Steve Gunn lança “Stonehurst Cowboy”
O novo álbum de Steve Gunn, The Unseen In Between, será lançado a 28 de janeiro, pela Matador. Depois de “New Moon”, o cantautor concede-nos um pouco de si em “Stonehurst Cowboy”.
Ao longo da última década, Steve Gunn tem sido uma das figuras mais relevantes, mesmo se discretas da música americana. Cenários imersivos e psicadélicos têm marcado as suas actuações ao vivo. Os seus álbuns fazem regularmente parte integrante das listas de melhores do ano e são várias as colaborações com artistas tão diversos como Mike Cooper, Kurt Vile e Michael Chapman.
O lançamento de Eyes On The Lines, em 2016, marcou um grande salto para o cantautor. Desde então, produziu com Michael Chapman o álbum 50, a comemoração de meio século de vida artística desta lenda folk britânica, e colaborou com o baterista John Truscinski na edição de Bay Head, disco experimental, com larga margem de improvisação.
Chegou a hora de investir no próprio projecto. Assim, no passado mês de outubro, anunciou-nos a vinda de um novo álbum, The Unseen In Between, acompanhado na altura pelo lançamento do single “New Moon” e agora “Stonehurst Cowboy”. O disco foi produzido por James Elkington e conta com contribuições do director musical de Bob Dylan, Tony Garnier no baixo, Meg Baird na voz, entre outros.
Bem conhecido por contar as histórias dos outros, Gunn aventura-se neste quarto álbum a explorar as suas próprias emoções, a contar a sua própria história, repleta de viagens, tempestades (reais e emocionais) e personagens com que se vai cruzando no caminho. Esta decisão de tornar o seu novo álbum uma introspecção deve-se talvez aos tempos que antecederam The Unseen In Between. Após o lançamento de Eyes On The Lines, um momento triunfante para o artista, o seu pai faleceu.
Do confronto com esta experiência dolorosa nasce agora “Stonehurst Cowboy”, o tema central do álbum. Escrito a partir da perspectiva do seu pai, é uma música doce e solene, mergulhada na história e assombrada pela guerra do Vietname, “Back then friends, brothers, and me all got sent away/ Came back feeling so undone without much to say/ Sat for hours stared at flowers, found ways to hide the pain”.
Através do dueto entre a guitarra acústica de Gunn com o baixo de Garnier, somos levados neste tema de homenagem ao pai de Gunn, um homem severo, sábio, espirituoso, do extreme oeste da Filadélfia. O próprio artista explica-nos o significado desta música e do seu título:
“Stonehurst Cowboy” é uma homenagem ao meu pai, que faleceu em 2016. Stonehurst é uma zona do sudoeste da Filadélfia, onde os meus pais cresceram. Fortemente afectado pela guerra do Vietname, ele tornou-se muito rapidamente um adulto após o liceu, quando foi convocado – embora nunca tenha realmente lutado no Vietname. Era demasiado jovem para saber o que se estava passar quando a guerra rebentou, e só quando os seus irmãos e amigos voltaram é que conseguiu começar a entender.
Através de um comunicado de imprensa temos também acesso àquilo que podem vir a ser as ideias fundamentais das canções que completarão o álbum. “Luciano” fala-nos da relação que existe entre o dono de uma taberna e o seu gato. Ao longo da música vai sendo posto em perspectiva o que será feito do dono quando o seu gato morrer, entregue ao seu futuro solitário. Torna-se assim fácil encontrar os traços nostálgicos nesta faixa.
Ao longo do álbum os temas irão variar bastante. Podemos esperar por “Vagabond”, onde apoiado pela voz de Meg Baird, Gunn encontra o lado mais encantador daqueles que vivem afastados da sociedade, daqueles que perseguem um “crooked dream”, desafiando o que a própria sociedade deles espera. O conceito de arte é explorado em “Lightning Field”, e “Morning is Mended” foca-se em reconhecer as preocupações do mundo e em tentar oferecer alguma segurança em tempo útil.
“Stonehurst Cowboy” vem na sequência de “New Moon”, o primeiro single do álbum, lançado aquando o anúncio do álbum. Esta é uma primeira faixa algo libertadora relativamente àquilo que será o restante álbum, onde mais do que a letra, é a oscilação sonora que se impõe. Um início partilhado entre a guitarra e o baixo e um fim precipitado por um solo de guitarra, tudo é acompanhado pela voz de Steve Gunn, que sobressai nos cinco minutos da faixa.
Este é mais um álbum que assegurará indubitavelmente um grande início para 2019. Ouve abaixo “Stonehurst Cowboy” e relembra “New Moon”.
STEVE GUNN, THE UNSEEN IN BETWEEN| “STONEHURST COWBOY”
STEVE GUNN, THE UNSEEN IN BETWEEN| “NEW MOON”
STEVE GUNN, THE UNSEEN IN BETWEEN| Alinhamento
- New Moon
- Vagabond
- Chance
- Stonehurst Cowboy
- Luciano
- New Familiar
- Lightning Field
- Morning Is Mended
- Paranoid