© Inês Subtil, via Instagram

A série viral Rabo de Peixe também teve um papel solidário

“Rabo de Peixe” estreou em maio deste ano na Netflix e tornou-se rapidamente numa febre internacional, contudo, o projeto teve de certa forma uma vertente solidária que muitos esquecem. Em celebração do Dia Internacional do Cão Abandonado, lembramos Sky e as associações que estão por detrás do resgate de milhares de animais todos os anos.

Sky é o nome da cadela de “Rabo de Peixe” que encantou muitos espectadores com a sua energia e carisma, sempre ao lado de Eduardo (interpretado por José Condessa). No entanto, Killa, o seu nome verdadeiro, nem sempre esteve acompanhada de um dono leal e cuidadoso. Durante os primeiros anos da sua vida, Killa viveu num canil de Ponta Delgada onde em vez de um nome, era conhecida pelo número 18871.

Um dia, Sara Varatojo viu-a no Facebook e decidiu resgastar a pequena, “cabisbaixa, magra e com um olhar triste”. Sara Varatojo não é estranha a estes resgastes. Dona de uma empresa de pet sitting chamada Oh My Dog, a tutora de Killa tem salvo outros animais, numa missão que certamente parece interminável.

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A aventura de Killa começa quando Sara é contactada por Fernando Silva, da Educação, uma escola de formação e educação animal. Eles precisavam de um Fila de São Miguel para o casting de uma série, que viria a ser “Rabo de Peixe”, da Netflix. Depois de muitos truques e um teste de imagem, Killa seguiu para a vila açoriana onde se tornaria uma estrela. Segundo Sara Varatojo, ela “não gravava muitas horas e os takes demoravam à volta de cinco minutos”.

Assim, a Fila de São Miguel mais conhecida do mundo (e a verdadeira estrela de “Rabo de Peixe”), teve um final feliz, e temos a certeza de que ainda estarão pela frente muitos anos de brincadeira e amor. No entanto, são milhares os cães que continuam, como 18871 um dia esteve, num canil, ou na rua, à espera de uma família. Nesta missão sem fim estão não apenas pessoas comuns, como tu ou eu, mas também associações sem fins-lucrativos cujo voluntariado é essencial e já salvou muitas vidas. Para comemorar o Dia Internacional do Cão Abandonado, aproveitamos a popularidade de Killa (e de “Rabo de Peixe”), para relembrar a sua história e para te dar a conhecer alguns dos muitos grupos de proteção dos animais.

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Para teres uma ideia, segundo um artigo recente do Expresso, são 40 mil os animais de companhia abandonados em Portugal. Se os números já eram elevados, a pandemia, a crise económica e as “tradicionais férias sem animais”, levaram ao aumento rápido deste número. Estas são as associações que tentam mudar isso.




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Mikey, adotado no Movimento de Intervenção pelas Matilhas © MHD – Magazine.HD

MOVIMENTO DE INTERVENÇÃO PELAS MATILHAS

O Movimento de Intervenção pelas Matilhas é um projeto que começou pelas mãos de Catarina Veloso, Marta Correia (do PAN) e Ondina Ferreira (voluntária que alimentava as matilhas de rio), quando estas tentavam chamar a atenção para o problema das matilhas após dois cães terem sido encontrados sem vida em Santa Clara, Coimbra, e os media terem feito algumas publicações sobre o caso. Esquecidos pela maioria da população, os cães de matilha são aqueles que vagueiam as ruas, criando matilhas e tendo ninhadas descontroladas. À margem da sociedade, muitos deles são abandonados e maltratados até eventualmente padecerem de doenças ou por mão humana. Ao projeto juntaram-se depois Sofia Magalhães (atual presidente da associação) e Tiago Soares (que apoia a presidência de Sofia, ao lado de Catarina).

Em conversa, Catarina lembra que eles não são sociáveis (muitos fogem das pessoas), e que os canis não os conseguem apanhar (muitas vezes por falta de recursos), nem os abater e regressar a um passado onde estes animais nunca tinham uma segunda oportunidade.

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Assim, cabe a estas três voluntárias (seguidas de outros moradores da zona), alimentar estas matilhas e recolher algumas das ninhadas. Muitas ficam por adotar, mas têm neste trio um lugar seguro para viver, sorte que muitos dos seus irmãos e primos nunca conhecerão. “As adoções estão paradas”, continua Catarina. Durante a pandemia houve de facto um pequeno aumento. As pessoas procuravam uma companhia. Depois estagnou.

A crise económica só veio piorar esta situação. Com o poder de compra a diminuir, algumas pessoas veem-se obrigadas a darem os seus animais para evitar que passem fome. Outras, que gostariam de os adotar, não conseguem, pois têm de colocar a sua família em primeiro lugar. Existem ainda casos de pessoas que acabam mesmo por perder as suas casas, e os familiares que as acolhem não conseguem manter também os animais. E eles acabam quase sempre na rua.

A esterilização das matilhas e a criação de parques para cães, como existem já para gatos, são dois objetivos que o Movimento de Intervenção pelas Matilhas quer levar à frente. Impedindo que se proliferem (as cadelas podem ter até duas ninhadas por ano), e que tenham um lugar seguro para habitar. Outro grande apoiante destas medidas é o CED, um projeto que visa o controlo de colónias de gatos, e cujo lema é Capturar, Esterelizar, e Devolver.

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Enquanto isso não acontece, Catarina, Marta e Almedina, lideram uma das muitas associações portuguesas que se responsabilizam, sem lucros (e com muita despesa), pela alimentação e cuidado veterinário dos animais. Para as ajudar estão clinicas veterinárias, doações monetárias de quem acompanha o projeto, e de alguns voluntários que todas as semanas se deslocam a vários pontos da cidade para deixar água e comida aos animais.

A procura por famílias de adoção continua, bem como de pessoas que possam dar uma ajuda. E é aqui que pedimos a tua ajuda. Seja com uma pequena doação, com um apoio no local se fores de Coimbra, ou até com a adoção de um dos cães. Ao longo deste artigo, poderás encontrar mais alguns projetos, conhecidos dos nossos colaboradores, espalhados por todo o país. Convidamos-te também a deixar o nome de outras associações que gostasses de dar a conhecer.




cantinho da milu rabo de peixe
© Cantinho da Milu

O CANTINHO DA MILÚ

“Lutar, nunca desistir” é o lema d’ O Cantinho da Milú, uma Associação Protetora dos Animais, sem fins lucrativos, que nasceu no ano de 2007 em Setúbal, pelas mãos de Emília Silva. Conhecida pelos amigos como Milú, Emília inicia a sua jornada em 1993, quando o destino coloca à sua frente uma cadelinha com pouco mais de dois meses, em estado grave de saúde. O diagnóstico, uma parvovirose. Twice sobreviveu graças ao apoio daquela estranha, que poderia ter passado e continuado a sua vida.

Em fevereiro de 2007, depois de recolher vários animais abandonados, doentes, maltratados e acidentados, aos quais não poderia ficar indiferente, Emília adquire um terreno e ali nasce O Cantinho da Milú. Atualmente constituída como Associação Protectora de Animais, sem fins lucrativos, o espaço protege cerca de 750 cães.

UNIÃO ZOÓFILA

Nascida em 1951, sendo um dos projetos de ajuda animal mais antigo do país, a União Zoófila possui já 71 anos de história, trabalho e muita dedicação. Como os próximos dizem, “não sabemos quantos mais anos teremos pela frente mas sabemos que cá estaremos enquanto formos necessários”. Entre as possíveis formas de ajudar este projeto de Lisboa pode doar, apadrinhar, e tornar-se sócio. A União Zoófila procura também voluntários para o cuidado dos animais e famílias de acolhimento.

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CRAPAA

A CRAPAA – Caldas da Rainha Associação Protectora dos Animais Abandonados foi fundada em 2001 com a missão de dar abrigo, alimento, cuidados veterinários e carinho aos animais abandonados ou que precisem de apoio. Além de lhes dar abrigo, a associação esforça-se por ajudar os bichinhos com caminhadas e socialização ativa. No seu website pode ainda ler-se a importante mensagem: “Para nós, a eutanásia raramente é uma opção.”

AMIGOS PICUDOS

Os Amigos Picudos – Associação para a Preservação e Protecção dos Ouriços não protegem cães, mas sim um animal também esquecido da população e que gostávamos aqui de destacar. A importância de ajudar estes pequenos é ainda maior no verão, onde a escassez de água mata vários. Assim, e em especial se viveres numa zona rural, convidamos-te a saber mais sobre estes patudos picudos e como os podes ajudar no teu dia-a-dia.




ASSOCIAÇÃO PATUDOS DO VALE ENCANTADO

Com foco em Arruda dos Vinhos, a Associação Patudos do Vale Encantado recolhe animais e procura famílias para eles, contudo, criou também um programa de apadrinhamento, à semelhança do que têm feito instituições como o Grupo do Lobo ou a Associação Natureza Portugal (e WWF). Permitindo assim apoiar os animais à distância até conseguirem uma família permanente.

ASSOCIAÇÃO FRANCISCO DE ASSIS

Cascais é casa da Associação Francisco de Assis, um projeto que à semelhante dos anteriores recolhe e cuida de animais abandonados, procurando uma nova casa para eles. Além disso, tem um programa de sócio que oferece várias vantagens (em parceria com negócios locais), e realiza ainda eventos para os amantes dos animais.

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PROJETO GATOS DO PORTO

Terminamos com um projeto dedicado aos felinos, cediado no Porto. O Gatos do Porto, resgata e procura famílias de acolhimento para miaus, ajudando sempre que possível, tanto através de voluntariado, como de doações que vão chegando.

Conheces alguma associação que gostasses de destacar? Deixa nos comentários! E lembremos que como Killa de Rabo de Peixe, muitos são os animais que precisam de uma segunda oportunidade para florescerem.

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