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Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo: 10 universos do filme 

“Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” é a longa-metragem mais nomeada para os Óscares em 2023, e um dos grandes destaques desta temporada de prémios. A narrativa alucinante de ficção científica aborda o conceito do multiverso, como nunca o vimos antes. Num esforço provavelmente inglório, tentamos agora recapitular os (muitos) universos do filme! 

“Everything Everywhere All at Once” é, indiscutivelmente, um dos grandes filmes desta temporada de prémio, não tivesse acabado de vencer o PGA e DGA. Originalmente estreado há pouco mais de um ano atrás, nos Estados unidos, pela A24, a obra conseguiu manter o “hype” até agora e, com a cerimónia dos Óscares à porta, até se encontra neste momento de regresso às salas de cinema para uma merecida reposição.

Mas o que torna tão especial este drama familiar de ficção científica, tão particular e ao mesmo tempo tão global? Esta é a história de uma mulher que com, tremenda dificuldade, faz os seus impostos. Mas é também uma história sobre choques geracionais e acerca de famílias com dificuldade em comunicarem. Com prestações estupendas e nomeadas a Óscares por parte de Michelle Yeoh, Stephanie Hsu,  Ke Huy Quan e Jamie Lee Curtis, esta aventura corre por vários universos enquanto procura encontrar o significado para a vida. Que universos são esses? (spoilers avizinham-se!)

1. O UNIVERSO DO PONTO DE PARTIDA

Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo Critics Choice Awards 2023
Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo © Allyson Riggs/A24

Um mundo mais banal, ainda assim o universo da nossa “Evelyn original” não pode deixar de ser mencionado. Embora o filme não acabe exatamente no mesmo universo em que termina, é na repartição de finanças e junto da personagem de Jamie Lee Curtis que tudo começa. É aqui que a Evelyn inicial se depara, no elevador e posteriormente no armário de arrumações, com o conceito complexo de multiverso.

Esta Evelyn, aquela com o maior potencial, aquela que falhou em todas as suas demandas, repleta de potencial por cumprir, é o compasso que orientará toda esta obra. Sem este ponto de partida, nunca poderíamos conhecer os mundos doidos de Raccacoonie e tantos outros. É aqui que tudo começa.




2. O UNIVERSO DO KONG FU (E DAS ANTESTREIAS) 

Ócares Tudo em todo o lado ao mesmo tempo
O Universo em que Evelyn é uma atriz de sucesso © NOS Audiovisuais

Embora este seja um universo mais famoso por permitir a Evelyn adquirir competências essenciais para vencer as muitas batalhas que terá de travar, a verdade é que, contra o que o nome parece indicar, o universo do Kong Fu é um dos mais glamorosos de todo o filme. É aquele que mais ameaça hipnotizar a nossa Evelyn Original, impressionada e deslumbrada com tudo o que a sua vida poderia ter sido, se apenas nunca se tivesse mudado para os Estados Unidos com Waymond (Ke Huy Quan).

Este universo do Kong Fu é um dos maiores centros emocionais da obra, onde decorre uma lendária conversa entre Waymond e Evelyn, em que o seu marido noutra vida lhe diz: “In another life, I would have really liked just doing laundry… and taxes with you” (“Noutra vida, teria adoravo lavar roupa e fazer os impostos consigo”).

Aqui, para lá de todo o glamour de ser uma estrela de cinema asiático com um jeito especial para artes marciais (uma referência à própria vida da atriz Michelle Yeoh), conta-se a história de dois amantes que se perderam, dois navios na noite e presta-se também uma bela homenagem a Wong Kar-Wai.




3. O UNIVERSO DAS PEDRAS

O Universo das pedras
No universo das pedras, o Nihilismo perde a força |©A24

Outro universo basilar no filme, e outro grande ponto de emotividade, surge-nos com o universo das pedras. À medida que Evelyn e a sua filha Joy (Stephanie Hsu) lutam pela alma da segunda, está na hora de descansar um pouco, num local onde as palavras pouco importam – um universo em que são pedras, mas onde os ‘googly eyes’ de Waymond não deixam de marcar presença.

Aqui, mãe e filha refletem um pouco acerca da ignorância total que caracteriza a humanidade – a qual desconhece totalmente o seu destino e propósito. Não obstante, é neste cenário improvável que Evelyn e Joy começam a curar a sua relação. Neste universo, as condições para a vida humana nunca se reuniram e, na pele de pedras, este par sente-se mais pequeno do que nunca – mas também unido e em sintonia.

A cena no universo das pedras é de enorme significância, sendo este capaz de nos fazer rir, refletir e até chorar em igual medida.




4. O UNIVERSO ONDE A HUMANIDADE TEM SALSICHAS EM VEZ DE DEDOS

EEAOO Dedos salsicha Jamie Lee Curtis
Jamie Lee Curtis e Michelle Yeoh em “Everything Everywhere All at Once” (2022), no inesperado mundo dos dedos-salsicha |©A24/Allyson Riggs

Um dos universos mais absurdos de “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” não deixa de nos atingir com surpreendente emotividade. Este é o universo em que Evelyn aprende a compreender a Deirdre de Jamie Lee Curtis, aquele em que a Humanidade nunca passou a ter dedos, mas antes algo apenas equiparável a “salsichas como dedos”.

Aqui, as personagens de Michelle Yeoh e Jamie Lee Curtis partilharam um belo romance, numa casa bizarra e pitoresca, repleta de fotos de gatos por todos os lados e maus penteados. Por muito absurdo que este universo pareça, a verdade é que cumpriu várias funções ao nível das complexas relações entre as personagens, aproximando Evelyn da sua filha e, contra todas as expectativas, da senhora das finanças. Neste mundo, Evelyn compreende que todos somos merecedores de amor.




5. O UNIVERSO DO RACCACOONIE

Raccacoonie Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo
Um universo e um poster alternativo |© A24

Neste “verso”, ou neste lado do mapa infinito do multiverso do filme, encontramos uma estapafúrdia piada que permite à nossa protagonista compreender melhor a importância da entre-ajuda e compaixão. Tudo isto através da hilariante introdução da personagem Raccacoonie, uma horripilante interpretação livre da criatura adorável da Pixar – Ratatui, como imagina pelos realizadores Daniels.

Este universo até é próximo da realidade da nossa Evelyn inicial – não fosse o facto de esta ser uma trabalhadora de um restaurante asiático onde um dos seus colegas, Chad, é controlado pelo maléfico Raccacoonie. Inicialmente, e antes de saltar para este universo, a nossa “Evelyn original” menciona Raccacoonie e Joy e o seu marido julgam que esta está baralhada e a confundir o seu discurso – tentando antes evocar o filme “Ratatouille”. Acabamos por descobrir, da forma mais deliciosa, que tal está bem longe da verdade.




6. O ALPHAVERSO E O SEU “ALFA WAYMOND” 

Globos de Ouro 2023
“Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” © NOS Audiovisuais

Embora no final da história Evelyn compreenda que o seu marido, o carinhoso dona da lavandaria, é também o seu destino, a verdade é que o grande herói romântico de “Tudo em Todo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” é mesmo Alpha Waymond, o conhecedor de artes marciais que aparece no universo inicial e informa Evelyn da sua obrigação – salvar o mundo.

Este Waymond, uma versão mais corajosa e destemida, pertence ao universo original onde a “vilã” (salvo seja) Jobu Tupaki é criada, e também onde as próprias viagens entre universos são criadas. Como universo original das viagens entre versos, o Alfa Verso não poderia ser mais importante. É também a partir deste universo que nos surge a maior ameaça do enredo.




7. O UNIVERSO DAS PINHATAS

Pinhata Evelyn Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo
As pinhatas humanas em “Tudo em Tudo o Lado ao Mesmo Tempo” |©A24

À medida que discutem acerca do quão estar vivo pode parecer desprovido de propósito, Joy e Evelyn passam por inúmeros universos, numa sequência rápida que nos fica gravada na retina depois de nos maravilhar. Um dos universos transitórios, enquanto mãe e filha discutem, é o universo em que tomam a forma de pinhatas. Este figura entre os mais loucos e abstratos universos que habitam.

No meio desta alucinante jornada de existencialismo, este universo mostra-nos o quão supérfluo tudo é – ao mesmo tempo que Evelyn luta, justamente, pelo coração da sua filha.




8. O UNIVERSO EM QUE EVELYN É UMA CANTORA DE ÓPERA

Opera Evelyn
©A24

O ‘verso’ em que Evelyn é outros dos mundos importantes para nos mostrar tudo o que a vida da nossa protagonista poderia ter sido, não tivesse ela abandonado a Ásia. Para a missão do filme e sua conclusão, o universo da estrela de cinema é muito mais importante. Todavia, este mundo, que Evelyn visita para aumentar a capacidade do seu tórax, não deixa de se apresentar como bastante charmoso.

Este é um mundo alternativo, ou antes, paralelo, em que depois de cegar num acidente, Evelyn desenvolveu os seus dotes como cantora. Neste mundo, mantém uma relação inesperadamente próxima como o seu pai (James Hong) , bem distinta da que nos é apresentada no mundo inicial.




9. OS UNIVERSOS ANIMADOS

Existencialismo em Everything Everywhere all at once
Evelyn e Joy viram desenhos animados |©A24

 

Há duas sequências de animação distintas ao longo do filme, à medida que Evelyn e Joy percorrem vários mundos, numa sucessão rápida, enquanto discutem o quão absurda é a existência humana. Estas são sequências muito ricas, nas quais nos são também apresentadas as pinhatas humanas. A outra versão animada, que mencionamos aqui também, é bem mais sofisticada, com Evelyn, no capítulo 3 – “All at Once” – desenhada com belos traços de anime.

Curioso é que um desenho tão tosco como o que vemos acima simbolize um momento importantíssimo na narrativa, a luta decisiva entre Jobu Tupaki e Evelyn.




10. TODOS OS OUTROS UNIVERSOS

tudo em todo o lado ao mesmo tempo melhores posters
“Tudo em Todo o Lado Ao Mesmo Tempo” | © NOS Audiovisuais

Parece redundante, mas seria impossível resumirmos todos os universos do filme. Ao fim de contas, os realizadores de “Everything Everywhere all at Once” fizeram um excelente trabalho e materializaram, com sucesso, a ideia de que os universos existentes poderiam ser infinitos, com cada variação e acção a gerar um novo mundo paralelo.

Do universo em que Evelyn roda um cartaz a apontar para uma loja, passando por aquele em que é uma freira (nunca percebemos bem…), até à parte remota do universo em que morreu vestida de bebé, ou aquele em que é um verdadeiro bebé com cara de adulto (?), são inúmeras as Evelyn que podemos celebrar por esse multiverso fora – não tivesse este conceito sido explorado como nunca antes.

 

E caso queiras recordar o multiverso desta obra de sci-fi alucinante, no dia 28 de fevereirosessões de cinema de norte a sul do país. A obra encontra-se também disponível para streaming na plataforma dos canais TVCine.

Desse lado, qual é o teu universo favorito em “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo”? 

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