Maligno, em análise
“Maligno” é a última criação de James Wan, que se afasta um pouco do terror e aproxima-se mais do crime e mistério, assemelhando-se a um episódio de “Ficheiros Secretos”.
James Wan caminha para se tornar um dos mestres do horror da atualidade, no cinema ocidental. Com créditos que vão desde “The Conjuring” até “Saw”, “Insidious” e “Annabelle” o nome do cineasta é já um atrativo para este género de filmes.
Em Julho de 2019 é anunciado que Wan realizaria um novo filme para a New Line Cinema, a partir de um argumento de Akela Cooper, baseado numa história original de Wan, Ingrid Bisu e Cooper. Wan atuaria ainda como produtor ao lado de Michael Clear da Atomic Monster. Annabelle Wallis – “Annabelle” (2014), “The Mummy” (2017), foi a estrela escolhida para protagonizar no novo horror.
“Maligno” (no original “Malignant”) teve a sua estreia cinematográfica a 9 de Setembro de 2021 em Portugal, com distribuição pela Warner Bros. Pictures. O filme teve ainda estreia simultânea em streaming na HBO Max. Com um orçamento de US $40 milhões o filme arrecadou até ao momento $26 milhões.
Para além de Wallis no papel de Madison o elenco é composto ainda por Maddie Hasson como Sydney Lake, George Young como Kekoa Shaw, Michole Briana White a interpretar Regina Moss e Jacqueline McKenzie no papel da Dr. Florence Weaver.
Imediatamente pelo trailer poderíamos descobrir que este género de filme se centraria mais em mistério e não tanto no terror. Bisu aquando da produção revelou que uma das inspirações para o filme foi a lenda urbana de Edward Mordake e foi o fascínio por anomalias médicas que levou à criação da personagem de Gabriel. Já Wan afirmou que a sua nova pelicula seguiria mais a linha do género giallo (termo italiano para designar ficção de mistério e thriller).
O filme tem recebido análises mistas dos críticos, oscilando entre o “dolorosamente mediano” e o “extremamente brilhante”. Possuindo alguns elementos sólidos e de aplaudir, “Maligno” não deixa de ser o filme com realização de Wan mais fraco dos últimos tempos. Deixando um pouco de parte “Aquaman” e “Fast & Furious 7”, que apesar de terem sido bem recebidos, se afastam do género de filme aqui em análise, a originalidade, tensão e mestria conseguidas em “Insidious”, “The Conjuring”, “Insidious: Chapter 2” e em “The Conjuring 2” são claramente e vastamente superiores às encontradas em “Maligno”.
Admitamos que com “Insidious” a receber nomeações de filme mais assustador de sempre, numa experiência onde se mediu o ritmo cardíaco da audiência, e com a saga “The Conjuring” a arrecadar dezenas de prémios e a consolidar-se como uma das franquias de terror com mais sucesso da atualidade, a fasquia estava bastante elevada para Wan.
Começando pelo que correu bem, há que aplaudir a fantástica cinematografia, a banda sonora envolvente e os cenários de qualidade. Porém, mesmo aqui começam a surgir alguns problemas, pois apesar da qualidade, começa a instaurar-se um sentimento de repetição e banalidade comparativamente ao ambiente de todos os filmes do cineasta. Desde a casa da personagem principal nesta nova produção, à tensão provocada pela música e a alguns ângulos de câmara, muitos elementos provocam uma associação a cópias de cenas anteriores.
Em termos de casting, Annabelle Wallis foi uma escolha acertada que aguentou bem o protagonismo e revela potencial de crescimento na sua carreira de atriz. A personagem de Gabriel (com relevo para a parte técnica e visual da sua transformação, que consegue impressionar) e a narrativa de ficção/mistério é um ponto positivo que traz por si novidade e uma abordagem que faz lembrar os filmes de crime/mistério/slasher dos anos 80.
Os problemas no entanto surgem com o desenvolver do filme. Como já foi referido, existe muito reusar de ambientes e situações de filmes anteriores. Para além de Madison (Wallis) não existe outra personagem de suporte que se destaque ou revele personalidade. A originalidade da ideia perde-se numa narrativa comum e sem twists ou surpresas, não sendo difícil adivinhar de início a linha de pensamento que irá ser escolhida. Algumas cenas de ação, especificamente o confronto com o agente Shaw (Young), tornam-se ridículas e sem lógica. Relativamente a choque ou jumpscares, não existem propriamente situações que fiquem na memória.
No papel, o novo filme de James Wan parecia revelar potencial. O trailer deixa-nos no limbo, com a expectativa tanto a dar para o bom, como para o torto. Chegando ao filme em si, “Maligno” fica demasiado aquém dos seus predecessores e não conquista vitórias suficientes para merecer um selo de confiança. Aguardamos por produções melhores de Wan.
TRAILER | O QUE FAZER QUANDO AS VISÕES SE TORNAM REAIS?
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Maligno, em análise
Movie title: Maligno
Movie description: Visões chocantes de assassinatos horríveis paralisam Madison, mas o choque aumenta quando esta descobre que os pesadelos vívidos são, de facto, uma realidades sangrenta.
Date published: 9 de September de 2021
Country: EUA, China & Roménia
Duration: 111 minutos
Director(s): James Wan
Actor(s): Annabelle Wallis, Maddie Hasson, George Young
Genre: Horror, Mistério, Crime
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Emanuel Candeias - 55
CONCLUSÃO
“Maligno” é a última criação de James Wan, que entrega menos terror e mais crime e mistério. O novo filme fica aquém dos seus predecessores, sendo a realização mais fraca do cineasta nos últimos tempos. Num giallo que se assemelha a um episódio de “Ficheiros Secretos”, realça-se a cinematografia, a interpretação de Annabelle Wallis e a personagem de Gabriel, sendo que tudo o resto não impressiona e o puzzle final acaba por desiludir.
Overall
55User Review
( votes)Pros
- Giallo
- Annabelle Wallis
- Gabriel
- Cinematografia
Cons
- Mau aproveitamento da premissa e uma narrativa banal e previsível
- Reutilização de elementos de filmes anteriores
- Falta de desenvolvimento das personagens
- Inexistência de sustos ou choques memoráveis