Divertida-mente 2, a Crítica: A ansiedade de Maya Hawke toma conta nesta sequela Disney*Pixar
“Inside Out” é um dos maiores tesouros originais da Pixar e 9 anos após a sua estreia, chega a sequela “Divertida-mente 2”. Esta continuação já se tornou na sequela mais bem-sucedida do estúdio de animação e introduz novas emoções na mente de Riley!
A Pixar é conhecida por levar a animação a novos patamares, indo bem além de paradigmas de princesas e dragões, ou da adaptações de antigas histórias infantis, para antes criar contos detalhados e inteiramente novos, capazes de encher as medidas a várias gerações. “Inside Out”, de 2015, é uma das histórias mais originais do estúdio, apresentando-nos uma criança, Riley, e a sua mente, onde 5 emoções centrais controlam a sua personalidade: a Alegria (voz de Amy Poehler) no comando, a Ira (Lewis Black), o Medo (Bill Hader no original e Tony Hale na sequela), a Repulsa (Mindy Kaling no primeiro filme e Liza Lapira na sequela) e ainda a Tristeza (Phyllis Smith), que ao longo do primeiro filme ameaça tomar conta perante uma mudança de ambiente difícil de aceitar.
“Inside Out” venceu o Óscar de Melhor Filme de Animação e foi com antecipação que foi anunciada a sequela que agora estreia às salas.
Novas emoções da adolescência e a ansiedade no controlo
Incrivelmente metafórico e complexo, o primeiro filme “Divertida-mente” (péssima tradução de título, diga-se de passagem) pinta uma imagem colorida daquelas que são as nossas emoções essenciais. Mas eis que a jovem Riley cresce e emoções mais complexas chegam ao quartel geral neste “Divertida-mente 2”. Entre elas o Tédio ou Ennui (Adèle Exarchopoulos), a Vergonha (Paul Walter Hauser), a Inveja (Ayo Edebiri) e, por fim, a estrela mais controladora entre o grupo, a Ansiedade (Maya Hawke, “Stranger Things”).
A Ansiedade é sem dúvida a estrela desta sequela, e uma que se alinha perfeitamente com o momento cultural que vivemos e com as preocupações inerentes à segunda década do século XXII. Desta forma, a Pixar sabe inteligentemente crescer com o seu público: das crianças que viram o primeiro filme e possam estar a chegar à puberdade aos adultos que reconheçam, nas suas vidas mais complexas, as mesmas lutas muito universais com que Riley (Kensington Tallman) se debate neste “Divertida-mente 2”.
Alguns vícios narrativos, mas uma Maya Hawke imperdível
“Inside Out 2” não é de todo perfeito. O filme entretém, consegue em igual medida motivar o riso e a lágrima, mas não se consegue livrar de um fantasma bem concreto: é uma intencional e constante fórmula de evocação do primeiro filme. As emoções originais de Riley acabam reprimidas quando a Ansiedade ameaça tomar conta de tudo, e a viagem que fazem pela mente de Riley em tudo se assemelha à jornada “do herói” do primeiro filme.
Além disso, enquanto embarcam nesta aventura para recuperar o sentido de identidade de Riley, as suas corajosas emoções fazem alguns amigos pelo caminho. De uma bolsa que tem sempre objetos necessários à mão de semear, até segredos e paixonetas por personagens de videojogos bem escondidas nos confins, a Alegria, Medo e companhia encontram muitos aliados pelo caminho mas nenhum consegue evocar o impacto emocional de Bing Bong (Richard Kind), o amigo imaginário do primeiro filme.
Seguindo uma clara fórmula, “Divertida-mente 2” coloca um problema demasiado semelhante ao encontrado no primeiro filme: uma nova emoção com problemas de regulação ameaça tomar conta de tudo. Onde antes descobrimos que a Tristeza faz parte de cada um de nós, aqui compreendemos que também a Ansiedade serve a sua função.
O realizador Kelsey Mann (que assina aqui a sua primeira longa), a quem é passado o testemunho por parte do gigante Pete Docter (que escreveu e realizou “Up”) e Ronnie Del Carmen, parece intimidado pelo peso desta responsabilidade, em tudo operando uma colagem em relação à primeira obra, dos grandes pontos de tensão à progressão.
Todavia, onde em “Inside Out”, de 2015, assistimos a um grande evento na vida de Riley, uma mudança de cidade e uma nova escola, aqui passamos todo o filme num fim de semana e quase sempre entre jogos de hockey. O cenário torna-se sufocante e não ajuda nada a amenizar o sentimento de repetição.
Não obstante, “Divertida-mente 2, não vencendo pela originalidade, não deixa de entreter e até consolar. Faz-se sentir como uma ida à terapia em forma de filme, como uma exploração honesta e bem humorada dos confins mais complexos da nossa mente, aqui simplificados para o usufruto de toda e qualquer geração.
Uma vez mais, o elenco de vozes desempenha um papel muito importante. Poehler continua deslumbrante como a voz de Alegria, energética e comparável, mas a longa-metragem pertence mesmo a Maya Hawke e à sua frenética e muito contemporânea Ansiedade. De resto, a entrega dramática de Ayo Edebiri (“The Bear”) também nunca falha e a sua Inveja é assim um dos pontos altos no que a esta sequela diz respeito.
E se “Inside Out 2” não consegue motivar a existência, nem perto disso, não temos ainda assim dúvidas de que a sua qualidade geral merece uma ida ao cinema.
Divertida-mente 2 chegou às salas de cinema nacionais a 11 de julho e é a proposta de animação número 1 para este verão!
Divertida-mente 2, a Crítica
Movie title: Divertida-mente 2
Movie description: DIVERTIDA-MENTE 2 (INSIDE OUT 2), da Disney*Pixar, regressa à mente da recém adolescente Riley, no momento em que o Quartel General está a passar por uma demolição repentina para dar lugar a algo totalmente inesperado: novas Emoções! A Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Repulsa, que há muito tempo administram uma operação bem-sucedida em todos as áreas, não têm a certeza de como se irão sentir quando a Ansiedade aparecer. E parece que ela não está sozinha. Maya Hawke dá voz na versão original à Ansiedade, ao lado de Amy Poehler como Alegria.
Date published: 11 de July de 2024
Country: EUA
Duration: 96'
Director(s): Kelsey Mann
Actor(s): Amy Poehler, Maya Hawke, Ayo Edebiri
Genre: Animação, Comédia
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Maggie SIlva - 75
Conclusão
“Divertida-mente 2” opera uma notória colagem face ao primeiro filme, movendo-se não só no mesmo universo mas seguindo uma progressão narrativa em tudo semelhante. E embora esta falta de autonomia torne a sequela pouco imprescindível, a reciclagem não elimina o valor desta continuação que sabe expressar visualmente aquilo que é crescer e também, pelo caminho, dizer algo sobre o que é chegar à adolescência em 2024.
Maya Hawke é o ponto alto como a voz da Ansiedade, a nova rainha frenética da mente de Riley.