Anéis do Poder T2, a Crítica | Combinação de mais ação e menos narrativa deixa a desejar
Os fãs queixaram-se da falta de ação e o excesso de história na primeira temporada de “Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”, sobretudo tendo em conta o astronómico orçamento. A nova temporada inverteu a situação mas só provou uma vez mais quão difícil é contar a história de J. R. R. Tolkien.
“O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” marcou o grande regresso do universo de J.R.R. Tolkien, com uma história que acontece na Segunda Era da Terra Média, milhares de anos antes dos acontecimentos da trilogia “O Senhor dos Anéis” de Peter Jackson. A série estreou em 2022 na Prime Video, e foi criada por J.D. Payne e Patrick McKay. Narra a ascensão de Sauron e a criação dos Anéis do Poder, explorando histórias pouco desenvolvidas nos livros de Tolkien. Com cenários deslumbrantes e um orçamento massivo, é a produção televisiva mais cara de sempre.
A primeira temporada teve reações mistas na critica especializada. Apesar dos elogios à qualidade visual e ao design de produção, a narrativa foi criticada por ser “arrastada”, especialmente nos primeiros episódios. Esta parte inicial serviu como introdução, incluindo Elfos, Anões, Humanos de Númenor e os Harefoots (antecessores dos Hobbits). Um registo necessário sobre uma Era nunca antes abordada. Agora a nova temporada, já disponível na totalidade na Prime Video, mudou o ritmo.
Os passos de Sauron na criação dos Anéis foram o grande foco
A segunda temporada, que estreou no final de Agosto, prometeu responder a muitas das questões deixadas em aberto e avançar mais rapidamente com a história. Com quase todo o elenco original, foram introduzidas novas personagens, como o Feiticeiro Negro (Ciarán Hinds). A história focou-se no plano de Sauron, manipular os Elfos na criação dos anéis.
Nos primeiros episódios desta nova temporada, é visível uma evolução no ritmo da narrativa, que se torna mais dinâmica à medida que a guerra entre as forças do Bem e do Mal começa a tomar forma. Os espectadores são transportados para momentos mais intensos e emocionantes, com destaque para as interações de Sauron, cuja manipulação e astúcia são centrais para o desenrolar dos eventos. A caracterização dos vilões, como os orcs, também melhorou, embora ainda haja críticas quanto ao excesso de efeitos especiais.
Apesar da melhoria no ritmo, a série continua a enfrentar alguns problemas de narrativa. Em particular, a gestão dos muitos arcos narrativos nem sempre é consistente, com alguns personagens com mais atenção (tempo de ecrã) enquanto outros ficam esquecidos em certos episódios. Essa abordagem, embora enriqueça o enredo em termos de complexidade, pode causar uma sensação de fragmentação.
Mais ação nem sempre é a melhor solução
O final da segunda temporada é marcado por momentos de tensão e desenvolvimento de personagens. Galadriel (Morfydd Clark), por exemplo, ganha mais profundidade, ainda que divida o protagonismo com outras figuras importantes, como Celebrimbor e Sauron. Este último, interpretado por Charlie Vickers, é um dos grandes destaques, com a sua evolução de mero antagonista para uma presença ameaçadora e persuasiva.
Um dos pontos fortes da série é a forma como aprofunda o conceito dos Anéis do Poder. Enquanto a temporada anterior explorou a identidade de Sauron, o segundo mergulha na influência dos anéi e nas suas consequências para os diferentes povos. A interação de Sauron com Celebrimbor, o criador dos anéis, é um dos momentos mais esperados e dá aos fãs uma visão sobre a criação do Um Anel.
Outro destaque da segunda temporada é a forma como aborda tragédias épicas descritas nos escritos de Tolkien, como a corrupção de certas figuras e os sacrifícios em tempos de guerra. Com destaque para a curiosa relação entre o Estranho e Tom tom Bombadil (será que o nome Gandalf surgiu mesmo como a série aponta?).
No geral, a série da Prime Video está a começar a entrar nos eixos
Os showrunners, Patrick McKay e J.D. Payne, têm uma visão ambiciosa com a série, que inclui cinco temporadas no total. Esta estrutura narrativa prolongada tem gerado algum desequilíbrio no ritmo, especialmente nos primeiros episódios de cada temporada. A segunda temporada, embora tenha começado lentamente, evolui para um clímax mais envolvente e consistente do que o visto anteriormente. Que diga a famosa batalha de Eregion, que apesar de estar longe do que vimos na trilogia de Peter Jackson, já deu para “abrir o apetite”.
Embora “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” ainda enfrente desafios em adaptar um universo tão denso e complexo para a televisão, a segunda temporada mostra sinais de evolução e promete aprofundar ainda mais os elementos centrais da história da Terra Média.
Já viste todos os episódios da segunda temporada? Qual é que o ponto forte e fraco da série?
Senhor dos Anéis: Os Anéis dos Poder T2, a Crítica
Movie title: Senhor dos Anéis: Os Anéis dos Poder T2
Movie description: Com a ascensão de Halbrand/Sauron (Charlie Vickers) ao poder, após ser desmascarado e expulso por Galadriel (Morfydd Clark), o lendário Senhor das Trevas dedica-se à criação dos Anéis do Poder. Enquanto isso, os diferentes povos da Terra-Média, começam a aperceber-se do que está a acontecer.
Director(s): J. D. Payne & Patrick McKay
Actor(s): Morfydd Clark, Robert Aramayo, Charlie Vickers, Max Baldry, Markella Kavenagh, Ismael Cruz Córdova
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David Passos - 70
Conclusão
Os fãs queixaram-se da falta de ação e o excesso de história na primeira temporada de “Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”, sobretudo tendo em conta o astronómico orçamento. A nova temporada inverteu a situação mas só provou uma vez mais quão difícil é contar a história de J. R. R. Tolkien.