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Noite Violenta, em análise

Clássicos de Natal, abram alas: há um novo Pai Natal para ficar na memória. “Noite Violenta” é uma verdadeira surpresa e destaca-se dos filmes da época.

Consegues imaginar uma história de um Pai Natal violento, mal humorado, assim um pouco dado à bebida mas também com um toque de sarcasmo simplesmente irresistível? Bem, é uma história gira de se pensar e agora finalmente está no ecrã. “Noite Violenta”, o novo filme da mesma produtora responsável pela saga de “John Wick” ou o frenético “Bullet Train – Comboio Bala“, é realmente um filme atípico para a época natalícia. Mas sabem que mais? É uma peça fora do baralho muito bem-vinda!

Tommy Wirkola é o realizador do filme e, se nos lembrarmos de “Hansel e Gretel: Caçadores de Bruxas” ou “Os Mortos-Vivos Nazis”, quase que já deveríamos ter adivinhado o que poderia sair de “Noite Violenta” ainda antes de nos sentarmos nas cadeiras da sala de cinema. Seja pelo historial do realizador, ou pela produtora, a premissa e o resultado final não desiludem de todo. Há ação (muita!), comédia, humor negro e um novo Pai Natal fenomenal, pelo talento de David Harbour (“Viúva Negra“).

[Sem Spoilers do enredo]

Noite Violenta
David Harbour é o novo Pai Natal no cinema, e é imparável! © 2022 Universal Studios. All Rights Reserved.

Para contexto, a sinopse oficial do filme revela que este é mais um filme passado na véspera de Natal. Com um pano de fundo de uma mansão de uma família rica, o filme é quase uma mistura de “Sozinho em Casa” e qualquer outro filme de assaltos altamente preparados e planeados.

Sinopse oficial:

Quando uma equipa de mercenários invade a mansão de uma família rica na véspera de Natal, tornando reféns os seus membros, o grupo não está preparado para um combatente surpresa – o Pai Natal (David Harbour) está em casa e prepara-se para mostrar que Nicolau não é santo nenhum.

Dito isto, o que podemos garantir é que “Noite Violenta” revela-se o filme perfeito de Natal para as audiências com um gosto mais gore. Não há medos de se mostrar gargantas degoladas, cabeças cortadas, mortes violentas e improváveis. As explosões são algumas, o sangue imenso mas a vontade de não desviar o olhar é ainda maior. E talvez por isso o filme nos tenha surpreendido tanto.

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Afinal de contas, a narrativa de “Noite Violenta” é deveras genérica. O Pai Natal está a cumprir a tradição anual, há uma lista de meninos bons e meninos maus, uma pequena rapariga que só quer ver os pais juntos novamente e ter uma família, e até existe espaço para as típicas mensagens de Natal. Mas depois é o que se esconde nesta história que já tantos conhecem que faz o filme sobressair.

Noite Violenta
O elenco não convence mas David Harbour sozinho faz valer a pena ver “Noite Violenta” do princípio ao fim © 2022 Universal Studios. All Rights Reserved.

Aqui não há medo de usar referências de clássicos. O público não fica a achar que é uma mera cópia e os easter eggs são incluídos de forma exímia. Além disso, não é apenas de referências a outros filmes que se pode criar mais um clássico; a banda sonora também importa. “Noite Violenta” aposta em clássicos que já todos ouvimos nesta época e é altamente ousado na maneira como os usa na história.

Conseguem imaginar um clássico de Natal entoado por Bryan Adams, calmo, sereno e altamente natalício, a tocar enquanto se desenrola em ecrã gigante uma cena de luta altamente coreografada e onde o sangue é a estrela? Comecem a imaginar porque esse é apenas um dos momentos mais icónicos do filme.

David Harbour é sem dúvida a estrela, e oferece uma performance tão cativante que apenas queremos saber ainda mais sobre a sua personagem. Arriscamo-nos a dizer que depois deste filme é um forte candidato no top dos melhores Pais Natais do cinema! Harbour é de facto o coração de “Noite Violenta”, conseguindo ser um São Nicolau empático e ‘humano’ (à falta de melhor expressão). Quando ele fala deixamo-nos embrenhar tanto que queremos continuar a saber mais a sua história e a sua origem. Ele diz que não percebe, que é magia, mas nós também não e por isso queremos mais.

Noite Violenta
David Harbour e John Leguizamo vão estar em confronto direto na véspera de Natal © 2022 Universal Studios. All Rights Reserved.

Infelizmente, e é aqui que notamos o ponto mais fraco, falta brilhantismo ao restante elenco. Se John Leguizamo, que é aqui o vilão da história, consegue uma química de realçar enquanto dupla com Harbour, todos os restantes membros são facilmente esquecidos durante ou logo após o término do filme. As suas performances são levadas a um certo exagero, com uma caraterização extrema, quase como se de uma sátira se tratasse. Nem mesmo a jovem Leah Brady, que se poderia revelar uma potencial estrela, consegue convencer. O seu papel na história é claro, passar uma mensagem mais clara do Natal mas, com excepção da clara ligação ao clássico dos clássicos de Natal “Sozinho em Casa”, a sua presença no ecrã pouco realce tem por falta de carisma.

“Noite Violenta” é de facto um filme diferente para a época natalícia. Combina humor e ação como nem sempre é exequível, e consegue transformar uma das personagens mais icónicas de sempre do folclore em alguém tão distinto mas que ao mesmo tempo nos chama a cada minuto. Se é uma boa surpresa? Sem dúvida! Se pode tornar-se um clássico de Natal? De certeza.

Noite Violenta
Um Natal verdadeiramente sangrento… mas divertido © 2022 Universal Studios. All Rights Reserved.
  • Marta Kong Nunes - 80
80

CONCLUSÃO

“Noite Violenta” é uma bonita entrada na vasta lista do catálogo de filmes com a temática do Natal. Não é destinado aos fracos de estômago mas também não é exagerado ao extremo. Há um certo peso e medida, há um equilíbrio entre géneros e mesmo com uma narrativa simples revela-se interessante do primeiro ao último minuto. É um filme divertido, principalmente quando a celebração do Natal já começa a reunir apenas adultos à mesa.

Pros

  • Uma banda sonora verdadeiramente natalícia (e cujos momentos escolhidos são divinais tendo em conta a ação de fundo);
  • A performance de David Harbour, que nos consegue convencer como Pai Natal;
  • A subtileza (ou mesmo falta dela por vezes) das referências a clássicos de Natal;
  • Brilhantes coreografias de luta.

Cons

  • A falta de exploração da personagem do Pai Natal (será que dá espaço à prequela);
  • O elenco secundário que claramente não estava ao nível do protagonista e levou algumas representações a um extremo até relativamente desconfortável.
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