Twen (© French Kiss Records)

“Baptism” é o novo single dos Twen

“Baptism”, um épico sonorizado pela reverberação das guitarras e onde o tempo e a sua sentida passagem são perspicazmente fragmentados, é o quarto single do disco de estreia do duo Twen, Awestruck.

O duo indie-rock Twen divulgou o quarto single do seu disco de estreia, Awestruck, que tem data de lançamento agendada para 20 de Setembro de 2019, via Frenchkiss Records (The Antlers, The Hold Steady), editora discográfica independente fundada pelo baixista da banda Les Savy Fav, Syd Butler. Após a publicação, nos serviços de streaming, de um EP homónimo (2017), gravado durante a performance  inaugural dos Twen, numa cave situada em Beantown, esta é a primeira oportunidade que temos de escutar o trabalho de estúdio de uma banda que se dedicou, durante dois anos, à vida em digressão, ao consequente estabelecimento de uma base de fãs assíduos e à composição de Awestruck.

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A vocalista Jane Fitzsimmons e o guitarrista Ian Jones conheceram-se através do círculo punk originado em Boston, Massachusetts (estado norte-americano renomado pela sua recente cultura underground e pelo despontar de bandas como Vundabar, Tacocat, The Hotelier e Potty Mouth, trio cuja canção “Massachusetts”, integrante do álbum de estúdio SNAFU (2019), foi destacada no nosso Debaixo do Radar de Março). O par de artistas acabou por se mudar para a cidade de Nashville, onde editaram o previamente mencionado álbum ao vivo Twen Live e deram continuidade à sua valorização da ética DIY, detectada na organização de concertos de nicho e de publicitação reduzida, fabricação e comercialização do seu próprio merchandising e nas características e métodos de produção do conteúdo disponibilizado até ao momento.

Capa do álbum Awestruck

Os Twen divulgaram o primeiro single de Awestruck, “Waste”, durante o mês de Março, juntamente com a comunicação oficial da assinatura de contrato com a Frenchkiss Records. De imediato, ficámos a conhecer a sua sonoridade revivalista, reminiscente da segunda metade da década de oitenta, onde a indústria da música alternativa era inegavelmente dominada por guitarras caracterizadas por sons agudos e arpejos periódicos. A faceta mais onírica da sua música, potenciada pela aplicação de pedais de distorção e fuzz e o derivado desenvolvimento de uma wall of sound típica do shoegaze, assim como o afundamento das melodias vocais de Jane Fitzsimmons na mistura, foi realçada no segundo single, “Holy River”.

TWEN, AWESTRUCK | “DAMSEL”

Dotada de um instrumental tumultuoso e de uma estrutura musical meticulosamente concebida para palcos grandes, “Damsel”, a sua canção com maior sensibilidade pop, enfatiza os rasgos de jangle pop anteriormente evidenciados em “Waste” e as potentes dinâmicas entre os acordes cativantes de Ian Jones e o estilo de canto de Jane Fitzsimmons, tão etéreo quanto o de nomes prestigiados como Elizabeth Fraser (Cocteau Twins), de indubitável influência na jovem vocalista dos Twen, Mary Lorson (Madder Rose) ou Angie Hart (Frente!). Curiosamente, os três singles abordam a experiência de vida do duo enquanto músicos e vulgares seres-humanos, repleta de descoberta e exploração de novos cenários propícios para o progresso do seu produto artístico, instabilidade emocional e importunada por pensamentos intrusivos, recorrendo a uma perspectiva preponderantemente espiritual e reflectida no calor do momento.

A sonoridade dos Twen navega, confiantemente, entre uma ténue linha que separa os ganchos contagiantes de Ian Jones, harmonicamente aprazíveis, e uma densa paisagem sonora, com espaço para introspecção e escapismo. No seu mais recente single, “Baptism”, a banda abandona a faceta mais imediata em prol da concepção de um épico instrumentado por guitarras da era C86, pedais de reverberação e sintetizadores calorosos. As melodias vocais de Jane Fitzsimmons, excelsas e inspiradoras, acompanham uma jornada musical que, alternadamente, apressa e imobiliza os curiosos ouvintes nas suas repentinas mudanças de tempo e dinâmicas propulsionadoras de uma atmosfera sonora heterogénea, terminando num clímax tão envolvente que o impacto emocional gerado acaba por se conservar durante os instantes posteriores, morosamente abdicando da intensidade efémera e possibilitando que esta se difunda pelas numerosas camadas sonoras.

[“Baptism”] é um mantra que temos vindo a tocar ao longo de três anos. Como uma purificação ritualista que afasta os monólogos internos e as narrativas construídas com o tempo. – Twen

A perspicaz fragmentação do tempo e romantização da sua sentida passagem, distinguida na descrita estrutura musical de “Baptism” e na história da sua elaboração (o próprio Ian Jones comentou que os motivos de guitarra foram conceptualizados durante a sua infância, resgatados e aperfeiçoados aquando do processo de composição do single) é, igualmente, o tópico basilar da lírica de Jane Fitzsimmons. A ânsia por mudança, de pretender “renascer” e “assumir a forma de um ser erudito, mais evoluído”, encontra-se presente ao longo de toda a vida. Todavia, o trajecto a seguir para alcançar este objectivo primordial vai-se transformando, motivado pela experiência obtida, amadurecimento pessoal e incorporação ou elevação de novos valores morais. Uma jornada perpétua, alicerçada no sofrimento, em busca da almejada felicidade e apaziguamento da alma.

Escuta o novo single dos Twen e conhece o alinhamento de um dos discos mais aguardados do mês de Setembro.

TWEN, AWESTRUCK | “BAPTISM”

AWESTRUCK | ALINHAMENTO

  1. Awestruck
  2. Damsel
  3. Honey Smacks
  4. Long Time
  5. Make Hard
  6. Baptism
  7. Holy River
  8. Waste
  9. Azkaban
  10. Horseblood

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