Jay Som (foto de Lindsey Byrnes)

Jay Som leva-nos numa “Nighttime Drive”

Jay Som partilhou hoje outro single de Anak Ko. “Nighttime Drive” vem acompanhado de um vídeo à la Homens de Negro, desconcertante no contexto da canção.

Há quase precisamente um mês que Melina Duterte, mais conhecida por Jay Som, anunciou o lançamento do seu segundo álbum. Anak Ko sairá no dia 23 de Agosto na Polyvinyl (América do Norte), na Pod/Inertia Music (Austrália, Nova Zelândia e Ásia) e na Lucky Number (resto do mundo). Na altura, pudemos ouvir o single principal, “Superbike”, e semanas depois o segundo single, “Tenderness”. Agora é a vez de “Nighttime Drive”, que confirma a direcção sonora mais minimalista seguida por Jay Som neste novo disco.

“Nighttime Drive”, como o próprio título indica, é uma canção de estrada, na linha da velha tradição americana do mito da fronteira, com o espaço sideral a ser a última que resta transcender e desbravar. Ainda no mês passado, os Whitney deram-nos a sua versão deste imaginário no seu videoclipe de “Valleys (My Love)”. Longe do registo entre o documental e poético deste último, Melina Duterte e o seu gangue abordam o tema de forma surreal no vídeo realizado por Han Hale. Nele vemos os membros da banda encasacados como Homens de Negro, numa viagem nocturna em demanda de marcianos bailarinos, saídos directamente de um episódio dos X-Files (ou quase). Segundo o realizador, a curta-metragem é uma “homenagem ao título da canção; a canção é sobre uma banda em digressão e a camaradagem nisso envolvida”.

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A estranheza do imaginário paranormal e o cómico de situação são resolvidos naturalmente com a redução de tudo a um sonho. Mas apesar do contraste com a sonoridade da canção, o vídeo vai ao encontro do seu tema de fundo. Segundo o comunicado de imprensa, a faixa é sobre aceitar a condição de andar na estrada e fortalecer-se com isso e Jay Som explica que esta “basicamente encapsulou toda a minha vida nestes últimos dois anos”.

A primeira parte de “Nighttime Drive” traduz bem a atmosfera de entorpecimento que vem com transcorrer milhas e milhas de autoestrada, por meio da melodia indolente, da habitual reverberação na voz aveludada de Duterte e o instrumental descontraído, pouco variado ao nível da textura e da harmonia. Mas o melhor é mesmo a coda orquestral, quase tão longa quanto o resto da canção, onde os violinos nos levam às alturas melancólicas e aventurosas da estrada que avança sempre para diante, rumo a um destino incógnito.

JAY SOM, ANAK KO | “NIGHTTIME DRIVE”



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