Estes 10 clássicos filmes de fantasia são tesouros do cinema
Há lugares que só a fantasia conhece e, às vezes, tudo o que precisamos é de um filme antigo para lembrar como lá chegar.
A fantasia é o género que nos convida a entrar por armários, seguir coelhos com relógios ou aceitar que um tapete pode, de facto, ser um meio de transporte viável. Assim, antes dos computadores nos dizerem como sonhar, o cinema de fantasia erguia castelos com papelão, fazia dragões de borracha parecer ameaçadores e deixava-nos de olhos arregalados. Estes dez clássicos são testemunhos de uma época em que a imaginação era o efeito especial mais poderoso.
Os 10 melhores clássicos da fantasia
10. Willow (1988)
“Willow”, o conto de um aspirante a feiticeiro de estatura modesta com ambições desproporcionadas, é o que acontece quando a fantasia abraça inegavelmente o espírito de aventura. Produzido por George Lucas e realizado por Ron Howard, o filme mistura o épico com o pitoresco: há reis, rainhas, bebés profetizados e criaturas que parecem ter saído de um pesadelo. Warwick Davis, no papel principal, carrega a narrativa com carisma e coração.
Apesar de ter sido injustamente subestimado na altura do seu lançamento, “Willow” conquistou uma legião de fãs que continuam a defender o seu charme artesanal. Há algo de encantador na forma como o filme não tem vergonha de ser pateta, corajoso e emocional — tudo ao mesmo tempo. É como uma sessão de Dungeons & Dragons com amigos. A sua fantasia é sincera, imperfeita e adorável.
9. The Dark Crystal (1982)
Jim Henson, o génio por detrás dos Marretas, decidiu em 1982 que o mundo precisava de uma fantasia sombria onde ninguém mexia os olhos de verdade, mas todos mexiam o coração. “The Dark Crystal” é uma fábula cósmica, onde criaturas místicas — os Gelflings, os Skeksis, os Mystics — se cruzam num planeta tão inegavelmente detalhado que até o musgo parece ter história detalhada.
Assim, o filme é um triunfo de design prático e worldbuilding meticuloso. Tudo é físico, tátil, real — mesmo quando parece estranho ou desconfortável. Há uma qualidade hipnótica neste universo que mistura o esotérico com o ecológico. Vê-lo hoje é como descobrir um livro sagrado de uma religião esquecida… com bonecos. E isso é um elogio.
8. The Princess Bride (1987)
Pedir a alguém para descrever “The Princess Bride” é como pedir a um poeta para definir o amor sem metáforas. É romance, comédia, aventura, sátira e, de algum modo, tudo isto funciona. “As You Wish” tornou-se mais do que uma frase: é um mantra de devoção, proferido com um sotaque britânico e a certeza de que o amor verdadeiro inegavelmente vence tudo — até mesmo os RoUS (Roedores de Tamanho Suspeito).
Assim, o tom do filme é singular: cómico sem ser parvo, sentimental sem ser piegas. Os diálogos são afiados como espadas florentinas e tão citáveis quanto Shakespeare. E sim, há um gigante adorável, um espadachim com motivação existencial e uma princesa cuja maior virtude é não gritar demasiado. “The Princess Bride” é o raro caso de fantasia que sabe rir de si sem perder o encanto.
7. O Labirinto (1986)
David Bowie. Calças justíssimas. Um labirinto. Marionetas. Só esta enumeração já justifica a existência de “O Labirinto”, mas o filme é muito mais do que uma montra de excentricidade glam. Jennifer Connelly é a heroína Sarah, uma adolescente num daqueles dias em que acidentalmente deseja o desaparecimento do irmão e acaba por ter de o resgatar de um reino mágico dominado por um Goblin King… com cabelo de leão pós-permanente.
A realização de Jim Henson mergulha-nos num mundo de lógica onírica e estética barroca. Assim, cada sala do labirinto parece desenhada por um pintor surrealista e a música de Bowie acrescenta uma camada de pop decadente ao delírio. É estranho, sensual, desconcertante e inegavelmente único. “O Labirinto” é a fantasia como devia ser: um sonho que nos acorda.
6. The NeverEnding Story (1984)
Poucos filmes conseguiram captar o sentimento de abrir um livro e ser tragado por ele com tanta literalidade quanto “The NeverEnding Story”. É inegavelmente uma carta de amor à imaginação, embalada numa estética que mistura kitsch com o majestoso. Assim, Bastian, o rapaz leitor, é todos nós — aqueles que fugiram para mundos de papel quando o real doía demais.
Claro, não podemos esquecer Falkor, o dragão da sorte com cara de golden retriever e corpo de salsicha. E quem não chorou com a cena de Artax no pântano? (Se não choraste, verifica se ainda tens alma.) A moral do filme, tão subtil como um hipogrifo numa loja de porcelana, é simples: enquanto houver histórias, nunca estaremos verdadeiramente sós.
5. Mary Poppins (1964)
Mary Poppins é a única figura de autoridade capaz de cantar com pinguins, flutuar sobre Londres e ainda assim fazer-nos sentir vergonha por não arrumar o quarto. “Praticamente perfeita em tudo”, a ama mágica entrou nas nossas vidas com um guarda-chuva e a capacidade inquietante de transformar qualquer tarefa doméstica numa coreografia com moralidade implícita.
Julie Andrews dá ao papel uma firmeza encantadora, enquanto Dick Van Dyke apresenta um dos sotaques cockney mais memoravelmente… questionáveis da história do cinema. Mas nada disso importa, porque a fantasia aqui não vem de dragões ou duendes, mas da possibilidade de ver o mundo através de uma colher de açúcar.
4. Fantasia (1940)
“Fantasia” é o tipo de filme que os professores de música mostram com reverência e as crianças veem com olhos arregalados de estranheza. Um rato com chapéu de feiticeiro? Dinossauros dançantes? Hipopótamos com tutus? Sim, tudo isto e muito mais, num épico sem diálogos, onde a música clássica é inegavelmente a estrela principal.
Assim, cada segmento da antologia é uma viagem alucinada pela imaginação: de Tchaikovsky a Stravinsky, a animação casa-se com a melodia numa dança de formas e cores. É arte com “A” maiúsculo, mas também é puro entretenimento — uma fantasia visual e auditiva que continua a desafiar convenções e a fazer-nos sentir que, talvez, até os baldes de água têm personalidade.
3. Jason and the Argonauts (1963)
“Jason and the Argonauts” é um colosso do stop-motion que prova que a mitologia grega era, basicamente, uma série de lutas épicas com intervalos para discursos nobres. Mas o verdadeiro herói é Ray Harryhausen, o mestre da animação que deu vida a monstros com mais expressão facial do que muitos atores contemporâneos.
O clímax com os esqueletos animados ainda hoje mete respeito. Há algo naquelas espadas a tilintar que é inegavelmente mais eficaz do que qualquer batalha de CGI com orçamentos obscenos. Assim, “Jason and the Argonauts” é fantasia com pedigree clássico, feita com paixão, paciência e muita plasticina.
2. Snow White and the Seven Dwarfs (1937)
Foi a primeira longa-metragem de animação da história, mas continua a ser uma fantasia encantadora e inquietante. “Snow White and the Seven Dwarfs” não é apenas um conto de fadas ilustrado: é um feito técnico, um gesto de ousadia da Disney num tempo em que ninguém acreditava que adultos pagariam para ver desenhos animados.
Assim, a estética é de uma delicadeza notável, os anões têm mais personalidade do que certas pessoas de carne e osso, e a rainha má é um ícone de vilania vaidosa. A moral pode parecer datada, mas a magia permanece — talvez porque todos guardamos, no fundo, a vontade de desaparecer numa floresta e cantar com animais que fazem tarefas domésticas.
1. O Feiticeiro de Oz (1939)
“There’s no place like home”, repete Dorothy enquanto clica os calcanhares — e a frase ressoa até hoje como um feitiço. “O Feiticeiro de Oz” é uma alegoria, um musical, um sonho tecnicolor que mistura filosofia e espantalhos com a leveza de um balão de ar quente.
Judy Garland brilha, mas é o conjunto que encanta: o Leão cobarde, o Homem de Lata carente, o Espantalho idealista. Todos procuram algo que, como bons heróis de fantasia, já possuíam sem saber. O filme é um lembrete de que às vezes, a estrada de tijolos amarelos começa dentro de nós. Com ou sem bruxas.
Assim, estes dez filmes são mais do que clássicos: são pilares de uma fantasia cinematográfica que não precisava de hiper-realismo para ser real. Mostram-nos que o verdadeiro encanto vem inegavelmente da paixão em contar histórias, da ousadia de imaginar e da capacidade de acreditar — nem que seja só durante noventa minutos — que o impossível pode acontecer.
Qual destes clássicos guardas no coração ou qual faltou nesta lista encantada? Deixa a tua opinião nos comentários.