Muse em concerto | Crédito editorial: DFP Photographic / Shutterstock.com

Rock in Rio Lisboa 2022 | Muse imparáveis numa noite chuvosa

Os Muse são já mais que habituais visitantes dos festivais e arenas portuguesas. Inclusivamente, já tinham marcado presença, por várias vezes, no Rock in Rio Lisboa e voltaram, em 2022, para um espetáculo de antecipação do seu novo disco, repleto também de êxitos do passado inapagáveis. Nem a chuva copiosa impediu o sucesso da sua robusta demonstração rock. 

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Matt Bellamy e companhia não deveriam ter marcado presença no Palco Mundo do Rock in Rio, em 2022, como cabeças de cartaz do primeiro dia do evento. Neste dia, tal honra deveria ter pertencido aos Foo Fighters, que aqui teriam o seu antecipado regresso a Portugal. A trágica morte de Taylor Hawkins, baterista da banda de Dave Grohl, assim fadou o concerto ao cancelamento.

Para quem queria muito ver Foo Fighters, a alteração de headliner pode ter surgido como uma desilusão. Ao fim de contas, o estilo de grunge, post-grunge e rock alternativo dos Foo Fighters é bastante distinto do som de Muse – que na sua experimentação tanto passeia pelo hard rock, art rock, rock eletrónico, bem como até pelos reinos da ópera rock (um género associado aos álbuns-conceito e ao universo dos musicais) ou até pelos desígnios da pop.

Não obstante, quem tenha tido as voltas trocadas e tenha decidido não deixar de marcar presença, não pode possivelmente ter saído em desalento do recinto. Isto porque os Muse – quase na marca dos 23 anos desde o lançamento do seu primeiro álbum de originais – já se tornaram uma presença incontestável na própria História do Rock. Aliás, a banda integra já a própria narrativa do Rock in Rio Lisboa. Esta foi a sua quarta visita ao recinto da Bela Vista. Em 2008, esgotaram a casa, muito possivelmente no seu auge, dois anos depois do lançamento de “Black Holes and Revelations” (que conta com músicas míticas como “Supermassive Black Hole” ou “Map of the Problematique“)  e já a antecipar o lançamento de “The Resistance”  (com canções icónicas sobre insurreição como “Uprising” ou, claro, “Resistance”).

Entretanto, voltaram à cidade do Rock em 2010 e em 2018 (na última edição do RIR antes da inesperada pausa provocada pela pandemia). Agora, regressaram em jeito de antecipação de “Will of the People”, o seu nono álbum, a lançar em agosto de 2022. E eis que a sua relação de amor belíssima com o público português se voltou a fazer sentir e nem a chuva generosa e incomodativa foi capaz de demover quem via, ouvia e sentia. Poucos foram os que abandonaram a Cidade do Rock mais cedo (e não é para menos).

Este concerto, não necessariamente o melhor entre os quase 15 que os Muse já deram em Portugal em pouco mais de 20 anos de carreira, fez-se sentir bastante especial. Não obstante a “molha” de dimensões bíblicas, Matt Bellamy não deixou de se aproximar do público, andar pelo prolongado e tocar e cantar com a mesma pujança de sempre.

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Muitos podem franzir o nariz ao quanto os Muse têm vindo a mudar a sua sonoridade ao longo dos anos e a afastar-se de um rock mais consensual e clássico, mas é inequívoco constatar como esta banda britânica está sempre no seu apogeu quando em cima de um palco. O primeiro dia do Rock in Rio não foi exceção, e até pudemos ver, entre o público, uma nova geração de amantes de rock a delirar à medida que os Muse tocavam êxitos lançados há 20 anos atrás. Dos adolescentes aos rockeiros de todas as outras faixas etárias, a banda conseguiu conquistar um público muito heterogéneo e que – num dia com Liam Gallagher também a tocar – se viu com muitos conterrâneos britânicos entre a audiência.

O concerto abriu, desde logo, com Will of the People, música que arranca também o novo disco. Apesar de parte da plateia ainda não conhecer esta nova sonoridade (o vídeo foi lançado  a 1 de junho), as máscaras utilizadas e a vibe tecno/rock/eletrónica empregue conseguiu, quiçá a partir do primeiro minuto, transportar quem via e ouvia para o ambiente de música industrial que será transversal ao novo álbum da banda e o qual se caracteriza por uma fusão mais agressiva de rock e música eletrónica. Deste novo disco de originais, foram ainda tocadas as músicas Compliance, Won’t Stand Down e Kill Or Be Killed e havia quem já conhecesse as letras de trás para a frente.

Este novo álbum pretende refletir a “instabilidade no mundo ocidental e no mundo natural”, segundo Bellamy, e a catarse coletiva fez-se sentir. Aguardamos pelos concertos de promoção deste novo cd que, depois da noite dos Muse a 18 de junho de 2022, certamente não tardará a chegar.

Num alinhamento de cerca de 20 músicas, que até excedeu em 15 minutos a hora suposta do final do concerto, os Muse passaram por êxitos antigos como Supermassive Black Hole ou Starlight (Black Holes and Revelations, 2006); Stockholm Syndrome , Hysteria e Time is Running Out (Absolution, 2003) ou até Plug in Baby (Origin of Symmetry); músicas que, passados 20 anos ou perto disso, continuam a manter a sua relevância e a levar o público ao rubro.

Todavia, a reação efusiva aos novos singles e a músicas menos longínquas como Madness (The 2nd Law, 2012) ou Psycho (Drones, 2015) dizem-nos que a banda não corre ainda o risco de se prender ao próprio passado, abraçando os desafios do hoje e agora e incorporando-os na sua música.

No final do encore, como é já mais que da praxe em qualquer concerto de Muse, ouvimos Knights of Cydonia (para sempre uma das suas GRANDES prestações ao vivo). E eis que, como esta é a exuberante grande festa do Rock in Rio, tivemos direito a fogo de artifício durante este sempre imperdível momento de uma demonstração ao vivo da banda.

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Até à próxima Muse, Portugal cá estará à vossa espera!

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