The Woman in the House Across the Street From the Girl in the Window, primeira temporada em análise
“The Woman in the House Across the Street from the Girl in the Window” foi uma das propostas da Netflix para o arranque do calendário televisivo, no final de janeiro.
Com Kristen Bell, uma das rainhas da televisão, no papel central da protagonista Anna, esta comédia que parodia um sub-género muito específico de thriller é uma caótica proposta por parte do gigante do streaming.
Foi com orgulho redobrado que Kristen Bell, a protagonista desta comédia negra, anunciou ao mundo, em inúmeras entrevistas, que finalmente a equipa de “The Woman in the House Across the Street from the Girl in the Window” criava um género inédito – uma paródia do thriller psicológico feminino à lá “A Rapariga no Comboio”/“Gone Girl”/”A Mulher à Janela” (etc,etc). O seu entusiasmo desmesurado não podia ter sido mais mal direcionado. Ao fim de contas, será que precisávamos mesmo de uma paródia de um género que por si só já tende a cair no ridículo?
Feitas as contas, “The Woman in the House” é significativamente pior que “Gone Girl” e até que “A Rapariga no Comboio”. Aproxima-se sem dúvida mais de “A Mulher à Janela”, a trágica última longa-metragem de Joe Wright (que está bem longe do campo dos seus bem-conseguidos dramas de época, como “Expiação” ou “Orgulho e Preconceito”).
Aliás, “The Woman in the House”, da Netflix, é praticamente uma imitação de “The Woman in the Window”. As protagonistas – quer a interpretada por Kristen Bell ou por Amy Adams – são ambas mulheres entediadas, solitárias, de meia-idade, dadas a fobias e a misturar medicação com álcool e comprimidos e, calcule-se, à falta de descaramento, partilham até o mesmo nome – Anna. Ambas julgam ter testemunhado um crime hediondo ser cometido na casa em frente à sua moradia, ambas vivem em bons bairros residenciais, embora sejam “artistas” que pouco fazem para sustentar os seus estilos de vida.
Mas e daí, somados todos estes elementos, damos o benefício da dúvida a “The Woman in the House”. A série nunca anunciou ser original, procurando antes evidenciar os clichés do género. No papel central de Anna, Kristen Bell consegue salvaguardar o seu talento para a comédia, tal qual como “The Woman in the Window” não foi capaz de destruir a arte dramática de Adams. Supomos que, quando o talento lá está, até perante um mau argumento é possível manter um pingo de dignidade artística.
“The Woman in the House” , uma série com recepção crítica e por parte do público bastante medíocre, não deixa de conseguir puxar pela gargalhada ocasionalmente. Isto porque todos os pormenores do enredo correspondem a lugares-comuns deste sub-género do thriller feminino. Claro está, cada detalhe é representado através da hipérbole. Tal consegue provocar, por vezes, o riso, mas nunca sabemos se nos estamos a rir da série ou com a série. Onde se desenha a linha do ridículo?
Com uma reviravolta final absolutamente idiota e ilógica, “The Woman in the House” abandona-nos meio apatetados, quase apáticos e sem reação. Kristen Bell defendeu que, ao lado do valor da paródia e do humor negro, seria bastante importante manter os espectadores interessados no mistério que se desenrola ao longo dos episódios. Todavia, quando chegamos ao fim, temos a sensação de que a revelação da verdade não era assim tão importante. Até porque é mesmo muito parvo…
Algo é certo, esta pequena série é uma das mais invulgares, absurdas e bizarras que poderemos ver em 2022. Fica a questão, será que isso chega?
“The Woman in the House” termina com um cliffhanger que, seguindo exatamente a mesma fórmula, permite o salto para a segunda temporada. Contudo, estamos mais que convencidos de que este thriller Netflix não tem forma de justificar um 2º ano. A reação do público foi morna e o fenómeno não se deu e, por isso, é bem possível que esta bizarra comédia à lá “Girl on the Train”/ “Girl in the Window” fique por aqui.
O pecado principal desta história é mesmo não ser suficientemente engraçada. De novo fica a pergunta, a partir de conteúdos péssimos é fácil criar paródias? Ou será um exercício fútil e tautológico?
TRAILER | THE WOMAN IN THE HOUSE ACROSS THE STREET FROM THE GIRL IN THE WINDOW (NETFLIX)
The Woman in the House Across the Street from the Girl in the Window, em análise
Name: The Woman in the House Across the Street from the Girl in the Window
Description: Para a desgostosa Anna (Kristen Bell), todos os dias são iguais. Senta-se com um copo de vinho, olha pela janela e vê a vida passar sem nela participar. Mas quando um bem-parecido vizinho (Tom Riley) e a sua adorável filha (Samsara Yett) se mudam para o outro lado da rua, Anna começa a ver uma luz ao fim do túnel... isto até testemunhar um homicídio macabro. Ou será que estava a ver coisas? Dos criadores Rachel Ramras, Hugh Davidson e Larry Dorf, The Woman in the House Across the Street from the Girl in the Window é uma abordagem satírica de comédia negra bem regada a vinho ao thriller psicológico, que vai deixar os espetadores a questionarem-se "quem?", "o quê?", "porquê?" e "por que raio?" até ao fim.
Author: Maggie Silva
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Maggie Silva - 45
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Marta Kong Nunes - 55
CONCLUSÃO
Em “The Woman in The House Across the Street From the Girl in the Window”, uma série de progressão muito lenta e que pretende parodiar um sub-género do thriller, acaba por cair ela própria no ridículo. Levanta-se a questão: se alguém visse a série sem ler a sinopse, perceberia, tendo em conta a palete de cor cinzenta e o tom melodramático, que “The Woman in the House” é, supostamente, uma comédia? Ou levaria a sério o conteúdo?
Pros
- A ocasional garagalhada;
- O conceito (ou antes, a ideia do conceito e nunca a sua execução);
- A marioneta (quem vir saberá, e não se esquecerá!);
- A narrativa da morte da filha de Anna – é tão, tão patético e inverosímil que se torna engraçado. Infelizmente a série não consegue manter este nível de humor negro de forma regular;
- Uma Kristen Bell que não perde a dignidade no meio deste caos;
- A protagonista, Bell, lutou para manter o título longuíssimo. Pode ser terrível para o Marketing, mas é uma das poucas singularidades desta produção televisiva;
Cons
- Em termos de tom, “The Woman in The House Across the Street From the Girl in the Window” é verdadeiramente esquizofrénico. Certos momentos são, com intencionalidade, tão ridículos que parecem tirados de uma comédia rasca. Outros tentam acumular camadas de significação, mas ficando sempre aquém dos seus objetivos;
- Sem dúvida, o conceito funciona melhor na teoria do que na prática;
- O final, para cima de atroz;