Shame (foto de Holly Whitaker)

Super Bock Super Rock 2019 | 5 razões porque vamos

O Super Bock Super Rock é para todos, mas nem todos os seus concertos são para nós. Deixamo-vos aqui as razões e uma playlist que nos levam este ano até à praia do Meco.

Cat Power | 18 Julho, Super Bock, 19.15

Super Bock Super Rock 2019
Cat Power (foto de Eliot Lee Hazel)

Chan Marshall, mais conhecida por Cat Power, dispensa apresentações. O seu longo currículo como cantautora é invejável e, só por si, condição suficiente para marcar presença nesta edição do Super Bock Super Rock. Quem for por amor ao seu inteiro catálogo não ficará desiludido porque as estatísticas apontam para um alinhamento equilibrado, bem distribuído pelos vários álbuns, indo desde o seu grande clássico Moon Pix (1998) até ao mais recente Wanderer, álbum lançado no final do ano passado e motivo da actual digressão.

Apesar de assombrado por uma saída algo acrimoniosa de Cat Power da Matador, editora onde esteve por mais de vinte anos, este novo disco é de imensa qualidade e, se as condições de acústica e ambiente forem favoráveis, Wanderer não deixará de brilhar num contexto ao vivo. Aliás, se pensarmos que Cat Power e Lana Del Rey partilham o palco no mesmo dia, talvez sejamos mesmo agraciados com uma performance ao vivo do seu dueto em “Woman”. Ah, bom, sonhar não custa, certo?

CAT POWER | “WANDERER” AO VIVO




Lana Del Rey | 18 Julho, Super Bock, 00.15

Super Bock Super Rock
Lana Del Rey

Lana Del Rey prepara-se para lançar um álbum, mas quando exactamente não se sabe. Acerca do sexto longa-duração de Elizabeth Grant, sabemos apenas que se intitula Norman Fucking Rockwell, resulta da colaboração com o produtor Jack Antonoff e sairá algures este ano, talvez em Agosto ou Setembro. Ainda assim podemos contar ouvir dois dos três singles lançados até à data, no seu concerto que aí vem do Super Bock Super Rock. Se o longo e vagaroso lamento de “Hope is a dangerous thing for a woman like me to have – but i have it” faz deste single um improvável candidato a qualquer alinhamento, mais ainda de um festival, já “Mariners Apartment Complex” e “Venice Bitch” ameaçam ser dois dos momentos altos do concerto.

Não somos fãs do poptimismo que grassa por aí, mas se tivéssemos de eleger uma rainha pop capaz de nos conquistar é bem provável que acabássemos a coroar o contralto cavernoso e sedutor de Lana Del Rey, a sua persona e estilo musical cinematográficos, visão melancólica do amor e culto do feminino da década de 50. Ironizando certas figurações do belo feminino, Lana Del Rey reafirma-as e torna-as possíveis e atractivas em pleno século XXI. No nosso caso, poderemos ver este espectáculo de perigoso encanto bem ao vivo já na quinta-feira.

LANA DEL REY | “BORN TO DIE” AO VIVO




Shame | 19 Julho, Super Bock, 19.15

Super Bock Super Rock 2019
Shame (foto de Jenna Foxton)

Se já não o sabiam, deixem-me que vos diga: os Shame darão um dos concertos da vossa vida. Acreditem, já os vimos em acção no Vodafone Paredes de Coura. Pode ser que às vezes soe um pouco forçado, como se esta banda punk tão de agora estivesse a tentar ressuscitar uma época ida, os bons velhos tempos do hardcore que acontecia nas caves e obscuros, minúsculos bares do circuito subterrâneo da década de 80, tão bem documentado em The Decline of Western Civilization (1981). Mas é o próprio ânimo na raiz desta veleidade que se torna entusiasmante e nos faz pensar em quão eternas são a energia e avidez da juventude. Nesse sentido, o ideal do punk continua vivo e os Shame são a prova disso.

A banda do sul de Londres vem-nos apresentar uma vez mais o seu álbum de estreia Songs of Praise (2018), editado pela Dead Oceans. Por altura da sua vinda à praia fluvial do Taboão, ficámos de ver se, como o vocalista Charlie Steen canta em “Dust on Trial” (“What’s the point of talking if all your words have been said?”), valeria ou não a pena ouvir o que eles sempre se decidiram a dizer, não obstante as palavras poderem estar estafadas. Este é o momento em que vos revelaríamos a conclusão a que chegámos, mas não vos vamos poupar o trabalho ou gozo de irem ver e julgar por vocês mesmos. Uma dica para os menos perspicazes… olhem para a imagem de destaque (“duh”, diria a guru do momento).

SHAME | “DUST ON TRIAL” AO VIVO




Phoenix | 19 Julho, Super Bock, 23.00

Super Bock Super Rock
Phoenix (foto de Julien Mignot)

Provavelmente estão a pensar ir a este concerto só para ouvir a “1901” ou a “Lizstomania”. E não há dúvidas de que pode ser o Wolfgang Amadeus Phoenix – com o seu ritmo frenético, as referências histórico-culturais pomposas e uma versão particularmente feliz da fusão de guitarras angulares e sintetizadores dançáveis característica do final da década – a justificar uma ida ao concerto da banda de indie pop francesa cujo quarto álbum, juntamente com o Merriweather Post Pavilion dos Animal Collective, conquistou o mundo em 2009.

Mesmo assim, há espaço para investigar o que os Phoenix criaram e continuam a criar para lá do seu clássico, que ainda é cedo para mumificarmos o artista nos seus singles de sucesso e no álbum que os projectou na ribalta. Caso não vos apeteça recuar no passado e surpreenderem-se com o que lá encontrarão, podem partir do presente e visitar o mais recente longa-duração Ti Amo (2018), lançado pela Glassnote. Se é que já não se entretiveram, durante o verão do ano passado, a dançar, até à exaustão, ao som de “J-Boy”. Para os que conhecem bem o single principal de Ti Amo, não resta mais nada senão ir até ao Super Bock Super Rock cantar o refrão a plenos pulmões e (pois claro) dançar ao som dele ao vivo. Quem o deixou escapar na altura, vai sempre a tempo e pode mesmo começar por aqui, clicando já no vídeo.

PHOENIX | “J-BOY”




Charlotte Gainsbourg | 19 Julho, EDP, 22.00

Super Bock Super Rock 2019
Charlotte Gainsbourg (foto de Collier Schorr)

A atriz e cantautora francesa, filha de Jane Birkin e Serge Gainsbourg, vem-nos apresentar o seu quarto e criticamente aclamado álbum, Rest (2017), editado pela Because Music. Contando com as participações de Sebastián, Paul McCartney, Owen Pallet, Guy-Manuel de Homem-Christo, dos Daft Punk, entre muitos outros, e pejado de referências, algumas literárias como Sylvia Plath, o disco representa um paradoxal encontro entre uma sonoridade infecciosa de eurodisco, funk e pop e um conteúdo lírico onde Charlotte Gainsbourg medita sobre temas graves e sombrios como a morte, o alcoolismo, o medo e conflitos interiores. Apesar da pesada temática, o resultado é uma sequência de canções que sublimam o drama no enlevo das melodias e na tranquilidade do ritmo, lembrando várias vezes a movimentada quietude dos Stereolab. Tudo se pacifica numa última, positiva afirmação de beleza. Como se não bastasse, teremos ainda o bónus de ver, no alinhamento do concerto do Super Bock Super Rock, algumas das canções pertencentes ao EP lançado entretanto, Take 2.

CHARLOTTE GAINSBOURG | “SUCH A REMARKABLE DAY”




SUPER BOCK SUPER ROCK 2019 | Menções Honrosas

Super Bock Super Rock 2019
Calexico and Iron & Wine (foto de Piper Ferguson)
18 Julho | Metronomy, EDP, 23.30

Os Metronomy anunciaram recentemente o lançamento do seu próximo álbum, Metronomy Forever, e podemos contar já com a presença no alinhamento do concerto dos dois singles lançados até à data, “Lately” e “Salted Caramel Ice Cream”.

19 Julho | Calexico and Iron & Wine, EDP, 18.30

O motivo desta digressão conjunta é a mais recente colaboração entre os dois artistas, Years to Burn, e para quem deseja um momento de madura cantautoria e conversada beleza este será o concerto ideal.

20 Julho | Superorganism, EDP, 19.15

Tendo estado em Portugal no Nos Primavera Sound do ano passado, os Superorganism regressam ao país para apresentar uma vez mais o seu homónimo álbum de estreia. Para quem deixou escapar ou não pôde aproveitar na altura a hipótese de os ver ao vivo, aqui está a prova de que na vida há sempre uma segunda oportunidade.

SUPER BOCK SUPER ROCK 2019 | Playlist

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