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The End of The F***ing World, segunda temporada em análise

A série fora da caixa, The End of the F***ing World, regressou à Netflix- mais calma, mais ponderada e num ritmo menos alucinante que a temporada anterior.

James. Alyssa. Homicídio. Fugiram. Foram apanhados. Fim da história. Ou assim pensámos, pelo final da primeira temporada.

O jovem psicopata e a rapariga depressiva foram responsáveis pela morte de Clive Koch, um professor universitário que tentou abusar sexualmente de Alyssa. Emergem numa fuga, no decurso da qual são apanhados pela polícia num momento bastante “Bonnie & Clyde”. James (Alex Lawther) é alvejado, deixando o destino da personagem em aberto (apesar de a audiência presumir a sua sobrevivência).

Deste modo, durante muito tempo, persistiu a incógnita acerca do regresso desta série que insiste em ficar bem fora da caixa. Porém, no passado dia 5 de Novembro, “The End of the F***ing World” voltou a marcar presença no catálogo da plataforma de streaming Netflix, com oito novos episódios que se vêem facilmente numa pequena maratona.

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Charlie Covell, também argumentista da primeira temporada, procurou marcar o regresso deste pequeno grande tesouro da televisão com uma evolução das personagens principais, salientando a importância que a saúde mental tem (ou deveria ter) na vida de alguém.

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Jessica Barden ©Netflix

Após o desfecho trágico da primeira temporada, Alyssa (Jessica Barden) encontra-se instável e perturbada mas finge estar bem. Muda de cidade com a família, procura seguir em frente sem James na sua vida, chegando inclusive a casar.

Nesta segunda temporada a família continua a ser um tópico sensível e algo potenciador de traumas. Se na primeira temporada percebemos que a mãe de James se suicidou e o pai, Phil (Steve Oram) mal soube lidar com isso, agora é a vez de o protagonista perder o pai, o que o leva a carregar as suas cinzas ao longo de todos os oito episódios. Já Alyssa tem um pai drug dealer, que vive isolado de todos, enquanto a sua mãe, Gwen (Christine Bottomley), vive uma relação tóxica que tem o fim à vista.

O fio condutor da primeira temporada foi a fuga de James e Alyssa que, algures no decurso do caminho, num momento algo tarantinesco assassinaram Clive Koch (Jonathan Aris), um doentio professor universitário que abusava sexualmente das suas alunas, fotografando-as e filmando-as antes de se desfazer dos corpos sem vida. Agora, volvido um ano (e uns meses) Clive Koch continua a ser a cola que liga as peças do puzzle mas, desta vez, através de uma nova personagem que é aqui introduzida logo nos primeiros minutos do primeiro episódio – Bonnie.

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Naomi Ackie ©Netflix

Ao que parece, Bonnie (Naomi Ackie) era uma das alunas na lista de Clive. Porém, apresentada como alguém que só conhece o amor quando o professor entra na sua vida, Bonnie mostra-se destemida na sua demanda de encontrar e matar os assassinos do seu mais-que-tudo. Bonnie foi criada sob a ideia de tough love – as pessoas são castigadas como prova de amor e, quanto mais forte o castigo, maior essa demonstração – pelo que não teme qualquer punição pela morte que idealiza para James e Alyssa.

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Neste comeback ambos os protagonistas estão diferentes. Alyssa está apática e casada com Todd (Josh Dylan). James está de luto, mais sensível e apaixonado (por Alyssa), arrependido de tudo o que correu mal no passado.

Apesar de ter um fio condutor mais fraco e as personagens se encontrarem menos psicóticas e depressivas do que na temporada anterior, o desempenho de Alex Lawther e Jessica Barden continua ao nível da excelência fazendo o espectador eleger esta relação tão disfuncional como o casal do ano. Algures entre “Romeu e Julieta” e “Bonnie & Clyde”, James e Alyssa têm uma essência própria que cativa o público tanto pelo seu lado psycho como pelas tiradas sensíveis que chegam a ter o seu quê de romantismo.

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Jessica Barden e Alex Lawther ©Netflix

Se na primeira temporada somos atraídos pelo caos, que nos prende nesta montanha russa de emoções psicóticas e delírios sangrentos, agora, nesta segunda temporada, somos presenteados com uma mudança algo brutal e inesperada nas personalidades de James e Alyssa. Mas tendo em conta as circunstâncias e o desfecho da temporada anterior, esta permuta chega a ser justa e conseguimos ver, ainda, resquícios do espírito rebelde e confuso que palpitava nos seus corações nos primeiros oito episódios.

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De certa forma, esta temporada serve apenas para dar a James e a Alyssa um final mais feliz e merecido, mesmo depois da chegada de Bonnie que promete disparar as duas balas com os nomes de ambos.

Apesar de todas as divergências face à temporada anterior, “The End of the F***ing World” mantém a sua categorização de série americana com humor demarcadamente britânico, com uma (grande) pitada de dark comedy já bastante característica e tiradas algo satíricas.  A par disto, toda esta segunda viagem de James e Alyssa é acompanhada por uma banda sonora de excelência que ficou, mais uma vez, a cargo do guitarrista dos Blur – Graham Coxon.

Com uma narrativa bizarra, personagens deveras cativantes, humor bastante negro e momentos tanto sangrentos como marcantes, “The End of the F***ing World” promete ser, nesta segunda temporada, uma viagem menos alucinante e mais comedida que a anterior, conseguindo resgatar tudo o que sobrou de bom do primeiro ano, ainda que, para isso, sacrifique a poesia de deixar o desfecho a cargo do espectador.

TRAILER | THE END OF THE F***ING WORLD SEGUNDA TEMPORADA

Fãs da série, estão por aí? Concordam com esta segunda temporada ou esta devia ter sido uma daquelas séries que tem apenas uma season?

The End of the F***ing World - Temporada 2
the enf of the f***ing world

Name: The End of the F***ing World

Description: James e Alyssa estão de regresso para uma viagem alucinante no comboio da psicose que se move a um ritmo desenfreado.

  • Ana Fernandes - 80
80

CONCLUSÃO

O MELHOR – A banda sonora que ficou, mais uma vez, a cargo de Graham Coxon dos Blur, a par com os desempenhos de Lawther e Barden que se mantêm de excelência.

O PIOR – A curta duração da temporada assim como uma redução na taxa de surtos psicóticos e depressivos a que os protagonistas nos habituaram na primeira temporada.

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