"The Boy and the Heron" | © Studio Ghibli

Miyazaki abre o TIFF e vai na senda do Óscar

Já se sabem os primeiros destaques do Festival de Toronto, evento com grande peso na corrida para os Óscares. Hayao Miyazaki tem o privilégio de abrir as festividades com aquele que se diz ser o seu último filme – “Kimitachi wa Dou Ikiru ka” também conhecido como “The Boy and the Heron.”

Na sua edição de 2023, o Festival Internacional de Cinema de Toronto, conhecido como TIFF, vai celebrar 47 anos de existência. Será um ano marcado pelas greves em Hollywood, razia de estrelas nos tapetes vermelhos e galas. Também há outro marco importante, sendo que, pela primeira vez, um filme de animação terá a honra de abrir as festividades. “The Boy and the Heron” é o mais recente trabalho do mestre animador Hayao Miyazaki, co-fundador do Estúdio Ghibli, e um dos maiores nomes no cinema japonês contemporâneo.

Lê Também:   A Volta ao Mundo em 80 Filmes

Como ainda só foi visto no Japão, sem promoção além de um singelo poster, esta será a primeira oportunidade para o público internacional experienciar a fita. Não que a obra ande com problemas em arranhar distribuição, sendo a fama de ser o último esforço de Miyazaki antes da reforma suficiente para garantir a curiosidade do mundo. De facto, a GKids já planeia estreia nos EUA até ao fim do ano, garantindo um lugar de destaque na corrida ao Óscar para Melhor Longa-Metragem de Animação. Atente-se que, em 2002, “A Viagem de Chihiro” do mesmo realizador foi o segundo filme a ganhar o galardão.

Além do mais, a mestria da GKids na promoção para prémios parece infalível quando combinada com o prestígio do TIFF, festival tão ligado ao verdadeiro início da competição de ouro cinematográfico. Parte disso deve-se ao timing, mesmo antes da temporada de prémios começar. Outro fator é a quantidade de títulos programados, havendo quem chame ao TIFF o maior festival de cinema à escala global. Contudo, um pormenor importante será a ausência de Júri, fazendo com que os críticos e as audiências ditem as maiores glórias do evento.

anatomie dune chute tiff toronto oscar
“Anatomie d’une chute” | © Les Films

Afinal, quem conquista o Prémio do Público no TIFF, raramente acaba o seu percurso sem umas quantas nomeações da Academia no currículo. Além de Miyazaki, já muitos outros títulos se confirmaram para o festival e as previsões dos Óscares vão-se adaptando em sua concordância. Veja-se, por exemplo, o caso de “Rustin,” a estrear na Netflix e com uma prestação de Colman Domingo que poderá resultar em reconhecimento enquanto Melhor Ator. “Anatomie d’une Chute,” vencedor da Palme d’Or em Cannes, terá oportunidade para encantar o TIFF também sem se ter de preocupar com o ofuscar das estrelas Americanas.

Lê Também:   76º Festival de Cannes | Anatomie d’une Chute: Dissecar um Casal

Será que a realizadora Justine Triet e a atriz Sandra Hüller conseguem repetir o triunfo da Croisette no Canadá? Será que o mesmo acontecerá ao “Zone of Interest” de Jonathan Glazer e o “Monster” de Hirokazu Kore-eda, “La Chimera” de Alice Rohrwacher, “L’été dernier” de Catherine Breillat e tantos outros que tais? Com o apoio dos espetadores de Toronto, seria possível imaginar todos estes filmes bem posicionados para aclamação ao nível da Academia e comercialização além do circuito festivaleiro. Semelhante ocorrerá com obras a saltar de Veneza para o TIFF, como é o caso do “The Beast” de Bertrand Bonello e mais umas quantas apostas dos programadores.

the dead dont hurt toronto tiff oscar
“The Dead Don’t Hurt” | © Talipot Studio

Em estreia mundial estarão vários trabalhos de atores famosos em passagem para detrás das câmaras. Assim é o caso de Ethan Hawke que dirigiu a filha, Maya Hawke, no seu “Wildcat.” Anna Kendrick aposta tudo em “Woman of the Hour,” enquanto Viggo Mortensen volta a tentar a sorte de realizador com “The Dead Don’t Hurt.” Chris Pine é estrela e autor de “Poolman,” enquanto Kristin Scott Thomas se mantém fora do holofote para “North Star” com um elenco de luxo. Com isso dito, as grandes apostas para os Óscares de atuação têm estrelas em frente à câmara, mesmo que ausentes do festival por razões de greve.

Michael Fassbender poderá ter o seu grande regresso às bocas do mundo com “Next Goal Wins” de Taika Waitit, enquanto Annette Bening se vem a consolidar grande ameaça ao título de Melhor Atriz graças ao “NYAD” da Netflix. A equipa de “Lee,” também impõe respeito, começando com Ellen Kuras na cadeira de realizador e Kate Winslet no papel principal. Temáticas históricas, de guerra, associadas a nomes chamativos é fórmula certa para chamar as atenções aos votantes do Óscar. Só saberemos depois da estreia em Toronto, mas a expetativa é alta.

lee tiff toronto oscar kate winslet
“Lee” | © Vogue Films

Além destes filmes, muitos mais merecem destaque, tanto na onda geral do TIFF como na conversa específica dos Óscares. Nos próximos meses, a cobertura a tais assuntos continuará, com o foco na temporada dos prémios sempre uma prioridade aqui na Magazine.HD. Por agora, ficam estes apontamentos e o desejo de grande sucesso a todos os cineastas rumo ao Canadá. Quem sabe se o próximo campeão consagrado com o Óscar de Melhor Filme não passará nesses ecrãs do festival, perante o público exigente que tanto faz reis como os destrona. Uma coisa é certa – Miyazaki vai ser um estrondoso sucesso, com aplausos de pé e sonhos dourados para o futuro.

Quais os filmes do TIFF que te despertam maior interesse? Será a nova animação Ghibli de Miyazaki ou outro título do programa?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *