation 5 aparece convocando-o para uma corrida com outros dos melhores jogadores, o vencedor terá a oportunidade de ir para a academia e ter a chance de tornar-se um piloto, de verdade, pela Nissan. A história do verdadeiro Jann não foi assim. Numa tentativa de promover a mais atual consola da Sony e a mais recente entrada na franquia de jogos do Gran Turismo, os eventos passam-se na atualidade. Mas Jann qualificou-se para a GT Academy numa altura em que a principal consola da Sony era a PlayStation 3. Inicialmente, qualquer pessoa poderia participar do torneio. Jann só conseguiu qualificar-se em 2011, na terceira edição da Academy. 

Essas mudanças podem ser facilmente justificadas por motivos de ritmo, se fosse para adaptar todo esse processo lento que ocorreu na vida real, iria ocupar demasiado tempo de filme, que por sua vez tem duração de duas horas. O que causou um certo desconforto é o filme se passar nos dias de hoje. Não há razão pela qual os argumentistas não foram fiéis ao tempo em que estas histórias ocorreram. Teria sido mais gratificante ver Jann jogar Gran Turismo 6 na sua PlayStation 3, para fins nostálgicos e de fidelidade.

O filme apanha diversos acontecimentos da vida do verdadeiro Jann que ocorreram em momentos diferentes e consegue juntá-los de uma forma coerente no fio condutor. Como um dos pontos mais dramáticos do filme que é o acidente sofrido em Nürburgring, no qual o carro do rapaz levanta voo. A tragédia causou um morto. Jann perde a sua confiança e um trauma emocional o acompanha até o final do filme, na corrida de 24 horas de Le Mans. O acidente na vida real aconteceu em 2015, três anos após a corrida em Le Mans.

320 KM POR HORA

Tal como os carros que Jann conduz podem chegar até 320 KM por hora, o filme chega a este ritmo. A parte boa de ter um filme frenético é que a sensação de cansaço nunca se faz presente. A parte má é que certos aspetos importantes são deixados de fora, como a relação familiar de Jann. Desde que o rapaz entra na GT Academy e começa a correr pela Nissan, não vemos reações da sua família, nem mesmo referência sobre o que eles acham sobre o caminho que Jann está a seguir. O filme estabelece no início esta relação, que não é das melhores. Os seus pais não apoiam que o rapaz passe a maior parte do tempo fissurado no jogo. Seria de extrema importância ver como a família reagiu à notícia de que Jann saiu do simulador no seu quarto e foi em busca do seu sonho na vida real. Parece que os argumentistas Jason Hall e Zach Baylin se esqueceram de adicioná-los no segundo ato do filme, o que retira o aspeto mais importante da humanidade de Jann. 

Graças ao grande ecrã das salas IMAX e as magníficas caixas de som somos transportados para dentro do carro de Jann. A excelência do filme é conseguir criar uma imersão tão grande que, nos momentos mais dramáticos, os atores exercem o que fazem de melhor: passar as emoções ao público, e nas grandes cenas de corrida, conseguimos sentir toda a adrenalina que é estar num carro de corrida, tudo graças às competências das equipas técnicas de efeitos visuais, edição e som. No fundo, Gran Turismo é feito com muita paixão. Certamente uma carta de amor à franquia de jogos e ao mundo automobilístico.

TRAILER | GRAN TURISMO CHEGA AO GRANDE ECRÃ

Conhecias a história de Jann Mardenborough?