Emma Stone e Ryan Gosling em "La La Land" (2016) |©Summit Entertainment/ Pris Audiovisuais

Os Melhores Musicais No Cinema Do Século XXI

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Quase duas décadas volvidas desde o início do século XXI, e 19 anos mais tarde, estamos em condições para apresentar os 20 melhores musicais desde o arranque do novo milénio. Um por ano, vamos descobrir  o melhor do musical no cinema de 2000 a 2019!

O género musical nasceu no teatro, e tem as suas origens nos séculos XVIII e XIX, maioritariamente nas cortes e festas da alta sociedade britânica. Durante muito tempo uma tradição demarcada anglo-saxónica, ainda hoje o género do musical é acima de tudo associado aos ingleses, e também a alguns dos seus “filhos”, os norte-americanos. Para um West End britânico existe uma Broadway norte-americana. Do teatro para o cinema, a maioria dos célebres musicais na bilheteira do grande ecrã são adaptações de velhos clássicos. Contudo, existem algumas surpresas. Vamos descobrir o mundo dos musicais! 

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2000 – DANCER IN THE DARK

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Björk em “Dancer in the Dark” (200) |©New Line Cinema

Começamos em altas, e num registo original, com a célebre obra que Björk protagonizou no cinema. Assinado por Lars von Trier , “Dancer in the Dark” é uma introdução perfeita a esta lista, e um título que escapa às normas das entradas que esperamos num registo ligado a musicais no cinema.

Um dos maiores clássicos da carreira de Lars Von Trier, “Dancer in The Dark”, filme vencedor do Óscar de Melhor Canção Original, é um filme situado em 1964, numa pequena cidade do estado de Washington. Aqui, Selma Jezková, uma imigrante de leste, e o seu filho pré-adolescente, Gene, vivem numa caravana alugada. Trabalha numa fábrica e está em risco de cegar, com uma condição genética. Encontra-se nos Estados Unidos pois pretende poupar dinheiro suficiente para uma operação aos olhos do filho. Um belo filme melancólico com uma banda-sonora à altura.




2001 – MOULIN ROUGE!

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Nicole Kidman em “Moulin Rouge!” (2001) |© Twentieth Century Fox

Em 2001, bem no início da década, foi lançado um dos musicais mais importantes da história do cinema. Desde já, “Moulin Rouge” não é uma criação adaptada do palco ao ecrã, mas sim uma criação original de seu pleno direito. Uma narrativa dramática, que bebe de influências múltiplas e que nos faz rir, sorrir e por fim, chorar. Protagonizado e interpretado na voz por Nicole Kidman e Ewan McGregor, é um dos romances mais melodramáticos de Baz Luhrmann, ele que tem já uma queda para o melodrama, como podemos concluir com obras com “O Grande Gatsby” (2013) ou “Romeu + Julieta” (1996).

Como sabemos, Baz Lurmann tem um carinho especial por anacronismos. Música de épocas dispares, elementos que entram em conflito com o cenário onde estão presentes. É um mecanismo bem frequente nas suas obras, e “Moulin Rouge!” não foi de forma alguma excepção.

Estamos em Paris, em 1899, mais especificamente em Montmartre, local onde ainda hoje encontramos o celebre cabaré Moulin Rouge. Christian (Ewan McGregor) apaixona-se por uma das cortesãs do cabaré, Satine (Nicole Kidman). A questão paira no ar? É o amor capaz de enfrentar tudo? Os mash ups que combinam música da época com pop contemporânea e diversas estrelas contemporâneas são um traço distintivo, e este anacronismo demonstra-se ainda pela música que mais se celebrizou a partir do filme, a sua verdadeira melodia- “Lady Marmalade”, a música boémia, banda-sonora , interpretada por Christina Aguilera, Pink, Lil’ Kim e Mýa. Uma nova versão de um êxito de 1974 do grupo Labelle.

Visualmente cativante, dramático, dominado pela música, desejo e luxuria, “Mouling Rouge” é inesquecível.




2002 – CHICAGO

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Catherine Zeta-Jones em “Chicago” (2003) |© Miramax

 Altura para escolhas. 2002 viu o lançamento do importante filme semi-biográfico de Eminem, “8 Mile” e também a explosão de uma das mais populares adaptações de um musical da Broadway ao cinema. Escolho assim o segundo, cuja banda-sonora muito me acompanhou, infância e adolescência a dentro.

“Chicago” tem talvez algumas das músicas mais memoráveis da história dos musicais – “We Both Reached for the Gun”, “Cell Block Tango”, “When You’re Good to Mama”, entre tantas outras. Todas elas regressam aqui em força, graças à realização de Rob Marshall e às magníficas prestações de Renée Zellweger, Catherine Zeta-Jones, Richard Gere , Queen Latifah e John C. Reilly. Adorado pela crítica e pela academia, e vencedor de 6 Oscars, incluindo: Melhor Filme e Melhor Atriz para Zeta-Jones, “Chicago” foi nomeado para nada mais, nada menos do que 13 estatuetas douradas. É provavelmente uma das mais completas aventuras musicais no cinema, munida de um sarcasmo persistente, que nos diz que estas mulheres de inocentes nada têm, e que tal não podia interessar menos. Já diz a sua “tag line” – “With the right song and dance, you can get away with murder”.

Estamos na Chicago de 1920, e Velma Kelly (Zeta-Jones), uma atriz e dançarina famosa, mata o seu marido e irmã quando os encontra a praticar adultério. Já Roxie Hart (Zellweger) mata o seu amante quando compreende que este lhe mentiu e que não a vai tornar uma estrela. Estão juntas no corredor da morte, mas rapidamente compreendem que a fama e os holofotes tudo ofuscam.




2003 – ESCOLA DO ROCK

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Jack Black em “A Escola do Rock” |©Andrew Schwartz – Paramount Pictures. All Rights Reserved.

 A comédia musical protagonizada por Jack Black não entra dentro dos cânones do género, e ainda bem. Este filme, inesperadamente realizado por Richard Linklater – sim, o mesmo Linklater da trilogia dos “Before” ou de “Juventude Inconsciente” (1993), depressa se tornou uma espécie de clássico. Com um orçamento de cerca de 35 milhões de dólares, o filme gerou mais de 130 milhões na bilheteira mundial, o que se classifica como bem sucedido . De 2003 a 2015, até sair o segundo “Pitch Perfect – No Ritmo Perfeito”, “School of Rock” foi a comédia musical com mais facturação da história do cinema.

 É um produto distinto, tendo-se tornado quase uma marca. É também uma peça musical, e uma série de televisão do canal infantil Nickelodeon. A série para os mais jovens é precisamente inspirada no filme de Linklater. O que mostra o sucesso inegável deste filme é o facto do mesmo ter sido adaptado à Broadway em 2015, invertendo a lógica comum das peças musicais serem adaptadas ao cinema. Aqui, o triunfo do filme determinou o processo inverso.

A narrativa de “School of Rock” é simples e encantadora. Dewey Finn (Jack Black) é expulso da sua banda, e arranja um emprego como professor de substituição numa escola privada posh, onde transforma a sua turma queque numa banda de rock. A praia de Jack Black, que contagia toda a gente. A primeira manifestação de um super-talento que se viria a confirmar no seu magnífico “Tenacious D”.

 



2004 – O FANTASMA DA ÓPERA

Emmy Rossum
Emmy Rossum e Gerard Butler em “O Fantasma da Ópera” (2004) | ©Scion Films Phantom Production Partnership

 Mais uma adaptação clássica de um romance do West End, desta vez um dos maiores legados de Andrew Lloyd Webber. “Phantom of the Opera” fora originalmente um musical britânico, criado em 1986, e que é um dos que mais longevidade alcançou. Há 28 anos que está em cena no West End, e é também o musical mais antigo da Broadway. O espectáculo rendeu globalmente mais de 3.4 mil milhões de libras, e continua a ser uma das peças musicais mais populares e publicitadas, até já tendo tido direito a sequela.

Com tamanho registo de feitos impressionantes, não é de estranhar que esta adaptação ao cinema por parte de um grande estúdio, no século XXI, tivesse de acontecer. O filme, protagonizado por Gerard Butler, Emmy Rossum e Patrick Wilson dividiu a crítica mas ainda conseguiu três nomeações às estatuetas douradas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

O filme agradou ao público, sem grande surpresa, conseguindo fazer mais de 150 milhões de dólares nas bilheteiras mundiais. Apesar das críticas positivas e negativas a contrariarem-se, e a dialogarem entre si, o argumento e a realização foram os mais criticados, tendo a interpretação de Rossum sido amplamente elogiada, bem como os aspectos visuais estonteantes.




2005 – OS PRODUTORES

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Uma Thurman e Nathan Lane em “Os Produtores” (2005) |©Universal Pictures

 2005 não foi um ano muito bem-servido no que diz respeito ao registo musical no cinema. Procurei e procurei, mas entre filmes como a biografia de 50 Cent ou uma adaptação pouco satisfatória de “Rent”, parece que o musical não saiu a vencer. Regras são regras , e por isso destaco, para 2005, “Os Produtores”, uma comédia musical Nathan Lane, Matthew Broderick e Uma Thurman nos papeis principais.

Seguindo a longa tradição que aqui se reflecte, este filme baseia-se numa peça da Broadway estreada em 2001. “The Producers” pouco se destacou junto do público e crítica especializada, mas captou a atenção dos Globos de Ouro norte-americanos, sendo nomeado para Melhor Comédia ou Musical, Melhor Ator Principal (Nathan Lane) e Secundário (Will Ferrell), bem como melhor música com “There Nothing Like a Show on Broadway”. Como sabemos, Hollywood é fã de um bom filme sobre showbiz, e assim se safa esta produção, que apesar desta promoção por parte da Hollywood Foreign Press não conseguiu compensar o seu orçamento de 45 milhões de dólares, facturando apenas 38 na bilheteira mundial.

“The Producers” conta a história do produtor Max Bialystock, que depois de produzir três musicais falhados se envolve num novo projecto – preparar o pior espectáculo do mundo – “Springtime for Hitler”. Este é também um remake de uma produção de 1967.




  2006 – TENACIOUS D – ROCK DOS INFERNOS

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Jack Black e Kyle Glass em “Tenacious D – Rock dos Infernos” |©New Line Cinema

Bem mais feliz do que 2005, 2006 viu estrear produções como “Dreamgirls”, com uma interpretação maravilhosa por parte de Jennifer Hudson, “High School Musical”, que não é uma obra de qualidade mas é importante nos anos formativos de muitos jovens na casa dos 20 ou “Happy Feet”, um adorável filme de animação sobre um pinguim muito musical. Contudo, destaco antes a segunda obra protagonizada por Jack Black a constatar desta lista – a sua maravilhosa viagem ao cinema com a dupla musical Tenacious “D. Tenacious D” não foi nem um fenómeno de popularidade, nem um sucesso da crítica. Ainda assim, é uma divertida aventura a não descartar.

No inglês “Tenacious D in the Pick of Destiny” é a história de um grupo de amigos falhados, uma parelha que vai, involuntariamente, alterar a história do rock para sempre, tudo devido à dita “palheta do destino”.




 2007 – NO MESMO TOM

“Once” (2007) |©Buena Vista International

2007 é um ano difícil. Por um lado, podemos escolher entre “Across the Universe”, homenagem apaixonada aos Beatles. Temos também a aventura familiar “August Rush”, bem como a produção da Disney “Uma História de Encantar”. A escolha torna-se ainda mais difícil quando concluímos que 2007 é também o ano de “Hairpray” e de “Once”, protagonizado por Glen Hansard.

É ainda  o ano de lançamento de “Sweeney Todd”, obra de Tim Burton que conta com excelentes interpretações de Johnny Depp e Helena Bonham-Carter. Algum tem de ser sacrificado, e “Once”, ou “No Mesmo Tom”, em português, acaba por ganhar a corrida. Glen Hansard é um talentoso músico, e prova aqui que é também capaz de preencher o grande ecrã. “Once” é um filme deliciosamente simples, com um enredo que nada deve à pretensão. É apenas sobre música e sobre amor, e conta com uma encantadora, memorável, inesquecível banda-sonora. Em “Once”, Hansard é simplesmente “Guy” e a desconhecida do grande público Marketa Irglova é apenas “Girl”, dois artistas de rua sonhadores e melódicos. Um filme pequeno, mas que conseguiu voar bem alto, vencendo inclusive o Oscar para Melhor Música original pela bela “Falling Slowly”, hino incontestável do filme, música composta pelos dois músicos que protagonizam a obra.

O filme foi realizado e escrito pelo irlandês John Carney que voltou aos mesmos moldes com Num Outro Tom (2013), uma espécie de versão americana informal desta obra demasiadamente europeia. Novamente sobre músicos de rua, mas desta vez munido do star power de Keira Knightley e Mark Ruffalo. Em 2016, Carney regressaria a este modelo musical com “Sing Street”, comprovando que esta é de facto a sua “praia”, e que bela melancólica praia.




2008 – MAMMA MIA!

Mamma Mia!
Meryl Streep em “Mamma Mia!”(2008) | © Universal Pictures

Não há implicação por parte da redatora deste texto que o negue: “Mamma Mia” é o filme musical do ano de 2008. Esta produção cinematográfica baseia-se no musical criado por Catherine Johnson, com o mesmo nome, estreado em Londres em 1999, e cujo sucesso mais que justificou a transição para o grande ecrã. “Mamma Mia” é uma comédia romântica animada e musical, onde a narrativa é contada através de músicas do grupo pop sueco Abba, o qual se celebrizou no concurso de televisão Eurovisão.

O filme é uma obra de elenco, protagonizada por Amanda Seyfried, mas que se faz, acima de tudo, com um elenco diversificado que conta com nomes como Pierce Brosnan, Dominic Cooper, Colin Firth, Stellan Skarsgård, Meryl Streep ou Julie Walters. O enredo segue a história da jovem noiva Sophie (Amanda Seyfriend), que convida três homens para o seu casamento. Todos eles têm a hipótese de ser seu pai, e está na hora de descobrir. Os ABBA narram e musicam este conto do início ao fim. Mal amado pela crítica, não deixou de render 600 milhões de dólares na bilheteira mundial.

Passados 10 anos, teve finalmente direito a uma antecipada sequela: “Mamma Mia! Here We Go Again”, filme que conta com a participação de Lilly James, interpretando uma jovem Meryl Streep, à medida que Sophie descobre mais sobre o passado invulgar da sua mãe. É-nos também apresentada a sua avó, interpretada pela inconfundível Cher, que dá novo encanto às músicas dos Abba e é sem dúvida o ponto alto do filme.




2009 – FAMA

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“Fama” | © MGM

 Ao contrário de anos como 2007, onde é impossível escolher apenas uma obra, 2009 trouxe-nos muito pouco para o género musical no cinema. Houve o falhado “Nine”, e mais uma adaptação de “Fame”, da qual não precisávamos na realidade. Trouxe ainda o filme da Hannah Montana, certamente mais relevante para uma geração de millenials, fixados na música  “The Climb”, do que uma outra adaptação de um clássico recuperado até à exaustão. A versão de 2009 de “Fame” traz de volta o musical de 1980, centrado num grupo de estudantes de uma Academia de Artes de Nova Iorque, commumente associada à Fiorello H. LaGuardia High School of Music & Art and Performing Arts, ou simplesmente “La Guardia”, uma escola de artes célebre, que produziu inúmeras estrelas de Hollywood, numa lista vasta que inclui nomes como: Jennifer Aniston, Morena Baccarin, Adrien Brody, Timothée Chalamet, Ansel Elgort, Al Pacino, Sarah Paulson, Sarah Michelle Gellar, entre muitos, muitos outros. Deixo assim esta lista, pois é vastamente mais interessante do que apenas mais uma adaptação de um clássico que já teve direito a filme e série.




2010 – BURLESQUE

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Christina Aguilera em “Burlesque” (2010) |© Sony Pictures Home Entertainment

 Um tiro ao lado em muitas frentes, “Burlesque” não deixa ainda assim de se apresentar como uma obra relativamente importante. Isto por se tratar de um musical no grande ecrã protagonizado por duas gigantérrimas divas da música – Cher e Christina Aguilera.

“Burlesque” foi a primeira e única longa-metragem realizada por Steve Antin, acima de tudo um ator. Esta falta de experiência é, de facto, notória. O filme, com um elenco invejável e vozes sonantes, não deixa de parecer ainda assim um pouco…amador…com falta de melhor palavra.




 2011 – FOOTLOSE – A MÚSICA ESTÁ DO TEU LADO

“Footloose” (2011) | ©Paramount Pictures

 Em 1984, o primeiro “Footlose” foi lançado. Em 2011, recuperamos mais uma versão bastante inútil do clássico de verão. Nesta história, Res McCormack é um adolescente com uma paixão por música. A sua vida é transformada quando abandona a cidade e se desloca para uma localidade pequena. Ren acaba por se apaixonar pela filha do referendo, Ariel, e por ter de corrigir alguns dos seus comportamentos. O filme original foi imortalizado por Kevin Bacon. A versão de 2011 tem uma outra desvantagem, abandona a “star quality” e escolhe protagonistas pouco conhecidos. Se tivéssemos de eleger um filme musical de dança para o novo milénio não seria este remake, mas sim o filme de 2006 protagonizado por Channing Tatum – “Step Up”.




 2012 – OS MISERÁVEIS

Les Miz
Samantha Barks em “Os Miseráveis” (2012) |©Universal Pictures

2012 foi sem dúvida uma boa colheita. Entre “Les Miserábles” e “Pitch Perfect”, muito dinheiro e espectadores foram canalizados para o género musical no cinema. Aqui, escolhemos dar destaque ao musical que valeu a Anne Hathaway o seu primeiro, e até agora, único Óscar. “Les Miseráble”, realizado por Tom Hooper (“O Discurso do Rei”), é a típica adaptação de literatura para musical, e de musical para o cinema. Apesar de ter dividido o público, bem como a crítica, o musical venceu três estatuetas douradas. Para além da vitória de Hathaway, o filme venceu ainda nas categorias de Maquilhagem e Mistura de Som. O filme foi ainda nomeado nas categorias de Guarda-Roupa, Música e Design de Produção. Hugh Jackman foi ainda distinguido com a nomeação pelo seu papel principal.

O filme é protagonizado por um elenco de luxo que conta com Jackman, Hathaway, Russell Crowe, Amanda Seyfried, Sacha Baron Cohen, Helena Bonham Carter, Eddie Redmanyne e Samantha Barks no papel de Éponine. Barks venceu um concurso televisivo, o qual lhe permitiu interpretar esta mesma personagem no antigo e popular musical do West End, e o seu carisma garantiu-lhe a participação na versão cinematográfica de “Os Miseráveis”.

Com mais de duas horas e meia, o filme comporta a grande maioria dos números musicais da peça da Broadway e West End. Foi criticado pelo público por ser em grande parte cantado, deixando muito pouco tempo para falas ditas. Um filme que vale a pena para os fãs dos formatos mais clássicos do género musical.




 2013 – FROZEN: O REINO DO GELO

Frozen - O Reino do Gelo
“Frozen – O Reino do Gelo” (2013) |©Disney/ NOS Audiovisuais

“Frozen” arrecadou mais de um mil milhão de dólares nas bilheteiras mundiais, tornando-o um dos filmes de animação mais lucrativos de sempre. Passados seis anos desde o lançamento do primeiro filme, multiplicam-se ainda os artigos de merchandise alusivos às duas princesas. A música de “Frozen” tornou-se particularmente icónica, nomeadamente “Let it Go”, interpretado por Idina Menzel, ou nas palavras de Travolta, Adele Dazeem, uma das maiores estrelas que a Broadway já viu.

Em 2013, vemos também ser lançado “Num Outro Tom”, ou “Begin Again” no original. O filme, criado também pelo realizador que nos trouxe “Once”, recupera um mesmo universo, o dos músicos de rua, mas desta vez numa versão mais vestida e com estrelas de Hollywood. A composição original, “Lost Stars”, na versão do filme pela voz de Keira e numa outra interpretação pela voz de Adam Levine vale também a pena.




2014 – CAMINHOS DA FLORESTA

Caminhos da Floresta
Anna Kendrick em “Caminhos da Floresta” (2014) |©Walt Disney Studios Motion Pictures/ NOS Audiovisuais

 Este ano traz mais uma produção de Rob Marshall a esta lista, embora uma não tão bem sucedida quanto “Chicago” (2003). Apesar da falta de amor por parte da crítica e mesmo do público, o estatuto já conquistado por Marshall permitiu que este filme voasse mais alto do que aquilo que este filme valeria a um realizador menos influente. No papel da bruxa, Meryl Streep recebeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Atriz num Papel Secundário. O Guarda-Roupa e Design de Produção foram também distinguidos com nomeações, mas foi a indicação de Streep a que mais surpreendeu.

Com um elenco de luxo, temos Anna Kendrick no papel de Cinderella, a qual já sabíamos ter dotes para a música graças a “Pitch Perfect”. Contamos ainda com outros dotados interpretes, nomeadamente os britânicos James Cordem e Emily Blunt. “Into the Woods” pretende ser uma versão moderna e atualizada de um clássico dos irmãos Grimm, aqui adaptada ao formato musical. São seguidos vários contos: o de Cinderella, do Capuchinho Vermelho, da Rapunzel, entre outras, estando todas elas entreligadas e ainda conectadas por uma história original acrescentada. Pensem um “Once Upon a Time” do cinema, mas mais mal conseguido e em versão musical!




  2015 – UM RITMO PERFEITO 2

Um Ritmo Perfeito
Anna Kendrick e companhia  em “Um Ritmo Perfeito 2” (2015) |©NOS Audiovisuais

 Após o enorme sucesso do primeiro filme em 2012, voltamos à universidade e ao grupo “acapela” – Barden Bellas – Anna Kendrick, Rebel Wilson, Brittany Snow e companhia estão de regresso para mais uma competição musical, desta vez realizada pela atriz (que agora trabalha também atrás das câmaras) Elizabeth Banks.

Sucesso moderado junto da crítica e do público, “Pitch Perfect 2” diz-nos que esta saga musical tem pernas e saúde para continuar por mais capítulos. Como aliás aconteceu num capítulo menos bem sucedido em 2017, o qual faturou também menos do que os filmes anteriores, com cerca de 185 milhões de dólares acumulados nas bilheteiras mundiais. Respeitável para o tipo de filme, mas abaixo do esperado, considerando que a saga “Pitch Perfect” (2012) é a terceira comédia musical mais lucrativa de sempre.

2015 trouxe-nos ainda outros títulos que devem ser brevemente assinalados. Por um lado, trouxe para o grande ecrã o género musical que mais representatividade tem neste momento nos Estados Unidos – o Hip Hope, neste caso com “Straight Outta Compton”, filme inclusivamente nomeado para o Óscar de Melhor Argumento Original.

“Love & Mercy – A Força de um Génio” é o terceiro lançamento musical que destacamos em 2015. Não tanto um musical, mas mais um filme sobre música, e acima de tudo sobre um homem. Este drama biográfico recupera a vida de Brian Wilson, protagonista dos Beach Boys, que é aqui interpretado na perfeição tanto por Paul Dano como por John Cusack. O filme não chegou aos Oscars, mas ainda valeu a nomeação ao Globo de Melhor Canção original para Brian Wilson e Scott Bennett, bem como o papel para Melhor Ator num Papel Secundário para o grande Paul Dano.




 2016 – LA LA LAND: MELODIA DE AMOR

Ryan Gosling e Emma Stone em “La La Land – A Melodia do Amor” (2016) | © PRIS Audiovisuais

Damien Chazelle, nascido em 1985, é um dos maiores prodígios da realização a aparecer na Hollywood dos últimos anos. Chazelle é detentor de alguns feitos impressionantes, que acarretam alguns sonantes recordes. Em 2017, “La La Land” venceu em grande nos Globos de Ouro. O filme venceu todas as suas sete nomeações aos Globos de Ouro, incluindo Melhor Realizador e Melhor Argumento. Todas estas indicações, conjugadas com uma restante temporada de prémios muito a favor de “La La Land” pareciam indicar inequivocamente que a estatueta mais cobiçada do ano iria para o filme. Foi, por breves minutos, antes de ficar para “Moonlight”. Ainda assim, o musical marca por ter sido nomeado para 14 prémios da Academia, um valor recordista. O filme levou ainda seis estatuetas, inclusive de Melhor Realizador. Aos 32 anos, Chazelle tornou-se o mais jovem receptor deste prémio.

“La La Land” é um feito. Um feito por criar de raiz um musical encantador e desprovido de pretensão sobre a indústria de Hollywood, a vaidade em Los Angeles e o poder esmagador dos sonhos. Um filme para os loucos e sonhadores do mundo, que traz à vida temas imortais como “Another Day of Sun”, “Someone in The Crowd”, “Audition” ou o premiado “City of Stars”. Um filme intemporal, que ainda agora só podia existir na Los Angeles das primeiras décadas do século XXI.




2017 – COCO

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“Coco” (2017) |©Walt Disney Studios Motion Pictures/ Pixar

2017 produziu cinema musical acima de tudo no campo dos blockbusters. Se “Beauty and the Beast” foi um verdadeiro recordista, é sobre o encantador “Coco” que aqui nos debruçamos.

“Coco” é um filme vencedor da Disney-Pixar, que se preocupa verdadeiramente em honrar as tradições mexicanas do “Dia dos Mortos” e que nos traz um conto encantador, e para lá de comovente, sobre a importância da memória. Um verdadeiro exercício sobre este conceito, “Coco” é um filme para todos, mas cuja mensagem é demasiado pesada para de facto passar a 100% para o público mais jovem.

Aqui, escolho citar a crítica de Jorge Mourinha, do Público, subscrevendo inteiramente este sentimento: “Estão a ver aqueles primeiros dez e maravilhosos minutos de Up! (2009) (…) Os dez minutos em que, sem precisar de diálogos, assistimos a uma vida inteira a passar com todas as suas alegrias e tristezas? Em Coco (…) esses dez minutos maravilhosos estão exactamente no fim do filme. E são tão maravilhosos que merecem enfileirar com os grandes momentos da história do estúdio”. Sim, o final emocionante de “Coco”, com todas as suas implicações maiores que a vida, merece tal destaque, e uma menção nesta lista é o mínimo a fazer por este belo filme, vencedor dos Oscars de Melhor Filme de Animação e Melhor Canção Original por “Remember Me”.




  2018 – ASSIM NASCE UMA ESTRELA

A Star Is Born
Bradley Cooper e Lady Gaga em “Assim Nasce uma Estrela” (2018) | © NOS Audiovisuais

2018 brindou-nos com dois gigantes êxitos nos quais a música está em primeiro plano. O regresso de Mary Poppins e a aventura musical de Lady Gaga. A quarta versão de “Assim Nasce uma Estrela” não é propriamente um musical, mas antes um filme povoado por um sem fim de músicas, mas ainda assim merece encaixar nesta categoria.

Lady Gaga, uma das maiores estrelas pop do mundo, tem por norma o mundo aos seus pés. O que lhe faltava era o reconhecimento fora do campo da televisão, isto no que à representação diz respeito. Atingiu-o com uma elogiada prestação em “A Star is Born”, a qual lhe valeu inclusivamente uma nomeação ao Oscar. Isto no campo da representação, pois embora não tenha vencido esta estatueta, o seu papel como Ally passou por muita cantoria, e a música nomeada a Melhor Canção Original, o hit número 1 “Shallow”, composta por Gaga, venceu na sua categoria, merecendo assim a Gaga, duplamente nomeada, a sua primeira vitória. E se há alguém em quem aposto para um EGOT em vida, é sem dúvida esta artista, nascida Stefani Joanne Angelina Germanotta, uma nova iorquina filha de imigrantes italianos.

O filme, realizador pelo ator e realizador Bradley Cooper, narra a história de um músico de sucesso em decadência (Jack) que ajuda um jovem talento a triunfar no mundo da música (Ally). Um filme sobre o peso da fama, que pega numa história muito antiga e clássica, conseguindo dar-lhe algo de novo. Um ótimo esforço para primeira longa-metragem!




 2019 – ROCKETMAN

Bandas sonoras
Taron Egerton em “Rocketman” (2019) |©NOS Audiovisuais

Ainda temos alguns meses até vermos 2019 concluido, e certamente veremos estrear mais musicais. Contudo, por agora, é seguro destacar em 2019 “Rocketman”, musical biográfico sobre a vida de Elton John. O filme aproveita a “onda” deixada por Bohemian Rapsody, filme sobre o astro Freddie Mercury e sobre os Queen, e conta a história de mais um súbdito de Sua Rainha, o Sir Elton John.

A estrutura narrativa é algo previsível, mas não deixa de tentar inovar aqui e ali, com saltos temporais e elipses que procuram espicaçar o espectador. Temos uma história contada com um tom muito humano, e sempre de forma muito musical. Embora a produção não se destaque, Taron Egerton é um Elton John bastante competente e credível, e quaisquer nomeações que caiam no seu colo serão mais que merecidas.

Por aí, teriam escolhido filmes diferentes em certos anos? 

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