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European Film Challenge | 50 filmes da Berlinale

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O European Film Challenge, depois do concurso para uma viagem a Cannes e Veneza, agora oferece a possibilidade de ida ao Festival de Berlim. Para ajudar, oferecemos aqui uma lista de excelentes filmes europeus que podes procurar para participar nesta iniciativa.

Como introdução, relembremos aquilo que já tínhamos publicado em artigos anteriores:

O Festival de Berlim decorre entre 20 de fevereiro e 1 de março de 2020, e o EFC preparou um desafio imperdível que te pode levar à primeira fila do evento! São dez filmes europeus em dez semanas, com desafios especiais para os amantes da sétima arte. Para participar basta veres os filmes legalmente via sala de cinema, DVD, Blu-Ray, Streaming, entre outros, e registá-los na plataforma do EFC. Ganhas quatro pontos por cada obra e três pontos por cada plataforma diferente registada. Para além disso, podes receber pontos extra através de desafios e de amigos!

Esta é uma oportunidade imperdível, especialmente se fores um cinéfilo que já regularmente vê filmes europeus. Considerando isso mesmo, decidimos oferecer aqui uma lista de recomendações baseada em obras que se encontram, de momento, disponíveis ou em DVD editado no nosso país ou na plataforma online da FILMIN ou na Netflix. Para elaborar esta lista tentámos corresponder aos critérios do desafio, mas optamos por só incluir filmes que tenham passado pela Berlinale. Assim, até podes ter já uma ideia do tipo de cinema que passa por esse festival e que poderás ver se ganhares o prémio da viagem.

Sem mais demoras, aqui ficam os filmes, ordenados por ordem cronológica, a começar com o mais recente. Os títulos são…

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ELISA & MARCELO
de Isabel Coixet

european film challenge elisa y marcela
© Netflix

Título Original: Elisa y Marcela

País: Espanha

Idioma: Espanhol, Português

Ano: 2019

Género: Drama, Romance

Duração: 118 minutos

Sinopse: Em 1901, em Espanha, Elisa Sánchez Loriga adota uma identidade masculina para poder casar com a mulher que ama, Marcela Gracia Ibeas. Baseado em acontecimentos verídicos.

Razões para ver: Romances LGBT em contextos de época são raros no grande ecrã, mas isso não quer dizer que não existiam ou que não merecem ser contados. O novo filme de Isabel Coixet tenta revelar esse tipo de realidades perdidas às margens dos livros de História, focando-se numa história de amor lésbico que começa no século XIX e chega à sua apoteose no começo do século XX. A fotografia em preto-e-branco cristalino é uma mais-valia da produção que compensa limites orçamentais com engenho estético e criatividade formal. As atrizes também são exemplares, mesmo que o drama seja mais sussurrado que exaltado.

Prémios: O filme esteve em competição na Berlinale de 2019. Também ganhou o Prémio da Audiência no OUTshine Film Fest. Além disso, também recebeu nomeações para os prémios Gaudí, em quatro categorias diferentes pelos seus cenários, figurinos, maquilhagem e banda-sonora original.




SINÓNIMOS
de Nadav Lapid

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© Films4You

Título Original: Synonymes

País: França, Israel, Alemanha

Idioma: Hebraico, Francês, Inglês

Ano: 2019

Género: Drama, Comédia

Duração: 123 minutos

Sinopse: Yoav, um jovem israelita, vai para Paris, com esperança de que a França e os franceses o salvem da loucura do seu país. Em Paris, as coisas não começam muito bem para Yoav. Ele bate à porta de um apartamento e descobre que está vazio, aproveita para tomar banho lá, mas as suas coisas são roubadas. Mas este jovem israelita chegou a Paris com grandes expectativas, ele está determinado a livrar-se da sua nacionalidade o mais rápido possível. Para ele, ser israelita é como um tumor que precisa de ser removido cirurgicamente. Tornar-se francês, por outro lado, seria sem dúvida a sua salvação. Para apagar as suas origens, Yoav começa por mudar a língua que fala. De agora em diante, ele não voltará a dizer uma única palavra em hebraico. O dicionário anda sempre com ele. As visitas que tem de fazer à Embaixada de Israel incomodam-no; ele acha que os seus compatriotas são uma chatice. O teste para a naturalização também lhe coloca alguns problemas. O jovem casal francês com quem travou amizade tem umas ideias bastante estranhas sobre como devem ajudá-lo.

Razão para ver: A performance destemida de Tom Mercier no papel principal é razão que chegue para recomendar o filme a todos os cinéfilos. A experimentação formal e audaz comentário político são a cereja no topo do bolo.

Prémios: Ganhou o Urso de Berlim e o Prémio FIPRESCI na última edição da Berlinale. Também foi galardoado nos festivais de Sevilha e Estocolmo. Prémio para Melhor Fotografia da Academia de Israel.




GRAÇAS A DEUS
de François Ozon

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© LEFFEST

Título Original: Grâce à Dieu

País: França, Bélgica

Idioma: Francês

Ano: 2018

Género: Crime, Drama

Duração: 137 minutos

Sinopse: Alexandre vive em Lyon com a sua esposa e filhos. Um dia descobre que o padre que o abusara quando era escuteiro ainda se encontra a trabalhar com crianças. Decide tomar uma atitude, de forma a quebrar o silêncio relativamente aos crimes do padre, com o apoio de François e Emmanuel, que descobre serem também vítimas. Baseada nos casos reais de abuso no seio da Igreja Católica, esta é uma história cuja urgência se traduz num drama sóbrio, mas poderoso.

Razão para ver: “Graças a Deus” dói e galvaniza. Este drama sobre os abusos sexuais na igreja católica é o tipo de filme que todos deviam ver, mas o tipo de filme que não recomendamos a ninguém que não se queira perder em espirais de angústia e raiva impotente. O trabalho do elenco é de particular espanto e merece intermináveis aplausos. Trata-se de uma anomalia estilística na filmografia do seu realizador, sendo um triunfo inesperado e altamente importante.

Prémios: Venceu o Urso de Prata na Berlinale e foi nomeado para cinco prémios Lumière, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Argumento.




MUG – A FACE
de Malgorzata Szumowska

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© ArteKino

Título Original: Twarz

País: Polónia

Idioma: Polaco, Romeno, Latim, Inglês

Ano: 2018

Género: Drama, Comédia

Duração: 88 minutos

Sinopse: Jacek adora o heavy metal, a sua namorada e o seu cão. A sua família, a sua pequena cidade natal, os seus colegas da paróquia, todos o veem como uma aberração divertida. Jacek trabalha no canteiro das obras do que é supostamente a estátua mais alta de Jesus no mundo. Quando um grave acidente o desfigura completamente, todos os olhos se voltam para ele enquanto passa pelo primeiro transplante facial no país.

Razão para ver: “Mug” é um violento grito de fúria contra a Polónia e sua sociedade doente com preconceitos e hipocrisias católicas. Com aventurosos engenhos formalistas e uma narrativa meio amorfa, o filme está longe da perfeição, mas vibra com a ambição eletrizante de uma cineasta que ama tanto o seu país que está disposta a lhe mostrar todos os seus mais vis aspetos refletidos no espelho distorcido do cinema.

Prémios: Vencedor do Urso de Prata na Berlinale de 2018. Ganhou também o Prémio do Júri Juvenil no Les Arcs European Film Festival e o galardão para Melhor Ator do Netia Off Camera International Festival of Independent Cinema.




O SILÊNCIO DOS OUTROS
de Almudena Carracedo e Robert Bahar

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© Midas Filmes

Título Original: El silencio de otros

País: Espanha, França

Idioma: Castelhano

Ano: 2018

Género: Documentário

Duração: 92 minutos

Sinopse: O Silêncio dos Outros mostra a luta épica das vítimas dos 40 anos da ditadura de Franco, em Espanha, que continuam hoje a procurar justiça. Filmado ao longo de 6 anos, o filme acompanha várias vítimas e sobreviventes, enquanto organizam o “Processo Argentino” e enfrentam uma amnésia imposta pelo Estado perante crimes contra a Humanidade num país, que após quatro décadas de democracia, continua dividido.

Razão para ver: Este documentário produzido por Pedro Almodóvar é um poderoso alerta e o chocante retrato de uma nação inebriada na ignorância que vem com o esquecimento e com a apatia política. Calcinante e lacerante, este é um filme de caráter urgente e discurso melancólico. As histórias humanas aqui contadas são de partir o coração. Acreditem!

Prémios: Ganhou o Prémio da secção Panorama e o prémio da Paz da Berlinale de 2018. Ao todo, venceu mais de 20 prémios em vários festivais mundiais. Contudo, os seus galardões mais importantes são o Goya para Melhor Documentário e o Prémio Pare Lorentz da Associação internacional de Documentalistas.




CHAMA-ME PELO TEU NOME
de Luca Guadagino

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© NOS Audiovisuais

Título Original: Call Me By Your Name

País: França, Itália

Idioma: Inglês, Francês, Italiano

Ano: 2017

Género: Drama, Romance

Duração: 132 minutos

Sinopse: Em “Chama-me pelo teu nome”, Elio Perlman (Timothée Chalamet), um precoce rapaz italo-americano de 17 anos, passa as férias na casa de família, uma mansão do século XVII, a transcrever e tocar música, a ler e a nadar. Elio tem uma relação próxima com o seu pai (Michael Stuhlbarg), um famoso professor especializado em cultura greco-romana, e a sua mãe Annella (Amira Casar), tradutora. Apesar da sua educação sofisticada e talento natural, Elio continua a ser bastante inocente, principalmente em assuntos do coração. Um dia, recebe a visita de um aluno americano, Oliver (Armie Hammer), que será o novo assistente do seu pai. No meio do cenário deslumbrante, Elio e Oliver vão se aproximando um do outro, o que mudará para sempre as suas vidas.

Razão para ver: Meras palavras são incapazes de descrever a beleza transcendente de “Chama-me Pelo teu Nome”, um filme capaz de cristalizar a sensação efémera do primeiro amor de modo magistral. Esta é uma obra-prima de cinema enquanto espetáculo sensorial e emocional que não deve ser perdido.

Prémios: Venceu o Óscar para Melhor Argumento Adaptado e foi também nomeado para Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Canção Original. Ao todo, o filme conquistou cerca de 94 prémios e mais de 200 nomeações.




A FESTA
de Sally Potter

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© Alambique

Título Original: The Party

País: Reino Unido

Idioma: Inglês

Ano: 2017

Género: Comédia, Drama

Duração: 71 minutos

Sinopse: Uma comédia envolta em tragédia que se desenvolve em tempo real numa casa de Londres, nos dias de hoje. Janet recebe um grupo de amigos próximos para celebrar a sua promoção a “Ministra-Sombra” da Saúde do partido da oposição. Mas o marido, Bill, parece preocupado. À medida que os amigos chegam, alguns com notícias para partilhar, a noite vai-se desenredando. Um anúncio de Bill provoca uma série de revelações que rapidamente escalam em confronto aberto. Enquanto as ilusões das pessoas em relação a si próprias e umas às outras se vão desfazendo em fumo, tal como os canapés, a festa torna-se numa noite que começou com champanhe e acaba com sangue no chão.

Razão para ver: Esta sátira acídica vale principalmente pelo trabalho de um elenco exemplar e pela velocidade a que o seu enredo retorcido se desenrola. A estrutura reminiscente do film noir e a fotografia monocromática são detalhes que dão um toque de sofisticação tóxica aos afazeres da narrativa.

Prémios: Patricia Clarkson ganhou o British Independent Film Award para Melhor Atriz Secundária, enquanto Kristin Scott Thomas conquistou a categoria de Melhor Atriz Principal nos Evening Standard British Film Awards.




O OUTRO LADO DA ESPERANÇA
de Aki Kaurismaki

european film challenge o outro lado da esperanca
© Midas Filmes

Título Original: Toivon tuolla puolen

País: Finlândia, Alemanha

Idioma: Finlandês, Inglês, Árabe, Sueco, Japonês

Ano: 2017

Género: Comédia, Drama

Duração: 100 minutos

Sinopse: Duas histórias que se cruzam. Khaled é um refugiado sírio que perdeu quase toda a família. Chega a Helsínquia e procura asilo sem grande esperança no seu futuro. Wikström é um caixeiro-viajante nos seus cinquenta anos que decide deixar a mulher e o trabalho. Muda de vida e compra um pequeno restaurante. Quando as autoridades decidem extraditar Khaled, como muitos outros, ele decide ficar ilegalmente em Helsínquia e desaparecer nas ruas da cidade, onde é vítima de vários atos de racismo, mas onde também encontra bondade pura. Wikström descobre-o e decide contratá-lo. A vida parece sorrir por um momento, mas o destino depressa intervém, podendo tanto conduzir a uma vida respeitável como ao cemitério.

Razão para ver: O cinema de Kaurismaki é um baú do tesouro sempre pronto a ser descoberto ou redescoberto. Com encenações minimalistas e imagens coloridas, este realizador conta uma litania esperançosa passada numa Europa assolada pela crise dos refugiados. Politicamente atual e artisticamente idiossincrático, uma combinação perfeita.

Prémios: Ganhou o prémio para Melhor Realizador na Berlinale. Também ganhou outras ao longo da sua travessia pelo percurso dos festivais. Nomeado para seis Prémios Jussi, incluindo Melhor Filme, e para quatro European Film Awards, incluindo Melhor Filme e Melhor Realizador.




REVIVER O PASSADO EM MONTAUK
de Vlker Schlöndorff

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© Outsider Films

Título Original: Rückkehr Nach Montauk

País: Alemaha, Irlanda, França

Idioma: Inglês, Alemão, Francês

Ano: 2017

Género: Drama, Romance

Duração: 102 minutos

Sinopse: Um dia o pai de Max disse-lhe: na vida só há duas coisas que importam: o que fizemos e nos arrependemos e o que nos arrependemos de não ter feito. Assim escreve o autor escandinavo no seu novo livro. A sua jovem mulher Clara antecipou a sua ida alguns meses para ajudar no lançamento nos Estados Unidos. No romance, Max fala-nos de uma paixão falhada naquela cidade, há 17 anos. Rebecca, a mulher em questão, continua em Nova Iorque e Max não pode partir sem a ver. Reticente, Rebecca convida-o a acompanhá-la numa curta viagem para ver uma casa que pensa comprar em Montauk, local onde tinham sido muito felizes juntos. Mas um imprevisto obriga-os a pernoitar. Poderão eles retomar o passado?

Razão para ver: Adaptado de um romance de Max Frisch, o filme é uma ode aos arrependimentos de uma vida e a melancolia do tempo que passa. Além dessas temáticas pesadas, mas sentidas, a melhor razão para ver o filme são as performances do notável elenco. Nina Hoss é de particular destaque.

Prémios: Fez parte da seleção Oficial da Berlinale e do Film by the Sea International Film Festival.




VERÃO 1993
de Carla Simón

Verao 1993 critica
© Alambique

Título Original: Estiu 1992

País: Espanha

Idioma: Catalão

Ano: 2017

Género: Drama, Família

Duração: 97 minutos

Sinopse: Espanha, Verão de 1993. No comovente filme autobiográfico de Carla Simón, após a morte dos seus pais, Frida, de seis anos, enfrenta o primeiro Verão com a sua nova família adotiva, na Catalunha. Antes do fim da estação, a menina tem de aprender a lidar com as suas emoções e os pais adotivos têm de aprender a amá-la como se fosse filha deles. Marcado por momentos de exuberância infantil e pensamentos amadurecidos, este drama de crescimento, passado entre tonalidades veranis, é um retrato extraordinariamente enternecedor de como ser criança num mundo de adultos, assente nos desempenhos impecáveis das duas jovens estrelas.

Razão para ver: “Verão 1993” é um retrato imersivo e emocionalmente complicado de uma menina catalã que perde tudo num piscar de olhos. A mãe, a casa em Barcelona, o ambiente da cidade, as ordens do mundo são trocadas por uma existência totalmente nova e diferente na casa dos tios. Crueldade e rebeldia florescem no seu comportamento, mas a sua interioridade permanece um mistério volátil e perigoso, o que Carla SImón explora com empatia e sagacidade formal e psicológica. Este gesto autobiográfico em forma de filme marca esta realizadora como uma das cineastas mais promissoras da atualidade.

Prémios: Recebeu mais de 35 prémios e um total de 55 nomeações. Entre os seus muitos galardões incluem-se o Prémio para Melhor Primeiro Filme da Berlinale e cinco prémios Gaudí, incluindo para Melhor Filme.




CARTAS DE GUERRA
de Ivo Ferreira

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© O Som e a Fúria

Título Original: Cartas de Guerra

País: Portugal, Alemanha

Idioma: Português

Ano: 2016

Género: Drama, História

Duração: 106 minutos

Sinopse: 1971. António vê a sua vida brutalmente interrompida quando é incorporado no exército português, para servir como médico numa das piores zonas da guerra colonial – o Leste de Angola. Longe de tudo que ama, escreve cartas à mulher à medida que se afunda num cenário de crescente violência. Enquanto percorre diversos aquartelamentos, apaixona-se por África e amadurece politicamente. A seu lado, uma geração desespera pelo regresso. Na incerteza dos acontecimentos de guerra, apenas as cartas o podem fazer sobreviver.

Razão para ver: Em “Cartas da Guerra” de Ivo Ferreira, a correspondência entre António Lobo Antunes e a sua mulher, Maria José, durante os anos da guerra colonial é trazida ao grande ecrã. No entanto, a adaptação de “D’Este Viver Aqui Neste Papel Descripto” está longe de ser uma banal reconstituição histórica da Guerra do Ultramar. A fotografia em preto-e-branco contrastante é de particular beleza.

Prémios: Venceu nove prémios Sophia e um Globo de Ouro Português na categoria de Melhor Filme. Ao todo, conquistou mais de 20 honras no seu percurso pelo circuito de festivais de cinema internacionais.




FOGO NO MAR
de Gianfranco Rosi

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© Leopardo Filmes

Título Original: Fuocoammare

País: Itália, França

Idioma: Italiano, Inglês

Ano: 2016

Género: Documentário

Duração: 109 minutos

Sinopse: Samuele tem 12 anos e vive numa ilha do mar Mediterrâneo. Como muitos rapazes da sua idade, vai à escola e passa o tempo livre pela ilha a brincar com a sua fisga. À volta de Samuele existe mar e existem homens, mulheres e crianças que tentam atravessá-lo a partir de África em pequenos barcos sem as mínimas condições. A ilha onde Samuele vive é Lampedusa, uma fronteira simbólica da Europa, à qual tentam chegar milhares de migrantes que procuram liberdade e esperança. Os habitantes de Lampedusa testemunham diariamente uma das maiores tragédias humanitárias dos nossos tempos, apesar de estes dois mundos praticamente não se encontrarem.

Razão para ver: “Fogo no Mar” é uma obra necessária e invulgarmente sagaz no que diz respeito à natureza humana. Se ainda havia dúvidas que Rosi é um dos grandes mestres do cinema atual, este filme apaga-as definitivamente.

Prémios: Venceu quatro prémios na Berlinale de 2016, incluindo o urso de Ouro e uma honra especial da Amnistia Internacional. Foi nomeado para o Óscar, o César, o Critics’ Choice Award, o IDA e tantos outros prémios na categoria de Melhor Documentário. Também ganhou o European Film Award para Melhor Filme Documental.




QUANDO SE TEM 17 ANOS
de André Téchiné

european film challenge quando se tem 17 anos
© Legendmain Filmes

Título Original: Quand on a 17 Ans

País: França

Idioma: Francês, Castelhano

Ano: 2016

Género: Drama, Romance

Duração: 109 minutos

Sinopse: Damien, de 17 anos, vive com a sua mãe Marianne, enquanto o seu pai se encontra ausente numa missão militar. Na escola, é vítima de bullying por parte de Thomas, o filho adotivo de agricultores locais. No sentido de ajudar a mãe de Tom, que se encontra doente, Marianne oferece-se para acolhê-lo. Forçados a morar juntos, a tensão entre os dois jovens torna-se cada vez mais palpável…

Razão para ver: “Quand on a 17 ans” marca o regresso qualitativo de André Téchiné ao tipo de triunfais retratos humanos que tornaram famoso no panorama do cinema francês há mais de duas décadas. Escrito com perspicácia observacional e elegância estrutural, interpretado com inspiração e filmado com atraente modéstia, este é um filme a não perder. Com tudo isso dito, temos de dar duplo destaque aos atores e suas personagens. A complexidade de cada uma das personagens, tal como elas são imaginadas pelo argumento de Téchiné e Sciamma.

Prémios: Corentin Fila e Kacey Motten Klein foram ambos nomeados na categoria de Ator Mais Promissor, tanto nos prémios César como nos Lumière. Foi também nomeado para Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz Secundária pela Sociedade Internacional de Cinéfilos.




O QUE ESTÁ POR VIR
de Mia Hansen-Løve

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© Alambique

Título Original: L’avenir

País: França, Alemanha

Idioma: Francês, Inglês, Alemão

Ano: 2016

Género: Drama, Comédia

Duração: 98 minutos

Sinopse: Nathalie ensina filosofia num liceu em Paris. Entrega-se à sua profissão com paixão e gosta particularmente de ensinar os alunos a pensar. É casada, tem dois filhos e divide o seu tempo entre a família, os antigos alunos e a sua mãe possessiva. Um dia, o marido anuncia-lhe que vai deixá-la, por ter encontrado outra mulher. Vendo-se de repente em plena posse da sua liberdade, Nathalie tem de reinventar a sua vida.

Razão para ver: Quando um filme tem a ousadia de passar uma cena inteira a discutir e esmiuçar as implicações ideológicas de assinar ou não um artigo de uma revista de Filosofia, para depois terminar com todas as personagens a rirem-se da natureza rebuscada da sua indagação, sabemos que estamos perante uma obra verdadeiramente especial. “O Que está Por Vir” é um filme maturo, focado na grandiosidade contida nas minúcias do quotidiano e na assombrosa maravilha do intelecto humano. Trata-se de um filme sobre viver, sobre amar e sobre seguir em frente, sobre o efémero futuro que nos espera a cada minuto que passamos neste mundo.

Prémios: Mia Hansen-Løve ganhou o Urso de Prata para Melhor Realização no Festival de Berlim. Isabelle Huppert venceu os prémios para Melhor Atriz do New York Film Critics Circle, National Society of Film Critics, Los Angeles Film Critics Association, London Critics Circle e a Boston Society of Film Critics. A Sociedade Internacional de Cinéfilos também nomeou o filme para Melhor Argumento Original, Melhor Filme e Melhor Filme numa Língua Estrangeira.




13 MINUTOS
de Oliver Hirschbiegel

european film challenge 13 minutos
© Outsider Films

Título Original: Elser (13 Minutes)

País: Alemanha, Itália

Idioma: Alemão

Ano: 2015

Género: Drama, Guerra, História, Biografia

Duração: 109 minutos

Sinopse: Uma biografia de Georg Elser, o homem que tentou matar Adolf Hitler. A 8 de novembro de 1939, Elser colocou uma bomba atrás de um púlpito que iria ser usado por Hitler, em Munique. Mas o Führer deixou o local 13 minutos mais cedo do que o previsto, contrariando o plano que poderia ter evitado a Segunda Guerra Mundial. Quem era este homem que reconheceu o perigo de Hitler mais cedo do que muitos outros, que passou à ação quando toda a gente, incluindo os generais alemães, humildemente obedeciam a ordens ou se mantinham em silêncio? “13 Minutos” é baseado numa história verídica.

Razão para ver: Acima de tudo, este é um filme que vale pelo episódio histórico que veio celebrar e mostrar ao mundo. Georg Elser é alguém que merece ser lembrado e a obra serve de boa homenagem à sua pessoa. Se se interessam pela História do Holocausto e da 2ª Guerra Mundial, não percam.

Prémios: Christian Friedel foi nomeado para o European Film Award para Melhor Ator. Também foi nomeado, na mesma categoria, pela German Film Critics Association e pelo Festival de Cinema de Seattle. No Festival de Munique, a obra ganhou o Prémio de Melhor Filme Alemão e Melhor Ator. Foi nomeado para sete German Film Awards.




45 ANOS
de Andrew Haigh

european film challenge 45 anos
© Alambique

Título Original: 45 Years

País: Reino Unido

Idioma: Inglês

Ano: 2015

Género: Drama, Romance

Duração: 91 minutos

Sinopse: Casados há 45 anos e sem filhos, Kate e Geoff Mercer preparam-se para celebrar o seu aniversário de casamento com uma festa, quando Geoff recebe uma carta que abala o casal. A carta, vinda da Suíça, informa-o de que foi descoberto um cadáver: o de Katya, a mulher com quem ele namorou antes de Kate, que faleceu ao cair numa fissura de um glaciar, quando o casal andava a caminhar numas férias em 1962. Embora Kate continue a preparar a festa e o casal partilhe alguma emoção romântica quanto a isso, ela fica cada vez mais perturbada pela preocupação de Geoff com Katya. À medida que se aproxima a data do aniversário de casamento, o casal mergulha cada vez mais no seu passado, pondo o seu futuro em causa.

Razão para ver: Depois de “Weekend” ter demonstrado uma impressionante intimidade na abordagem de Andrew Haigh, “45 Years” é uma reaplicação desse mesmo estilo autoral a uma história bastante menos efémera e infinitamente mais atormentada pela implacável passagem do tempo. A delicadeza desta obra é surpreendente, não havendo aqui grandes gritos ou discussões estrondosas como estamos habituados a ver em dramas matrimoniais de Hollywood. Os próprios visuais transmitem uma cuidada ideia de calma, como que convertendo as paisagens frias de Norfolk em discretas e silenciosas aguarelas vivas. É especialmente nesses silêncios e subtilezas que existe o génio e humanidade dolorosa de “45 Years”, que, nos seus derradeiros momentos, nos oferece um dos finais mais emocionalmente esmagadores no cinema de 2015.

Prémios: Nomeado para o Óscar de Melhor Atriz. Charlotte Rampling e Tom Courtenay também ganharam os troféus de Melhor Artriz e Melhor Ator na Berlinale. Nomeado para o BAFTA para Melhor Produção Britânica assim como cinco British Independent Film Awards. Nos European Film Awards, a obra ganhou Melhor Atriz e foi também nomeado para Melhor Ator e Melhor Argumento. Ao todo, recebeu 56 nomeações e ganhou 21 troféus.




O GRANDE FÚSI
de Dagur Kári

european film challenge o grande fusi
© Alambique

Título Original: Fúsi (Virgin Mountain)

País: Islândia, Dinamarca

Idioma: Islandês

Ano: 2015

Género: Comédia

Duração: 92 minutos

Sinopse: Fúsi está na casa dos quarenta e ainda lhe falta coragem para entrar no mundo dos adultos. Vive o quotidiano, em que a rotina é fulcral, como um sonâmbulo. Quando uma mulher fervilhante e uma rapariga de 8 anos entram na sua vida inesperadamente, é forçado a dar um salto.

Razão para ver: Nos tempos que correm, estudos de solidão e ansiedade social parecem-nos mais necessários que nunca. “O Grande Fúsi” representa um exercício cinematográfico dentro desse género, sendo um miasma meio doido entre estudo de personagem e comédia negra. Contudo, por muito que se preze o guião e a realização em termos de manejo tonal, a grande maravilha do filme é a performance do seu ator principal. Gunnar Jónsson é soberbo!

Prémios: Foi nomeado para 12 prémios Edda da Academia Islandesa, incluindo Melhor Filme. No festival de Tribeca, conquistou quatro honras incluindo para Melhor Ator. Ganhou também Melhor Ator no Festival de Valladolid, Melhor Realizador no Festival do Cairo, Melhor Ator no Festival de Marraquexe e Melhor Filme no FEMF Festival of the European and Mediterrenean Film.




O VERÃO DE SANGAILÉ
de Alante Kavaite

european film challenge verao de sangaile
© Legendmain Filmes

Título Original: Sangailes Vasara

País: Lituânia, França, Holanda

Idioma: Lituano

Ano: 2015

Género: Drama, Romance

Duração: 90 minutos

Sinopse: Sangailè, de dezassete anos de idade, fica literalmente hipnotizada pelos loopings e piruetas dos pilotos acrobáticos. Sofre de vertigens e nunca poderia imaginar-se sentada num cockpit. É uma rapariga sossegada e introvertida, e está a passar o verão no campo, na casa de férias dos pais, tentando conhecer a localidade o mais rápido que pode. É aqui que conhece Auste, que vive os seus dias com impressionante confiança e muita imaginação. Sangailè é fascinada pela assertividade natural de Auste. Juntas, as jovens vão provar tudo o que a vida local tem para lhes oferecer. Em flutuantes imagens cinematográficas repletas de luz, Alante Kavaïté reúne as emoções de duas jovens muito diferentes, num único universo que é o seu juvenil amor. No seu filme sensível e intensamente sensual, ela conta a história da sua intimidade, da sua devoção apaixonada e dos embates delicados; das suas vulnerabilidades e sentimentos de confiança.

Razão para ver: Mais do que um romance dramático, “O Verão de Sangailè” é um delicado estudo de personagem que vai gradualmente esmiuçando os sentimentos das suas amantes centrais e o desejo que as une. Há um ritmo deliberado e cuidado em estabelecer uma atmosfera vagamente onírica que fazem com que o filme trespasse a sensação de sonhar sob o sol de uma calorosa tarde de Verão. Belíssima fotografia, montagem hipnotizante e performances comoventes elevam o filme acima de outros indies focados em romances LGBT.

Prémios: Ganhou o Prémio para Melhor Realização no Festival de Sundance e integrou o top 10 anual da prestigiosa revista Cahiers du Cinéma. Ganhou três prémios da Academia de Cinema da Lituânia, incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz.




VICTORIA
de Sebastian Schipper

european film challenge vixtoria
© Midas Filmes

Título Original: Victoria

País: Alemanha

Idioma: Alemão, Inglês, Castelhano, Turco

Ano: 2015

Género: Drama, Thriller, Crime, Romance

Duração: 133 minutos

Sinopse: Victoria é uma jovem espanhola que se diverte numa discoteca da cidade de Berlim, Alemanha. Lá, ela conhece Sonne, por quem se sente atraída, e Boxer, Blinker e Fuß, os três amigos dele. Os quatro amigos acabam por arranjar problemas e roubar um carro, conduzido por Victoria. O que começou como uma aventura inocente e divertida, acabou por se transformar num pesadelo de proporções inimagináveis… Filme dramático e ultrarealista que acompanha os atores num único plano-sequência de duas horas e vinte minutos.

Razão para ver: Apesar de ser verdade que prever a conclusão de “Victoria” é bastante fácil, também é verdade que, graças à tensão emocional e o trabalho dos dois atores principais, o final é uma experiência de avassaladora melancolia e fantástico arrebatamento catártico. Além disso, a espetacularidade do trabalho de câmara de Sturla Brandth Grøvlen é inegável.

Prémios: Ganhou três prémios na Berlinale, incluindo um Urso de Prata especial para a contribuição artística do diretor de fotografia e operador de câmara, Sturia Brandth Grøvlen. Foi ainda nomeado para quatro European Film Awards e ganhou seis German FIlm Awards.




AMAR, BEBER E CANTAR
de Alain Resnais

european film challenge amar beber cantar
© Alambique

Título Original: Aimer, Boire et Chanter

País: França

Idioma: Francês

Ano: 2014

Género: Comédia, Drama, Romance

Duração: 104 minutos

Sinopse: Numa zona rural inglesa, a vida de três casais é perturbada por uma personagem de que ouvimos constantemente falar, mas que nunca vemos: o enigmático George Riley. Esta divertida comédia é uma homenagem ao teatro, interpretada por um elenco de grandes atores franceses. Uma celebração da vida que põe fim à carreira cinematográfica de Alain Resnais, uma carreira repleta de obras primas.

Razão para ver: Alain Resnais é um dos melhores e mais importantes realizadores na História do Cinema. Só por isso, o seu último filme antes de morrer merece ser visto e apreciado por todo o cinéfilo. Para tornar “Amar, Beber e Cantar” num filme ainda mais imperdível, há o modo como esta é uma belíssima obra que casa o teatro e o cinema, com metatexto e as performances de um soberbo elenco. Comovente e divertido, cerebral e desinibido, este devaneio de cinema sobre teatro e teatro sobre cinema encanta e espanta. Tão grande é a maravilha que quase queremos chorar ao pensar que foi o último filme que alguma vez veremos de Alain Resnais.

Prémios: No festival de Berlim, o filme conquistou dois honrosos prémios. Foram o Galardão Alfred Bauer e o prémio máximo do Júri FIPRESCI.




DA NATUREZA
de Oleg Giaever

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© Alambique

Título Original: Mot naturen (Out of Nature)

País: Noruega

Idioma: Norueguês

Ano: 2014

Género: Drama, Comédia

Duração: 77 minutos

Sinopse: Uma viagem pelo interior da cabeça de Martin e pela natureza selvagem que o rodeia. Martin está sozinho numa caminhada pelas montanhas e ouvimos todos os seus pensamentos não censurados, e todas as suas observações brutalmente honestas sobre si próprio e aqueles que o rodeiam. Os seus pensamentos e as suas fantasias vão do trivial e do infantil ao existencial e ao profundo. Um retrato honesto e divertido de um jovem que quer escapar à rotina.

Razão para ver: Oleg Giaever assina em “Da Natureza” uma celebração da paisagem norueguesa e do corpo esculpido do seu ator principal. Acontece que o ator principal é também o realizador, sendo este filme uma deliciosa desventura pelo mundo do autoerotismo e egocentrismo depurado em forma de néctar fílmico. Além de tudo isso e sem floreados, trata-se de um filme divertido e com curta duração, por isso até os seus elementos mais excessivos não cansam.

Prémios: Na Berlinale, o filme ganhou o Prémio da Label Europa Cinema. A Academia Norueguesa nomeou-o para dois Prémios Amanda e o Festival de Cinema de Trondheim atribuiu dois prémios à obra, Melhor Produtor e Melhor Ator num Papel Principal.




ESTAÇÕES DA CRUZ
de Dietrich Brüggermann

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© Vendetta Filmes

Título Original: Kreuzweg (Stations of the Cross)

País: Alemanha, França

Idioma: Alemão, Francês, Latim

Ano: 2014

Género: Drama

Duração: 110 minutos

Sinopse: Maria está presa entre dois mundos. Aos 14 anos, na escola, tem os mesmos interesses de qualquer outra adolescente da sua idade, mas em casa, com a família, segue os ensinamentos católicos tradicionais de Pio XII. Tudo o que pensa e faz é examinado à luz divina. E como o Senhor é um pastor muito estrito, Maria vive no receio constante de cometer algum pecado.

Razão para ver: O filme consiste em 14 planos sequência, cuidadosamente encenados com a disciplina de um mestre cinematográfico. Através de tal engenho formalista, o filme explora temas difíceis de fé e o desenvolvimento psicológico de adolescentes, desejos femininos e opressão misógina. Não se trata de uma obra particularmente fácil ou agradável, mas vale a pena ver e confrontar o desespero que o filme tem para oferecer, dissecar e exibir em todo o seu inglório esplendor.

Prémios: No festival de Berlim, o filme conquistou o Prémio do Júri Ecuménico e o Urso de Prata para Melhor Argumento. Ao todo, entre prémios da crítica e honras dos festivais internacionais, o filme acumulou nove vitórias e oito nomeações adicionais.




O ESPÍRITO DE ‘45
de Ken Loach

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© Midas Filmes

Título Original: The Spirit of ‘45

País: Reino Unido

Idioma: Inglês

Ano: 2013

Género: Documentário, História

Duração: 95 minutos

Sinopse: “A Segunda Guerra Mundial foi uma luta, talvez a maior e mais considerável luta coletiva em que este país esteve envolvido. Apesar de outros terem feito sacrifícios maiores, o povo da Rússia, por exemplo, a determinação de construir um mundo melhor era tão forte aqui como nos outros países. Nunca mais, acreditava-se, iríamos permitir que a pobreza, o desemprego e o fascismo desfigurasse as nossas vidas. Ganhámos a guerra juntos, juntos podíamos ganhar a paz. Se conseguíamos planear campanhas militares, não conseguiríamos também construir casas, criar um serviço de saúde e um sistema de transportes, fazer o que era necessário para a reconstrução? A ideia central era a do bem público, em que a produção e os serviços beneficiariam todos. Não deveriam uns poucos ficar ricos em detrimento de todos os outros. Foi uma ideia nobre, popular e aclamada pela maioria. Foi o Espírito de 45. Talvez seja altura de o relembrar hoje” disse Ken Loach.

Razão para ver: Ken Loach pode ser conhecido pelos seus exercícios em realismo social, dramas com poderosas críticas e histórias de miséria humana sem limites. Contudo, o cineasta não é inflexível e é bem capaz de mostrar a genialidade noutros géneros e modelos. Aqui, por exemplo, ele mostra ser um grande documentalista, usando filmagens de arquivo para refletir sobre a História e identidade nacional dos ingleses.

Prémios: Foi nomeado para o British Independent Film Award para Melhor Documentário.




MÃE E FILHO
de Calin Peter Netzer

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© Alambique

Título Original: Pozitia copilului

País: Roménia

Idioma: Romeno

Ano: 2013

Género: Drama

Duração: 108 minutos

Sinopse: Cornelia tem 60 anos e, essencialmente, é infeliz: o filho Barbu de 34 anos, luta com todas as suas forças para se tornar independente. Quando Cornelia descobre que Barbu esteve envolvido num acidente trágico, o seu instinto maternal instala-se e ela serve-se de todos os seus talentos, dos amigos bem colocados e do dinheiro para salvar Barbu da prisão. Cornelia convence-se que o filho voltará a ser o mesmo de antigamente. Não parece uma tarefa impossível, dada a emoção pela qual Barbu aparenta estar a passar. No entanto, onde está a fronteira que separa o amor materno de uma manipulação egocênctrica?

Razão para ver: Ancorado por uma performance magistral de Luminita Gheorghiu, “Mãe e Filho” conta a história de privilégio venenoso de uma matriarca romena que usa a sua influência e poder económico para ilibar o filho de um atropelamento mortal. Entre devaneios Freudianos e sequências de emoção depurada, este é um murro no estômago de emoção e perversidade social.

Prémios: Na Berlinale, ganhou o Prémio FIPRESCI e o Urso de Ouro. Da Academia Romena, ganhou oito prémios Gopo e foi ainda nomeado para o European Film Awards de Melhor Atriz.




APENAS O VENTO
de Benedek Fliegauf

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© Alambique

Título Original: Csak a Szél

País: Hungria, Alemanha, França

Idioma: Húngaro, Inglês, Romeno

Ano: 2012

Género: Drama

Duração: 94 minutos

Sinopse: Entre dois empregos, um pai inválido e dois adolescentes para educar, Birdy tenta gerir da melhor forma que pode, os problemas criados pelos seus dias sobrecarregados. São tempos difíceis para os ciganos da Hungria, país onde famílias desta etnia foram mortas a tiro enquanto dormiam. Filme baseado em factos reais.

Razão para ver: Esta cáustica obra de Benedek Fliegauf é baseada em crimes verídicos e em manchetes de jornais que espantaram com a sua violência e xenofobia virulenta. Tomando a forma de um conto de fadas perverso, vemos uma família no meio do arvoredo ser aterrorizada pelas forças do exterior. Vemos preconceito explodir em tormento mortífero e como tudo isso é filtrado pela perspetiva aterrorizada das vítimas do crime. É um filme cruel e cheio de sofrimento, mas é um filme necessário também. Temos de confrontar estas histórias para garantir que elas não se repetem.

Prémios: Na Berlinale, o filme ganhou três prémios, incluindo uma honra da Amnistia Internacional e o Urso de Prata também conhecido como o Grande Prémio do Júri. No Festival de Istambul, a obra também veio a conquistar o Prémio FACE. Também foi um dos candidatos ao LUX Prize da União Europeia.




CÉSAR DEVE MORRER
de Paolo Taviano e Vittorio Taviani

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© Alambique

Título Original: Cesare deve Morire

País: Itália

Idioma: Italiano

Ano: 2012

Género: Documentário, Drama

Duração: 74 minutos

Sinopse: Uma sala de teatro na prisão de Rebibbia em Roma. Uma encenação de Júlio César de Shakespeare chega ao fim no meio de grandes aplausos. As luzes baixam e os atores, que se transformam novamente em presos, são acompanhados às suas celas. Seis meses antes o diretor da prisão e um encenador falam com os presos sobre um novo projeto, a encenação de “Julio César”. O primeiro passo é negociar as condições, o segundo é o estudo do texto. O idioma universal de Shakespeare ajuda os presos a identificarem-se com as personagens. É um longo caminho, difícil e repleto de ansiedade e esperança. São estes os sentimentos que invadem os presos quando chegam às suas celas, depois dos ensaios.

Razão para ver: As obras de William Shakespeare têm vindo a encontrar lugar na História do Cinema quase desde a génese desta sétima arte. No entanto, rara é a adaptação que demonstra o mesmo tipo de audácia que “César Deve Morrer”. Nesta sua magnum opus, os irmãos Taviani levaram uma das mais célebres tragédias do Bardo para o cenário de uma prisão italiana dos nossos dias. Tais contextualizações anacrónicas não são mera cosmética, sendo que o elenco do filme é efetivamente composto por presidiários sem experiência enquanto atores. O resultado destas experiências é uma obra de cinema potente e de teatro revolucionário.

Prémios: O híbrido entre documentário e teatro Renascentista ganhou o Urso de Ouro na Berlinale.Também foi nomeado para quatro European Film Awards e ganhou cinco Prémios David di Donatello.




CICLO INTERROMPIDO
de Felix van Groeningen

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© Legendmain Filmes

Título Original: The Broken Circle Breakdown

País: Bélgica, Holanda

Idioma: Flamengo, Inglês, Holandês

Ano: 2012

Género: Drama, Musical, Música, Romance

Duração: 107 minutos

Sinopse: A história de amor entre Elise e Didier. Ela tem a sua própria loja de tatuagens, ele toca banjo numa banda. É amor “à primeira vista” apesar das grandes diferenças. Ele fala, ela escuta. Ele é um ateu convicto, embora, ao mesmo tempo, um ingénuo romântico. Ela tem uma cruz tatuada no pescoço, mas os pés bem assentes na terra. A sua felicidade completa-se com o nascimento de Maybelle. Infelizmente, Maybelle, aos seis anos de idade, adoece gravemente. Didier e Elise reagem de forma muito diferente, mas Maybelle não lhes irá deixar escolha. Didier e Elise terão que lutar juntos por ela. O amor, mesmo quando forte e intenso, pode desiludir quando mais dele se precisa? “Ciclo Interrompido” é um intenso drama, cheio de paixão e música. Sobre como o amor pode vencer o destino ou… às vezes, não.

Razão para ver: Se gostam de filmes que até são capazes de fazer chorar as pedras da calçada, “Ciclo Interrompido” é algo perfeito para ti. Tantas são as lágrimas que este filme produz que é difícil apreciar a elegância da sua história estilhaçada pelo tempo e pelas emoções de um elenco em alta. A performance da atriz principal é de particular espanto. Além disso, a música é fantástica também, até quando o concerto se passa num funeral.

Prémios: Foi nomeado para o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro. Nos European Film Awards, Veerle Baetens ganhou o galardão para Melhor Atriz e o filme foi também indicado em mais cinco categorias. Ao todo, o filme ganhou 36 prémios e 25 nomeações adicionais.




IRMÃ
de Ursula Meier

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© Midas Filmes

Título Original: L’enfant d’en haut

País: Suíça, França

Idioma: Francês, Inglês

Ano: 2012

Género: Drama

Duração: 93 minutos

Sinopse: Uma estância de esqui de luxo na Suíça. Simon é um rapaz de doze anos que vive na cidade, no vale da estância, com a irmã desempregada. Todos os dias, Simon apanha o teleférico para a estância e rouba equipamento aos turistas ricos que depois vende aos miúdos da cidade. Quando começa a fazer negócio com um imigrante inglês que trabalha na estância, Simon perde o controlo, o que afeta a relação com a irmã. Confrontados com a verdade de que ambos têm fugido, Simon procura refúgio lá em cima.

Razão para ver: Esta é uma parábola que choca e comove, sobre precariedade económica e abandonamento sentimental. Laços familiares são facilmente rompidos enquanto outras uniões afetivas nada consegue separar. Este é realismo europeu bem feito e com performances notáveis.

Prémios: Ursula Meier ganhou um Prémio Especial do Júri no Festival de Berlim. Kacey Mottet Klein foi também nomeado para um César para Ator Mais Promissor. Os Film Independent Spirit Awards, por seu lado, indicaram o filme na categoria para Melhor Filme Internacional. A Academia Suíça de Cinema premiou o filme com os galardões de Melhor Filme, melhor Ator e Melhor Argumento.




TABU
de Miguel Gomes

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© O Som e a Fúria

Título Original: Tabu

País: Portugal, Alemanha, França, Espanha

Idioma: Português, Inglês, Polaco

Ano: 2012

Género: Drama, Romance

Duração: 113 minutos

Sinopse: Uma idosa temperamental, a sua empregada cabo-verdiana e uma vizinha dedicada a causas sociais partilham o andar num prédio em Lisboa. Quando a primeira morre, as outras duas passam a conhecer um episódio do seu passado: uma história de amor e crime passada numa África de filme de aventuras.

Razão para ver: “Tabu” é um dos melhores filmes portugueses já feitos. Trata-se de um sonho alucinado de nostalgia estilhaçada pela memória e pelo peso da mágoa. Há aqui misticismo do folclore e do cinema, História transfigurada em conto e os crimes do passado convertidos nos mais belos pesadelos capazes de serem capturados pela câmara de filmar. Se ainda não viram este filme, vejam. É uma obra-prima em preto-e-branco impecável, um deleite sem igual que todos os cinéfilos deviam ver e celebrar. Viva Miguel Gomes, um mestre do cinema!

Prémios: Miguel Gomes ganhou o Prémio FIBRECI e o Prémio Alfred Bauer no festival de Berlim. Integrou o top 10 anual da Cahiers du Cinéma e conquistou uma litania de Prémios da crítica Internacional. De facto, com 19 vitórias e 46 nomeações, este é um dos filmes portugueses mais premiados na História do Cinema.




UM CASO REAL
de Nikolaj Arcel

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© Alambique

Título Original: En kongelig affaere

País: Dinamarca, Suécia, Republica Checa, Alemanha

Idioma: Dinamarquês, Inglês, Alemão, Francês

Ano: 2012

Género: Drama, Romance, História, Biografia

Duração: 132 minutos

Sinopse: Dinamarca, 1766. Caroline Mathilde, casada com Christian VII, um rei louco e incapaz, encontra em Struensee, o novo médico do rei, um aliado. A atração entre os dois transforma-se rapidamente num romance clandestino e apaixonado. O premiado realizador Nikolaj Arcel dirige uma história dramática e épica baseada em feitos históricos e protagonizada pelo ator de fama internacional Mads Mikkelsen (Casino Royale, 2006; Coco Chanel e Igor Stravinsky, 2009; The Hunt, 2012) e a estrela em ascensão Alicia Vikander. A verdadeira história de um homem normal que conquistou o coração da rainha e começou uma revolução. Centrada no triângulo formado pelo cada vez mais louco Christian VII da Dinamarca, o idealista e letrado Johann Friedrich Struensee e a jovem decidida Carolina Matilde. O filme relata a apaixonante vida dos idealistas que arriscam tudo pela libertação do povo e sobretudo pelo emocionante e proibido romance que mudou todo um país.

Razão para ver: Interpretado por um trio de atores notável, “Um Caso Real” pega no modelo do drama histórico e retorce-o com toques de melodrama calcinante e os arrebates da paixão. Políticas de estado e do coração dançam uma coreografia precária e a violência emocional consegue ser sanguinária mesmo quando todos os combatentes aparecem vestidos em pomposos andrajos do século XVIII.

Prémios: Foi nomeado para o Óscar e para o Globo de Ouro para Melhor Filme Estrangeiro. Na Berlinale, o filme ganhou prémios para Melhor Ator e Melhor Argumento. Ao todo, a obra arrecadou 21 prémios e foi nomeado para mais 37.




O CAVALO DE TURIM
de Béla Tarr e Ágnes Hranitzky

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© Midas Filmes

Título Original: A torinói ló

País: Hungria, França, Alemanha, Suíça

Idioma: Húngaro, Alemão

Ano: 2011

Género: Drama

Duração: 148 minutos

Sinopse: Em Turim, em 1889, Nietzsche protege um cavalo que é brutalmente espancado. Depois desse episódio, perderá a razão. No campo, um camponês, a filha e o velho cavalo. Lá fora, uma tempestade.

Razão para ver: Béla Tarr filma o apocalipse nesta obra. Não se trata de nenhum desfile de explosões ou gritaria desenfreada. Pelo contrário, é uma destilação de desespero e depressão, um poema da terra queimada lavrada pelo vento e pela infertilidade podre. Nada cresce neste mundo, só as mágoas e o movimento repetido, quase hipnotizante, de quem luta diariamente pela bênção de continuar a viver uma vida intolerável. Quando a escuridão chega e tudo devora, parece que vemos o próprio conceito de cinema desmoronar-se e o cosmos cessar seus ciclos de miséria. De certo modo, o fim do mundo é um alívio. Pelo menos, assim é no cinema deste mestre da arte, desde visionário sem igual.

Prémios: Na Berlinale, Béla Tarr ganhou o Prémio FIPRESCI e um Urso de Prata Especial. Fred Kelemen ganhou um European Film Award para Melhor Fotografia e o filme foi ainda nomeado para Melhor Música e Melhor Realização. Ao todo, considerando prémios da crítica internacional e honras de festivais, o filme acumulou sete prémios e 14 nomeações adicionais.




ELAS
de Malgoska Szumowska

european film challenge elas
© Alambique

Título Original: Elles

País: França, Polónia, Alemanha

Idioma: Francês, Inglês, Polaco

Ano: 2011

Género: Drama

Duração: 95 minutos

Sinopse: Anne (Juliette Binoche), abastada mãe de dois filhos e jornalista de investigação para a revista ELLE, está a escrever um artigo sobre a prostituição entre as estudantes. Os seus encontros com duas jovens mulheres bastante independentes, Alicja e Charlotte, revelam-se intensos e perturbadores, levando-a a questionar as suas convicções mais íntimas sobre dinheiro, família e sexo.

Razão para ver: É fácil imaginar uma história destas tornar-se num monstro de sensacionalismo gratuito, mas o filme de Malgoska Szumowska foge ao cliché e aos facilitismos do erotismo barato. O seu trabalho final é algo perverso e elucidante em igual medida, um complicado estudo de personagem e de desejo, com prestações notáveis. Joanna Kulig tem aqui o papel que lhe deu projeção mundial e Juliette Binoche mostra-se capaz de fazer tudo o que lhe pedirem em frente à câmara sem mostrar sinais de desconforto ou deixar descair a curadoria da personagem. Assim se consagram estrelas de cinema a sério.

Prémios: Joanna Kulig ganhou o Prémio para Melhor Atriz Secundária dos Polish Film Awards.




PINA
de Wim Wenders

european film challenge pina
© Midas Filmes

Título Original: Pina

País: Alemanha, França. Reino Unido

Idioma: Alemão, Francês, Inglês, Castelhano, Croata, Italiano, Português, Russo, Coreano

Ano: 2011

Género: Documentário, Dança

Duração: 99 minutos

Sinopse: “Pina” é um filme para Pina Bausch de Wim Wenders com o Tanztheater Wuppertal, sobre a obra única da extraordinária coreógrafa alemã que morreu em 2009. É uma viagem sensual e deslumbrante através das coreografias dançadas no palco e em locais da cidade de Wuppertal – cidade que durante 35 anos foi a casa e o centro de criatividade de Pina Bausch.

Razão para ver: Se gostas de dança, tens de ver “Pina”. Se gostas de cinema, tens de ver “Pina”. Se gostas de beleza, tens de ver “Pina”. Inspirado nas coreografias de uma das maiores mestras da dança, Wim Wenders assina aqui a sua magnum opus documental, concebendo imagens assombrosas que são tão mais espantosas pelo seu uso inteligente de 3D. Não são filmes como “Avatar” que justificam a popularização da tecnologia, são filmes como “Pina”.

Prémios: Nomeado para o Óscar para Melhor Documentário e o BAFTA para Melhor Filme numa Língua que não o Inglês. Nos German Film Awards, foi nomeado para Melhor Realizador e ganhou melhor Documentário, enquanto a fotografia do filme foi premiada com uma honra especial no Festival Camerimage. Ao todo, o filme pode contar com 25 nomeações e uma dezena de vitórias.




O ESCRITOR FANTASMA
de Roman Polanski

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© NOS Audiovisuais

Título Original: The Ghost Writer

País: França, Alemanha, Reino Unido

Idioma: Inglês

Ano: 2010

Género: Drama, Mistério, Thriller

Duração: 128 minutos

Sinopse: Quando um escritor fantasma (EWAN MCGREGOR) concorda em acabar as memórias do antigo Primeiro-Ministro Britânico, Adam Lang (PIERCE BROSNAN), o seu agente assegura-lhe que esta é a oportunidade da sua vida. O escritor viaja, a meio do Inverno, para uma casa com vista para o mar, numa ilha próxima da costa leste dos Estados Unidos, com o intuito de começar a trabalhar no projeto. Mas no dia seguinte à sua chegada, um antigo ministro acusa Lang de autorizar a captura ilegal de suspeitos terroristas e de os entregar à CIA para serem submetidos a tortura – um crime de guerra. A acusação traz uma multidão de repórteres e manifestantes à mansão da ilha onde Lang vive com a sua mulher, Ruth (OLIVIA WILLIAMS), e a sua assistente pessoal (e amante), Amelia (Kim Cattrall). À medida que o escritor vai avançando com o seu trabalho, começa também a descobrir pistas que apontam para uma ligação sinistra de Lang à CIA… e que, de alguma maneira, esta informação se encontra encoberta no manuscrito que lhe foi entregue. Num mundo em que nada nem ninguém são aquilo que aparentam, o escritor rapidamente conclui que o passado pode tornar-se mortífero – e que a história é escrita apenas por quem sobrevive.

Razão para ver: Este thriller afiado de Roman Polanski é como que um fantasma ressuscitado das histórias de paranoia que vingaram no cinema dos anos 70. Há mesmo um ar de clássico a consumir todo o filme, cuja história é uma espiral de mistério e perversões políticas, crimes humanos e crueldade intolerável e imperdoável. O melhor de tudo é a arquitetura emocional e cenográfica, assim como a prestação venenosamente ambígua de Olivia Williams. Um triunfo!

Prémios: Roman Polanski ganhou o Urso de Prata para Melhor Realização. Nos European Film Awards, a obra ganhou seis categorias, incluindo Melhor Filme, e, nos César, ganhou quatro troféus, incluindo Melhor Realizador. No total, o filme ganhou 33 prémios e 54 nomeações.




HAPPY-GO-LUCKY – UM DIA DE CADA VEZ
de Mike Leigh

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© IndieLisboa

Título Original: Happy-Go-Lucky

País: Reino Unido

Idioma: Inglês

Ano: 2008

Género: Comédia, Drama

Duração: 118 minutos

Sinopse: Poppy é uma jovem professora primária. Um espírito livre, ela é aberta e generosa. É tão divertida e anárquica como é concentrada e responsável. Ela tem tempo para toda a gente e quem quer que a conheça apaixona-se por ela. Ela adora as crianças que ensina, e trabalha com afinco. Ela partilha um apartamento com uma amiga, goza a sua vida social, é atenciosa com as suas irmãs mais novas, e tem aulas de flamenco e trampolim. Quando ela começa a ter aulas de condução, a sua maturidade e senso de humor ajudam-na a lidar com o seu instrutor maníaco. Ela está confortável com o facto de ser solteirona, mas finalmente conhece alguém com quem faz “click”.

Razão para ver: Mike Leigh é famoso pelas suas calcinantes obras de realismo social focadas na classe trabalhadora inglesa. Contudo, na sua filmografia há espaço para vários géneros e dimensões tonais. “Um Dia de Cada Vez” é o perfeito exemplo dessa versatilidade, sendo uma comédia mesclada e um estudo de personagem sobre Poppy, uma educadora de infância com uma filosofia de vida otimista e sempre risonha. Sally Hawkins dá vida à protagonista e ela é o centro do furacão que é esta peculiar obra. Trata-se de uma prestação monumental.

Prémios: Mike Leigh foi nomeado para Melhor Argumento Original nos Óscares, enquanto Sally Hawkins ganhou o Globo de Ouro e o Urso de Prata para Melhor Atriz. Ao todo, a obra conquistou 39 prémios, a maioria deles para Sally Hawkins, e recebeu mais 62 nomeações.




REQUIEM
de Hans-Christian Schmid

european film challenge requiem
© ARTE

Título Original: Requiem

País: Alemanha

Idioma: Alemão

Ano: 2006

Género: Drama, Terror, História

Duração: 93 minutos

Sinopse: “Requiem” conta a história da jovem alemã Michaela Klingler que acreditava estar possuída por demónios, mas que, segundo a narrativa do filme, sofre de um caso raro de epilepsia combinada com esquizofrenia. Isso provoca-lhe alucinações constantes e comportamentos anormais. Em vez de ir buscar ajuda médica, a jovem decide submeter-se a sessões de exorcismo durante semanas, ministradas por padres católicos, com consequências gravíssimas para a sua saúde mental e física. O argumento é baseado em factos reais ocorridos no sul da Alemanha, com a jovem Anneliese Michel nos anos 70.

Razão para ver: Sandra Hüller dá aqui o tipo de interpretação que devia colocar qualquer artista no panteão da sua profissão. Caminhando a corda bamba entre possessão demoníaca e insanidade implosiva, a atriz concebe um retrato psicológico complicado que é sempre sustentado pela sagacidade de um filme bem equilibrado e sedutoramente ambíguo. Se o cinema nos habituou a sensacionalismos mágicos em histórias de exorcismo, este filme riposta com uma proposta mais realista e presa aos dilemas morais que afetam aqueles que destroem a vida humana em nome do desígnio teológico.

Prémios: Na Berlinale, o filme conquistou duas honras, o Prémio FIPRESCI e o Urso de Prata para Melhor Atriz. Sandra Hüller foi também indicada para o European Film Award de Melhor Atriz. Nos German Film Awards, o filme ganhou cinco troféus, incluindo o de Melhor Filme e foi nomeado noutras cinco categorias. Ao todo, “Requiem” ganhou 16 prémios e foi nomeado para 19 outras honras.




DE TANTO BATER O MEU CORAÇÃO PAROU
de Jacques Audiard

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© Atalanta

Título Original: De battre mon coeur s’est arrêté

País: França

Idioma: Francês, Inglês, Russo, Vietnamita, Mandarim

Ano: 2005

Género: Crime, Drama, Música, Romance

Duração: 108 minutos

Sinopse: Tom (Romain Duris), de 28 anos de idade, está destinado a seguir os passos do pai no mundo, às vezes brutal, do negócio imobiliário. Mas um encontro inesperado leva-o a acreditar que pode tornar-se pianista, à semelhança da mãe, e deixar esse mundo corrupto para se entregar à música. Para tal, prepara-se para uma audição com uma virtuosa pianista chinesa. Ela não fala uma palavra de francês, por isso a música é a única forma de comunicação. Mas as pressões do mundo de trabalho são cada vez maiores e cada vez mais difíceis de suportar.

Razão para ver: Romain Duris teve aqui o seu melhor papel, como um gangster em busca de redenção, de amor e salvação espiritual. Jacques Audiard assina aqui o seu melhor filme e Alexandre Desplat um dos seus primeiros triunfos de composição musical para o cinema.

Prémios: Alexandre Desplat ganhou um Urso de Prata pela sua Banda-Sonora Original. Nos BAFTAs, o filme ganhou o galardão para Melhor Filme numa Língua que não o Inglês. Com isso dito, foi nos César que a obra se sagrou campeã, tendo ganho oito prémios, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator. Ao todo, este drama de Jacques Audiard conquistou 13 nomeações e 21 vitórias.




ADEUS LENINE!
de Wolfgang Becker

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© Alambique Filmes

Título Original: Good Bye, Lenin!

País: Alemanha

Idioma: Alemão, Inglês, Russo

Ano: 2003

Género: Comédia, Drama, História

Duração: 116 minutos

Sinopse: Outono de 1989. A dissolução da RDA está em pleno andamento. Pouco antes da queda do muro, a Mãe Kerner tem um ataque cardíaco, entra em coma e dorme durante todo o triunfo do capitalismo. Quando acorda no Verão de 1990, o filho Alex está determinado a proteger a mãe de qualquer forma de excitação. Receando que ela possa ter outro ataque cardíaco, não lhe diz que o muro caiu. Alex reencena para a mãe, acamada nos confins de quarto – o mundo da antiga RDA. Mas o que fará ele à medida que a mãe recuperar e a se tornar cada vez mais difícil alimentar aquele simulacro? O que acontecerá quando ele deixar de conseguir comprar diariamente produtos da antiga RDA? Ou o que fará ele se ela quiser assistir à “Aktuelle Kamera”, o entretanto extinto programa de atualidades noticiosas da RDA? E o que acontecerá se ela vir pela primeira vez um cartaz da Coca-Cola no Leste?

Razão para ver: Este foi o filme que tornou Daniel Brühl numa estrela internacional e é fácil entender o fascínio dos espetadores. Como a âncora sentimental desta tresloucada comédia, o ator alemão é um milagre de sinceridade e engenho ludibrioso. As suas cenas mais intensas com a mãe são de particular ardor, capazes de fazer rir a bandeiras despregadas e fazer chorar até as pedras da calçada. Tudo isso e o filme é também um poderoso conto de História política em interseção com História pessoal, contada com gentileza e inteligência ao som de uma das melhores bandas-sonoras do mestre Yann Tiersen.

Prémios: Nomeado para o Globo de Ouro e BAFTA para Melhor Filme numa Língua Estrangeira. Nos European Film Awards, sagrou-se campeão com seis galardões, incluindo o prémio da Audiência para Melhor Filme. Ao todo, o filme adquiriu 21 nomeações e conquistou 36 vitórias.




INTIMIDADE
de Patrice Chéreau

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© Clap Filmes

Título Original: Intimacy

País: França, Reino Unido, Alemanha, Espanha

Idioma: Inglês

Ano: 2001

Género: Drama, Romance

Duração: 119 minutos

Sinopse: Ela vai a casa dele, todas as Quartas-Feiras ao fim da tarde, e fazem amor. Não falam, mas deve passar-se alguma coisa entre eles, porque continuam juntos e deitam-se junto à mesa, sem uma palavra. Na semana seguinte, à mesma hora, ela está à porta dele. Despem-se imediatamente. Se o sexo é uma forma de encontrar e conhecer pessoas o que é que ele sabe sobre ela?

Razão para ver: Com sexo real, sem simulação dramática, e dois atores dispostos a dar tudo por tudo, “Intimidade” é um dos mais arrojados vencedores na História do Urso de Berlim. Kerry Fox é devastadora e Mark Rylance aterrador num drama que excede os limites a que estamos habituados e decide por a nu as partes mais íntimas, feias e vulneráveis de almas humanas. Patrice Chéreau era um encenador consagrado dos palcos, mas, com este filme, realmente assumiu-se como um mestre do cinema em paridade com a mestria teatral. Há que ver para crer neste feito de cinema cru e duro, forte e lacerante.

Prémios: Na Berlinale, o filme conquistou três impressionantes honras, incluindo o Urso de Ouro e o Prémio para Melhor Atriz. Foi ainda nomeado para um César e dois European Film Awards.




MALENA
de Giuseppe Torntore

european film challenge malena
© Miramax

Título Original: Malèna

País: Itália

Idioma: Italiano, Inglês, Latim, Grego

Ano: 2000

Género: Comédia, Drama, Romance

Duração: 108 minutos

Sinopse: Numa aldeia siciliana Malèna (Monica Belluci) é observada com desejo pelos homens e com desdém pelas mulheres de Castelcuto, enquanto o seu marido está na guerra. No entanto, há um bando de adolescentes que a seguem para onde quer que vá e entre eles, o jovem Renato Amoroso (Giuseppe Sulfaro), cuja imaginação leva o seu desejo a limites inesperados de fantasia obsessiva. O jovem Renato espia cada movimento da bela mulher, apesar de as tentativas, todavia cómicas dos seus pais para frustrar os seus comportamentos pecaminosos.

Razão para ver: A sensualidade martirizada de Monica Belluci e a banda-sonora apaixonante de Ennio Morricone serão razão suficiente para recomendar este filme a qualquer cinéfilo. Trata-se de um melodrama moralista cheio de imagens belíssimas e o perfume doce da nostalgia cinematográfica.

Prémios: Foi nomeado para dois Óscares, dois Globos de Ouro e um BAFTA. Nos Prémios David di Donatello, ganhou Melhor Fotografia e foi nomeado em mais três categorias. O Sindicato Nacional de Críticos de Cinema Italianos atribuiu o prémio de Melhor Banda-Sonora Original ao filme.




A PAIXÃO DE SHAKESPEARE
de John Madden

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© Lusomundo

Título Original: Shakespeare in Love

País: Reino Unido

Idioma: Inglês

Ano: 1998

Género: Comédia, Drama, Romance, História

Duração: 123 minutos

Sinopse: Nos finais do século XVI em Londres, o jovem dramaturgo William Shakespeare luta para acabar o seu último trabalho ” Romeo and Ethel the Sea Pirate’s Daughter”, mas não consegue escrever uma linha, pois falta-lhe a inspiração. Entretanto uma grande fã dele, a jovem e rica Viola, que está prestes a casar com o insensível Lord Wessex mas que sonha com a hipótese de vir a ser atriz, disfarça-se de rapaz para ir à audição da peça de Will a fim de conseguir o papel de Romeu, uma vez que naquela altura não era permitido às mulheres representarem no teatro. Will descobre o disfarce e acabam por se apaixonar, vivendo um romance proibido e proporcionando a Will a inspiração que lhe faltava para acabar a peça. Uma comédia romântica, feita de encontros e desencontros assinada pelo famoso realizador John Madden e com as soberbas interpretações de Gwyneth Paltrow, Joseph Fiennes e Ben Affleck.

Razão para ver: Apesar de estar condenado a ser sempre visto à sombra de “O Resgate do Soldado Ryan” e o escândalo de Harvey Weisntein, “A Paixão de Shakespeare” é uma prodigiosa comédia anacrónica que fará as delícias de qualquer amante do verso Shakespeariano. Os figurinos de Sandy Powell são fantásticos e a reconstrução dos teatros isabelinos são um deleite para os olhos. O humor é inteligente e o romance é apaixonante. Gwyneth Paltrow pode ser pouco convincente com o seu sotaque britânico, mas a prestação que dá é uma maravilha de fantasia romântica de mãos dadas com um arco narrativo tragicómico.

Prémios: Em 1999, o filme consagrou-se campeão dos Óscares, tendo ganho sete estatuetas, incluindo para Melhor Filme e Melhor Atriz. Além disso, recebeu mais seis nomeações da Academia de Hollywood. Nos Globos de Ouro, ganhou três prémios, incluindo Melhor Comédia, e foi nomeado para mais três. Nos BAFTAs, foi premiado como Melhor Filme e Judi Dench ganhou o troféu para Melhor Atriz Secundária. Ainda da Academia Britânica, o filme recebeu mais dois troféus e umas extraordinárias onze nomeações. No total, somando prémios e indicações, o filme arrecadou 64 troféus e mais 87 nomeações.




SENSIBILIDADE E BOM SENSO
de Ang Lee

european film challenge sensibilidade e bom senso
© Pris

Título Original: Sense & Sensibility

País: Reino Unido

Idioma: Inglês, Francês

Ano: 1995

Género: Drama, Romance, Comédia

Duração: 138 minutos

Sinopse: Quando a morte do seu pai resulta na perda da fortuna familiar, as duas irmãs, agora falidas, (Thompson e Winslet) apercebem-se que a perda do seu estatuto social se torna um obstáculo entre elas e os homens que amam nesta adaptação do clássico literário de Jane Austen.

Razão para ver: Possivelmente, esta será a melhor adaptação alguma vez feita de um livro de Jane Austen. Apesar de fazer imensas mudanças ao texto original, o argumento escrito por Emma Thompson mantém autêntico o espírito e o humor da autora. Desse argumento perfeito nasceu um filme ainda mais sublime, orientado pela realização elegante de Ang Lee e uma montagem apurada às reações microscópicas na cara do vasto elenco. Thompson e Kate Winslet lideram essa coleção de atores e fazem-no com luminosa excelência, especialmente a atriz mais nova que aqui conquistou a primeira nomeação para o Óscar e devia ter ganho.

Prémios: Venceu o Óscar para Melhor Argumento Adaptado e foi nomeado em mais seis categorias, incluindo Melhor Filme. Nos Globos de Ouro, conquistou Melhor Argumento e Melhor Filme Dramático, tendo recebido ainda mais quatro nomeações. Entre os BAFTAs, a obra sagrou-se campeã com o prémio para Melhor Filme, Atriz Principal e Atriz Secundária. Pelo Sindicato dos Atores de Hollywood, Kate Winslet foi condecorada como a Melhor Atriz Secundária do ano. No Festival de Berlim, ganhou o Urso de Ouro. No fim, o filme recebeu um grande total de 33 troféus e 47 nomeações.




TRÊS CORES: BRANCO
de Krzysztof Kieslowski

european film challenge tres cores branco
© Leopardo Filmes

Título Original: Trois couleurs: Blanc

País: Polónia, França, Suíça

Idioma: Polaco, Francês, Inglês

Ano: 1994

Género: Drama, Comédia, Romance

Duração: 88 minutos

Sinopse: Karol, um cabeleiro Polaco e Dominique, a sua esposa mudam-se para Paris. O casamento desmorona-se e divorciam-se. Karol perde tudo após o divórcio e vê-se impedido de regressar à Polónia, e torna-se num mendigo, recusando atos ilícitos para ganhar dinheiro. Após conseguir finalmente regressar ao seu país, tenta refazer a sua vida, embora nunca tenha esquecido Dominique.

Razão para ver: “Três Cores: Branco” é injustamente tido como o pior dos três filmes que compõe a “Trilogia das Três Cores”, mas, fazer tal juízo de valor, é semelhante a se escolher uma das partes do Requiem de Mozart e apontá-la como a menos magnífica. É verdade que Branco é o mais leve, cómico, intrinsecamente polaco e estilisticamente realista dos filmes da derradeira trilogia de Kieslowski, mas isso não impede esta formidável comédia negra de ser uma das mais formidáveis comédias negras do cinema europeu.

Prémios: Krzysztof Kieslowski ganhou o Urso de Prata para Melhor Realização do Festival de Berlim. Também foi nomeado para Melhor Filme do Ano pelos European Film Awards.




EM NOME DO PAI
de Jim Sheridan

european film challenge em nome do pai
© Universal

Título Original: In the Name of the Father

País: Irlanda, Reino Unido

Idioma: Inglês

Ano: 1993

Género: Drama, Biografia

Duração: 133 minutos

Sinopse: Gerry Colon e três outros jovens irlandeses foram falsamente acusados de matar cinco pessoas durante um atentado do IRA a um pub inglês, em 1974. Permaneceram 14 anos na prisão até que a sua inocência conseguiu ser provada. Este é o caso “Guildford Four”, a história verdadeira que inspira o argumento de “Em Nome do Pai”, que suscitou fortes reações no Reino Unido. À história verdadeira de Gerry Colon, Sheridan juntou alguns ingredientes ficcionais, como a relação de aproximação entre pai e filho ou a tentativa de desvio de provas por parte da polícia.

Razão para ver: Daniel Day-Lewis, Pete Postlethwaite e Emma Thompson encabeçam este drama sobre os conflitos na Irlanda e eletrizam o ecrã com uma mistura inebriante de carisma e calcinante desespero humano. O filme de Jim Sheridan transpira urgência política e uma raiva latente a todos os retorcidos desenvolvimentos de uma narrativa baseada no facto histórico.

Prémios: Nomeado para 7 Óscares, incluindo Melhor Filme, Melhor Realizador, Ator, Atriz Secundária e Ator Secundário. Nomeado para 4 Globos de Ouro, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator num Drama. Nomeado para 2 BAFTAs, Melhor Ator e Melhor Argumento Adaptado. Na Berlinale, ganhou o Urso de Ouro. Em total, o filme acumulou 41 nomeações e ganhou 7 prémios diferentes.




A LEI DO DESEJO
de Pedro Almodóvar

european film challenge a lei do desejo
© Filmes Castello Lopes

Título Original: La Ley del Deseo

País: Espanha

Idioma: Castelhano

Ano: 1987

Género: Drama, Comédia, Thriller

Duração: 102 minutos

Sinopse: Pablo é homossexual, e um encenador teatral e realizador de filmes, que está apaixonado por Juan, mas não é correspondido. A vida de Tina, a irmã de Pablo, também não é muito feliz, pois tem um ódio aos homens e é transexual. António, o novo namorado de Pablo, tem ciúmes do amor de Pablo por Juan e, assim, protagoniza um confronto violento, em que Pablo acaba por perder a memória. Quando a recupera, descobre que o namorado anda agora com a irmã, o que o deixa muito assustado, no entanto, Pablo acaba por ter de enfrentar António e o seu desejo obsessivo.

Razão para ver: Não há filme mais erótico na filmografia de Pedro Almodóvar que “A Lei do Desejo”. Desde a cena de abertura mais sensual na história do cinema até ao psicopata mais sexy imaginável, o filme é um sonho de homoerotismo manchado de sangue, o ardor da morte e o orgasmo da aniquilação pessoal. Antonio Banderas nunca foi tão bom e ALmodóvar jamais voltou a ser tão desinibido, mesmo com filmes como “Kika” e “Átame” no seu futuro profissional. Um hino ao sexo e à libertinagem, ao amor tóxico e a crise criativa de um homem que prefere o martírio violento à ineficácia artística.

Prémios: Na Berlinale, Pedro Almodóvar ganhou o prémio Teddy para cinema LGBTQ+. O filme também ganhou o Fotogramas de Plata para Melhor Produção, o Sant Jordi para Melhor Filme Espanhol e o primeiro prémio do Festival de Cinema LGBT de São Francisco. Além disso, no Festival de Bogotá, “A Lei do Desejo” conquistou os prémios para Melhor Atriz, Melhor Realização, Melhor Montagem e Melhor Argumento.




CARAVAGGIO
de Derek Jarman

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© Midas Filmes

Título Original: Caravaggio

País: Reino Unido

Idioma: Inglês, Italiano

Ano: 1986

Género: Biografia, Drama, História

Duração: 93 minutos

Sinopse: Esta é uma complexa e lúcida biografia de Michelangelo Merisi da Caravaggio, pintor italiano do século XVII, conhecido apenas por Caravaggio. Muitas vezes apontado como o primeiro artista moderno, ele é aqui retratado como um homem selvagem, desregrado e escandaloso. Um filme em que o chiaroscuro das telas é transposto para o ecrã a partir de um fantástico trabalho de Jarman sobre a luz, a cor e a encenação. Uma impressionante reflexão sobre a arte, a sexualidade e a identidade.

Razão para ver: Derek Jarman foi o suprassumo mestre do cinema punk e ainda ninguém o conseguiu superar. Mesmo quando se propôs a fazer uma cinebiografia de Caravaggio, as suas reverias mais irreverentes levaram-no a construir um retrato avant-garde do artista barroco, cheio de sensualidade e erotismo, provocação e perversidade jubilante. Além do mais, a produção tem grande importância histórica ao ser a estreia no grande ecrã da atriz Tilda Swinton e da figurinista Sandy Powell.

Prémios: Derek Jarman ganhou dois prémios na Berlinale – o Urso de Prata e o prémio C.I.D.A.L.C. também. Além disso, o filme ganhou um Prémio Especial do Júri no Festival Internacional de Istambul.




NOSFERATU, O FANTASMA DA NOITE
de Werner Herzog

european film challenge nosferatu
© Filmes Castello Lopes

Título Original: Nosferatu: Phantom der Nacht

País: Alemanha, França

Idioma: Alemão, Inglês, Romeno

Ano: 1979

Género: Drama, Terror

Duração: 107 minutos

Sinopse: Enviado para a Transilvânia para negociar uma casa comprada pelo monstruoso Conde Drácula, Jonathan Harker deixa sua idílica cidade, não dando ouvidos aos presságios de sua esposa Lucy. Logo, Jonathan se vê preso, e Drácula desce das montanhas em direção a Lucy, com a morte e a peste a reboque.

Razão para ver: É muito raro o remake que consegue justificar a sua existência. Quando se trata de um remake feito de um clássico imortal como o “Nosferatu” de Murnau, a situação torna-se ainda mais retorcida e complicada. Werner Herzog conseguiu justificar o seu remake através de uma radical mudança de estilo e intenção. Ao invés de um pesadelo expressionista, o Nosferatu de 1979 é um poema de podridão e asco visceral, com ratazanas doentes e vampiros pálidos com a sombra da doença na pele. É estupendo e diferente, uma obra-prima sobre a mesma história, mas com uma perspetiva diferente e uma técnica quase subversiva na sua audácia.

Prémios: O cenógrafo Henning von Gierke ganhou o Urso de Prata na Berlinale. Klaus Kinski, por sua vez, ganhou os prémios para Melhor Ator no Festival de Cartagena, os German Film Awards, os Sant Jordi Awards e a National Society of Film Critics. Além de tudo isso, foi incluído no Top 10 de Filmes Estrangeiros votados pela National Board of Review dos EUA.




ALPHAVILLE
de Jean-Luc Godard

european film challenge alphaville
© Midas Filmes

Título Original: Alphaville, une étrange aventure de Lemmy Caution

País: França, Itália

Idioma: Francês, inglês

Ano: 1965

Género: Drama, Mistério, Ficção-Científica, Thriller

Duração: 99 minutos

Sinopse: Um agente secreto, Lemmy Caution, tem a missão de destruir Alphaville, um mundo governado por um cérebro electrónico, Alpha 2000. Trará consigo Natacha von Braun, com quem redescobriu o amor. Um remake disfarçado de “Orfeu” de Cocteau.

Razão para ver: Os rebeldes da Nouvelle Vague sempre gostaram de fazer experiências com os paradigmas do cinema de género de Hollywood. Godard, em especial, dedicou muitos dos seus primeiros grandes clássicos a esse tipo de desconstrução. Ele fez dos gangsters anti-heróis de romances estilhaçados, fez do musical um ensaio sobre os limites do realismo e depois fez um triunfo de entretenimento audaz sob a forma de um policial cruzado com ficção-científica e realismo material. Este último é “Alphaville”, uma das obras mais acessíveis de Jean-Luc Godard e uma das suas melhores também. A fotografia a preto-e-branco e a montagem audaz fazem do contemporâneo algo distante e misterioso, enquanto as performances do elenco mecanizam os códigos do género cinematográfico e fazem da sua utilização um jogo lúdico em que a audiência é convidada a participar, trazendo consigo toda uma série de expetativas prontas a serem subvertidas ou não.

Prémios: Ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim e conquistou o quinto lugar no top 10 anual da Cahiers du Cinéma.




A NOITE
de Michelangelo Antonioni

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© Rank Filmes de Portugal

Título Original: La Notte

País: Itália, França

Idioma: Italiano, Francês, Inglês

Ano: 1961

Género: Drama

Duração: 117 minutos

Sinopse: Giovanni Pontano, escritor famoso, é esperado na editora Bompani, onde deve apresentar o seu último romance. Antes disso, vai com a mulher, Lidia, visitar Tommaso Garrani, um amigo íntimo hospitalizado, para o acompanhar nos seus últimos momentos. Casados há uma dezena de anos, o amor de Lydia e de Giovanni agoniza. Após uma noite movimentada, onde cada um passa de refregas a seduções, eles encontram-se para um derradeiro abraço…

Razão para ver: Antonioni é um mestre dos estudos cinematográficos sobre alienação moderna. Mesmo nesse paradigma, “A Noite” afirma-se com uma obra de incomum abrasão e beleza melancólica. Pondo um casamento arruinado sob o microscópio do existencialismo fílmico, o cineasta destila o desespero e a humanidade dos seus sujeitos com lacerante precisão. Marcello Mastroianni, Jeanne Moreau e Monica Vitti raramente foram tão bons como aqui.

Prémios: Ganhou o Urso de Ouro da Berlinale, acabou em sétimo lugar no ranking anual da Cahiers du Cinéma. Além disso, conquistou o prémio David di Donatello para Melhor Realizador e os prémios para Melhor Atriz Secundária e Melhor Realização do Sindicato dos Críticos de Cinema Italianos.




MORANGOS SILVESTRES
de Ingmar Bergman

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© Filmes Castello Lopes

Título Original: Smulltronstället

País: Suécia

Idioma: Sueco, Latim

Ano: 1957

Género: Drama, Comédia, Romance

Duração: 92 minutos

Sinopse: À frente da câmara o cineasta Victor Sjöström dá vida ao Dr.Isak Borg, que evoca o seu passado enquanto viaja de automóvel para receber o seu doutoramento honoris causa na Universidade de Lund. Bergman filma-o exemplarmente transportando o espectador por uma meditação sobre a infância e a velhice.

Razão para ver: Ingmar Bergman dedicou grande parte da carreira a indagar-se sobre o passado pessoal, fazendo da filmografia um gesto de constante autobiografia. “Morangos Silvestres”, um filme sobre um homem às portas da morte feito por um homem na flor da idade, é talvez o primeiro grande feito do realizador na direção do cinema de autoficção. É um tratado belíssimo sobre envelhecer e sobre o sonho, sobre o poder da memória e a sua amargura também. Em suma, é um clássico que todos deviam ver.

Prémios: Venceu o Urso de Ouro e o Prémio FIPRESCI no Festival de Berlim. Também ganhou Prémio Pasinetti das secções paralelas da Bienal de Veneza, foi nomeado para o Óscar para Melhor Argumento Original, integrou o top 10 anual da Cahiers du Cinéma e foi indicado para os BAFTAs em duas categorias. Além de tudo isso, a National Board of Review dos EUA atribuiu ao filme a honra de Melhor Ator e lugares de destaque nos seus rankings para Melhor Filme e Melhor Filme numa Língua Estrangeira.

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