Julian Casablancas no NOS Alive 2022 | ©Arlindo Camacho/ NOS Alive

NOS Alive 2022 | The Strokes dividem a plateia

No dia 6 de julho de 2022, no arranque do grande regresso do NOS Alive, os The Strokes foram cabeças de cartaz. A sua apresentação dividiu o público como poucas outras, entre os fãs acérrimos que não deixaram de sair de ouvidos cheios e os observadores mais descontraídos que escoaram para outros palcos. 

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A sabedoria popular portuguesa tem uma frase emblemática que anda à volta de qualquer coisa como “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. Os “The Strokes”, banda de rock alternativo verdadeiramente icónica, em grande parte responsáveis por um revivalismo dos seus géneros musicais respetivos no início dos anos 2000, de todo parecem enquadrar-se no âmbito deste ditado. Há quem chegue a defender que os Strokes foram responsáveis pela “salvação” do rock, um género que se diz constantemente estar a desaparecer – mais afastado da circulação das rádios das massas – mas que por isso não deixa de encher arenas e festivais como este Alive.

Neste dia não esgotado, mas bem composto, os headliners The Strokes subiram ao palco pelas 22h30 – bem, mais coisa menos coisa, houve um ligeiro atraso no arranque da seleção de músicas e talvez por isso não chegámos a ter a oportunidade de ouvir (e ver), ao vivo,  um dos singles com mais rotação da banda em qualquer discoteca dedicada aos rockeiros – “Last Nite” (ou talvez a banda só esteja a acusar cansaço em relação a este single “demasiado” rodado, não seria senão justo e expectável).

Colocando o foco de novo na prestação da banda liderada pelo vocalista Julian Casablancas, se “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita” não se aplica de todo ao trajeto de estúdio dos The Strokes, mas parece aplicar-se à atual tour europeia que se desenrola. Quatro dias antes de se apresentarem no Alive, os Strokes estiveram no Roskilde Festival, na Dinamarca. Por lá, a pose de total embriaguez do vocalista foi motivo de alarido nas redes sociais e Casablancas respondeu, descartando as “críticas” de quem, supostamente, não seria fã verdadeiro. Todavia, a 9 de julho, no TRNSMT Festival 2022, na Escócia, a história repetiu-se e a preocupação entre a legião de fãs do grupo começa a escalar.

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E o que aconteceu em Portugal? A banda começou com algum atraso; Julian deixou, desde logo, cair o microfone e admitiu, passado muito pouco tempo, o seu intenso estado de inebriação. Deambulou pelo palco, visivelmente desconhecedor do alinhamento do concerto e, por várias vezes, murmurou frases mais ou menos impercetíveis num tom de voz arrastado e algo tortuoso. Pelo meio, trocou versos e esqueceu-se de algumas letras, como por exemplo no caso da prestação de “Hard to Explain”.

A restante banda – Nick Valensi, Albert Hammond Jr., Fabrizio Moretti e Nikolai Fraiture – ia fazendo o seu trabalho com competência e montando um espetáculo rock ainda assim bastante satisfatório, especialmente para fãs com uma visão mais influenciada pela idolatria ou simplesmente para aqueles que, também ligeiramente tocados, apenas se queriam divertir com alguns riffs rockeiros de qualidade. Felizmente, a voz de Casablancas não soava tão arrastada a cantar quanto a falar e ainda pudemos sacar alguns momentos de qualidade.

strokes no alive
Arlindo Camacho/ NOS Alive

Destaque, neste campo, para a interpretação do imenso tema de intervenção  “New York City Cops”; para uma homenagem à ausente Clairo (que “perdeu o avião” a caminho do NOS Alive, tendo sido entoada uma breve cover da música “Sofia” misturada com a “As it Was” de Harry Styles) e ainda para um momento que não tem como falhar: a prestação coletiva do grupo norte-americano com “Reptilia“, um dos seus hinos mais memoráveis, senão o mais memorável, e que aqui deliciou quem decidiu ficar.

A intoxicação de Casablanca pode ter levado a atitude Rock’n’Roll um pouco longe de mais e quiçá uma maior consciência de si frente ao palco pudesse fazer as maravilhas dos fãs e evitar que desaparecessem alguns curiosos para outras partes do recinto. Não obstante, esta visita que tantos desencantou alguns não deixou de apresentar as suas qualidades redentoras bem evidentes.

Desse lado: viste The Strokes no NOS Alive 2022, noutra vinda prévia a Portugal ou ainda está na tua bucketlist? 

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