"Gunda" ©Hailstone Films

Gunda, em análise

“Gunda” foi feito para se ver sem preconceitos nem ideais. Pausadamente, acompanhamos um dia-a-dia no qual podemos meditar e no fim tirar as nossas próprias conclusões. A incrível originalidade, audácia e cuidada cinematografia tornam-no não só num importante e relevante filme, mas também numa importante obra artística do cinema. 

É comum ouvirmos a expressão “quem me dera viver como um cão”, associando a uma vida simples, sem preocupações e de grande relaxamento. No entanto, a maioria das pessoas se calhar não pára para pensar em como vive na verdade um cão, como passa este animal as suas 24h? E se em vez de um cão falássemos de um porco? De uma vaca? Ou até de uma galinha?

Gunda” surge exatamente para abrir uma janela, por vezes ignorada e muitas vezes escondida, do que é na realidade a vida dos animais de quinta. O que fazem eles com o seu tempo? Será que são conscientes como a ciência demonstra ou serão apenas bestas movidas a instinto? Poderão estes animais, que partilham diversos ramos evolutivos com nós Homo sapiens, também sentir, apreciar uma refeição, cuidar dos seus, sofrer?…

O documentarista russo Viktor Kosakovskiy, com o seu foco em cinema que transmita a realidade de uma forma poética, regressa após o sucesso do aclamado e premiado “Aquarela” de 2018 e desta vez cria um filme que relembra aos seres humanos que partilham o planeta Terra com mais uns biliões de outros animais.

Gunda” teve a sua estreia mundial no Berlin International Film Festival em Fevereiro de 2020, e após passar por dezenas de festivais, merecendo uma aclamação universal, estreou em Abril de 2021 nos EUA e chegou agora a Portugal em Julho de 2021. O filme surge de uma colaboração Américo-Norueguesa englobando produtoras como a Hailstone Films, a Louverture Films, o Norwegian Film Institute e a Artemis Rising Foundation, entre outros. O argumento foi escrito por Kosakovskiy e por Ainara Vera, e Joaquin Phoenix atuou como produtor executivo.

Gunda
“Gunda” ©Hailstone Films

Filmado a preto e branco, sem narração, diálogos ou qualquer tipo de música, a decisão foi consciente e com o intuito de cada um poder assistir e tirar as suas conclusões sem bias, sem manipulação, sem pressão. Com a maioria do peso do filme posto na cinematografia, há que elogiar Kossakovsky e Egil Håskjold Larsen pela captura de excelentes imagens, íntimas e tocantes. De certa forma, “Roma” de Alfonso Cuarón parece ter servido de inspiração.

Joaquin Phoenix é um conhecido vegan e defensor dos direitos dos animais, sendo a estrela de filmes como “Earthlings”, “Dominion” e mais recentemente “Indigo”. Da mesma forma, o realizador Kosakovskiy é vegetariano desde criança e após “Gunda” decidiu tornar-se vegan. No entanto, o objetivo deste novo filme não é ser nenhuma propaganda vegan, nenhum debate ou tentativa de convencer a audiência a nada. Nas palavras de Phoenix, o documentário é uma “meditação visceral sobre a existência” e como diz Kosakovskiy: “Vejam só e decidam por vocês”.

Gunda
“Gunda” ©Hailstone Films

No filme acompanhamos a vida da estrela Gunda, que é uma porca recém mamã, e também dos seus companheiros: a fascinante galinha só com uma perna e uma manada de vacas. Ver, aprender e meditar. O mistério da vida é infinito e ao mesmo tempo do mais simplista. Toda a vida tem um valor inerente e a consciência é um dom animal e não humano.

TRAILER | DEIXA-TE HIPNOTIZAR COM A COMOVENTE E DESLUMBRANTE “GUNDA”!

Que mensagem retiraste de “Gunda”?

Gunda, em análise
Gunda

Movie title: Gunda

Movie description: Victor Kossakovsky e Joaquin Phoenix apresentam-nos a ternurenta Gunda num documentário certo de captar atenções. O filme leva-nos a refletir sobre o nosso lugar no mundo e sobre as criaturas com quem partilhamos a nossa casa.

Date published: 22 de July de 2021

Country: Noruega, EUA & Reino Unido

Duration: 93 minutos

Director(s): Viktor Kosakovskiy

Actor(s): Gunda

Genre: Documentário

  • Emanuel Candeias - 96
96

CONCLUSÃO

“Gunda” foi feito para se ver sem preconceitos nem ideais. Pausadamente, acompanhamos um dia-a-dia no qual podemos meditar e no fim tirar as nossas próprias conclusões. A incrível originalidade, audácia e cuidada cinematografia tornam-no não só num importante e relevante filme, mas também numa importante obra artística do cinema. 

Pros

  • Cinematografia íntima e envolvente
  • Ideia original e a possibilidade de assistir a uma perspetiva única
  • Experiência meditativa individual e sem pressões

Cons

  • Talvez tivesse a ganhar ao ser encurtado alguns minutos
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