©José Vieira Mendes

Prémios Cinetendinha 23 | Os vencedores e a ‘anti-gala’

‘Alma Viva’, de Cristèle Alves Meira, foi considerado o Melhor Filme Nacional de 2022, dos 3º Prémios CineTendinha. Integrados na Algarve Film Week, o Cineteatro Louletano voltou a receber no sábado à noite a ‘anti-gala’ deste Prémios. Eis os vencedores e uma síntese da ‘anti-cerimónia’. 

‘Alma Viva’, de Cristèle Alves Meira, recebeu o galardão de Melhor Filme Nacional de 2022, dos 3º Prémios CineTendinha, entregues no Cineteatro Louletano, no passado sábado à noite, 28 de janeiro. Trata-se de uma iniciativa do conhecido crítico de cinema Rui Pedro Tendinha, associada à Loulé Film Office e integrada numa semana anual, dedicada ao cinema, sobretudo ao que se faz em Portugal e na luminosa cidade algarvia. ‘Alma Viva’, a primeira longa-metragem de Cristèle Alves Meira, — o candidato português aos Óscares de Melhor Filme Internacional, que infelizmente não chegou às nomeações finais — recebeu mais uma distinção, continuando a somar elogios da crítica, galardões internacionais e a circular por festivais por esse mundo fora. A realizadora, estava em Bordéus a trabalhar num novo projecto, mas agradeceu através de videoconferência aos votantes a motivação que representa este prémio da Academia CineTendinha, uma organização informal, que integra críticos — como o que vos escreve — atores, produtores, realizadores e profissionais ligados ao setor.

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Quanto aos restantes prémios, Ana Padrão, uma das atrizes de ‘Alma Viva’, arrecadou troféu de Melhor Interpretação Feminina, sucedendo a Anabela Moreira, que esteve também presente neste evento bastante informal, para entregar o prémio de Melhor Ator de 2022. Mas já lá vamos! Ana Padrão, recebeu o prémio das mãos de Sílvia Rizzo e disse que sempre acreditou no êxito de ‘Alma Viva’, sendo os prémios – Melhor Filme e Melhor Actriz – a verdadeira confirmação da sua aposta e participação neste filme, efectivamente um dos melhores do cinema português das últimas décadas. Albano Jerónimo foi considerado o Melhor Actor 2022, premiando o seu trabalho em ‘Restos do Vento’, de Tiago Guedes. Num emocionado discurso, o actor agradeceu aos votantes e à organização o prémio, e transmitiu o desejo de que este constitua igualmente uma chamada de atenção para as pessoas com necessidades especiais como as que retrata Laureano, o protagonista de ‘Restos do Vento’. Na categoria internacional, o eleito como Melhor Filme foi ‘Os Fabelmans’, a reconhecida obra autobiográfica de Steven Spielberg, que tem sido um dos êxitos da temporada. A correspondente claquete de Madeira chegará às mãos do realizador através da NOS Audiovisuais, a distribuidora do filme, em Portugal.

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Eram entretanto, já conhecidos os Prémio Futura e Prémio Tributo: Iris Cayatte foi distinguida, como talento emergente; e o prémio carreira foi entregue ao veterano actor Virgílio Castelo — que sucede a Joaquim de Almeida neste prémio tributo — um figura, que no próximo ano comemorará 50 anos de carreira. Virgilio Castelo há muitos anos que é uma presença constante nos palcos, nos ecrãs portugueses, tanto no grande, como no pequeno e também atrás das câmaras ou na direcção de actores. Entregue pelo vereador David Pimentel em representação de Vítor Aleixo, Presidente da Câmara Municipal de Loulé, este Prémio Tributo é uma merecida celebração de uma extraordinária carreira no cinema, de um actor que já foi dirigido por cineastas como Artur Ribeiro, Joaquim Leitão, João Botelho, entre outros. Virgílio Castelo, chamou ainda à atenção para o percurso feito pelo país e pelo cinema português desde 1974, o ano da Revolução de Abril que coincide com o início da sua atividade profissional: “Portugal é hoje um país muito mais interessante do que era, e os filmes, a televisão, a cultura podem sem dúvida continuar a contribuir para que este país melhore ainda muito mais”, referiu Virgilio Castelo, visivelmente emocionado. Quanto ao Prémio Futura — numa referência e apoio da recém criada rádio online — trata-se de um incentivo a um talento emergente, que foi entregue por Manuel Baptista, do Loulé Film Office, a Iris Cayatte, atriz que é já muito mais do que uma das grandes revelações do cinema português, da actualidade. A actriz portadora de uma voz rouca e única agradeceu ‘a todos os realizadores’ que a têm dirigido nomeadamente a Fernando Vendrell e a Simão Cayatte — o irmão,  por sinal — transmitindo igualmente uma referência à motivação que para si é, este reconhecimento da Academia Cinetendinha.

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O momento musical da noite fria de Loulé, esteve a cargo do músico Velhote do Carmo e do seu trio — que arrancou alguns sorrisos, ritmo e calor à escassa plateia. Infelizmente, e apesar da promoção, o público local pareceu um pouco ausente e é pena, com tantas estrelas portuguesas presentes em Loulé. O evento destacou ainda alguns dos filmes portugueses que vão estrear em 2023 nos cinemas nacionais, como ‘Sombras Brancas’, de Fernando Vendrell — inspirado na vida do escritor José Cardoso Pires; e contou ainda com a presença do realizador Simão Cayatte que além de ter proporcionado uma antestreia na noite de sexta, apresentou o seu filme ‘Vadio’, — que vai chegar também às salas de cinema em Maio próximo — também uma interessante primeira-obra, sobre a a solidão e abandono, que auspicia uma carreira promissora ao realizador, que descende de uma família de artistas. 

JVM




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