Dune: Prophecy | Mark Strong revela o quão manipulado está a ser o seu Imperador
Mark Strong dá vida ao Imperador Javicco Corrino na nova série da Max, “Dune: Prophecy”. Em entrevista, o ator revela um pouco das motivações da personagem, bem como o modo como está a ser manipulada.
Tido por muito como um dos pilares da ficção-científica moderna, “Dune” de Frank Herbert é o livro que serviu de inspiração aos filmes homónimos de Denis Villeneuve, estreados em 2021 e 2024 e protagonizados por Timothée Chalamet e Zendaya.
O sucesso das obras cinematográficas levou a HBO a querer expandir o universo com um spin-off intitulado “Dune: Prophecy”, estreado na Max Portugal em novembro. Desenvolvido por Diane Ademu-John e Alison Schapker, a série acontece 10.000 anos antes dos eventos do livro e explora o nascimento da irmandade conhecida como as Bene Gesserit.
O elenco conta com nomes como Emily Watson, Olivia Williams, Travis Fimmel, Jodhi May, Sarah-Sofie Boussnina, Chris Mason, Mark Strong, Shalom Brune-Franklin, Jade Anouka, Edward Davis, Josh Heuston, Faoileann Cunningham, Aoife Hinds, e Mark Addy, entre outros.
Neste artigo:
Mark Strong explora o passado, presente e futuro do Imperador Javicco Corrino
Numa recente entrevista a que a MHD – Magazine.HD teve acesso, Mark Strong (“Kingsman: Serviços Secretos“) explorou um pouco o passado, presente e futuro da sua personagem, o Imperador Javicco Corrino, tocando em temas como as comparações entre o mundo de “Dune” e o nosso mundo real, bem como o poder feminino em que se centra a série.
Mark Strong começa por dizer que o Imperador tem uma grande responsabilidade às contas, tendo de gerir a indústria da Melange e os desejos das casas, de forma a conseguir manter o poder num mundo onde todos o querem – e a todo o custo -, à semelhança do que vemos na nossa realidade.
- Conte-nos um pouco sobre quem é o Imperador Javicco Corrino e qual a sua história em “Dune: Prophecy”.
O Corrino é o primeiro Imperador Padishah e ele carrega essa responsabilidade às costas, de forma a manter esta paz frágil, e garantir que as casas permanecem controladas. Todas as casas querem explorar a Melange que ele gere. É muito difícil porque neste mundo, todos querem liderar, e ele essencialmente tem de tentar e certificar-se de que tudo se mantém sob controlo.
Ele tem de lidar com a volatilidade, os desejos das várias casas, enquanto permite a indústria da Melange que, como vemos no primeiro episódio, está ameaçada. É um trabalho complicado.
- Esta é uma narrativa de fantasia mas pode-se fazer uma comparação com as histórias do mundo real sobre as lutas pelo poder e o xadrez geopolítico?
Todos lidamos com guerras, alianças, e o mesmo acontece no mundo de “Dune”. Ele retrata a honestidade, a verdade, e a traição, saber quem é o inimigo, tal como o ego e as expectativas de todos. Não é diferente do mundo em que vivemos, no qual cada grupo de pessoas ou cada país, ou como no caso de Dune, cada casa, estão à procura de algo que, acima de tudo, os vai beneficiar a eles e às suas famílias.
Estás a olhar para um mundo no qual todos querem competir com todos. E é isso que torna a série fascinante. Quem está dentro, quem está fora, quem vai vencer, quem vai perder, quem tem o poder, e quem não o tem?
- O que o cativou neste universo?
É a fonte da maioria da nossa ficção-científica moderna. Foi originalmente escrito nos anos 60 por Frank Herbert, e pode-se dizer que o “Star Trek”, o “Star Wars”, e todos eles se basearam no livro. O Herbert inventou um mundo incrível e complexo para o involver em algo que tenta contar a história desse mundo, e isso é cativante.
Além disso, quando tens uma personagem como um imperador que está à frente de tudo, ele tem por norma a capacidade de controlar tudo de forma brilhante. O que adoro nele [Corrino], é que ele não a tem. Ele tem inseguranças e não tem a certeza se é bom a gerir tudo o que o rodeia, mesmo que o aparente por fora. Isso cativou-me.
“Dune: Prophecy” é sobre mulheres poderosas, as Bene Gesserit
Mark Strong foca-se também no poder feminino que vemos em “Dune: Prophecy” através do nascimento e crescimento das Bene Gesserit, grupo que manipula todo o universo sem que os homens se apercebam do poder que detêm.
- Há uma luta pelo poder interessante até no seu casamento – como é a dinâmica entre o Imperador e a sua esposa, sendo que ela acredita que ele deixou de a ouvir?
Curiosamente, o primeiro episódio centra-se no casamento da sua filha com um rapaz muito jovem que foi escolhido para ela. Nesse primeiro episódio há uma referência ao facto de que esse foi o mesmo acordo e a mesma razão que o levaram a casar-se com Natalya Arat.
Eles são obviamente uma boa combinação até agora, mas no final, é um casamento arranjado, e foi decidido por razões além do amor. Eles são mais uma equipa do que um par romântico, e isso tem os seus problemas. Acabamos por perceber que as suas atitudes e responsabilidades como um casal real são distintas.
Ele está rodeado de mulheres poderosas. A sua filha quer fazer parte da irmandade e tornar-se num oráculo da verdade. A série é principalmente sobre mulheres. É sobre as Bene Gesserit. É sobre o poder das mulheres, não apenas sobre o seu poder sobrenatural, mas o facto de serem o que, às escondidas, manipula o poder real. Ele não está contra elas porque está a ser manipulado, e ele não se apercebe dos seus planos.
- Qual a relação entre as Bene Gesserit e o Imperador?
Quando vemos as Bene Gesserit pela primeira vez, há uma inexistência completa de homens no Wallach IX. Depois viajamos 30 anos, digamos para o presente em termos de história. Elas estão a tentar controlar tudo. Elas têm marionetas – o Imperador é uma.
Todas as outras casas têm oráculos, mulheres que fazem parte das Bene Gesserit, que têm sido plantadas nas diversas famílias numa espécie de rede de espiãs. Elas têm o dedo em tudo, em todo o lado. São uma cabal poderosa que gere tudo, sem que os homens se apercebam, e usam qualquer meio à sua disposição para promover a irmandade.
Em “Dune: Prophecy”, as Bene Gesserit usam Desmond Hart como “faz tudo”
Travis Fimmel (“Vikings“), interpreta Desmond Hart, um soldado que tem como objetivo conquistas as graças do Imperador, eliminando os seus inimigos e ajudando-o sem que Corrino tenha de o pedir. Isto torna-o num aliado poderoso, no entanto, Hart é também um peão no jogo das Bene Gesserit, servindo como uma espécie de “faz tudo”.
- Desmond Hart, o vilão de Arrakis, está também a tentar influenciar o imperador ao queimar todos os seus inimigos. O que diz a relação entre o rei e este estranho perigoso sobre o código moral do imperador?
No início, o seu controlo, não só relativamente à relação com a sua esposa mas também à aquisição de Melange em Arrakis pela qual ele é responsável, é tão frágil, que qualquer coisa que o ajude a estabelecer poder, e que o faça sentir-se confiante nesse poder, é bem-vinda.
Inicialmente, quando o Desmond Hart aparece e revela os seus talentos especiais, levando a cabo a sua vontade sem que isso lhe seja pedido, o Imperador vê-o como um guarda-costas, um gladiador e “agente da lei”. Ele é completamente convencido por ele. Ele é um pouco instável e uma espécie de futuro “faz tudo” das Bene Gessirit.
- O que é mais interessante de fazer “Dune: Prophecy” para um público que já conhece a saga cinematográfica?
A série acontece 10.000 anos antes dos filmes, e enriquece o mundo. A estética é diferente – os filmes acontecem no deserto de Arrakis e os seus vermes da areia. Mas este mundo é cinzento metálico, com flashbacks da batalha com as máquinas inteligentes na sequência de abertura. Nunca vimos isso nos filmes. É um assunto moderno tendo em conta que, lentamente, todos estamos a perceber o quão somos controlados pelos nossos telemóveis e pelo advento da IA.
Já tiveste oportunidade de ver os primeiros episódios?