Ellis (foto de Ebru Yildiz)

O lado nebuloso de Ellis regressa em “Embarassing”

“Embarassing”, o segundo single do álbum de estreia de Ellis, Born Again, devolve-nos a faceta mais lo-fi e dream-pop da canadiana Linnea Siggelkow.

A canadiana Linnea Siggelkow, mais conhecida por Ellis, vai finalmente lançar o seu álbum de estreia, Born Again, no dia 3 de Abril por meio da Fat Possum. Depois de ter divulgado o single principal “Fall Apart”, aquando o anúncio do disco, a cantautora dá-nos agora a conhecer o segundo tema “Embarassing”, também ele acompanhado de um videoclipe, que podes ver mais abaixo.

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“Fall Apart” apresentava uma produção límpida (à excepção do final onde tudo tende a distorcer-se ao de leve), a voz a destacar-se na mistura e as guitarras a tilintarem numa versão de dream pop mais pop que sonho. Agora em “Embarassing” é a Ellis nebulosa e etérea de antigamente que podemos ouvir (ou quase). A melodia continua a direcção pop revelada pelo principal single, particularmente durante o explosivo solo de sintetizador. Mas a voz volta a estar imersa em reverberação, a guitarra é usada para criar atmosfera, com as cordas batidas uma vez por acorde e deixadas a vibrar o resto do tempo, sob um fundo de percussão minimalista. O registo é apropriado ao conteúdo intimista da canção, àquele conflito interior entre duas formas de vergonha, uma moralista e outra merecida, que segundo a autora esteve na sua origem. Eis o que Linnea Siggelkow tinha a dizer sobre o tema:

Vim-me a dar conta de que a vergonha tanto pode ser boa como má e da importância em reconhecer a diferença. Muitas vezes sentia-a quando não a deveria ter sentido, quando me senti culpada por coisas que estavam para lá do meu controlo, ou me envergonhei do meu corpo, feminilidade ou sentimentos. Mas julgo que também é importante reconhecer que algumas coisas não deveriam ser justificadas, às vezes ajo de maneira errada e magoo-me a mim mesma ou aos outros à minha volta. Estou a aprender a assumir a responsabilidade pelos meus actos e a prestar contas por coisas pelas quais me devo sentir embaraçada, a pedir desculpa e a ser melhor.

Pela letra do novo tema perpassa esta última vergonha que se tenta justificar para não lhe sentir o aguilhão (“The best way that I have known to deal with regret/ is to pretend it’s how I always wanted it”), esta vergonha bem real e, por isso, difícil de admitir (“You may be right but I’d never tell you that/ a satisfaction I refuse to let you have”). Mas no final não há como negar e esquecer a verdade vinda de um outro fora de nós: “Some things should be embarrassing”. Dessem-nos todas elas canções como esta e o mundo estaria bem mais cheio de redenção.

ELLIS | “EMBARASSING”

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