Top 10 cinema italiano | 7. Suspiria

Suspiria de Dario Argento é o pesadelo mais belo e sedutoramente extravagante na história do cinema, ocupando um óbvio lugar de primazia no cânone do cinema italiano.

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Título Original: Suspiria
Realizador:  Dario Argento
Elenco:  Jessica Harper, Stefania Casini, Joan Bennett, Alida Valli, Udo Kier
1977 | 98 min

O cinema de terror italiano, particularmente o género giallo em que Dario Argento se tornou o absoluto e suprassumo mestre, é usualmente caracterizado por enredos e guiões inconsistentes, com grandes simplismos e enormes falhas de básica racionalidade, assim como por uma indiscritível bizarria narrativa e formal com imagens e sons de uma beleza tão hipnotizante como digna de estridentes gritos de horror. De todo o cânone do giallo, Suspiria é possivelmente a forma mais extravagante, opressiva e exagerada de todas estas idiossincráticas características, transcendendo as convenções desse género e convertendo-se num monstruoso híbrido cinematográfico.

Em termos narrativos, Suspiria é a estranha e melodramática história de uma estudante de ballet americana e sua entrada numa academia de dança alemã, em que as professoras e diretora são demoníacas bruxas com intenções nefastas sobre o corpo estudantil. Na sua orgia de estilo, a única razão para a mera existência de uma narrativa em Suspiria é a oferta de algum semblante de pretexto para as visões infernais que Argento vai conjurando neste espetáculo de cor, música e sangue. A fotografia e cenografia híper colorida são por si só dignas do panteão do terror cinematográfico, conferindo uma aparência doentiamente artificial a todo o filme, mas, em conjunto com a arrepiante música dos Goblin, o efeito geral é o de uma alucinação de duas horas pontuada por momentos de uma carnificina tão estilizada que quase se torna em algo surreal e abstrato.

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Se com o neorrealismo, o cinema italiano construiu uma nova maneira de capturar a realidade do quotidiano, com os filmes de Argento o oposto ocorreu. Cinema ao estilo de Suspiria conjura visões em que o realismo é completamente negado, senão violentamente assassinado em frente aos olhos do seu público em verdadeiras orgias de opulente estilo e enlouquecido formalismo. A própria audiência é atacada por esta obra, sendo que em certas cenas parece que Argento tomou como objetivo, cegar as pessoas que vêem o filme com as cores mais intensas e ácidas que conseguiu capturar, ensurdecê-las com a sua demoníaca música e enlouquecê-las com as suas assombrações de assustadora violência barroca.

Deste híbrido do giallo passamos ao mais épico exemplo do spaghetti western, outro importante género singularmente italiano, na próxima página.

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About The Author

Cláudio Alves

Licenciado em Teatro, ramo Design de Cena, pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Ocasional figurinista, apaixonado por escrita e desenho. Um cinéfilo devoto que participou no Young Critics Workshop do Festival de Cinema de Gante em 2016. Já teve textos publicados também no blogue da FILMIN e na publicação belga Photogénie. É redator na MHD desde 2015, ocupando atualmente a posição de editor sénior.

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