Elenco de "Nine Perfect Strangers" © Prime Video

Nine Perfect Strangers, primeiras impressões

Está a chegar à Prime Video, a série Nine Perfect Strangers do mesmo criador de Big Little Lies e protagonizada por Nicole Kidman. 

[sem spoilers da minissérie Nine Perfect Strangers para que os espectadores possam desfrutar melhor da experiência]

Bem vindos à página da MHD que promete levantar-te numa viagem pelos sentidos, onde encontrarás a o sossego e a calma com as quais não te consegues deparar atualmente. Hoje vamos adotar técnicas de respiração adequadas às tuas necessidades e vamos ajudar-te a resolver os teus problemas. Hoje vais sentir pela primeira vez uma série televisiva que te levará numa montanha russa de emoções, e que te mostrará como ainda há possibilidade de começar do zero e ser um espectador feliz. Tu és capaz e tu sabes que és capaz, por isso a MHD tem a resposta: “Nine Perfect Strangers“.

Assim começamos esta nossa crítica de primeiras impressões a “Nine Perfect Strangers“, a nova série original da Hulu que te transporta a Tranquillum House, um recôndito spa luxuoso, onde todas as mágoas e feridas do coração têm uma solução.

“Bem-vindos a Tranquillum House. Iremos ajudar-te a estar bem. Tu vieste aqui para sarar e esta será uma viagem maravilhosa [..] Por vezes será desagradável, mas não há nada a temer. Tu és meu agora…. e tu queres ser meu.”, Masha (Nicole Kidman) em Nine Perfect Strangers

A Magazine.HD já viu os primeiros seis episódios (num total de oito) da nova série original Hulu, cuja estreia em Portugal está agendada para o próximo dia 20 de agosto na plataforma de streaming Amazon Prime Video (uma parceria feita entre as distribuidoras, uma vez que a Hulu não está disponível em território europeu). Esta é realmente uma das minisséries mais desejadas do ano sobretudo pelo seu elenco de peso, onde se destacam os nomes de Melissa McCarthy, Luke Evans, Bobby Cannavale, Regina Hall, Samara Weaving, Asher Keddie, Tiffany Boone, Grace Van Patten, Manny Jacinto, Melvin Gregg e Michael Shannon.

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Além disso, a trama marca a contínua aposta de Nicole Kidman em formatos televisivos, depois dos sucessos das duas temporadas de “Big Little Lies“, no qual venceu o Emmy de Melhor Atriz em Minissérie ou Telefilme e também de “The Undoing“, ao lado de Hugh Grant. Curiosamente estas três séries foram criadas por David E. Kelley, uma das mentes criativas mais poderosas a trabalhar na televisão norte-americana e que continua em estado de graça. O produtor aproveita-se de semelhantes ambições dos projetos anteriores, encabeçados por personagens femininas, para mostrar as misteriosas forças existentes num retiro de luxo e para lançar uma crítica ao respetivo mercado – mas já aí vamos.

Arriscamos ainda a comparar “Nine Perfect Strangers” a outra das séries do momento “The White Lotus” que recentemente foi lançada noutra plataforma de streaming, a HBO Portugal e que coloca as mesmas questões, na maneira como os ricos e milionários se relacionam uns com os outros, os seus atritos e as suas discussões diárias.

Bem-vindos a Tranquillum | Nine Perfect Strangers

amazon prime video
© Amazon

Neste sentido, “Nine Perfect Strangers” ou “Nove Perfeitos Estranhos” é um sobre pessoas à procura de respostas e de novo começos para as suas vidas, onde já não existem ambições pessoais, objetivos fixos e onde domina a angústia e a depressão. Entre esses indivíduos encontramos Frances (Melissa McCarthy), uma romancista à beira de um ataque de nervos, Tony (Bobby Cannavale) um homem barbudo e em aparente mal estado que procura resolver uma dolorosa dor física, e até uma dona de casa Carmel (Regina Hall) que fica ofendida praticamente com tudo aquilo que lhe chega ao ouvido. Estas e outras personagens têm apenas em comum a dor que comungam nas suas almas.

Todos os pacientes são confrontados com as maneira pouco ortodoxas de tratamento levantadas a cabo pela deusa loira de cabelos compridos Masha – a diretora da Tranquillum House – e pelos membros da sua equipa. Estas novas pessoas não se importam de submeter a testes pioneiros, porque afinal são eles que imploram por uma solução. Em relação ao que vai acontecer ao longo desta minissérie não queremos contar tantos pormenores, mas percebemos que há uma necessidade de “Nine Perfect Strangers” destacar a implementação de novos métodos científicos e medicinais – que vão desde a prática de yoga ao consumo aditivo de substâncias psicoativas através de deliciosos smoothies  – no tratamento de problemas físicos, psicológicos e até familiares. “Nine Perfect Strangers” quer evidenciar como há uma falha no mercado da saúde mental e o quanto, por vezes, não existe outra resposta senão recorrer a medidas não legais para que se possa atingir a máxima ‘tranquilimdade’. David E. Kelley chama à atenção para o facto desses métodos estarem apenas disponíveis àqueles que levam um estilo de vida mais burguês, enquanto os mais humildes terão que infelizmente viver atormentados com os seus traumas. Como diz o ditado, “Tranquillum é para quem pode, não é para quem quer”.

Cada personagem tem um papel importante e cada personagem vai procurar respostas de diferentes maneiras. Assim, “Nine Perfect Strangers” acaba por ser um jogo em termos de género, porque apesar de ser promovida como uma série de suspense, resulta em momentos de diversos formatos televisivos. Um deles é mesmo o género da sitcom, graças ao romance inaugurado entre duas personagens e que dominam bem esse tipo de formato. Outras vezes, “Nine Perfect Strangers” parece uma projeção moderna de qualquer filme-noir ou hitchcockiano, e noutros momentos um drama queer. Apesar de ainda não termos visto todos os episódios – faltam os últimos dois – percebemos que “Nine Perfect Strangers” faz uma descontrução do próprio universos televisivo onde há espaço para tudo porque, tal como a vida, tem os seus altos e baixos, e nada é tão lineal como queremos. A cada novo episódio somos acompanhados por um novo segredo, por uma nova descoberta sobre cada personagem à medida que vão enfrentar mais arduamente o seu medo.

Claro que existem algumas falhas, sobretudo no primeiro episódio que não é só demasiado curto, como o tempo investido em cada personagem é relativamente mínimo. Em menos de 45 minutos praticamente nada nos gera o interesse em querer conhecer mais sobre esta aventura e sobre os inquilinos de Tranquillum, à excepção de tão aguardada aparição de Nicole Kidman. É ela a principal razão pela qual deverás colocar esta série na tua agenda todas as semanas a contar do dia 20 de agosto. De qualquer forma, vale a pena frisar que a falta de originalidade desta obra tenha muito a ver com o material de base, um reconhecimento feito pela própria Liane Moriarty, a escritora do romance no qual esta história está baseada. São várias em vezes em televisão, em cinema e em literatura onde tudo começa com a reunião entre pessoas estranhas e claramente “Nine Perfect Strangers” não se consegue desvencilhar num primeiro momento desses velhos costumes das narrativas. Há até um certo desconforto e falta de empatia com aqueles pacientes, que a princípio parecem nada ter a ver connosco. São ricos, e têm tudo ao seu alcance, como não conseguem ser felizes?

“Nine Perfect Strangers”, a nova série com Nicole Kidman

Nicole Kidman
Nine Perfect Strangers | © Hulu

Outra questão pertinente em “Nine Perfect Strangers” é servir uma espécie de reality-show, na forma como as personagens são tratadas. Se muitos de vós confundiram os cartazes nos quais Nicole Kidman aparece com uma nova promoção “Big Brother” ou “Secret Story” com a mítica apresentadora portuguesa Teresa Guilherme estão perdoados. Mesmo sem acesso à tecnologia, a intriga desta série coloca a personagem de Nicole Kidman como a grande observadora de todos os acontecimentos, a única pessoa que pode controlar tudo e todos e que está onde precisa estar. A sua Masha – Kidman dá vida a uma mulher russa apesar desta série ter veia 100% australiana – é a grande mãe e irmã deste mundo, que está disposta a tudo. Isolada da sociedade consegue ser uma espécie de Deusa que todos deverão obedecer, mas tem algo de particular que ansiamos descobrir. Cada vez que aparece, os olhos de Kidman abrem-se e parecem exigir coisas que nós temos gosto em obedecer. Uma coisa é certa, na procura da felicidade, todos os seus pacientes mergulham no perigo, mergulham nos seus olhos ardentes de Diabo e corpo angelical.

Uma nota em particular para a rodagem de “Nine Perfect Strangers” que foi afetada pela crise pandémica nos EUA, e viu-se forçada a transferir a produção para Austrália. Mais de 1.400 membros da equipa e seus familiares conseguiram viajar para este país. É óbvio que não deixa de existir uma dialética interessante entre a realidade e a ficção de “Nine Perfect Strangers”, e a essa necessidade de serem encontradas respostas na meditação, na oração e na paz física e mental para os problemas que tanto assombram a Humanidade em plena pandemia. Abaixo partilhamos novamente o trailer desta série com realização de Jonathan Levine (“50/50”):

Ansioso pela estreia de “Nine Perfect Strangers”? A estreia acontece no próximo dia 20 de agosto e a cada semana serão lançados novos episódios. Fica também atento às novidades da MHD, pois falámos com duas estrelas deste projeto e em breve iremos partilhar as entrevistas contigo. 

Nine Perfect Strangers, primeiras impressões
  • Virgílio Jesus - 75
75

CONCLUSÃO

O MELHOR: A história que vai tornando cada episódio muito mais interessante e desperta-nos o interesse para as questões atuais sobre saúde mental e os métodos nos quais deverá ser trabalhada.

O PIOR: A fragilidade do primeiro episódio e a dificuldade em estabelecer uma conexão entre personagens e espectador.

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