Catarina, a Grande | © HBO Portugal

Catherine the Great | A realeza de Helen Mirren

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“Catherine the Great” é uma das mais recentes adições ao catálogo da HBO, estreada há um mês e protagonizada pela Dama Helen Mirren. A mini-série foi gravada na Lituânia, Letónia e Rússia, contando com quatro episódios.

Helen Mirren já representou papéis de realeza múltiplas vezes. Neste artigo, recuperamos estes nobres papéis de uma das mais bem-sucedidas atrizes britânicas, vencedora já de um Óscar, quatro Emmy, três Globos de Ouro, cinco SAGS, quatro BAFTA e duas premiações em Cannes. Assim, a atriz, a um passo do EGOT, não só tem uma carreira altamente real, como premiada.

A atriz já trabalhou em teatro, onde começou a interpretar rainhas e princesas com Shakespeare, e passou ainda pela televisão e, evidentemente, pelo cinema. Por duas vezes representou já rainhas da mesma linha genealógica, Isabel Primeira e Segunda. Todos estes papéis, à excepção dos do teatro, serão aqui recuperados.

Seguindo uma lógica cronológica, está na altura de recuperar os papéis mais reais da carreira de Helen Mirren, atriz versátil que conta com uma carreira de 50 anos na indústria do entretenimento.

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CALIGULA (1979) 

Helen Mirren Caligula
©Image Entertainment

Antes de interpretar membros da realeza no cinema e na televisão, Mirren foi a protagonista feminina de diversas peças da Royal Shakespeare Company, no final dos anos 70. Aliás, continuou sempre a fazer teatro, paralelo à sua carreira no cinema.

E porque esta é uma lista que pretende também marcar pela diversidade, vamos considerar que os títulos e papéis aqui presentes não precisam de remeter unicamente para realeza no sentido europeu do termo. Por isso, começamos com um filme de 1979, “Caligula”,  um drama erótico, no qual Helen Mirren interpreta a Imperatriz Romana Caesonia. “Caligula” é um épico de grande orçamento que semeou a discórdia nos espectadores, prolongando essa reação exacerbada até aos dias de hoje, volvidas décadas. Uma criação perversa, violenta, que nos remete quase para o reino do “filme adulto”.

“Caligula”, também protagonizado por Malcolm McDowell (“A Laranja Mecânica”) no papel do Imperador Caligula,  narra a história de este violento , incestuoso e problemático Imperador. Existe uma versão censurada de 90 minutos e uma versão explícita de 160 minutos. Helen Mirren defende que a nudez neste trágico filme em nada a fez sentir-se comprometida, pois trabalhar naquele set era “como ir para uma colónia de nudistas, toda a gente estava nua”.

“Caligula” é um filme que dividiu, e continua a dividir, mas que se tornou um fenómeno de culto desde então. Um papel marcante para uma ainda jovem Helen Mirren.




CYMBELINE (1982) 

Cymbeline (1982) - helen mirren
Cymbeline (1982) |©BBC

No início dos anos 80, Helen Mirren regressou ao universo de Shakespeare, desta vez no registo televisivo. A atriz encantou com o seu retrato de Imogen, a filha do Rei Cymbeline, na adaptação da BBC  da peça “Cymbeline”.

Aqui, o Rei é interpretado por Richard Johnson. Cymbeline está enfurecido com a sua filha Imogen, que escolheu um marido que não considera digno. Por isso, bane-o. Imogen (vestida como um rapaz), parte em busca do seu marido. Apesar da adaptação ter passado algo despercebida, a prestação de Mirren é tida como o ponto mais forte desta obra. Pois se o nome da peça (e do filme para televisão), toma o nome do Rei, é a sua Princesa a verdadeira alavanca da história.




A LOUCURA DO REI GEORGE (1994) 

helen mirren catherine the great
Helen Mirren em “The Madness of King George” | ©1994 Metro-Goldwyn-Mayer Studios Inc.

Damos um pequeno salto temporal e aterramos em 1994, com o primeiro verdadeiro grande papel na carreira de Helen Mirren. “A Loucura do Rei George” valeu a Mirren a sua primeira nomeação ao Óscar, na categoria de Melhor Atriz num Papel Secundário. Aqui, interpretou a Rainha Charlotte, mulher do rei louco, George III.

Esta comédia dramática biográfica foi adaptada a partir da peça de Alan Bennett, e para além de ter valido a Mirren a sua primeira nomeação, levou ainda nomeações para Argumento, e para Melhor Ator para Nigel Hawthorne, um ator que dedicou a sua carreira ao teatro, como o Rei. A sua Direcção de Arte exuberante levou uma estatueta dourada para casa.

Somos confrontados com um Rei George III de Inglaterra a envelhecer, e a mostrar sinais claros de demência, um problema incompreendido no século XVIII. O monarca alterna assim entre confusão e explosões violentas, sem que o seu médico consiga identificar uma cura. É aqui que a Rainha, interpretada por Mirren, terá de assumir um papel de liderança que não lhe era previamente exigido, aliando-se ao Primeiro Ministro, no sentido de tentar evitar que os inimigos do Rei usurpem o seu trono.




O PRÍNCIPE DE JUTLAND (1994)

Hellen Mirren Jutland
Helen Mirren em “O Príncipe de Jutland “( 1994) |©Miramax

1994 foi um ano particularmente real para Helen Mirren, que interpretou não uma mas duas rainhas. “O Príncipe de Jutland”, uma co-produção entre França, Alemanha, Dinamarca, Reino Unido e Países Baixos, narra uma história pouco conhecida que motivou o surgimento de uma outra de renome. “Prince of Jutland”, realizado por Gabriel Axel,  baseia-se na lenda do príncipe dinamarquês Amleto, cuja lenda é narrada numa obra do século XII. Esta foi a inspiração oficial de Shakespeare para o seu “Hamlet”.

Esta narrativa dramática é uma acima de tudo fantasiosa, fundada no mito. Recupera a história de um regicídio, num conto de insanidade. Estamos na Dinamarca do século VI, e o Príncipe Fenge (Gabriel Byrne) mata o seu irmão com o intuito de lhe usurpar a coroa e a Rainha. O Príncipe Amled (Christian Bale), filho do rei assassinado, testemunhou este ato de traição e procura agora vingar-se. Neste filme, Helen Mirren dá vida à Rainha Geruth.




A RAINHA DO GELO (1995) 

Helen Mirren Snow Queen
The Snow Queen (1995) |©Warner Home Video

“A Rainha do Gelo”, uma narrativa infantil da autoria Hans Christian Anderson, é uma das histórias sobre as quais mais podemos dizer no que diz respeito a adaptações animadas.

Há inúmeras versões deste clássico, ao longo de toda a História do Cinema. O conto de Anderson foi inicialmente publicado em 1844. As primeiras adaptações do conto não foram, curiosamente, oriundas de territórios da Europa ocidental, onde as histórias de Anderson mais dominaram a cultura geral e de histórias infantis.

Em 1957, a primeira adaptação ao cinema desta obra foi realizada, no registo de animação, pelo realizador Lev Atamonov, “Snezhnaya koroleva”, um dos filmes favoritos do lendário realizador Hayao Miyazaki. Nos anos 90, este filme teve direito inclusive a uma versão dobrada em inglês. 10 anos depois do primeiro filme, “The Snow Queen”, de Gennadi Kazansky, também soviético, realizou o primeiro filme de imagem real baseado no conto.

Muitas adaptações depois, “Frozen – O Reino do Gelo” (2013), o filme de animação mais lucrativo de sempre, é uma adaptação livre desta história. E porquê esta lição sobre um conto do século XIX? Porque entre muitas das versões de “A Rainha do Gelo”, Helen Mirren emprestou a voz a uma interpretação britânica de 1995. Não foi a primeira, nem certamente a última versão da história, nem uma das que mais impacto teve na cultural popular. Contudo, é interessante verificar que Mirren não foi apenas rainha no teatro, televisão e cinema, também deu voz a rainhas.




O PRÍNCIPE DO EGIPTO (1998) 

Mirren Príncipe do Egipto
Helen Mirren dá voz a uma rainha animada pela segunda vez |© DreamWorks SKG- all rights reserved

Passados quatro anos, Helen Mirren voltou a dar voz a uma tainha, interpretando a Rainha Tuya no clássico musical animado, “O Príncipe do Egipto”. Este filme é uma adaptação de uma narrativa bíblica, o Livro do Êxodo, narrando a história do príncipe prometido do povo Judeu.

Este um papel mais pequeno, mas que ajuda a confirmar Helen Mirren como uma das eternas rainhas mais emblemáticas do cinema, seja em imagem real ou animação. Tuya foi a esposa do Faraó Seti I, da XIX dinastia do Egipto. Tuya é a mãe de Ramsés II, bem como de Moisés, “O Príncipe do Egipto”. Mais um filme, mais uma experiência real distinta para Mirren, rainha em diversos reinos díspares.




ELIZABETH I (2005) 

 Elizabeth I
©HBO

Em 2005, Mirren voltou a desempenhar uma Rainha de Inglaterra, num papel pelo qual recebeu um Emmy e um Globo de Ouro. Esta mini-série da HBO, estruturada em dois episódios, ou antes, duas partes, num total de quase quatro horas de duração, foi recebida de forma entusiasta tanto pelo público como pela crítica. A série foi realizada pelo aclamado realizador de cinema Tom Hooper  (“O Discurso do Rei”, “A Rapariga Dinamarquesa”). A mini-série cobre 24 anos do reinado de quase 45 de Isabel I. A primeira parte é centrada no final da sua relação com o 1.º Conde de Leicester, interpretado por Jeremy Irons, e a segunda parte aborda a sua relação com Robert Devereux, 2.º Conde de Essex (Hugh Dancy).

A série foi originalmente emitida no Reino Unido no Channel 4, antes de ser transmitida nos Estados Unidos na HBO. A série venceu prémios Emmy, Peabody e Globos de Ouro.




A RAINHA (2006) 

a rainha european film challenge
© Pathé Pictures
“A Rainha”, de Stephen Frears, é tido por muitos como o papel da vida de Helen Mirren. Por esta interpretação, a atriz arrecadou a sua terceira nomeação ao Óscar, a primeira por Atriz Principal e a sua primeira e única vitória até à data. O filme retrata um período específico da vida da Rainha Isabel II, no momento em que lidava com a morte da Princesa Diana.
O filme procura explorar a forma como a Rainha foi forçada a ponderar a sua governação após o acidente de Diana, “A Princesa do Povo”. Como Rainha, esta teria de decidir a melhor forma de reagir perante o público, incapaz de compreender, nesta altura, o silêncio da Família Real. Por outro lado, o primeiro ministro Tony Blair, interpretado por Michael Sheen, torna-se também uma peça importante neste puzzle, tentando persuadir a Família Real a dirigir-se aos seus súbditos.

É um filme sobre dilemas, onde Mirren desaparece e encarna a Rainha de corpo e alma. Não se ficou pelo Óscar, tendo dominado as vitórias de toda a temporada de prémios.




CATHERINE, THE GREAT (2019) 

Catherine the Great
Catarina, a Grande | © HBO Portugal

Antes de partirmos para o seu último, ou antes, mais recente, papel significativo como monarca, um pequeno desvio de volta ao Teatro, transversal à carreira da atriz. Em 2013, Mirren voltou ao papel de Rainha Isabel II numa peça, pela qual venceu um Tony. A peça “The Audience”, baseava-se nas audiências semanais da Rainha perante primeiros-ministros.

E com esta viagem chegamos ao ano de 2019, e ao regresso da atriz à HBO no papel de uma rainha, desta vez uma rainha altamente controversa e ….russa! Curiosamente, esta não foi a primeira vez que interpretou personagens russas, tendo sido a mulher de Tolstoy em “A Última Estação” (2009). Com esta nova série, Helen Mirren, aos 74 anos, continua a demonstrar ser uma das atrizes mais pertinentes a trabalhar na indústria de Hollywood.

Por entre escândalos, intriga e muito conflito, a Imperatriz russa “Catarina, a Grande”, desenvolve uma relação fervorosa e singular com Grigory Potemkin enquanto ambos vencem adversários e agem como os arquitetos da Rússia moderna.

Esta é uma curta mini-série de quatro episódios, perfeita para binge watch. Aqui se recorda uma das líderes femininas com um reinado mais longo na Rússia, uma figura poderosa, conhecida por aumentar o poderio económico deste país.  Não fosse Catarina II apelidada “A Grande”. Esta foi Imperatriz da Rússia de 1762 até à sua morte em 1796. Nascida na Polónia, faleceu em São Petersburgo, no Palácio de Inverno, aos 67 anos. Helen Mirren dá vida a uma das mulheres mais famosas da História da Humanidade, entre outros grandes vultos que marcaram a sua magistral carreira.

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Qual é, para vocês, o papel mais memorável da carreira de Helen Mirren? 

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