Guillermo del Toro revela o seu filme preferido de Steven Spielberg
Numa troca de mensagens durante o confinamento, Guillermo del Toro e mais dois mestres do cinema partilhavam enigmas visuais como crianças trocam cromos.
Sumário:
- Guillermo del Toro partilhou que, durante o confinamento, trocava mensagens com Steven Spielberg e George Miller, debatendo técnicas cinematográficas;
- Del Toro revelou a sua admiração por “Catch Me If You Can”, descrevendo-o como uma sinfonia visual orquestrada por Spielberg, onde cada cena é uma dança meticulosa entre câmara e atores;
- O realizador mexicano destacou a importância de observar o cinema além do enredo e performances, apreciando a harmonia técnica por trás das cenas.
Guillermo del Toro, o mágico mexicano que transformou os nossos pesadelos em arte, surpreende-nos com uma revelação inesperada. Entre todos os filmes de Steven Spielberg, não é um blockbuster épico nem uma obra dramática que conquista o seu coração, mas sim uma “pequena obra-prima” que dança como um musical sem uma única nota cantada.
A dança invisível da câmara
Numa entrevista ao IndieWire, del Toro admitiu que costumava enviar mensagens a Spielberg e George Miller durante o confinamento. “Enviávamos uma imagem uns aos outros e perguntávamos: ‘Que filme estou a ver?’ Depois começávamos a discutir a técnica. Como é que esta cena foi feita?”
Não é surpreendente, portanto, que del Toro seja um fã do trabalho de Spielberg, escolhendo “Catch Me If You Can” como favorito. Para compreender o fascínio de del Toro por “Catch Me If You Can“, é preciso primeiro entender como ele vê o cinema – não como uma sucessão de cenas, mas como uma coreografia meticulosamente orquestrada. Quando del Toro descreve o filme como “melódico”, não está a fazer uma simples analogia. Para ele, cada plano de três minutos que Spielberg compõe é uma pequena sinfonia visual onde a câmara e os atores executam um bailado perfeito.
O realizador mexicano, conhecido por criar criaturas fantásticas como o inquietante Homem Pálido de “O Labirinto do Fauno“, encontra uma beleza diferente na precisão cirúrgica com que Spielberg conduz a sua narrativa. É como se cada movimento de câmara fosse uma nota musical numa partitura perfeitamente executada.
Para além da superfície
Del Toro lamenta que muitas discussões sobre cinema se limitem ao conteúdo, à dramaturgia ou às performances dos atores. Para ele, “Catch Me If You Can” é um exemplo perfeito de como todos os elementos cinematográficos – desde a coreografia da câmara até ao timing dos atores – se entrelaçam numa dança complexa que raramente é apreciada na sua totalidade.
É fascinante ver como del Toro, um realizador conhecido por criar mundos sombrios e fantásticos, encontra tanta beleza numa história baseada em factos reais. O filme, que segue as aventuras do vigarista Frank Abagnale Jr. (Leonardo DiCaprio) e do agente do FBI Carl Hanratty (Tom Hanks), transforma-se nas suas palavras numa aula magistral sobre “montagem interna” – termo que ele usa para descrever a harmonia perfeita entre movimento de câmara e performance.
Esta apreciação vem de alguém que não é estranho à mestria técnica. Del Toro, que começou a sua carreira com “Cronos” em 1992, construiu um império cinematográfico baseado na sua capacidade de misturar horror com fantasia de uma forma única e identificável. Quando ele elogia a precisão técnica de Spielberg, não é apenas um fã a falar – é um mestre a reconhecer outro mestre. Da próxima vez que vires “Catch Me If You Can”, desafio-te a observar não apenas a história, mas a dança invisível que del Toro mencionou.
Que outros filmes “convencionais” escondem uma mestria técnica que nos passa despercebida? Partilha connosco as tuas descobertas nos comentários.