Alien: Romulus, a Crítica | Fede Álvarez entrega ‘body horror’ de qualidade nesta sequela do famoso sci-fi
Um dos franchises de ficção científica mais populares de sempre, “Alien”, regressa já a 15 de agosto às salas de cinema. “Alien: Romulus” dá mais mundo aos mundos de Ridley Scott. Mas será capaz de elevar a fasquia?
Em 2024, Fede Álvarez (“Nem Respires”, “Evil Dead “) toma conta de um dos mais icónicos franchises de terror e ficção científica. Como mestre que já é na arte do terror, a sua ênfase está, sem grande surpresa, na primazia dada ao ‘body horror’ e a todos os elementos mais sanguinários da obra.
Ora, “Alien” nunca teve grande enredo, mas com “Romulus” vê-se realmente reduzido a um mínimo denominador comum. Tal não é necessariamente mau, uma vez que esta nova entrada no franchise, que pode ser vista em IMAX, é uma das visualmente mais estimulantes de toda a saga e uma que saga puxar pelo efeito espetáculo (antes de qualquer outro).
Estreado a 15 de agosto, só nos cinemas, “Alien: Romulus” transporta-nos para uma nave espacial, atmosférica e limitada, tal qual como é habitual na série “Alien”. Um pouco mais espaçosa, a estação espacial a que o grupo se acopla é extensa, moderna e menos claustrofóbica que outras do passado da saga de filmes.
A ideia com “Alien: Romulus”, protagonizado pela jovem promessa Cailee Spaeny e expressa pela própria premissa do filme, é levar-nos de volta às origens: “Enquanto vasculham nas profundezas de uma estação espacial abandonada, um grupo de jovens colonizadores espaciais depara-se com a forma de vida mais aterradora do universo. O que se segue? Todos sabemos e, tirando um pequeno twist final e um ligeiro ponto de partida distinto, não se distingue muito do que veio antes.
Cailee Spaeny protagoniza com elenco pouco memorável
“Alien: Romulus” é protagonizado por uma sempre excelente e eficaz Cailee Spaeny. Aos 26 anos de idade, a atriz norte-americana tem vindo a ter um crescendo de carreira muito notável. Só no último ano deu e bem nas vistas com os seus papéis de co-protagonista nas obras de qualidade “Priscilla” (onde dá vida à esposa de Elvis) e ainda “Guerra Civil” (de Alex Garland, que chegou aos cinemas há apenas alguns meses).
O resto do elenco de insuspeitos: David Jonsson (“Agatha Christie’s Murder is Easy”), Archie Renaux (“Shadow and Bone”), Isabela Merced (“The Last of Us”) ou Spike Fearn (“Aftersun”) é pouco memorável ou sequer recordável, verdade seja dita. À excepção de David Jonsson, sem dúvida um grande parceiro de cena para a Cailee, o grupo de atores não tem direito a uma construção de personagem sólida ou que nos permita, alguma vez, querer realmente saber.
Existencialismo em Alien: os limites da IA
Para além de nitidamente primar pelo ‘body horror’, os limites da racionalidade, do livre-arbítrio e da Inteligência Artificial também são temas aflorados em “Alien: Romulus”. Digo aflorados porque nunca existe de facto um nível de comprometimento, por parte do argumento, que nos permita elevar a representação destes temas na ficção científica.
Não, este não é um filme original de Ridley Scott, como a maravilha aventura filosófica de “Blade Runner” ou sequer os primeiros “Alien”; e também não é tão pouco uma obra complexa como as de Denis Villeneuve (“Dune”). Não, temos duas personagens carismáticas, muitas outras que não são senão verbo de encher e um filtro vermelho que ameaça engolir tudo (e nós aceitamos, por favor!).
Há muita conveniência narrativa e salvamentos ao último minuto, sim? Mas há também um trabalho de som merecedor de prémios, um bom ‘twist’ final que pede continuações e um acto final que bem compensa alguma repetição ali pelo meio.
Já viste Alien: Romulus? Este é um franchise que faça parte da tua vida?
Alien: Romulus
Movie title: Alien: Romulus
Movie description: O thriller de ficção científica e terror leva a saga de sucesso "Alien" de volta às suas raízes: enquanto vasculham nas profundezas de uma estação espacial abandonada, um grupo de jovens colonizadores espaciais depara-se com a forma de vida mais aterradora do universo.
Date published: 17 de August de 2024
Country: EUA
Duration: 120'
Author: Fede Alvarez, Rodo Sayagues, Dan O'Bannon
Director(s): Fede Álvarez
Actor(s): Cailee Spaeny, Isabela Merced, David Jonsson
Genre: Terror, Ficção Científica
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Maggie Silva - 71
Conclusão
Muito ‘body horror’, uma protagonista em ascensão e uma criação de algum lore adicional tornam o novo filme da Saga Alien numa experiência prazerosa e a descobrir no grande ecrã.
Pros
- Com o nosso “Sintético” (salvo seja), assistimos a uma inversão interessante da trope do gigante gentil, que tem vindo a assombrar as personagens negras do cinema há mais de 100 anos;
- A escolha de cor é arrojada, senão pouco original para terror (mas ainda assim dá prazer ver);
- Dois protagonistas exímios;
- Uma mistura de som capaz de fazer tremer toda a sala e o nosso âmago;
- Valor de produção que justifica, por só, a existência da obra.
Cons
- A tensão não está sempre lá, e o filme beneficiava de uns sólidos 20 minutos a menos;
- A repetição de eventos que já vimos em “Alien”, apresentados de forma ligeiramente diferente, por vezes cansa;
- Vemos nova construção de mundo acrescentada, logo no início do filme, mas não é suficiente nem de perto nem de longe;
- Só duas personagens, as centrais, eram verdadeiramente completas. Por isso, quando alguém do grupo morre, nada sentimos. Não seria possível!