O Motelx chegou ao fim da sua 14ª edição, que aconteceu entre os dias 7 e 14 de setembro de 2020, e continuamos a rever os títulos em exibição nos últimos dias do festival.
No Serviço de Quarto encontramos uma das poucas entradas norte-americanas deste ano, “Scare Me”, da autoria de Josh Ruben.
No Serviço de Quarto deste MOTELx’20 , secção retrospetiva que procura o melhor do cinema de terror feito nos últimos dois anos, encontramos o irreverente filme norte-americano “Scare Me”. “Scare Me” é um filme desprovido de pretensão e que segue uma premissa bastante simples e clara: despir o terror de todos os seus artefactos e apresentá-lo da forma mais simples possível.
Com “Scare Me” temos direito ao “esqueleto” de uma história de terror: a narração de eventos episódicos em frente a uma luz, neste caso uma lareira que aqui substitui a fogueira. Este filme, estreado na secção de sessões da meia-noite do norte-americano Sundance Filme Festival, acompanha a história de um escritor que aluga uma cabana nos bosques para trabalhar no seu novo romance.
O nosso protagonista Fred conhece Fanny, uma campeã de vendas dentro do género do terror. Durante uma tempestade Fanny procura a companhia de Fred para enfrentar uma falha de electricidade e propõe uma forma especial e adequada para passarem aquela noite. Os dois ficariam acordados a contar histórias assustadoras um ao outro.
Lançado o mote para “Scare Me”, à medida que a noite vai avançando a tensão vai aumentando. Progressivamente, Fred começa a encarar Fanny de outra forma, à medida que tem de lidar com a presença de uma escrita mais jovem, imaginativa e bem-sucedida do que ele. Esta tensão acumula rumo ao desfecho final, mas o que levamos da história é mesmo o seu elemento central, as histórias assustadoras e a sua natureza extremamente oral, complementada por um pequeno efeito que graceja o ecrã aqui ou ali. Não são de facto necessários, mas acrescentam o ar da sua graça.
Esta é a primeira longa-metragem da autoria de Josh Ruben, que previamente criou múltiplos videos para o popular canal “College Humor”. Esta narrativa meta procura estudar e subverter aquela que é a estrutura tradicional do filme de terror. Suporta-se acima de tudo nas interpretações dos dois atores centrais e de um bem-vindo “convidado” a certo ponto.
“Scare Me” procura trazer o terror de volta às suas origens, pessoas à volta da fogueira a contar histórias. A sua inteligência reside na simplicidade da sua premissa.
O MELHOR: A simplicidade de um enredo que pretende enfatizar o terror como uma ferramenta para contar histórias.
O PIOR: A história não tem muito para evoluir e torna-se facilmente cíclica.