© Diana Tinoco

Contado por Mulheres | Projeto dá voz às mulheres no cinema

“Contado por Mulheres” traz-nos 10 telefilmes realizados por mulheres, onde grande parte do elenco é do género feminino.

A ideia surgiu num dos jantares de equipa da Ukbar Filmes, chamado “o jantar dos Reis”, onde Pandora da Cunha Telles, uma das produtoras, apercebeu-se que havia muitos “reis”, e poucas “rainhas”. Dos inúmeros projetos apresentados à RTP, “Contado por Mulheres” foi um dos selecionados. A ideia esteve a matutar durante 3 anos, em plena pandemia. São 10 telefilmes no total, com cerca de 50 minutos cada um. Os primeiros cinco telefilmes vão estrear entre Novembro e Dezembro, todas as quartas-feiras na RTP, depois do Telejornal. Um espaço que é também habitualmente reservado à ficção portuguesa. Os restantes cinco telefilmes serão exibidos entre Março e Abril do próximo ano.

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Para cada uma das obras houve uma profunda pesquisa, onde o objetivo era procurar histórias de autores portugueses que merecessem mais projeção. Além disso, as rodagens também passaram por locais do interior do país, de forma a descentralizar o cinema. Mas acima de tudo, o projeto destaca-se pelo passo que dá numa maior igualdade de género dentro do cinema. Assim sendo, os 10 telefilmes são todos realizados por mulheres, sendo que também é a primeira vez que estão na realização. Igualmente, maioria das histórias e do elenco também foca-se no feminino. 

Os primeiros cinco telefilmes chamam-se “Vizinhas”, de Sofia Teixeira Gomes (16 de Novembro), “A Traição do Padre Martinho”, de Ana Cunha (23 de Novembro), “Armários Vazios”, de Cristina Carvalhal (30 de Novembro), “Os Vivos, o Morto e o Peixe-frito”, de Daniela Ruah (7 de Dezembro) e “Quando o Diabo Reza”, de Fabiana Tavares (14 de Dezembro). Na apresentação, tivemos um pequeno vislumbre dos mesmos. O primeiro, “Vizinhas”, acompanha a história de duas idosas num lar, onde enfrentam várias peripécias durante a sua fuga. Pelo meio, vemos flashbacks do passado em comum de ambas. Num tom humorístico, foi um dos telefilmes mais bem recebidos na apresentação. 

Contado por Mulheres
© Diana Tinoco

Depois deste momento, as realizadoras e parte dos elencos dos respetivos telefilmes subiram ao palco, para falarem sobre a experiência neste projeto. As opiniões foram unânimes, para as realizadoras foi um desafio gratificante, e do outro lado, para os atores, houve surpresas, trabalhar com atrizes que também são excelentes realizadoras, em que todos os casos há espaço para falar. Mas de todos os filmes, destaca-se as palavras do elenco de “Os Vivos, o Morto e o Peixe-frito”, realizado por Daniela Ruah. Para Soraia Tavares, é gratificante e muito emotivo trabalhar num filme cujo o elenco é composto, na sua grande maioria, por atores negros. Algo, que como a atriz afirma, é raro ter protagonistas negros, e quando maioria do elenco também o é, mais raro é. 

No final, houve um (curto) espaço para as possíveis perguntas do público, nomeadamente do estudantes das diversas áreas do audiovisual que se encontravam presentes. A primeira pergunta questionava os obstáculos que as realizadoras sentiram por serem mulheres. A única resposta digna de registo partiu de Sofia Teixeira Gomes, que afirmou que a desigualdade é sentida em vários parâmetros, na esfera pessoal e profissional. Depois desta pergunta, a moderadora fechou, quase de imediato, as perguntas do público, e a apresentação. Ficou um dissabor no ar entre os estudantes, que sentiram que não tiveram tempo, e que as suas questões fora levemente respondidas.

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Num estudo intitulado, “Um outro “olhar”: Igualdade de Género no Cinema Independente“, confirma-se que ainda existe um longo caminho a percorrer, mas apesar do final da apresentação ter ficado marcado por momento menos positivo, o projeto é um sinal bastante positivo na luta pela igualdade de género no cinema, que poderá espelhar-se noutras esferas.

TWITTER | O PRIMEIRO TELEFILME DO PROJETO CONTADO POR MULHERES, VIZINHAS, ESTREIA DIA 16 DE NOVEMBRO

Conhecias o trabalho artístico destas realizadoras? Vais acompanhar o projeto?

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