Michelle de Swarte em "The Baby" | © HBO Max

The Baby | À conversa com a protagonista, Michelle De Swarte

“The Baby” chegou esta semana à HBO MAX, oferecendo um olhar pouco comum ao tema da maternidade. A MHD esteve à conversa com a sua divertida protagonista, a britânica Michelle de Swarte, que dá vida a Natasha.

Natasha, de 38 anos, é uma mulher que não sonha em ter crianças e estas não lhe despertam qualquer fascínio. No entanto, quando inesperadamente um bebé lhe cai (literalmente) nos braços, tudo muda dramaticamente. Controlador, manipulador, mas incrivelmente fofo, o bebé transforma a vida desta mulher num espetáculo de terror surreal. E, à medida que descobre a verdadeira extensão da natureza mortal do bebé, Natasha faz tentativas cada vez mais desesperadas de se livrar dele. Ela não quer um bebé, mas o bebé quer Natacha definitivamente.

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Amber Grappy, Michelle de Swarte e Amira Ghazalla protagonizam “The Baby” | © HBO Max

É com esta premissa que entramos na história de “The Baby”, uma das mais recentes estreias da HBO MAX, cujo primeiro episódio já se encontra disponível na plataforma. Um misto de terror e comédia, a série promete abordar temas algo tabu, como a questão de hoje em dia, cada vez menos mulheres terem o sonho de serem mães. E, aos olhos de Michelle De Swarte, que dá vida à protagonista Natasha, este é apenas um reflexo da sociedade de hoje. No entanto, tal como a própria atriz britânica nos comentou “existem muitas coisas que podem ser interpretadas como controversas ou tabu que podem ser justificadas se forem apresentadas com humor.” Fica a conhecer um pouco melhor a nova aposta da plataforma de streaming.

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MHD: Como foi a preparação para o papel? Como embarcou neste projeto?

Michelle De Swarte: Tive muita sorte. Estávamos em confinamento e eu estava a fazer gigs [pequenos espetáculos] corporativos via zoom, e um desses trabalhos foi para o marido da nossa diretora de casting, que por acaso estava a assistir e depois acabou por entrar em contacto com o meu agente. Pediu-me para enviar uma cassete [de audição], e aqui estou eu! [risos] Um ano depois a contar-vos a história!

No que toca à preparação, tive muita sorte por ter a Nicole Kassell, que é espetacular, é a nossa realizadora e produtora executicva, que me emergiu num processo muito intenso para descobrir quem era a Natasha. E também tive a Sian [Robins-Grace, uma das criadoras], elas deixaram-me fazer todas as perguntas e construir realmente a personagem.

MHD: Viu alguns filmes de terror para se preparar? Quais?

Michelle De Swarte: Sim. Na realidade, sou uma grande fã do género, por isso já vi muitos filmes de terror e tê-lo-ia feito de qualquer das formas, mas houve alguns títulos que a Sian me recomendou: “A Semente do Diabo”, “O Génio do Mal” (“The Omen”), também vi “Foge.” Sim, ela deu-me uma boa e longa lista de filmes que deveria ver para entrar no espírito da Natasha e de “The Baby.”

MHD: O que a fez juntar-se a “The Baby”? Que aspetos da maternidade gostou que a série abordasse?

Michelle De Swarte: Para mim, quando li o guião, senti uma abordagem tão diferente e nova sobre o que é ser um cuidador, o que é para alguém ter um bebé de repente. Ver a resistência da Natasha, como não ficou deslumbrada por um bebé, pois já tinha decidido há muito tempo que não queria ter um. Que não queria a responsabilidade de ter de cuidar de alguém. Por isso, apesar de este pequeno humano lhe ter caído nos braços, nem isso foi suficiente para a fazer mudar de ideias. E, achei isso verdadeiramente refrescante, ver uma mulher não ser encantada por um recém-nascido.

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Michelle de Swarte | © HBO Max

MHD: Sente que a história de “The Baby” apenas poderia ser contada por uma mulher? Pela questão da maternidade, e pelo facto de Natasha não se sentir encantada por um bebé

Michelle De Swarte: Creio que a maternidade é uma experiência inerentemente feminina. Penso que só pelo facto de sermos mulheres é esperado que exista uma ligação instintiva a um bebé, e creio que a forma como a maternidade é abordada em filmes, revistas, publicidade, etc, apenas confirma esta noção. Um pouco no mesmo sentido que as rom-com (comédias românticas) constroem a ideia que vamos entrar dentro de um comboio e vemos a nossa cara-metade à medida que as portas se fecham. Por isso, é como diz, ver o tema abordado no ecrã desta forma, é raro, sim.

MHD: Além de retratar a maternidade de uma forma única, existem momentos bastante divertidos que nos remetem para o bizarro. Teve discussões ou colaborações específicas sobre este aspeto? De fazer transparecer a comédia, nestes momentos mais negros, mais de reflexão.

Michelle De Swarte: Sim, tive. Mas creio que muito disso se deve à realização e ao argumento, e penso que muita dessa comédia transparece porque a estamos a ver. Quase como se fosse a espreitar atrás de uma cortina, vemos alguém real, e não só a Natasha, vemos como são os seus amigos e algumas das fases da maternidade que estão a atravessar, bem como a forma como falam entre si. Creio que é pelo facto de não existir nenhum filtro ‘fofinho’, ou romanticismos à volta do tema, que a comédia emerge. Mas lá está, muito disso se deve à forma como a série foi escrita, estas mulheres são brutalmente honestas com as suas experiências, e isso é engraçado de ver, não? [risos] É divertido ver alguém a resistir aos ‘poderes’ de uma criança. Por isso, penso que é aí que a comédia reside.

MHD: Os temas da maternidade, da gravidez, ainda são bastante frágeis, quase tabu, por isso pode ser controverso fazer uma comédia de terror à volta deles. Pensou nisso enquanto estava a fazer este projeto?

Michelle De Swarte: Creio que só por ser uma série de terror sobre o tema, já abre portas para debate. Mostra um lado da maternidade, de ser um cuidador que não tem nada de divertido, que na realidade até é bastante stressante. Muita tentativa e erro.

Na realidade, não me debrucei muito sobre esse aspeto, pois achei o guião mesmo muito divertido. E creio que existem muitas coisas que podem ser interpretadas como controversas ou tabu que podem ser justificadas se forem apresentadas com humor, e acabas por te sentir como eu, que muitas destas coisas deveriam ser ditas. Senti que era uma abordagem diferente, e gostei do facto de existiram muitas mulheres à frente e atrás da câmara, por isso nunca cheguei a pensar realmente nesse lado que refere.

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MHD: O seu último projeto foi “The Duchess”, da Netflix, que retrata alguém que está a tentar ter um novo filho. Como foi a transição para este lado mais ‘negro’ do tema?

Michelle De Swarte: Sim, a Beth [personagem em “The Duchess”] tem quatro filhos, se não estou em erro. Lá está, creio que está muito relacionado com a experiência da mulher. Tens quem que já tem dois ou três filhos e esteja a tentar o próximo, como quem não queira ter nenhum, e ambas são mulheres e está tudo bem e normal. Quer dizer, claro que não há nada de normal na experiência da Natasha, daí ser uma série. Mas, ambas perspetivas, quer seja ter muitos filhos ou nenhum, são um reflexo honesto da sociedade.

MHD: Falando de temas mais técnicos, como foi andar num cenário cheio de bebés verdadeiros e falsos?

Michelle De Swarte: [risos] Informo-vos com alegria que bebé não é tão assustador na vida real! Basicamente temos de trabalhar à volta dos bebés, temos de ser pacientes, criar laços com eles, até porque existem alturas em que a Natasha consegue ser bastante dura e abrasiva. Por isso, queremos garantir que na vida real os bebés tem bons tempos contigo, porque eles não sabem que estamos a representar. Quando gravamos uma cena mais complicada, é importante que eles confiem em ti e se sintam confortáveis. É preciso dar tempo ao tempo e estar ciente de que o trabalho maior ocorre quando as camaras não estão ligadas.

MHD: E trabalhou apenas com bebés reais ou também com falsos?

Michelle De Swarte: Trabalhamos com bebés reais. Tínhamos bebés de reserva, creio que num dia chegávamos a ter cerca de cinco bebés em estúdio. O bebé principal é interpretado por gémeos e depois tínhamos bebés de silicone, que pareciam assustadoramente reais.

MHD: Obrigada!

TRAILER | THE BABY JÁ SE ENCONTRA DISPONÍVEL NA HBO MAX

Um episódio novo será lançado todas as segundas-feiras na plataforma. Vais espreitar? 🙂



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