10 romances lésbicos do cinema moderno
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Retrato de uma Rapariga em Chamas é um dos grandes destaques em estreia esta semana, por isso aproveitamos a oportunidade para revisitar e explorar 10 (incríveis!) romances lésbicos do cinema moderno
Se achavas que a representação LGBTQ+ na indústria cinematográfica era um fenómeno relativamente recente… pensa de novo! Um dos primeiros exemplos on record é Anders als die Andern, um filme alemão de 1919 que retrata a história de um violinista que se apaixona por um pupilo. No entanto, se é uma feliz verdade que as temáticas queer têm ressoado pela história do cinema há já mais de 100 anos, também é verdade que a proporcionalidade da sua representatividade deixa ainda muito a desejar – especialmente, e relembrando o enquadramento e expressão da figura da Mulher no Cinema em geral, se falarmos de histórias ou romances estritamente lésbicos.
Todavia, a tendência do novo século vê com bons olhos o surgimento de muitas e novas vozes femininas à frente e atrás das câmaras, o que significa que também a representação histórias de amor entre mulheres começa a ganhar alguma expressão.
Embalados pela estreia do IMPERDÍVEL “Retrato de uma Rapariga em Chamas“, partilhamos contigo 10 romances lésbicos do cinema moderno que não podes mesmo perder!
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RETRATO DE UMA RAPARIGA EM CHAMAS (2019), de Céline Sciamma
Estamos em 1770 e Marianne é a pintora responsável pelo retrato de casamento de Héloïse, uma jovem que acaba de sair do convento e que resiste ao seu destino de esposa, recusando posar. Marianne tem de a pintar em segredo. Apresentada como dama de companhia, observa-a todos os dias. Na realidade, a sinopse de apresentação de Retrato da Rapariga em Chamas podia cingir-se àquelas últimas quatro palavras: “oberva-a todos os dias”. Ao contrário da esmagadora maioria das outras entradas nesta nossa lista que encapsulam representações manifestamente mais carnais e físicas do Amor lésbico, Retrato da Rapariga em Chamas expõe a complexidade da intimidade entre duas mulheres na subtileza dos silêncios e dos olhares, a porta de entrada para uma sensualidade mais profunda e intensa. Apresentado no Festival de Cinema de Cannes, onde levou para casa o prémio de Melhor Argumento e a Queer Palm, este sensual drama histórico escrito e realizado por Céline Sciamma explora e expõe o olhar feminino e o olhar lésbico enquanto desconstrói a experiência vertiginosa do enamoramento e do desenvolvimento da paixão. Um clássico instantâneo.
AMOR DE VERÃO (2004), de Pawel Pawlikowski
Antes de nos assolapar com Ida (2013) e Guerra Fria (2018), Pawel Pawlikowski explorou o borbulhante romance nascido entre duas jovens mulheres num verão particularmente quente no interior da Inglaterra. Vencedor do BAFTA para Melhor Filme Britânico, Amor de Verão é uma história de amor sombria e agridoce e um dos primeiros vislumbres mais chegados ao público mainstream de temas e personagens lésbicas.
O VERÃO DE SANGAILÉ (2015), de Alantė Kavaitė
Sangaile tem 17 anos e um enorme fascínio por aviões de acrobacias. No verão, durante um festival perto da casa de férias dos pais, conhece Auste, uma rapariga da mesma idade a quem revela o seu segredo mais íntimo. Como muitos outros romances que retratam desejos ardentes, o drama de Alanté Kavaitė passa-se, como o próprio nome indica, durante o verão, e se ainda ruminam sobre a beleza soalheira de Chama-me Pelo Teu Nome, esta é outra paixão imersiva na qual devem mergulhar sem medos. Mesmo com alguma quezílias narrativas inegáveis, faz-se acompanhar de uma incrível banda-sonora de Jean-Benoît Dunckel (da banda francesa Air) e apresenta-se como uma íntima celebração das paixões e desejos que marcam a nossa adolescência e que celebra o Amor como uma força capaz de nos ajudar a derrotar os nossos próprios demónios.
LA BELLE SAISON (2015), de Catherine Corsini
Em 1971, epicentro da efervescência do movimento feminista na França, a jovem Delphine deixa a vida provinciana para morar em Paris, onde conhece Carole, uma mulher casada e feminista, por quem se apaixona. Os problemas começam quando Delphine é obrigada a voltar ao campo e Carole não tem outra opção a não ser acompanhá-la, já que a sua relação ultrapassou há muito a mera aventura. Embora leve os seu tempo a alcançar os conflitos mais interessantes da trama, La Belle Saison apresenta uma bela (ainda que relativamente trágica) história de amor que atravessa as amarguras do preconceito. Além do óbvio enquadramento LGBTQ+, é ainda uma intrigante investigação sobre o movimento feminista francês e uma informada representação de três perspetivas completamente diferentes sobre a (i)mutabilidade do papel da Mulher na sociedade – de Delphine, de Carole e da mãe de Delphine.
RAFIKI (2018), de Wanuri Kahiu
O contexto real que envolve Rafiki acaba por ser quase tão importante para a sua entrada nesta lista como a sua efetiva (e comprovada) qualidade. De facto, foi o primeiro filme queniano a ser exibido no Festival de Cannes. Ao mesmo tempo, foi banido no seu próprio país de origem pelo homofóbico responsável do Conselho de Classificação de Filmes do Quénia, Ezekiel Mutua, que alegou que “promovia gratuitamente o lesbianismo”. Após uma intensa batalha legal, a realizadora Wanuri Kahiu conseguiu um levantamento da proibição de exibição por sete dias e Rafiki foi recebido com sessões e sessões esgotadas. Esta espécie de Romeu e Julieta dos tempos modernos conta a história de Kena e Ziki, duas mulheres que se apaixonam apesar de os seus pais serem rivais políticos rivais. Terno, cheio de vida Rafiki é assombroso e esperançoso. Simples, mas ousado. Imperdível.
PARIAH (2011), de Dee Rees
Tendo começado como uma experiência em curta-metragem, em 2011, Pariah tornou-se o hit festivaleiro que nasceu para ser. Realizado por Dee Rees – uma cineasta negra e lésbica -, explora a história de Alike, uma jovem que procura encontrar-se na sua identidade queer enquanto choca violentamente com a homofobia da comunidade e da própria mãe. Sincero e ocasionalmente duro, este drama semiautobiográfico de Rees é uma singular história de crescimento que trouxe temas como a identidade sexual e a identidade e expressão de género para cima da mesa, muito antes de serem discutidos nos meios mainstream. Poderoso e imbuído de uma inegável eletricidade sexual, Pariah esteve, talvez, à frente do seu tempo, mas é agora mais atual e necessário do que nunca.
A CRIADA (2016), de Chan-wook Park
A Criada, absoluto tour de force estético e narrativo, é aquela adaptação de “Fingersmith” de Sarah Waters que talvez não fiques confortável a assistir entre família. Sombrio, deliciosamente divertido, inteligente, violento e devastador, o thriller pejado de erotismo de Chan-wook Park reenquadra os procedimentos numa Coreia ocupada pelo Japão, e desenrola-se à volta de uma relação entre duas mulheres que, há muito subjugadas pelo domínio masculino, se reúnem numa surpreendente e inesperada conspiração. Contado de três perspetivas distintas, é um autêntico e irresistível labirinto de manipulação, mentira e… muito desejo.
DISOBEDIENCE (2017), de Sebastián Lelio
Que ano inacreditável o de 2017 para Sebastián Lelio e, por extensão das suas obras, para a representação de temas LGBTQ+ na sétima arte. Além do assombroso Uma Mulher Fantástica, o realizador chileno brindou-nos ainda com Disobedience, um cativante drama sobre um amor impossível sob o escrutínio da religião e da cultura. Baseado na premiada novela homónima de Naomi Alderman, o filme segue a história de Ronit, a há muito ausente filha de um rabino querido na sua comunidade, que regressa a Londres para o funeral do pai, e se vê reunida com duas importantes figuras da sua juventude: Dovid e a sua mulher Esti. Quando Ronit e Esti se encontram, depressa redescobrem o sentimento apaixonado que tinham uma pela outra na adolescência. Disobedience explora de forma profundamente comovente a relação entre o desejo, a autonomia feminina e a pressão da comunidade.
CAROL (2015), de Todd Haynes
Erguendo-se sob a base de olhares furtivos e beijos roubados, Carol é a adaptação do revolucionário “The Price of Salt” de Patricia Highsmith que se tornou, à sua maneira, também um marco progressista na indústria cinematográfica americana. Protagonizado por Cate Blanchett que interpreta uma socialite que se apaixona pela lojista Therese (interpretada por Rooney Mara), Carol foi o primeiro romance dramático centrado numa relação lésbica sem intrusivas presenças masculinas ou desgraças fatídicas a merecer atenção na Awards Season e em particular nos Óscares da Academia – ainda que não tenha levado nenhum para casa. A imensa tensão existente entre o que é esperado e socialmente aceitável e entre aquilo que mais profundamente desejamos é a espinha dorsal de um magnífico romance tecido das mais puras e honestas sensibilidades e nuances.
A VIDA DE ADÈLE (2013), de Abdellatif Kechiche
Que lista estaria completa sem A Vida de Adèle? Este épico do quotidiano de três horas retrata o desenvolvimento e crescimento sexual e romântico de uma jovem e traça o curso de uma história de amor singular em todos os seus estágios, desde a paixão incontrolável até ao despedaçamento de um coração partido. Foi o vencedor da Palma de Ouro do ano respetivo e, numa medida nunca antes vista, a organização do festival dividiu o prémio entre o realizador e as duas incríveis protagonistas. Preparem-se para sentir. Tudo.
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