15 Filmes mais sobrevalorizados do século XXI | Deadpool (2016)

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“Deadpool” de Tim Miller com Ryan Reynolds é uma endiabrada comédia que, em 2016, foi um sucesso entre público e críticos. Apesar disso, não mereceu nem metade de toda adoração que recebeu.

Aquando da sua estreia, “Deadpool” tornou-se no filme de super-heróis MARVEL mais lucrativo que a 20th Century Fox havia produzido. Mais do que um pedaço de trívia sem importância, esta informação financeira representa um alarmante diagnóstico de uma cultura popular que, não obstante o sucesso perpétuo de todo o cinema associado a heróis superpoderosos, começa a ficar cansada das mesmas fórmulas repetidas ad nauseum no seu entretenimento.

Para muitos desses consumidores insatisfeitos, “Deadpool” veio manifestar-se como uma variação necessária, como um exercício em metatexto que fazia piadas à custa das mesmas fórmulas que já começavam a testar a paciência. O humor é autorreferencial e cheio de profanidades, quebra a quarta parede e tem o tipo de ligeireza que tanto pode ser apreciada por miúdos como graúdos. Afinal, não haverá audiência mais predisposta a rir-se histericamente de qualquer sugestão sexual que rapazes de 13 anos com hormonas aos saltos. O problema manifesta-se quando alguém não vê humor nesse tipo de mecanismos cómicos.

Essas pessoas estão condenadas a ver os esforços de “Deadpool” como a mais irritante tapeçaria de piadas falhadas de que há memória. Afinal, há sequências em que o filme parece apoiar todo o seu humor no facto de que o seu herói titular diz “foda-se” indisciplinadamente. Perdoem as almas infelizes que reviram os olhos a tais atitudes ao invés de se rirem. Humor é subjetivo, ao contrário do jogo de fórmulas que o filme joga. Putativamente, “Deadpool” goza e desconstrói os clichés do género de super-heróis, mas basta olhar com um pouco de escrutínio para entender como o filme em nada rejeita esses fenómenos.

Na verdade, “Deadpool” tem a estrutura corriqueira de uma história de origem e as políticas sexuais de um editorial da Playboy de 1969. Todas as suas inovações são mera cosmética, sendo que, no âmago, o filme é o cúmulo da convenção reacionária. Lá porque um filme admite os seus erros abertamente, não quer dizer que está inoculado contra as críticas.

Mérito há que ser dado ao modo como o filme assegurou o estrelato de Ryan Reynolds e aproveitou bem o seu orçamento mediano. Contudo, nada disso justifica as nomeações para prémios que o filme recebeu, para não falar das críticas apaixonadas, fanboys em êxtase e até alguns prognosticadores da Awards Season a prever o sucesso do filme nos Óscares. Por tudo isso, “Deadpool” mais do que merece o seu lugar nesta desonrosa lista de filmes sobrevalorizados.

Cláudio Alves

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