Top guarda-roupas de TV | 10. Agent Carter
Em Agent Carter, um guarda-roupa construído com base nas modas do pós-guerra americano é uma das partes essenciais na criação da sua peculiar e característica atmosfera.
<< Introdução | 09. Wolf Hall >>
A primeira temporada de Agent Carter tem o seu início em 1946, situando-se precisamente no primeiro ano que se seguiu ao final da 2ª Guerra Mundial. Como consequência de tal, os figurinos, da autoria de Giovanna Ottobre-Melton, seguem as modas que foram caracterizadas pelos racionamentos e restrições do período de conflito que resultou numa estética bastante simples, elegante e sem grandes adornos ou elementos como pregas que gastassem demasiado tecido.
Os figurinos masculinos, especialmente aqueles envergados pelos colegas de Peggy Carter (Hayley Atwell), são de particular destaque. No mundo de Agent Carter, a protagonista é constantemente colocada em confronto com a patriarquia regente na sociedade da época, sendo que a definição visual desse poder masculino é essencial. Seguindo as modas históricas, os atores apresentam-se em fortes silhuetas de ombros largos, em cores sóbrias e pontuados por gravatas coloridas e muitas vezes em padrões.
Igualmente exímia é a criação dos figurinos femininos e mesmo os figurinos de todos os figurantes que enchem as cenas mais populosas desta narrativa. As mulheres com quem a protagonista vive numa residência em que a entrada de homens é completamente proibida, são um perfeito exemplo das mais características modas femininas da década de 40.
Mas, mais impressionante que qualquer detalhada recriação do ambiente da América do pós-guerra é o guarda-roupa individual da super-heroína que protagoniza a narrativa desta série. Sim, é verdade que Peggy Carter não tem superpoderes, mas dentro da estrutura da série e a um nível visual há pouco a separar esta destemida agente secreta dos mais vistosos e celebrados heróis da Marvel.
Lê mais: Agent Carter | Primeira temporada em análise
Basta olhar os seus figurinos, especialmente nos primeiros episódios, para um tema começar a aparecer, ou melhor, uma paleta cromática, azul, branco e vermelho. Mais do que indicar qualquer tipo de sentimento ultra patriótico, as roupas de Peggy Carter conferem-lhe uma aparência colorida e forte, que lembra os visuais icónicos dos heróis desenhados e edificados durante os anos em que esta série toma lugar. Mais do que tudo, este esquema cromático liga Carter ao Capitão América, não a tornando num simples interesse romântico do herói caído, mas sim numa heroína que herdou o seu heroico legado. Ela pode não ter um uniforme de spandex, mas, envergando fatos à medida, modestos vestidos de cocktail e deslumbrantes disfarces para certas missões, Peggy Carter é uma super-heroína da Marvel no seu próprio mérito.
Em Agent Carter, os figurinos são algo essencial para a construção de uma iconografia narrativa que segue a lógica visual de todo o Universo da Marvel, ao mesmo tempo que garante a precisa reconstrução de uma época passada, cujas normas sociais são uma parte essencial de toda a dramaturgia da série.
Igualmente impressionante, é a definição de uma sociedade do passado, alcançada na mini-série que ocupa o nosso 9º lugar na lista dos melhores figurinos da televisão de 2015, mas para saberes mais tens de prosseguir para a página seguinte.
<< Introdução | 09. Wolf Hall >>