Minx, primeira temporada em análise
No final de mais um ano, colocamos em perspectiva algumas das grandes estreias televisivas da última temporada. No campo da comédia, não há como contornar “Minx”, irreverente recapitulação história que estreou na HBO Max a 17 de março de 2022.
Para lá dos diversos louvores que lhe podem ser apontados, “Minx”, comédia original Max, assume-se como uma genuína série de elenco, encabeçada pelas prestações vibrantes de Ophelia Lovibond (“Trying”) e Jake Johnson (“New Girl”). Para além disso, é uma arrojada e genuinamente engraçada comédia feminista. Estreou na HBO Max e, apesar de ter passado um pouco debaixo do radar ao longo do ano, tanto junto do público como das premiações, é, sem margem para dúvida, uma das comédias mais fortes do ano.
“Minx” situa-se na Los Angeles dos anos 70, uma L.A onde a “decadência” da indústria da pornografia se encontra em altas, embora em permanente confronto com o puritanismo que reina. Eis que conhecemos Joyce (interpretada com enorme pujança por Ophelia Lovibond, num papel imperdível e provavelmente o mais notável da sua carreira). Joyce é uma feminista altamente letrada que, bebendo dos movimentos dos direitos das mulheres, procura criar a sua própria revista feminista.
Este é o seu verdadeiro sonho e trabalha arduamente para o atingir. Todavia, os grandes editores de revistas no mercado (na sua esmagadora maioria homens), não estão de todos preparados para a sua revista, considerando-a chata, académica e até “perigosa”. A única pessoa que lhe estende a mão é Doug (Jake Johnson), o editor de diversas revistas pornográficas.
O mundo de Joyce vê-se virado do avesso, à medida que conhece um conjunto de personagens ricas, como a modelo de nus Bambi (Jessica Lowe) ou o fotógrafo das revistas de Doug (Richie, Oscar Montoya). As suas certezas vão-se tornando menos absolutistas, enquanto aprende lições inesperadas acerca de si própria, acerca do mundo que habita, e sobre a própria natureza do prazer, que, como muitas outras mulheres da sua época, tinha tendência a reprimir.
Inicialmente, Joyce considera Doug um “editor de segunda categoria”, reles até. À medida que este procura alterar ao máximo a essência da revista de Joyce, a tensão laboral entre os dois escala e escala. Vai explodindo diversas vezes ao longo desta temporada de 10 episódios, que esperamos ser apenas a primeira de várias.
Aquela que seria inicialmente uma revista altamente académica e para um público exclusivo, torna-se a primeira revista erótica para mulheres e uma verdadeira sensação. Ao longo da temporada, vamos acompanhando os inúmeros desafios enfrentados pela revista “Minx”, dos desafios oriundos da própria consciência conservadora das potenciais leitoras, até ao conservadorismo de quem controla os meios de comunicação, passando pelo feminismo mais radical, aquele que recusa qualquer associação à pornografia, vendo-a sempre como um ataque à mulher e que se mostra bem vocal contra a “Minx”.
Como reconstituição de época, da criação rica de cenários ao guarda-roupa, “Minx” é uma série colorida, repleta de vida, ancorada em prestações excelentes, e que nos mostra a capacidade imensa de mudança e aprendizagem que existe no ser humano. Enquanto conteúdo feminista, não é acérrimo ou inflexível ao ponto de afastar quem se assusta facilmente com este termo (todos os lados da barricada aprendem lições aqui), contendo um tipo de humor com potencial abrangente.
Agora que a “Minx” está lançada, ao final de 10 capítulos que equilibram com mestria drama e comédia, queremos continuar a explorar esta série de época de qualidade e saber o que nos espera com as próximas “edições” desta criação.
Para ver na HBO Max, uma série que, embora não se inspire numa história verídica em concreto, bebe inspiração de inúmeras narrativas reais que marcaram a revolução sexual dos anos 70. A não perder (e já renovada para a temporada 2, desde maio deste ano)!
TRAILER |A PRIMEIRA TEMPORADA DE MINX ESTÁ DISPONÍVEL NA HBO MAX
Minx, em análise
Name: Minx
Description: Minx passa-se na Los Angeles da década de 1970 e centra-se em Joyce (Ophelia Lovibond), uma fervorosa jovem feminista que une esforços com um editor de categoria inferior (Jake Johnson) para criar a primeira revista erótica para mulheres.
-
Maggie Silva - 85
CONCLUSÃO
“Minx” é uma comédia de época inteligentíssima. A sua heroína altamente segura de si mesma e acérrima feminista poderá desagradar a alguns, mas sem dúvida que esta é uma produção com valor inegável e que aconselhamos a qualquer pessoa.