Stanley Kubrick

Quem devia realizar o argumento perdido de Stanley Kubrick?

[tps_header]

O guião de “Burning Secret”, co-escrito por Stanley Kubrick em 1956, foi encontrado e está praticamente finalizado. Se for feito, quem devia completar o trabalho daquele que é para muitos o melhor realizador de sempre?

[/tps_header]

O cinema salivava por isto. O visionário que realizou “2001: Odisseia no Espaço”, “Shining“, “Laranja Mecânica”, “Barry Lyndon” ou “Doutor Estranhoamor” deixou-nos um guião praticamente pronto para ser produzido. O professor e perito em tudo o que diz respeito a Kubrick, Nathan Abrams, descobriu o guião de “Burning Secret”, que muitos julgavam perdido.

Co-escrito por Stanley Kubrick e Calder Willingham (parceiro criativo de Kubrick em “Horizontes de Glória), trata-se de uma adaptação de uma obra escrita em 1913 pelo austríaco Stefan Weig. Trata-se de uma história de adultério, passada num resort com spa, na qual um homem trava amizade com um rapaz de 10 anos, usando-o para seduzir a sua mãe.

Imaginando que Hollywood consegue arranjar maneira de concluir o que Stanley Kubrick (que nunca ganhou um Óscar como realizador) começou, a quem devia ficar entregue a honra e responsabilidade?

Steven Spielberg

Steven Spielberg
Steven Spielberg

“A.I.: Inteligência Artificial” chegou aos cinemas em 2001, dois anos depois da morte de Stanley Kubrick. A paixão do realizador próximo o seu ocaso, nascida num conto de Brian Aldiss, viria a ser colocada no grande ecrã por Steven Spielberg. Essencialmente, por sugestão de Kubrick.

A amizade que unia dois realizadores muitíssimo diferentes, ambos brilhantes, fez com que Spielberg parasse todos os seus projetos aquando da morte do amigo, focando-se única e exclusivamente no filme que viria a ter Haley Joel Osment como protagonista. Por uma vez, Spielberg já pintou um quadro após esboço pensado por Kubrick. Não é, garantidamente, similar em termos estilísticos e na frieza, mas é sabido que teria o aval e a mão de Kubrick no seu ombro. 



Christopher Nolan

Christopher Nolan
Christopher Nolan

Embora ocasionalmente comparados, Stanley Kubrick e Christopher Nolan pouco têm em comum. No entanto, se o projeto “Burning Secret” tiver luz verde, é natural que Nolan seja um dos favoritos a realizá-lo.

O realizador britânico de 47 anos é um acérrimo fã de Kubrick, algo que ficou evidente na homenagem que “Interstellar” é a “2001: Odisseia no Espaço”. O facto de ter levado a Cannes uma versão restaurada do clássico de 1968, por ocasião do 50º aniversário do filme, prova que, quando o assunto é Kubrick, Nolan está sempre em cima do acontecimento. E, convenhamos, poucos são hoje os realizadores com o peso de Nolan no setor.




David Fincher

David Fincher
David Fincher

Um absoluto perfecionista como Kubrick, e homem de 50 a 75 takes por cena, David Fincher é porventura o realizador que melhor replica hoje aquilo que é o método Kubrick como à exaustão/ perfeição.

Não transmite o mesmo fanatismo nem carrega os seus filmes de referências a SK como outros realizadores desta lista, mas é um daqueles que melhor mimetiza (sem querer e através de ferramentas diferentes) a lente cruel e a arte de despir um momento de emoções.




Yorgos Lanthimos

Yorgos Lanthimos
Yorgos Lanthimos

Aos 45 anos, o grego Yorgos Lanthimos vive um processo de plena afirmação no panorama internacional. “Canino” colocou-o no mapa, mas tem sido com o apoio da A24 que a sua visão ímpar tem chegado às massas – “A Lagosta” e “O Sacrifício de um Cervo Sagrado” deixaram boas indicações, transpirando o último Kubrick por todos os lados. De resto, as primeiras imagens do seu próximo filme “The Favourite” (com Emma Stone, Olivia Colman e Rachel Weisz) dão ares de “Barry Lyndon”.

Não parece um fanboy de Kubrick, mas é um dos seus herdeiros naturais.




Paul Thomas Anderson

Paul Thomas Anderson
Paul Thomas Anderson

Evidentemente influenciado (como tantos outros) por Stanley Kubrick, PTA não é um acólito como Nolan nem compõe um plano como Yorgos Lanthimos ou Jonathan Glazer, que parecem cada um ter herdado um olho do lendário realizador. No entanto, de todas as opções elencadas, Paul Thomas Anderson é talvez a opção mais forte.

O homem que teve aulas com David Foster Wallace e que foi a apenas dois dias de aulas quando se propôs estudar cinema, optando por aprender in loco como assistente de produção, é um dos grandes nomes da realização contemporânea. A sinopse de “Burning Secret”, especialmente depois de visto o cinismo e o humor inesperado de “Linha Fantasma“, deixava a porta aberta para mais um clássico se entregue a Paul Thomas Anderson.



Jonathan Glazer

Jonathan Glazer
Jonathan Glazer

“Debaixo da Pele” tem tanto de Kubrick… que torna obrigatório considerar Glazer.



Steve McQueen

Steve McQueen
Steve McQueen

Senhor de filmes duros e que normalmente só se vêem uma vez, Steve McQueen mantém um registo impressionante a nível de longas-metragens. Com um argumento escrito por Kubrick, as potencialidades seriam infinitas. Sem esquecer o bónus de podermos ter Michael Fassbender no papel do homem que trava amizade com o rapaz de 10 anos.



Denis Villeneuve

Denis Villeneuve
Denis Villeneuve

Cada vez mais uma espécie de Deus dos fãs de ficção científica, o canadiano Denis Villeneuve teve uma ascensão sensacional na última década. E nem só de ficção científica se faz o seu brilho, como provam “Raptadas”, “Incendies – A Mulher que Canta” e “Sicário – Infiltrado”.

Blade Runner 2049” é, no entanto, o principal fator a favor de Villeneuve. Afinal, tivemos aí a prova de que consegue homenagear matéria original, com respeito e bom gosto, criando simultaneamente algo novo.




Noah Hawley

Noah Hawley
Noah Hawley

A cabeça da qual saiu “Fargo” e “Legion” é uma escolha fora da caixa. Habituado até hoje a navegar no meio televisivo, Hawley está prestes a dar o salto para o grande ecrã. Está apalavrada a sua abordagem a Doctor Doom, estando nesta altura em fase de produção a sua estreia a realizar longas – “Pale Blue Dot”, com Natalie Portman, Jon Hamm, Ellen Burstyn, Dan Stevens e Zazie Beetz.

Quem vê “Legion”, psicadélico e criativo, sabe que Noah Hawley sabe o que é ser Kubrick.



Sam Esmail

Sam Esmail
Sam Esmail

Mantendo-nos no espetro televisivo, para além de Noah Hawley, há outro talento emergente que pontualmente nos recorda Kubrick, quer nos movimentos de câmara quer na disruptiva e “desrespeitosa” (no bom sentido) quebra de paradigmas, nomeadamente a nível de composição de planos.

Sam Esmail, a cabecinha pensadora responsável por “Mr. Robot“, está muito longe do estatuto de Nolan, Thomas Anderson ou Spielberg, mas não deixaria de se poder revelar uma agradável surpresa.




Luca Guadagnino

Luca Guadagnino
Luca Guadagnino

Guadagnino tem pouco de Kubrick. Mas tem muito de bom realizador. O italiano, que um ano depois de nos dar um monumento de cinema como “Chama-me Pelo Teu Nome” já completou o remake de “Suspiria”, é um predestinado e um mestre na condução de relações humanas no ecrã.

Ora, face à premissa original de “Burning Secret”, poucos realizadores parecem tão adequados como Guadagnino.



Wes Anderson

Wes Anderson
Wes Anderson

Alguém escreveu uma vez – Wes Anderson é uma espécie de Stanley Kubrick se este tivesse tido uma infância feliz.

Se Wes Anderson quiser pisar terrenos um pouco mais sérios, Kubrick teria nele o seu herdeiro mais improvável. É que, embora bem distintos na teoria, na prática não são assim tão diferentes, como prova este vídeo.

Se “Burning Secret” chegar a bom porto, a qual destes realizadores entregavas a honra e a responsabilidade de dar vida ao que Stanley Kubrick começou?

[tps_footer]

Lê Também:   Fortes candidatos aos Óscares 2019 que já têm trailer

[/tps_footer]

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *