Taylor Swift no videoclipe de Fortnight (2024) |©Taylor Swift Productions

The Tortured Poets Department | As 31 novas músicas de Taylor Swift, da pior à melhor

“The Tortured Poets Department” está finalmente cá fora, com lançamento em abril de 2024. Aproveitamos para colocar por ordem, da pior para a melhor música, todas as canções ( 31!) que compõe o 11.º de Taylor Swift – a maior estrela pop da contemporaneidade. 

Uma fonte quase infinita de produtividade, Taylor Swift está de momento a meio da sua gigante digressão internacional – a “The Eras Tour” – que entre 24 e 25 de maio de 2024 chega a Portugal. E mesmo com uma tour com mais de 150 datas, Swift lá arranjou tempo para lançar mais um disco de originais, “The  Tortured Poets Department”.

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À semelhança do que aconteceu com “Midnights” (2022), com a sua relativamente extensa 3AM edition lançada logo 3 horas após o lançamento do álbum original, duas horas depois de lançado “The Tortured Poets Department”, na madrugada de 19 de abril de 2014, Swift anunciava e partilhava nas plataformas de streaming “The Tortured Poets Department: The Anthology”, uma compilação de 31 canções e 2h02 minutos de duração.

taylor swift disney
Taylor Swift em “Folklore: The Long Pond Studio Sessions” (disponível na Disney+) ©Big Branch, Taylor Swift Productions

Com esta notável extensão, “The Tortured Poets Department: The Anthology” torna-se assim o álbum original mais longo da discografia de Taylor Swift (ultrapassado apenas pela regravação de“Red” – Taylor’s Version, com 2h10).

“The Tortured Poets Department” é um álbum duplo denso, caótico e repleto de grandes emoções como traição e perda:

É um “breakup album”, uma das especialidades da cantautora da Pennsylvania, mas é também uma seleção de canções auto-reflexivas, que sucedem a uma tendência recente por parte da artista: a de analisar a sua carreira e exposição pública e persona. Na senda de músicas como “Anti Hero” , “Mirrorball” ou “The Lakes”, Swift reflete acerca do impacto da fama nas suas relações e na constituição da sua própria psique.

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Ao seu lado, uma vez mais e quase exclusivamente, temos o colaborador de longa data Jack Antonoff ( o feiticeiro da música pop moderna e pop alternativa, de Lana del Rey a Lorde, passando por Florence + The Machine ou St. Vincent) e Aaron Dessner dos The National e Big Red Machine (com Bon Iver). Florence Welch e Post Malone, presentes nas músicas “Florida!!!” e “Fortnight”, são os únicos colabores externos de destaque numa equipa criativa que se tornou muito unida nos seus últimos quatro álbuns.

A receção crítica de “The Tortured Poets Department” tem sido menos consensual que a habitual para a aclamada Taylor Swift, uma vez que TTPD, como é apelidado pelos fãs e para poupar caracteres, bebe muito da mesma forte sonoridade synth pop que Antonoff introduziu em “Midnights”. Já Dessner, com a sua preferência por belos e melancólicos arranjos de cordas, traz-nos de novo para a paisagem dos bosques “Folkmore”, à medida que Swift procura conciliar os vários amores falhados dos últimos anos.

Taylor Swift em Fortnight 2024
Josh Charles, Ethan Hawke e Taylor Swift no videoclip de “Fortnight” (2024) |©Universal

“The Tortured Poets Department” é acusado de ser demasiado extenso e pouco coeso (ou editado). Não discordando inteiramente da afirmação, consideramos que o álbum é mais urgente e honesto do que “Midnights” (vencedor do Grammy de álbum do ano) alguma vez. Com esta nota de aprovação, deixamos o nosso ranking das 31 músicas que compõe esta antologia!




31 – ROBIN

Escrita por: Taylor Swift, Aaron Dessner
Com produção de: Aaron Dessner, Taylor Swift

Mais uma balada ao piano, o que na dicotomia Dessner-Antonoff só significa algo: aqui vem uma canção produzida pelo guitarrista, pianista e compositor co-fundador dos “The National”.

“Robin” apresenta-se como uma música desprovida de contexto claro quando a ouvimos, e por isso teremos de fazer uma breve pesquisa para descobrir a sua temática. Ora, o jovem filho de Dessner chama-se precisamente Robin e esta música parece ser um hino à sua infância e inocência. Swift tem várias canções que louvam o período da infância, como “The Best Day” (“Fearless”) ou “Never Grown Up” (“Speak Now”) ou ainda a tristíssima e honesta “Ronan”, que dedicou a um pequeno menino perdido para o cancro.

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Inclusive, com Aaron escreveu também já uma canção superior acerca deste período: “Seven”. “Robin” parece deslocada deste TTPD e é tudo menos memorável, como canção até um pouco mortiça e lá está, quase uma música de embalar como a infância assim o pede.




30 – THANK YOU AIMEE

Escrita por: Taylor Swift e Aaron Dessner
Com produção de: Jack Antonoff, Aaron Dessner e Jack Antonoff

Embora não declarado com todas as letras, “ThanK You aIMee” (com KIM capitalizado) é uma canção dedicada a Kim Kardashian e à ocasião em que esta manipulou o discurso público contra Taylor Swift, tornando-a persona non grata perante a esfera mediática e mais além. E se o seu sucesso nunca se eclipsou, é verdade que este período representou uma valente conturbação na vida pessoal e pública da cantora (originando até o disco “Reputation”) e, por isso, a saga eterna Kanye-Kim nunca deixa de pertencer ao imaginário da sua carreira.

Não obstante, “Thank You aIMee” é uma música simples e sem grande tensão. Ainda assim, encontramos por aqui pontos positivos: o instrumental é interessante, “Folkloriano”, e esta história de superação é relacionável para qualquer pessoa que possa ter sido vítima de bullying. Ainda assim,  consideramos que este drama com Kim Kardashian, passado há uns bons anos, já não tem grande interesse no livro musical de Swift. Assim, “Thank You aIMee”, mais uma defesa contra “haters”, acaba por parecer um passo atrás algo cíclico. A música não é má, mas também não precisávamos dela. Infelizmente, a antologia, embora contenham músicas belas e imprescindíveis, também tem alguns destes pontuais “fillers”.




29 – I LOOK IN PEOPLE’S WINDOWS

Escrita por: Jack Antonoff, Taylor Swift, Patrik Berger
Com produção de: Jack Antonoff, Patrik Berger, Taylor Swift

Paranóia, desconfiança, perseguição e a incapacidade de seguir em frente (“I’m addicted to the if only”, canta Swift).

Em “I Look in People’s Windows”, Taylor Swift procura em vão esquecer um amor e torna-se um fantasma que persegue o seu amante, que espreita por janelas alheias e tenta nelas encontrar, sem paz ou sossego, o seu amor perdido.

Nesta canção falta uma bridge memorável e até um hook mais cativante, e portanto, no final da lista, temos mais um caso de uma canção da antologia que existe, foi incluída no álbum, mas que não nos acrescenta algo verdadeiramente fundamental ou novo. A incapacidade de ultrapassar um grande amor, ao fim de contas, é um dos temas centrais deste disco. A linha entre a sanidade e a falta dela também, mas não precisávamos de “I Look in People’s Windows” para nos dizer isso.

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28 – SO HIGH SCHOOL

Escrita por: Taylor Swift, Aaron Dessner
Com produção de: Aaron Dessner, Taylor Swift

Com esta pequena canção mais otimista que o restante álbum, Swift assinala a sua relação atual, com o jogador de futebol americano e recente campeão do Super BowlTravis Kelce. Ao contrário das relações complicadas e assombrosas que o disco representa, da tristeza do fim de uma grande promessa ao eclipsar de uma relação curta e problemática, “So High School” retrata algo mais simples, puro e até infantil. Uma relação ainda na fase da lua de mel.

Uma vez mais temos Aaron Dessner e as suas bem-vindas cordas e orquestração tão distante dos sons synth pop de Antonoff. O seu som é imediatamente reconhecível, e ao fim de contas são poucas as canções em que o trio colabora. Ao longo de “The Tortured Poets Department” temos essencialmente ou Taylor e Dessner ou Taylor e Antonoff. O som torna-se algo dissonante, de tão diferente que é na sua essência, mas a coesão temática lá nos diz que estamos a ouvir um só disco.

Quanto a esta “So High School”, é simpática e tem algumas frases engraçadas e toscas no bom sentido, como “You know how to ball, I know Aristotle”. Mas, em último caso, não é essencial na história deste disco. A canção superior sobre Kelce é mesmo “The Alchemy”.




27 – IMGONNAGETYOUBACK

Escrita por: Jack Antonoff, Taylor Swift
Com produção de: Jack Antonoff, Taylor Swift

A antologia abre com a belíssima canção “The Black Dog” e logo de seguida passamos para esta “imgonnagetyouback”, uma composição musical  com direito a um refrão harmónico com alguns vocais interessantes por parte de Swift.

“imgonnagetyouback” parece fazer (quase) alusão ao tema “Get Him Back” (Olivia Rodrigo, 2024). O título e até o conteúdo lírico são tão próximos que parece impossível que Taylor não estivesse ciente desta proximidade. Embora as canções estejam distantes do ponto de vista formal (Rodrigo puxa ao pop punk e Swift a uma pop upbeat que nos recorda a viragem do milénio), tal aproximação não beneficia a canção do segundo disco de “The Tortured Poets Department”.




26 – FRESH OUT THE SLAMMER

Escrita por: Jack Antonoff, Taylor Swift
Com produção de: Jack Antonoff, Taylor Swift

Sim, o final desta lista não se faz só de músicas constantes da extensão antológica do álbum. “Fresh Out the Slammer” conta com um instrumental interessante, que estimula a curiosidade e provoca até algum desconforto. Swift protagoniza também algumas inflexões vocais mais corajosas e estimulantes por aqui, mas a canção não tem muito poder do ponto de visto temático. Saída da “cadeia”, a nossa heroína procura voltar para casa, para o seu futuro e para os seus “anéis imaginários”, mas o futuro é incerto.

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A canção tem uma progressão interessante, mas um final pouco marcante e a incapacidade de se destacar entre um álbum particularmente longo.




25 – GUILTY AS SIN?

Escrita por: Jack Antonoff, Swift
Com produção de: Jack Antonoff, Swift

“Guilty As Sin?” coloca-nos perante uma questão clássica, pelo menos no que diz respeito a histórias de amor e em diálogo com outras músicas suas com temática semelhante, nomeadamente “Illicit Affairs” (Folklore): e sim, embora “Illicit Affairs” se apresente como uma canção superior, este tema número 9 de “The Tortured Poets Department: The Anthology” também tem algumas notas interessantes a adicionar a esta narrativa. Podemos ser culpados por atos que nunca chegaram a acontecer, mas que nos atormentaram os pensamentos?

“I keep recalling things we never did
Messy top-lip kiss, how I long for our trysts
Without ever touchin’ his skin
How can I be guilty as sin?”




24 –  MY BOY ONLY BREAKS HIS FAVORITE TOYS

Escrita por:  Taylor Swift
Com produção de: Jack Antonoff, Taylor Swift

Noutra canção alegadamente acerca de Matty Healy, a chama de curta duração no monumental ano 2023 de Taylor Swift, “My Boy Only Breaks His Favorite Toys” descreve um homem com padrões destrutivos e incapaz de preservar uma relação na qual era genuinamente feliz.

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Musicalmente, a canção é uma das mais animadas do álbum, mas apenas de forma superficial. A letra diz-nos que este é outro tema sobre perda imensurável. A sua sonoridade remete-nos para tempos distintos, talvez até para a época “Red” ( originalmente lançado há mais de uma década). Mas a sua temática pertence ao universo de “The Tortured Poets Department”, sem equívoco.




23 – THE MANUSCRIPT

Escrita por: Taylor Swift
Com produção de: Aaron Dessner, Swift

“The Manuscript” fecha o álbum com uma mensagem nostálgica e que, acima de tudo, alimenta a narrativa introspectiva da cantora e que se coloca muito bem ao lado de “Dear Reader”, a música que encerrou a 3 AM Edition de “Midnights” em 2022. Tratando-se de Swift, dificilmente tal é uma coincidência.

“Dear Reader” falava de um narrador não fiável (a própria Taylor, parece-nos) e em “The Manuscript” a cantora reflete sobre um romance do seu passado e pondera como esta história já não lhe pertence. Refere-se a Jake Gyllenhaal, a John Mayer, ou a outro dos seus antigos amantes mais velhos? Pouco importa, esta não é uma canção sobre eles, mas antes sobre o processo de arquivar memórias e experiências da forma mais lucrativa – organizando a dor e dando-lhe significado. Swift sem dúvida sabe como o fazer, é a sua especialidade.




22 – CHLOE OR SAM OR SOPHIA OR MARCUS

Escrita por: Swift, Dessner
Com produção de: Dessner, Swift

“Chloe or Sam or Sophia or Marcus” é uma balada melancólica, como várias das que constam deste longo e amplamente triste “The Tortured Poets Department”. Pelas ruas da memória, Taylor Swift refugia-se aqui em memórias e em “What Ifs“. Perante uma relação que falhou, a artista pondera, numa música mais curta do que lhe é habitual, o que podia ter feito a diferença e mudado o resultado.

A canção peca um pouco por não se elevar acima de outros temas compostos (com a mestria habitual) por Aaron Dessner neste disco. Há, ainda assim, uma bridge sólida, orquestração harmónica assente no piano, e alguns vocais cheios e até callbacks para outras letras de Swift – “Will that make your memory fade from this scarlet maroon”.




21 – I CAN FIX HIM (NO REALLY I CAN)

Escrita por: Antonoff, Swift
Com produção de: Antonoff, Swift

Uma vez mais, “I Can Fix Him” vê a protagonista e cantora a ponderar se seria possível “reparar” o seu amante, tão nocivo para si próprio e para a relação que partilharam.

Num registo baixo e quase sussurrante, onde surgem os ecos de “Reputation” uma vez mais, Swift promete transformar o “seu homem”. O instrumental dá-nos toques de gospel e imaginamos Healy a percorrer um bar no Faroeste e Swift a envergar um gigante vestido e corpete. Ou talvez seja só eu…Não obstante, apesar de simples e curta, a canção é capaz no objectivo de estabelecer um universo próprio para as suas palavras.




20 – HOW DID IT END?

Escrita por: Taylor Swift, Aaron Dessner
Com produção de: Aaron Dessner, Swift

“We hereby conduct this post mortum”

“How Did It End?”, canção número 21 do álbum, arranca desde logo com uma das frases mais importantes da promoção de “The Tortured Poets Department” nos dias que antecederam o seu lançamento. A música é Swift-Dessner 101, com os seus coros melodiosos e piano omnipresente, e embora não faltem neste disco canções com o mesmo tom e sonoridade, a verdade é que a tristeza dominante desta curta balada nos apanha desprevenidos.

A sua progressão, lá para o fim particularmente, faz-nos até lembrar um pouco as baladas dos musicais, um género que agrada amplamente a Taylor Swift. Basta compará-la com “Beautiful Ghosts”, que Swift escreveu a meias com Andrew Lloyd Webber para o mal-fadado filme “Cats”.




19 – THE ALCHEMY

Escrita por: Jack Antonoff, Swift
Com produção de: Jack Antonoff, Swift

Em registo baixo e sensual, “The Alchemy” parece de início uma música dramática e tensa, mas no momento em que chegamos ao refrão todas as dúvidas se foram: esta é uma canção sobre tensão sexual e atração e uma celebração positiva e não atormentada do seu mais recente amor com Travis Kelce. Há até referências a termos desportivos como “touch down” ou “benches” (até então praticamente ausente da sua discografia).

O instrumental, liderado por Jack Antonoff, é simples e direto, mas acompanha a energia e sensação da música na perfeição. Sem ser um dos indispensáveis pontos altos do álbum, é uma canção capaz de crescer no seu ouvinte.




18 – DOWN BAD

Escrita por: Jack Antonoff, Swift
Com produção de: Jack Antonoff, Swift

“Down Bad”, a quarta canção do disco,  é intencionalmente petulante, como a própria cantora o avança repetidamente no refrão. Relacionável e meio tola, esta é uma música sobre a incapacidade intencional de superar um episódio de perda. A praguejar como um marinheiro, algo impensável para a Taylor Swift de há 5 anos atrás, a nossa protagonista explicita o quão difícil é progredir com o quotidiano depois de um adeus definitivo e doloroso:

“Now I’m down bad, cryin’ at the gym
Everything comes out teenage petulance
Fuck it if I can’t have him
I might just die, it would make no difference”

Nada de marcante ou poético, “Down Bad” é um dos pontais e não frequentes momentos de descontração em “The Tortured Poets Department”. Cumpre a sua função. Quiçá pudesse vir mais tarde na ordem das canções, pois este TTPD torna-se mais denso e triste à medida que progride.




17 – I CAN DO IT WITH A BROKEN HEART

Escrita por: Jack Antonoff, Swift
Com produção de: Jack Antonoff, Swift

Numa primeira audição “I Can Do It With a Broken Heart” soa incrivelmente enervante, com o seu refrão repleto de energia, com um posicionamento de voz para lá de agudo e com uma energia bubblegum que parece ser a antítese de “The Tortured Poets Department”. Mas as aparências iludem e numa segunda ou terceira audição, a canção vai-se tornando cada vez mais poderosa.

Somos colocados num contexto muito claro: a relação de seis anos de Taylor Swift acabou, mas a “The Eras Tour” arrancou naquele momento. Agora, as lágrimas confundem-se com o suor de estar no palco durante mais de 3 horas noite após noite. Swift recorda a força necessária para continuar com a performance: ” All the pieces of me shattered as the crowd was chanting more”.

Aconselhamos a que a música seja ouvida com o auxílio visual do vídeo com as letras que deixamos acima. O impacto torna-se notoriamente superior.




16 – I HATE IT HERE

Voltamos às canções da “Parte 2” do álbum, “The Anthology”, e encontramos uma música sobre refúgios. “I Hate It Here” fala-nos de leitura, de jardins secretos na nossa mente, da vontade de escapar para mundos fantásticos, distantes e fictícios. Das cordas à letras, a canção recorda-nos muito outras colaborações com Dessner, nomeadamente “Ivy” e “Seven” nos discos  “Evermore” e “Folklore”.

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Aliás, a canção parece mesmo estabelecer uma ponte entre estas duas músicas. Mas esta ausência de novidades não torna esta música menos bela e evocativa de sentimentos muito universais e relacionáveis. E assim Swift nos mostra que, mesmo perante o seu estatuto monstruoso como cantora bilionária, consegue ainda assim assinar canções com potencial pontos de contacto com a experiência universal.




15 – PETER

Escrita por: Taylor Swift
Com produção de: Aaron Dessner, Taylor Swift

Com uma reta final incrivelmente bela e franca e com a voz de Swift particularmente suave (mas também robusta), “Peter” é mais uma canção que alimenta o monstro que é já a sua criação repleta de pontes narrativas e referências próprias.

“You Said You Were Gonna Grow Up, Then You Were Gonna Come Find Me”, canta Taylor acerca de uma personagem masculina que alude diretamente a Peter Pan. Regressamos pois, de uma forma muito direta, ao universo de Folklore, onde a letra “Peter Losing Wendy” é representativa do single de 2020 – “Cardigan”.

“Peter” está de regresso, tal como as suas promessas e trágica incapacidade de crescer e conquistar a sua amada:

“Lost to the lost boys chapter of your life
Forgive me Peter, please know that I tried
To hold onto the days when you were mine
But the woman who sits by the window has turned out the light”

Aaron Dessner dá-nos, nesta canção da antologia das 2 da manhã,  um instrumental ao piano belíssimo e que nos recorda bastante a grande balada “Champagne Problems” (que a parelha criou para “Evermore”).




14 – THE TORTURED POETS DEPARTMENT

Escrita por: Taylor Swift & Jack Antonoff
Com produção de: Jack Antonoff e Swift

Letras idiotas à parte, a canção titular de “The Tortured Poets Department” é jocosa, divertida e sarcástica de uma forma quase descontrolada. E se algumas das linhas desta canção: “You smoked then ate seven bars of chocolate/ We declared Charlie Puth should be a bigger artist/ I scratch your head, you fall asleep/Like a tattooed Golden Retriever” têm sido ridicularizadas desde o lançamento do álbum, também reconhecemos que a liberdade criativa experimentada nesta música lhe permite ser intencionalmente apatetada. Também disto se faz a música pop e esta segunda música do disco é um contrapeso relevante para as canções bastante tristes e zangadas que se lhe espalham pelo álbum.




13 – THE SMALLEST MAN WHO EVER LIVED

Escrita por: Taylor Swift, Aaron Dessner
Com produção de: Aaron Dessner, Taylor Swift

É difícil dar uma classificação/ posicionamento adequado a “The Smallest Man Who Ever Lived”, uma canção que se faz apenas de raiva e pouco de compreensão ou ambivalência.

Num crescendo progressivo, a música vai-se transmutando até nos depararmos com uma Taylor Swift cansada, que suspira e que eleva o tom para nos levar até uma bridge e refrão final que se munem de um ressentimento palpável e quase sufocante. Como ferramenta de narração, este ampliação da canção e do seu instrumental tornam “The Smallest Man Who Ever Lived” numa das músicas mais ambiciosas de “The Tortured Poets Department”.




12 – THE PROPHECY

Escrita por: Taylor Swift, Aaron Dessner
Com produção de: Aaron Dessner, Taylor Swift

Mais para o final de “The Tortured Poets Department” encontramos “The Prophecy”.Sem dúvida uma das canções mais desesperadas do disco, preconizando um terrível destino: nenhum grande amor restante no futuro, assim ditado por uma profecia.

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Não só a música é muito simples mas bela, com um trabalho particularmente inspirado por parte de Dessner, mas temos aqui algumas das frases mais perduráveis de todo o disco (e que merecem destaque):

“A greater woman has faithBut even statues crumble if they’re made to waitI’m so afraid I sealed my fateNo sign of soulmatesI’m just a paperweightIn shades of greigeSpending my last coin so someone will tell meIt’ll be ok”




11 – CASSANDRA

Escrita por: Taylor Swift, Aaron Dessner
Com produção de: Aaron Dessner, Taylor Swift

Nas imediações de outra música constante da antologia que também bebe da mitologia (“The Albatross”), colocamos “Cassandra”. Tal como o pássaro (Albatross), também a mítica Cassandra é uma figura premonitória e amaldiçoada.

Com a bela orquestração de Dessner a guiar-nos, Swift equipara-se a esta figura imaterial vinda da mitologia grega. Cassandra foi amaldiçoada pelo ex-amante, Apollo, pelo receio que se formou em seu torno como mulher capaz de estabelecer profecias.

Cassandra é outra das “Mad Women” que Swift tem vindo a homenagear nos seus últimos discos.Para quando um disco acerca da figura da “mad woman in the attic/ figura da mulher louca no sótão” (epitomizada no clássico “Jane Eyre”, de Charlotte Brontë)?




10 – THE ALBATROSS

Escrita por: Taylor Swift, Aaron Dessner
Com produção de: Aaron Dessner, Taylor Swift

Em “TTPD”, Taylor Swift faz-se munir de mitologia, referências e símbolos em quantidades avultadas. Muitas delas relacionam uma figura feminina (ela), denunciando-a como uma imagem ou prenúncio de morte ou de desfortúnio.

“The Albatross” (uma das canções especiais nas edições colecionáveis na versão vinil do álbum) faz-se preencher por um ambiente instável e místico, do instrumental às letras. Composta em parceria com Aaron Dessner, a música tem uma instrumentalização muito semelhante à de canções de “Folklore” ou “Evermore”, recordando a sonoridade de belas composições como “Ivy” ou até “August” e “Seven”.

Nesta canção, Swift é o caminho rápido para a perdição e condenação de qualquer homem que dela se aproxime. A melancolia e escuridão deste álbum, definido em tons de branco, preto e cinzento, surge uma vez mais como impossível de evitar:

Wise men once said
“One bad seed kills the garden”
“One less temptress
One less dagger to sharpen”
Locked me up in towers
But I’d visit in your dreams




9 – FLORIDA!!! (COM FLORENCE + THE MACHINE)

Escrita por: Taylor Swift, Florence Welch
Com produção de: Jack Antonoff, Taylor Swift

A colaboração musical entre Taylor Swift e Florence+ The Machine foi um dos segredos mais mal escondidos de TTPD. Taylor e Florence são amigas, vistas junto de Matty Healy no backstage de um espectáculo de 1975, partilham um produtor (Antonoff) e foram vistas a sair, em conjunto, dos icónicos Eletric Lady Studios ( em Nova Iorque) no último ano.

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Talvez em função das críticas no passado (por exemplo devido à reduzida participação de Lana Del Rey no seu dueto “Snow on the Beach”), Swift dá primazia à participação de Welch nesta canção. O tema, acerca de escapismo romântico e culpa, tem Florence+ The Machine como primeiro intérprete creditado na música, o som gótico da banda domina e Florence tem trechos gigantes de vocais solo. Uma canção bela, embora mais Welch que Swift.




8 – THE BOLTER

Escrita por: Swift, Aaron Dessner
Com produção de: Aaron Dessner, Swift

Um dos principais temas extras na segunda parte do álbum, “The Bolter” vê Taylor Swift a regressar em pleno ao mundo de Folklore e Evermore. Do início ao fim, conta-nos uma história pormenorizada, em que não falham detalhes. É a história de uma mulher que foge dos seus problemas ao mínimo sinal de tensão – a “Bolter”.

A batida é memorável, a voz de Swift passa por vária mutações de tom e toda a melodia é particularmente bem ritmada. Já a letra é feita de muitos flashbacks, tão Swiftianos quanto podemos esperar. O folk e o country espreitam à porta e há uma bridge curta mas pujante. E assim tudo  se torna (ainda) mais satisfatório.




7 – THE BLACK DOG

Escrita por: Taylor Swift
Com produção de: Jack Antonoff, Taylor Swift

Olá, canção que abre a antologia e a “segunda metade” do disco, sê bem-vinda a este ranking de “The Tortured Poets Department”. Escrita a solo por Swift, “The Black Dog” acompanha a cantora à medida que “persegue” um ex-namorado que se dirige a um bar. A fazer luto da sua relação, a nossa narradora não compreende como pode o antigo amante libertar-se e sair com leveza de espírito.

O melhor desta canção é sem dúvida a frase curta e possante “Old Habits Die Screaming”, particularmente memorável no contexto da canção – sendo quase gritada à medida que o instrumental acompanha o aumento da tensão com uma bateria cada vez mais avassaladora. Além disso, a bridge (ponte) mais calma funciona muito bem para equilibrar a natureza dramática da canção. A produção de Antonoff chega aqui ao seu pico neste álbum.




6 – CLARA BOW

Seguindo a tradição de “Folklore” com “The Great American Dynasty”, Taylor Swift volta a unir irremediavelmente a sua experiência pessoal à de outros símbolos históricos. Neste claro opta por explorar a significação da figura de Clara Bow, uma atriz popular da época do cinema mudo. Fala-nos de símbolos, de “promessas” no mundo da música, de estrelas brilhantes que se apagam uma vez que a juventude começa a esmorecer.

Clara Bow” podia com muita facilidade pertence a “Folklore” ou “Evermore”, quer falemos de letra ou melodia. Por isso, ser uma música com a marca Aaron Dessner não é surpreendente. Destaque para o belo verso:

“Only when your girlish glow flickers just so.
Do they let you know?
It’s hell on earth to be heavenly.”




5 – FORTNIGHT

Escrita por: Taylor Swift, Jack Antonoff, & Austin Post
Com produção de: Jack Antonoff e Swift

Austin Post, ou Post Malone, como é conhecido, é o convidado de hora em “Fortnight”, o single principal de “The Tortured Poets Department”. Uma canção que sumariza na perfeição este álbum duplo, aqui encontramos uma escolha acertada para 1.ª música do alinhamento e primeiro videoclipe.

Destaque para as belas harmonias protagonizadas por Swift e Post Malone, cujas vozes combinam na perfeição, tornando este um dos melhores duetos de toda a carreira da cantora. E possivelmente aquele com o maior potencial comercial.

Há que dar mérito também ao belo videoclipe a preto e branco, realizado e escrito por Taylor Swift, como é habitual nos últimos anos, à medida que a cantora se prepara para se lançar no mundo da realização de cinema. Rodrigo Prieto, o diretor de fotografia de 2023 (responsável por “Barbie” e “Killers of the Flower Moon”), faz um trabalho tremendo num dos videoclipes do ano.




4 – SO LONG, LONDON

Escrita por: Taylor Swift, Aaron Dessner
Com produção de: Aaron Dessner e Taylor Swift

Em 4.º lugar, o eterno “Track 5”. Consigo, a 5.ª canção transporta, na tradição Swiftiana, a promessa da música mais devastadora do álbum. Esta tradição inclui baladas poderosas como: “Cold as You”, “All You Had to Do Was Stay”, “Delicate”, “White Horse”, “Tolerate It”, “You’re On Your Own, Kid”, “The Archer”, Dear John”, “My Tears Ricochet” e claro, a rainha da canções número cinco do álbum – “All Too Well”.

Na nossa opinião, “loml” leva o troféu neste “The Tortured Poets Department”. Ainda assim, “So Long, London” não lhe fica nada atrás como uma melancólica canção sobre dizer adeus a uma relação e a um local que tanto significado adquiriram. O belo coro no arranque de “So Long, London” indica bem o que nos espera.

Destaque para a letra (numa composição onde cada estrofe corta bem fundo):

“You swore that you loved me but where were the clues?
I died on the altar waiting for the proof
You sacrificed us to the gods of your bluest days”




3 – WHO’S AFRAID OF LITTLE OLD ME?

Escrita por: Taylor Swift
Com produção de: Jack Antonoff, Swift

Dos coros intrigantes ao refrão em que Taylor grita “Who’s Afraid of Little Old Me?” como uma petulante menina mimada, temos nesta canção provocadora um dos regressos ao mundo de “Reputation”.

Embora a nossa capacidade de interpretação e o bom senso nos compele a não retirar conclusões precipitadas, aqui temos uma canção que parece refletir acerca da relação de curta duração com o “bad boy” Matty Healy (vocalista dos The 1975). A cantora coloca-nos no nosso sítio, defendendo-se (com unhas e dentes) contra as alegações de que esta relação seria errada para si ou para a sua reputação.

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“Who’s Afraid of Little Old Me” coloca-nos (outra vez) no mundo da “Mad Woman” de que Swift tanto gosta, estabelecendo-a como uma pecaminosa tentadora e feiticeira poderosa. Aqui encontramos algumas das frases mais icónicas de todo o disco, como:

I was tame, I was gentle ‘til the circus life made me mean“Don’t you worry, folks, we took out all her teeth”

Ou:

“I wanna snarl and show you just how disturbed this has made meYou wouldn’t last an hour in the asylum where they raised me”

No circo de feras do mundo do espectáculo, Swift defende violentamente o seu desejo de manter o encantamento que descrevera (e sentira) na sua juventude.




2 – BUT DADDY I LOVE HIM

Escrita por: Taylor Swift, Aaron Dessner
Com produção de: Aaron Dessner, Taylor Swift e Jack Antonoff

“But Daddy I Love Him” é um notável exemplo de equilíbrio cósmico. Temos a energia contagiante de Antonoff a contrabalançar a melancolia por vezes quase sufocante de Dessner, e a presença das belas orquestrações da eleição do membro dos The National. Nesta canção, Taylor Swift pede emprestada uma frase do filme infantil “A Pequena Sereia”, quando Ariel pede ao Rei Tristão para aceitar o seu amor por Eric, o princípe humano.

Aqui vemos o apelo de Swift de forma clara, uma alusão romântica e até infantil serve como ponto de partida para uma canção com refrões épicos e uma imaginação sem freios. A música pinta-nos um quadro colorido, o de um romance mal visto mas glorioso. Leve, empolgante e um casamento inesperado entre  “Reputation” e “Folklore”, “But Daddy I Love Him” é uma verdadeira parceria musical e o melhor que “The Tortured Poets Department” tem para nos dar.




1 – LOML

Escrita por: Taylor Swift, Aaron Dessner
Com produção de: Aaron Dessner, Swift

“loml” não é um track 5, ou seja, na gíria de fãs da Taylor Swift (ou Swifties), não se trata da alegada canção que ocupa o lugar de mais triste de todo o álbum. Todavia, após ouvirmos com atenção as 31 músicas que compõem “The Tortured Poets Department”, não conseguimos deixar de considerar que esta balada pautada pela quietude, onde uma melodia simples de piano nos vai embalando, se eleva como a mais trágica e dilacerante canção do disco.

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Habitualmente, “loml” remete-nos para a expressão “Love of My Life” (Amor da Minha Vida), mas em “The Tortured Poets Department” significa antes “Loss of My Life” (Perda da Minha Vida). Taylor apenas nos oferece esta significação na última frase da música, depois de uma ponte e refrão finais repletos de mágoa. Aqui ficam alguns dos mais poderosos e melancólicos versos do álbum, aqueles que nos recordam com que direito é que Taylor Swift se auto-nomeou presidente do clube dos poetas torturados:

“You shit-talked me under the table
Talking rings and talking cradles
I wish I could unrecall how we almost had it all
Dancing phantoms on the terrace
Are they second-hand embarrassed
That I can’t get out of bed?
‘Cause something counterfeit’s dead
(…)

I’ll never leave, never mind
Our field of dreams engulfed in fire
Your arson’s match, your somber eyes
And I’ll still see until I die
You’re the loss of my life”

Embora não seja a melhor vocalista de todo o sempre, Swift tem um registo baixo particularmente harmónico e sedutor, o qual tem explorado bastante nos últimos álbuns. Longe estão os refrões repletos de agudos excessivos dos álbuns da sua adolescência. Agora, é cá em baixo que nos rendemos a si. Os últimos versos de “loml” são quase sussurrados e a catarse e desconforto emocional são tão fortes que nos sentimos igualmente em estado de profunda perda, mesmo que nunca tenhamos perdido um “amor da nossa vida”.

“The Tortured Poets Department: The Anthology”, o mais recente disco de originais da autoria de Taylor Swift, conta com 31 temas originais. Concordas com a nossa sugestão de ranking? 

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