Sol da Caparica 2022 | Cuca Roseta, uma ode à portugalidade

Num dia com os maiores nomes do Pop e Hip-Hop português, Cuca Roseta foi uma lufada de ar fresco no Sol da Caparica 2022. Trouxe o melhor que o Fado têm para oferecer. 

Chegamos ao terceiro dia do Sol da Caparica 2022, e com ele, o primeiro dia que não houve atrasos nos concertos. Assim sendo, todos os concertos começaram à hora marcada, e terminavam com o tempo necessário para a preparação do concerto seguinte. Assim sendo, depois de um ambiente quente proporcionado por Nuno Ribeiro, chegou a vez da fadista Cuca Roseta. A única representante do Fado, num festival que dá montra à música portuguesa. Apesar disso, a fadista entrou em palco sem medo, e mostrou que as suas músicas também são animadas, e podem perfeitamente estar num festival de verão.

Assim sendo, Cuca Roseta abriu o concerto com a música “Barco Negro”, da icónica Amália Rodrigues. Apesar do público não reconhecer a música, pela sua idade jovem, a música já foi interpretada por outros artistas portugueses, como Mariza e Amor Electro. A fadista tinha uma forte presença em palco, com um carisma que entusiasmava o público. Logo a seguir, a fadista pediu a ajuda do público, para fazerem um dueto, de uma música bem conhecida de todos, e também de Amália Rodrigues, o “Tiro Liro Liro”. Numa versão bastante animada, o público começou a desinibir-se, e percebeu que não ia receber o Fado mais melancólico.

Antes de seguir para a próxima música, Cuca Roseta afirma, que “apesar de seremos um país pequeno, somos culturalmente ricos”. Algo que não deixou o público indiferente. Assim, o público começou a gritar por Cuca, deixando a fadista com um sorriso na cara. Com Sandro Costa na guitarra portuguesa, Francisco Sales na guitarra clássica, Vick Marques na bateria e Fainho no baixo, a fadista acompanhava-se de uma banda cheia de energia. Prosseguia o concerto, e houve tempo para uma pequena aula de História, sobre as origens do Fado. Cuca Roseta começa por dizer que teve origem no início do século XX, e era um grito de revolta do povo. Por isso, esta parte do concerto foi dedicado aos fados tradicionais.

No meio disso houve um pequeno percalço, com parte do corpete da fadista a abrir-se, que exigiu à retirada para os bastidores para arranjar-se. Assim, coube à sua banda entreter o público. Num ritmo mais acelerado do que estamos habituados no Fado, a banda cativou o público, com destaque para Vick Marques e Sandro Costa.

Com o regresso de Cuca Roseta, voltamos ao melhor que o género musical tipicamente português têm para oferecer. Assim canta “Bairro Português”, que fala sobre o melhor da cultura portuguesa. Esta parte do concerto foi dedicado às músicas do seu último álbum “Meu” (2020), feito durante a pandemia. Assim, a próxima música foi “Meu”, do mesmo álbum. No momento em que Cuca Roseta pegava na guitarra clássica para tocar, o público voltou ao clássico de que aquilo é que é bom. A seguir, apresentou a sua nova música, “O teu Fado é ser feliz“, cuja a letra diz que a nossa tristeza transforma a arte dos nossos dons. A fadista explica também que a música foi feita no Brasil, num dia em que tiveram de ficar fechados no hotel.

Estava quase a terminar o concerto, e segundo a organização do festival, a fadista podia ficar para mais uma música. Assim, terminou com amostras de várias modas regionais, começando por uma moda alentejana, com “Ó rama, ó que linda rama”, passando para o fandango ribatejano, corridinho algarvio, e até o “Ó Malhão Malhão”. Antes de fechar o concerto, Cuca Roseta desceu para junto do público, para cumprimentar as primeiras linhas.

Com o término do concerto, Cuca Roseta e a sua banda, fizeram uma vénia perante um público feliz. Durante uma hora, a fadista mostrou o melhor que a cultura portuguesa têm para oferecer, mostrando que o Fado pode e deve estar num festival como o Sol da Caparica 2022.